A importância da Psicoterapia no processo de luto
Geórgia Moura*
O impacto de compartilhar mídias não autorizadas de tragédias na vida de famílias e amigos que perderam um ente querido é imensurável, além de ser crime. Divulgar fotos ou vídeos de pessoas mortas é crime e a pena prevista é de detenção de um a três anos, além de multa (artigo 212 do código penal). É um atentado à moral e também falta de bom senso e empatia.
O processo do luto pode desencadear ou até mesmo intensificar doenças psicossomáticas. A dor da perda é imensa e pode ser comparada a uma dor física.
No caso de tragédias, a dor pode se tornar ainda pior, pois o acontecimento toma proporções nacionais ou até mesmo mundiais e o assédio da imprensa e de civis para com os familiares da vítima se torna insuportável, na maioria das vezes até criminoso, pois há o compartilhamento de fake news e fotos não autorizadas de tal acontecimento.
A psicoterapia é de extrema importância durante e após o período do luto, pois auxilia a pessoa a lidar com a dor da perda. Um profissional da psicologia está altamente preparado para lidar com casos como este, e poderá aconselhar e ajudar da melhor maneira possível.
A família e os amigos são os que mais tendem a sofrer em casos como esse. Crianças geralmente são as mais afetadas e se não tiverem o acompanhamento profissional necessário poderão desenvolver traumas que se perpetuarão até a vida adulta.
*Bacharela em Direito e Psicóloga Instagram: @psicologa_georgiamoura Celular: 9 91112692
Universos walberianos Walber Aguiar*
“Uma parte de mim é solidão, outra parte estranheza e solidão” (Gullar)
Menino, vem almoçar! Era o grito, a ordem irrefutável, o sinal para que todos se postassem à mesa, em torno do cozido, da panelada, da galinha caipira, enfim, de tudo aquilo que dava prazer aos olhos e ao paladar.
A festa mesmo era aos domingos, quando todo mundo se reunia para conversar e viver intensamente aquelas horas curtas, porém agradáveis. Felizmente, a televisão, que naquela época ainda não se tornara a “deusa dos raios azulados”, não fazia a frágil cabeça de meninos e meninas. Ausentes a manipulação da mídia e o poder ideológico da política partidária, exercíamos livremente nossa pureza e ingenuidade. Baladeira, bolinha de gude, manja, esconde-esconde, geral, bandeirinha, pião, papagaio (pipa), gibis e a tradicional pelada faziam parte de nossa intensa e louca infância. E logo ali, na velha Coronel Mota. Tudo era milimetricamente aproveitado. Todos os espaços daquela efervescência existencial eram preenchidos pela meninada.
Ainda lembro do dia em que todos estávamos à beira de uma vala enorme. Idos de 70. Nego João era o mais temido, pois dava cascudos na molecada. Lá no começo da rua avistamos Ricardo, mais conhecido como “Mercadinho”. Vinha com uma enorme bacia de cocadas na cabeça, todas cobertas com um pano branco. Começamos a jogar pedras, a fim de que o menino se desviasse. Não deu outra: o vendedor de doces deixou cair toda a mercadoria na vala. Todos correram pra casa. Ricardo chorou e teve as cocadas pagas pelo velho “Arigó”, pai de Raimundinho, que não teve como escapar da surra. O velho, de saudosa memória, era tio de meu pai e tinha fama de mau, pois durante a adolescência, no Nordeste, quis seguir o bando de Virgulino Ferreira, o Lampião.
Duas coisas eram temidas: a surra em casa e o encontro com a turma do “Deda”, na outra parte da rua. Ninguém podia invadir o território alheio, sob pena de apanhar e chegar em casa chorando. Por aquelas bandas morava Mário, o vascaíno, primo de “camiranga”. Baixinho, galista, torcedor fanático do Vasco, vibrava com os gols de Roberto Dinamite e vivia discutindo futebol com aqueles que também entendiam do assunto. O filho de seu Eduardo e dona Marieta era folclórico e extremamente gozador. Mas Mário nunca convenceu ninguém a torcer pelo time da cruz de malta. Desde pequeno aprendi a torcer pelo Fluminense, herança de meu primo Magno, que me ensinou a ter bom gosto, tomar vinho e vibrar com os gols de Cláudio Adão, Assis e Romerito. Aquelas três cores me fascinariam para sempre.
Naquela manhã todos acordaram assustados. Porcos sentindo a proximidade da morte gritavam no quintal de Chico Cunha, onde seríamos convidados para comer torresmo e cabeça de porco assada. Era o máximo. Ali, na velha rua, a alegria era contagiante. Naquela geografia dos pés descalços, acontecia de tudo, “chuva de peixe”, gozação, valas abertas, alagações e tudo quanto a imaginação pudesse criar. Antônio Chinelão fez parte daqueles dias. Dono de bar, aguentou muita coisa. Chateação de bêbado, jogo de sinuca e o famoso “pendura”. Mesmo caxingando, vítima de uma armadilha de caça, “Chinelo” atendia a todos com enorme cortesia. Magno, nego João, caboco Clério, “Camiranga”, Dagmar, Paulo “Mamão”, Nairon e Danilo Preventino. Jânio “Cachorrão” também aparecia por lá de vez em quando. Gostava de beber no bar do seu Pinheiro, embalado pela viola de Clério, o caboco que tocava não apenas violão, mas o sentimento de cada um de nós.
