Opinião
Opiniao 22 04 2015 896
A cultura do #somostodos – Luan Guilherme Correia* Em tempos de redes sociais, onde qualquer postagem reproduzida com conteúdo polêmico se torna mesa de debate de várias raças, classes, credo e sexualidades, todo cuidado com o que se escreve é pouco. Afinal, há uma linha tênue entre a liberdade de expressão e um discurso de ódio. Mas como diferenciar as questões? Como saber se o que é escrito não vai repercutir negativamente dentro do contexto social atual em que vivemos? É muito difícil, por exemplo, expressar abertamente uma opinião sobre orientações sexuais. Tudo é preconceito, tudo é pré-conceito. E quando se trata de alguém que se encaixa dentro do grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), aí é que o buraco é bem mais embaixo. Nada melhor para exemplificar isso do que o caso da travesti Verônica, que tem ganhado grande repercussão da mídia nos últimos dias. Para quem não sabe, Verônica Bolina – socialmente conhecida como Charleston – agrediu a pauladas uma idosa de 73 anos, que sofreu traumatismo craniano e só sobreviveu do ataque de fúria porque uma outra travesti a salvou. Não satisfeita em ter tentado contra a vida da idosa, Verônica, já presa, realizou atos obscenos dentro da cela, o que a levou a ser agredida por outros presos na cadeia. Para tentar salvar a vida dela, um carcereiro entrou na cela e a travesti arrancou-lhe a orelha direita. Não se sabe os motivos que a levaram a cometer tantas barbáries em um curto período de tempo, mas ainda agindo de uma forma desumana em todos os casos citados, há quem a defenda. Isso porque foram divulgadas fotos de Verônica com o rosto desfigurado dentro do presídio, com os seios superficiais à mostra. Foi o estopim para que grande parte da população, defensores dos direitos humanos e grupos homoafetivos rapidamente se mobilizassem e esquecessem tudo o que foi feito pela travesti, iniciando uma campanha nas redes sociais, intitulada #Somostodosverônica. Seria cômico, se não fosse trágico. Ver milhares de pessoas se mobilizando, repudiando a agressão sofrida pela travesti dentro do presídio, é no mínimo hipócrita. É importante citar, para os que estiverem lendo não começarem os julgamentos precipitados, que não defendo, de forma alguma, a lei do olho por olho, dente por dente. Sou contra a atitude de quem agrediu Verônica, sejam policiais ou outros detentos. Afinal de contas, ela está sob a custódia do Estado, que diz que sua integridade física e moral deve ser mantida em toda e qualquer circunstância. Mas por que não houve também um movimento a favor da idosa covardemente agredida? Por que não houve manifestação repudiando o ato da travesti contra o carcereiro, que ficou tão deformado quanto ela sem a orelha? O pior de tudo é que o mesmo grupo que defende Verônica ataca copiosamente os que repudiam os atos infratores por ela cometidos. Não se pode expressar uma opinião, como esta que desenvolvo que automaticamente sou apontado nas redes sociais como homofóbico e preconceituoso. Na segunda-feira, ao chegar exausto do trabalho, liguei a televisão e fui assistir um dos meus programas preferidos. Em um quadro dentro do programa, foi repercutido o caso da travesti. Porém, diferente dos conceitos básicos do jornalismo, ensinado ainda na academia, a tal matéria mostrava apenas um lado da história. Uma moeda para quem adivinhar qual. Isso mesmo, apenas o de Verônica. O repórter foi atrás de um advogado, que expressou uma opinião contrária, defendendo a agressão sofrida pela travesti e, de uma maneira tendenciosa, o entrevistou e perguntou-lhe o porquê do pensamento “arcaico”. Sem um pingo de respeito pelo entrevistado, o repórter ainda o enquadrou e simplesmente não o deixou formular sua resposta, claramente querendo passar a mensagem de que os não defensores de atitudes como a de Verônica não mereceriam ser ouvidos. A matéria então terminou por aí. Fiquei abismado com tanta falta de bom senso daquele repórter e me perguntei: Meu Deus, por que ele não entrevistou a idosa agredida? Por que não entrevistou o carcereiro? Ou até mesmo algum especialista em segurança pública. Nunca, em tantos anos que assisto televisão aberta, assisti uma matéria tão tendenciosa e mal feita. O fato, minha gente, é que não se pode ouvir apenas o A e deixar o B e o C do lado de fora, sem esclarecer o lado de cada um de maneira imparcial e objetiva. O fato é que a opinião alheia precisa ser respeitada, e os defensores de marginais travestidos e protegidos pela orientação sexual precisam respeitar o fato de que há quem abomine atos como os que foram cometidos pela travesti Verônica. Não, não sou a favor de violência, é apenas uma opinião, apenas um desabafo. Hoje, infelizmente, vivemos uma censura por debaixo dos panos, onde cada palavra, antes de ser dita, deve ser medida. Vivemos com medo de expressar o que pensamos, porque não sabemos como isso será interpretado pela minoria, tampouco se será aceito pela maioria. Imagino que em um curto espaço de tempo, toda opinião a respeito de homossexuais, negros, brancos, índios, católicos, evangélicos, entre outros, seja confundida com discurso de ódio ou apologia ao crime. É preciso que os brasileiros defendam sua