É momento de refletir sobre nossas escolhas – Erik Penna*“O tempo é a única riqueza que é distribuída igualmente por todos os homens” (Saint-John Perse)Certa vez uma mulher saiu para um passeio e enquanto caminhava pela floresta carregando seu filho no colo, se preocupou ao notar que não se lembrava mais do caminho de volta. Além disso, a fome e a sede já incomodavam bastante. Neste instante, ela se deparou com uma caverna mágica de onde saía uma voz que dizia: “Entre, seja bem-vinda! Esta caverna é mágica, aqui dentro há maravilhas. Tudo que há de bom neste mundo pode-se encontrar aqui”.
A mulher ficou interessada e, adentrando na caverna, ficou boquiaberta com tantas coisas que viu e perguntou: “Posso pegar tudo o que eu quiser”? E escutou a resposta que dizia: “Sim, você pode pegar o que conseguir levar para fora da caverna, mas preste atenção: você só terá cinco minutos. Ao findar esse tempo, a porta fechará e nunca mais abrirá”.
Ela olhou para o relógio e prontamente começou a correr para pegar o que mais lhe interessava. Como estava com muita fome, logo avistou um pote com muita comida, iguarias finas e rapidamente o levou para fora.
Voltou para dentro da caverna e, como a sede já era grande, abraçou um galão grande cheio de água e o empurrou ligeiramente para fora, a fim de ganhar mais tempo para pegar outras coisas.
Ao retornar à caverna, seus olhos brilharam quando viu uma caixa cheia de roupas de grife, mantimentos para casa e a chave de um carro zero quilômetro. A caixa era extremamente pesada, mas ela conseguiu carregá-la para fora, garantindo assim, o direito de levá-la para casa.
Por fim, de olho no relógio, viu que lhe restavam apenas poucos segundos. Rapidamente entrou na caverna pela quarta e última vez e, ao se deparar com um saco cheio de joias, moedas de prata, diamantes e barras de ouro, percebeu que seria ainda mais difícil transportá-lo. Mas ela, num esforço sobrenatural, conseguiu empurrar o saco pra fora da caverna e, imediatamente ao sair, viu a porta da caverna se fechar.
A mulher estava bem cansada, sentou-se para verificar suas conquistas e, aparentemente realizada, começou a admirar as preciosidades que havia conquistado. Com um sorriso enorme no rosto, fitou os olhos no pote de comida, no recipiente com água, nas roupas de grife, na chave do carro, na prata, nos diamantes e no ouro. Neste momento começou a procurar o seu filho, quando então percebeu, em desespero, que o tinha esquecido dentro da caverna.
Este texto, inspirado na estória de Frances Jenkins Olcott, é oportuno nesse final de ano, onde costumamos “fechar para balanço” e refletir sobre as escolhas que fizemos durante o ano. Analisamos, principalmente, como temos equilibrado o tempo destinado à parte profissional e pessoal.
Em uma história real da publicação de uma matéria da revista Época Negócios, apontou a decisão de um grande executivo Mohamed El-Erian, internacionalmente reconhecido por seu trabalho numa empresa de investimento, que decidiu deixar o cargo de CEO na empresa por causa de uma carta que recebeu da sua filha de 10 anos.
Imagine: na cartinha, a menina enumerou os 22 grandes acontecimentos da vida dela em que o pai não havia participado, por causa da agenda dele sempre cheia de compromissos profissionais. Ela registrou as ausências do pai em eventos significativos para ela como: no primeiro dia de aula na escola, no desfile de Halloween, no primeiro jogo de futebol e em muitos recitais.
A pergunta é: Será que estamos alinhando o que falamos com o que de fato fazemos?
Eu penso que sempre encontramos tempo para o que julgamos realmente importante para nós. A vida é muito mais do que acumular riquezas materiais. É importante saber que a nossa família precisa de nós. Não há dinheiro que pague o amor, o carinho e o tempo a eles destinados. Algumas pessoas deixam para fazer isso sempre amanhã e, em alguns casos, já é tarde demais.
