Opinião

Opiniao 22 02 2018 5685

Eleições e Economia – Valdemir Pires

Dos anos 1950 aos anos 1970, o planejamento econômico de caráter estratégico (no sentido militar do termo) e desenvolvimentista (no sentido cepalino da expressão) foi assumido pelos sucessivos governos, no Brasil, desde o terceiro Vargas (“democrático”) até o auge do regime militar. O mote era crescer sob impulso estatal e garantir a soberania nacional, mesmo que sob o guarda-chuva americano, ostensivamente anti-planificação, em confronto com o modelo soviético. Deu em, primeiro, crescer, para depois distribuir (quando possível), o crescimento, de fato, interrompido pelas crises do petróleo (1973 e 1979) e pela crise da dívida externa (anos 1980), sem tempo para qualquer iniciativa pela desconcentração da riqueza e da renda.

O fraco desempenho econômico pós-milagre, sob regime autoritário, levou à queda dos militares golpistas, retornando o país à democracia, mas amargando uma crise econômica prolongada, caracterizada por desemprego e inflação. Os anos 1980 e 1990 foram décadas perdidas, sobrando um naco bom dos 90: o fim da hiperinflação, por meio de uma política econômica que levou à explosão da dívida pública interna.

Nos anos 2000, graças ao bom desempenho da economia mundial (beneficiando setores produtivos favoráveis à estrutura produtiva brasileira) e a uma atuação governamental que combinou estabilização fiscal com políticas sociais (distribuir para crescer, ao contrário da experiência do “milagre econômico”), a década foi de bons resultados, até um pouco depois do estouro da bolha especulativa do mercado financeiro internacional, em 2008. A era das “políticas públicas” (anos 2000), assim como a era do “planejamento econômico” (1960-1970), terminou no início dos anos 2010.

Assim funciona a economia brasileira: aos surtos, seguindo a oscilação das ondas da economia mundial, hoje dita global. Destrava ou trava conforme o nível de liquidez do sistema, controlado pelas forças especulativas globais. Sempre paga, na onda depressiva seguinte, um preço alto pelas ousadias do boom anterior. A política econômica (curto prazo) e a política de desenvolvimento (longo prazo) são sempre reféns de movimentos pendulares, entre mais Estado e menos Estado na economia.

2018 é um ano de disputa eleitoral que será marcado fortemente por esse movimento pendular, de cunho ideológico. Um governo ilegítimo optou por um recuo amplo e acelerado da atuação econômica estatal, tanto no âmbito social como no produtivo; disse um peremptório não ao “planejamento econômico” e às “políticas públicas”.

*Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara

Quem é o mais rico? O Brasil ou os EUA? – Parte I

Flamarion Portela* Para reflexão dos queridos leitores, transcrevo, parcialmente, uma carta recebida por um brasileiro, enviada por um amigo americano. Segue a carta:

“Caros amigos brasileiros e ricaços.

Vocês brasileiros pagam o dobro do que os americanos pagam pela água que consomem, embora tenham água doce disponível. Aproximadamente 25% da reserva mundial de água doce está no Brasil.

Vocês brasileiros pagam 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade, embora 95% da produção de energia em seu país seja hidrelétrica (mais barata e não poluente). Enquanto nós, pobres americanos, somente podemos pagar pela energia altamente poluente, produzida por usinas termelétricas, à base de carvão e petróleo e as perigosas usinas nucleares.

E por falar em petróleo…

Vocês brasileiros pagam o dobro pela gasolina, que ainda por cima é de má qualidade, que acaba com os motores dos carros, misturada para beneficiar os usineiros de álcool. Não dá para entender, seu país é quase autossuficiente em produção de petróleo (75% é produzido aí) e, ainda assim, tem preços tão elevados.

Aqui nos EUA, defendemos com unhas e dentes o preço do combustível, que está estabilizado há vários anos a U$ 0,30, ou seja, R$ 0,96 (gasolina pura, sem mistura).

E por falar em carro…

Vocês brasileiros pagam R$ 40 mil por um carro que nos EUA pagamos R$ 20 mil. Vocês dão de presente para seu governo R$ 20 mil, para gastar não se sabe com o quê e nem aonde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo, perto dos serviços prestados pelo setor público nos EUA.

Na Flórida, caros brasileiros, nós somos muito pobres; o governo estadual cobra apenas 2% de impostos sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil) e mais 4% de imposto federal, o que dá um total de 6%. No Brasil, vocês são muito ricos, já que, afinal, concordam em pagar 17% só de ICMS.

E já que falamos em impostos…

Eu não entendo porque vocês alegam ser pobres se, afinal, vocês não se importam em pagar, além desse absurdo ICMS, mais PIS, Cofins, ISS, IPTU, IR, ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda fazem festa em estádios de futebol e nas passarelas de carnaval. Sinal de que não se incomodam com esse confisco maligno que o governo promove, lhes tirando 5 meses por ano de seu suado trabalho (dinheiro).

De acordo com estudos realizados, um brasileiro trabalha 5 meses por ano somente para pagar a carga tributária de impostos diretos e indiretos.

Nós americanos lembramos que somos extremamente pobres, tanto que o governo isenta de pagar imposto de renda todos que ganham menos de U$ 3 mil por mês (equivalente a R$ 9.360), enquanto aí no Brasil os assalariados devem viver muito bem, pois pagam imposto de renda todos que ganham a partir de R$ 1.800. Além disso, vocês têm desconto retido na fonte, ou seja, ainda antecipam o imposto para o governo sem saber se vão ter renda até o final do ano.