voz, caso contrário, ela será calada. Interpretem da maneira que for, mas. para mim, uma pessoa (seja ela da orientação sexual que for) que agride velhinhas e policiais não me representa de maneira alguma. E tenho toda certeza que todos aqueles que colocarem a mão na consciência e pensarem, uma única vez, na personagem principal desta história agredindo suas avós, seus pais, tios ou irmãos, vão partilhar do mesmo pensamento que o meu. Não, #Nãosomostodosverônica! *Jornalista [email protected] ———————————– Doi no tímpano – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Se o mestre for realmente sábio, ele não o levará a entrar na casa da sabeddoria dele, mas, sim, o guiará para os limites da sua própria mente”. (Gibran Khalil Gibran) Acho que vimos cometendo erros na nossa educação. Não é à toa que, mesmo sem querermos ser grosseiro, temos que admitir que nossa Educação está no fundo do poço, enquanto nossa Saúde está muito além do fundo. Mas a Educação nos preocupa mais, porque é dela que nasce o trato à saúde. Sem educação nunca teremos uma saúde sadia. E o que continuamos vendo e ouvindo pelos meios de comunicação, como demonstração do despreparo dos que deveriam preparar, é assustador. Ontem, pela manhã, ouvi numa só notícia, dois absurdos gramaticais, que estão comuns até entre os intelectuais. Um jovem estudante protestando contra a falta de respeito da Educação para com eles, falou enfático: “… do que adanta um vim e outro não vim?”. Logo em seguida o repórter, com o microfone à mão, falou, também enfático: “Os jovens estão lutando pelo mínimo de respeito na Educação”. Dois absurdo ditos e ouvidos ao mesmo tempo, sendo que o segundo veio precisamente de onde não deveria vir. Um comunicador deve ter, pelo menos, o mínimo de cautela no que comunica. Sobretudo no linguajar. Porque quem luta pelo mínimo de respeito não se respeita. Está parecendo ranzinzice minha? Não, não é. As escolas não estão dando, pelo menos, o mínimo de atenção a este escangalho. E não estou exagerando. Sempre que ouço um disparate desses nos meios de comunicação, doi nos meus tímpanos. Porque, como educadores e comunicadores, devemos ter mais respeito, tanto pelo educando quanto pelo ouvinte. E esses errozinhos de aparente insignificância têm muita importância na educação, tanto das crianças, adolescentes e jovens, quanto nos adultos prestadores de atenção. E é nestes que doi horrores, nos tímpanos. E isso leva à preocupação quanto ao nosso futuro. E é aí que cresce a preocupação com o fato que estamos dando mais importância à língua inglesa do que à portuguesa. Eu me preocupo. E você? Nunca conseguiremos o melhor, enquanto ficarmos presos ao pior. E vamos ficar enquanto ficarmos nadando na vulgaridade. E esta pode estar, e sempre está, onde pensamos que somos os donos do da verdade. Porque até mesmo quando a veneramos, sempre estamos reféns do erro. Alguém já nos disse que a cultura pode muito se iniciar no aprimoramento da voz. E os comunicadores sabem disso. Mas não basta aprimorar a voz. Mais importante é aperfeiçoar o linguajar. E só aí poderemos sair reclamando nossos direitos, e não o mínimo de direito. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460 ————————————— ESPAÇO DO LEITOR FERIADO O internauta Ronaldo Mendes enviou o seguinte e-mail: “Fica difícil para os clientes que necessitam sacar dinheiro nos caixas eletrônicos no período do feriado em razão do desabastecimento dos caixas eletrônicos. Pelo menos, deveriam ficar atentos a esta questão, já que neste período as máquinas não são devidamente abastecidas e acaba que os clientes ficam tentando adivinhar em quais agências os caixas estão operando”. CAROEBE O morador do Município de Caroebe, Armando Gentil, relatou que os pais de alunos estão aguardando o início das aulas na Escola Estadual Teresa Teodoro de Oliveira depois de vários problemas, a exemplo da falta de transporte escolar, de merenda e servidores de apoio. “Parece que a questão dos professores está resolvida após a conclusão do processo seletivo. Estamos, até a presente data, aguardando um posicionamento do governo sobre quando as aulas terão início. Nossa preocupação é com a chegada do período do inverno, em razão das estradas e pontes não estarem em perfeitas condições para o tráfego do transporte escolar”. VALA Moradores da rua Rio Grande do Sul, no bairro dos Estados, cobraram uma ação de limpeza na vala localizada no final do bairro. “Já que existe a sinalização do começo do período do inverno, poderemos ter problemas pela falta de conscientização dos próprios moradores em razão de jogarem entulhos nesta vala, comprometendo o escoamento da água. Esta vala é uma das mais antigas e já merecia atenção dos órgãos públicos para que o local fosse devidamente drenado”, relatou um morador. ATENDIMENTO Pacientes reclamaram do cancelamento do agendamento de consultas com especialistas no Hospital Coronel Mota, na segunda-feira de ponto facultativo. “Várias pessoas se deslocaram de outros municípios e nos foi informado que as consultas seriam novamente remarcadas. Já é difícil conseguir agendamento com especialistas, pois temos que aguardar mais de 15 dias pela consulta. Agora, é esperar novamente”, relatou um leitor.