Ainda hoje, na quietude de meus pensamentos, ouço todas as vozes, todos os gritos, todas as tristezas e alegrias daquela velha rua de barro batido, daquele espaço santificado pela devocionalidade de um sentimento quase infantil. O lugar de Moacir, o “Bode”, de Barbosinha, Márcio Velho, Maurício Bunitin, Delei, Ailton e Chico Catraca. Lembro de seu Calandrino, Dona Vevé, Vovô, Sabugo, Treveco, Dona Iolanda e Genésio do trombone. Quando a saudade aperta o peito, fico olhando todos aqueles quintais e lembrando da felicidade, da manga com sal e dos gritos sempre vivos de Dona Maria, a mulher que me amou incondicionalmente…
*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]
Herança Genética divina Marlene de Andrade*
Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie.” (Gn 1.24) Adauto Lourenço, renomado cientista, escritor e conferencista, afirma que a Teoria da Evolução não expressa a verdade sobre a criação.
Adauto embasa sua posição afirmando que Charles Darwin, no seu livro “A Origem das Espécies”, não explicou, de forma alguma, a origem das espécies, uma vez que Darwin explicou a variedade e adaptabilidade dentro das espécies existentes, e não evolução de uma espécie em outra.
Esse autor também não nega que tenham ocorrido variações e adaptações em todas as espécies, porém ele afirma que essas variações ocorreram somente naquelas que já existiam dentro do código genético e isso já está comprovado por inúmeras experiências e publicações.
Nesse mesmo raciocínio, Adauto deixa claro o óbvio: milhões de anos não poderiam fazer com que uma característica biológica de especiação aparecesse, se ela não estivesse previamente e precisamente codificada no DNA. Ele ainda nos faz refletir que um ser que recebe informação genética para produzir pata não irá repassar à sua descendência informação genética que produza asa. Nesse mesmo argumento ele ainda assevera que isso é um fato científico e não “estória da caroch
inha”.
Esse autor ainda deixa claro que a pata e a asa podem sofrer variações, mas nunca deixarão de ser pata ou asa. Trazendo essa assertiva para outros animais, podemos afirmar que macaco sempre será macaco, gato será sempre gato e assim por diante. E isso por quê? Está no seu código genético ser macaco e gato e isso sempre será repassado por herança aos seus descendentes, ocorrendo apenas pequenas variações, mas nunca mudança de uma espécie para outra. Portanto, fenótipo pode mudar e variar, mas o genótipo nunca muda.
Há ainda que ficar explícito que fenótipo é tudo que tem a ver com a morfologia de um ser vivo, ou seja, fenótipo é a manifestação visível ou detectável de um genótipo. Já o genótipo é tudo que é composto por genes provenientes dos pais e que será mantido por toda a vida no organismo, pois a herança genética não muda. É evidente que o código genético pode sofrer mutações, porém essas mutações nunca são benéficas e como exemplo pode ser citado o câncer.
Como se pode perceber, os organismos se adaptam ao seu ambiente, mas a espécie é sempre a mesma, havendo apenas mudança de variedades. Porém, mesmo que o fenótipo tenha mudado, a genética jamais se modifica.
Espantosamente, a adaptabilidade e a variedade nas espécies é uma maravilhosa evidência de que as espécies foram criadas sem precisar evoluir. *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
Afinal, o que somos?
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual da abundância. A virtude inerente ao socialismo é a distribuição igual da miséria.” (Winston Churchill)
Não vamos tratar de apolítica. Estou só falando do que me lembrei, ontem pela manhã, olhando para a praça ali em frente ao Centro Cultural Plínio Marcos. O que não tem nada a ver com política. Mas tem tudo a ver. É só você ater-se a detalhes aparentemente insignificantes, mas que chamam a atenção. Do lado de lá o barulho agradável das ondas do mar. Do lado de cá, o barulho chato naquela oficina mecânica. Fiquei observando os movimentos e os barulhos, sem me aborrecer nem me preocupar. Apenas analisando as diferenças. Se eles são diferentes, por que existirem? Pergunta tola que só podemos fazer a nós mesmos. A esposa do Churchill já nos deu essa resposta. Ela disse que se ambos pensássemos a mesma coisa, um de nós não precisaria existir. São as diferenças que fazem a diferença.
Vamos falar sério. Precisamos melhorar nossas maneiras de pensar. Por que ficar arengando quando nossos pensamentos são diferentes? E é aí que a jiripoca pia, quando se trata de política. No entanto, se não nos educarmos politicamente, continuaremos lutando não pelo nosso progresso, mas pelo progresso de partidos políticos e coisas que nem mesmo entendemos. Acabei pegando a vereda errada. Eu disse que não iria falar de apolítica e estou nadando nas águas turvas da política. Vamos mudar a prosa.
Na semana passada tivemos um dia agradabilíssimo aqui na Praça. As crianças fizeram a festa. E uma semana antes a Prefeitura mandou arrumar o parque das brincadeiras. O tempo não ajudou, com chuviscos e nevoeiros, e o pessoal trabalhou muito lentamente. Quando a festa começou as crianças invadiram a Praça e “expulsaram” os trabalhadores. Diverti-me pra dedéu com a atitude das crianças, sem intenções de perturbar. Aí fiquei pensando: quem está errado? Os trabalhadores que não tiveram oportunidade de aprontar o ambiente, ou as crianças que invadiram a Praça “expulsando-os”?
Terminou a semana das crianças e os trabalhadores voltaram para terminar o trabalho de conservação dos brinquedos. Deu pra sacar o meu pensamento aparentemente vazio? Precisamos fazer as coisas de maneira certa no momento certo, para que possamos acertar. E na política não é diferente. Senão não teremos como aceitar sem criticar nem nos prejudicarmos. E só conseguiremos isso com uma Educação de qualidade. Então vamos fazê-la. As crianças mostraram que o que deveria ser feito não foi feito quando deveria ter sido feito. E é só isso. Pense nisso.
*Articulista [email protected] 99121-1460