Aqui nos EUA, nós declaramos o imposto de renda apenas no final do ano e, caso tenhamos tido renda, aí sim, recolhemos o valor devido aos cofres públicos. Essa certeza, nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável (…)”. *Ex-governador de Roraima

Superando a violência – Vera Sábio*

Superar a violência é o grande propósito da Campanha da Fraternidade deste ano, a qual começou com a quarta-feira de cinzas.

Na quarta-feira de cinzas, se inicia a quaresma, ou seja, 40 dias de reflexão sobre o sofrimento de Jesus: “Deus Homem que morreu para nos salvar e nos entregar a vida eterna”.

Infelizmente, quanto mais atrocidades presenciamos, mais chegamos a conclusão de que o ser humano gosta de viver de ilusões. Acreditar que porque é carnaval, e irá tomar umas cervejas e brincar um pouco, a crise acabou. Ou o futebol e tantas outras diversões fúteis são mais importantes do que tentar diminuir a enorme corrupção existente em todos os níveis da política, a qual nos atinge de todas as maneiras.

A violência grita demais; assim, superá-la é uma questão tão difícil, que eu imagino que se Jesus voltasse hoje, nós o mataríamos outra vez e com maiores requintes de crueldade. Pois evoluímos tão pouco, isso, aqueles que de verdade modificaram e transformaram as pequenas corrupções em honestidades, as mentiras em verdades, a preguiça em coragem de dar a cara a tapa e construir a paz no lugar de tanta violência.

Superar a violência é mais do que ficar com compaixão daqueles que sofrem, mas ter coragem para diminuir o sofrimento deles. Superar a violência é doar sem querer recompensa, é denunciar os atos de agressividade e transformá-los em gentilezas.

Superar a violência é ter maior responsabilidade com a direção da vida, do veículo, dos passos, dos gestos, enfim de tudo que vai de encontro aos outros.

Não estou falando somente de diminuir a morte de mulheres, de jovens e de crianças violentadas. Mas estou falando, de acabar com a fome, com o preconceito, com os atos de superioridades que levam a arrogância e ao ódio.

Se todos souberem que nosso fim é igual, que só deixaremos o bem que plantarmos e que ninguém escapa da morte. Teremos paz de Cristo e partilha entre os irmãos. Com isto a violência será superada.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão internaCRP: 20/[email protected]

Por que parar? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O homem é como a bicicleta; se parar cai” (Chacrinha)

Nos nossos papos costumeiros repetimos muitas frases consideradas como “frases feitas”. Já viu tolice maior? Elas e todas as outras são feitas. E querendo ou não, as estamos repetindo a toda hora. Ainda bem. Porque elas nos fazem lembrar muitas coisas que passam pelas nossas vidas e nem as percebemos. Ou não lhes damos a mínima importância. E o que isso importa? O que importa é que estamos aprendendo, a vida toda, nas frases que os pensadores nos deixaram. “A mente humana é como o paraquedas; só funciona quando aberta”. Então vamos abrir nossa mente. Por maior que seja o sacrifício para abri-la, pior é cair na ribanceira, porque a mente estava fechada. E por falar em ribanceira lembrei-me de um exemplo que já lhes passei por aqui. Foi a do cara que estava num acampamento, em férias, numa região muito montanhosa. Pela manhã ele acordou cedo. Os amigos ainda dormiam. Ele aproveitou para um passeio pelo pico da montanha. Já voltava quando num descuido escorregou e desceu ribanceira abaixo. Por sorte agarrou-se a um arbusto pequeno. Mas logo percebeu que o arbusto estava se soltando. Ele apavorou-se, olhou para cima e gritou. Mas ninguém ouviu. Ainda dormiam. Aí ele apelou para Deus. Pediu socorro e muito mais. De repente ouviu uma voz que vinha por cima dele:

– Solte as mãos que eu seguro você.

Ele arregalou os olhos e perguntou apavorado:

– Quem, está aí?

– Ora quem está aí… Você não pediu socorro? Eu sou Deus.

O cara, mais do que apavorado, olhou pra cima e não viu nada nem ninguém. Agarrou-se mais, e gritou para cima:

– Tem mais alguém aí em cima que possa me ajudar?!

Sei não, mas acho que tudo que o cara precisava era abrir a mente. Se ele não acreditava que Deus poderia ajudá-lo, por que pediu ajuda a Deus? Estou apostando que você não é assim. Sei que você sabe que o poder de Deus está dentro de você. Acredita nisso? Só as mentes fechadas não acreditam. E quem não acredita não tem como realizar seu sonho. E quem não realiza para. E se para cai. Vira bicicleta. E você sabe que bicicleta não para sem apoio, senão cai. O Chacrinha sabia muito bem disso e nos mandava seu recado.

Alguém já disse, também, que o indivíduo criativo não tem preconceitos culturais. Se você não tem, não tem por que temer o ridículo. E quem não teme o ridículo não tem medo de errar. E quem não tem medo de errar já está acertando. É errando que aprendemos a acertar. Sair sozinho num passeio, por ambientes desconhecidos já é uma insensatez. Mas, mais insensato é não acreditar na sua capacidade de sair do rolo. Pense nisso.

*[email protected]