É evidente que precisamos trabalhar, ultrapassar as metas, superar desafios e promover nosso crescimento profissional, mas não devemos perder o foco e esquecer as pessoas que amamos. É necessário termos em mente o tempo que reservamos ao que é, de fato, importante para nós e buscarmos continuamente o equilíbrio. Afinal, a virtude está no caminho do meio e o verdadeiro sucesso é ser feliz.
Estou certo de que nenhum sucesso profissional compensa o fracasso familiar!* Especialista em vendas, consultor, palestrante e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender” e “Motivação Nota 10”. ————————————————Os Depressivos do Natal – Flávio Melo Ribeiro*O Natal movimenta toda a sociedade: o comércio aumenta, as viagens se intensificam, as confraternizações de fim de ano se misturam e, principalmente, as famílias se reúnem. Sem dúvida, o Natal se caracteriza por comemorar o nascimento de Cristo no seio familiar e essa reunião faz pessoas viajarem centenas de quilômetros para se encontrar. Porém, nem todos os membros familiares mantêm laços fraternos entre si.
Algumas famílias transpiram alegria ao se reunirem, mas reúnem desafetos que não se falam durante o ano. Para uma minoria, mas nem por isso raro, a expectativa de voltar a falar com quem não gostam chega a gerar depressão. A estes denomino “depressivos do Natal”.
Como é sabido, a depressão tem como sua maior característica a perda do futuro e a consequente falta de vontade. Nos depressivos do Natal, o gatilho que dispara o processo é a antecipação do desagrado que sentirá ao se reunir com familiares que não gostaria nem de encontrar. Começa a imaginar as cenas que passará, chega a “escutar” os comentários que considera chatos e desagradáveis. Aqui não se enquadram as pessoas que apenas ficam chateadas de encontrar algum parente que não se dá bem, mas as que entram num processo depressivo. Às vezes, ficam tão abatidas que não conseguem ir às festas natalinas, ou, quando vão, fica nítido o estado depressivo em que se encontram. Geralmente mobilizam os parentes mais próximos que se preocupam e de alguma forma procuram atender algumas necessidades básicas.
O comum nesses casos é que os problemas iniciaram há muitos anos e de alguma forma a pessoa não conseguiu enfrenta-los e resolvê-los. Procura, equivocadamente, se anular para eliminar o problema ou, pelo menos, não precisar conviver com o desafeto. Prejudica a si mesmo ao abdicar viver por não saber lidar com um problema, por sentir-se frágil para enfrentá-lo. O importante é identificar o processo depressivo e procurar ajuda para encarar os problemas que ela vai se deparar. Buscar estratégia que lhe possibilite, no mínimo, buscar seu espaço no núcleo familiar e aproveitar as festas natalinas.
Interessante que esse estado, embora apresente comportamento preocupante, tende a não perdurar até o Réveillon, caso deixe de encontrar os ditos parentes. O próximo artigo será sobre os otimistas do ano novo.*Psicó[email protected]———————————————-Cultive amizades – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Um amigo é uma pessoa com a qual posso ser sincero. Diante dele posso pensar em voz alta”. (Ralph Emerson)Um amigo, tal como um vizinho, é um irmão sobressalente. É aquele cara com quem podemos contar na hora H. E não há amizade sem sinceridade. Cultive amizades. Elas nos fazem muito bem. O amigo é aquele que nos traz confiança nas horas mais difíceis. E nas horas de lazer nos enchem o coração de alegria. “Coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. Ontem pela manhã viajei na piroga da saudade. Lembrei-me de velhos amigos da infância, cuja maioria nem sei se ainda se lembra de mim. Mas isso não me importa nem incomoda. O importante é que me sinto feliz quando me lembro deles. Até mesmo dos que estavam fora da minha área cronológica, nos velhos tempos da Escola de Base, logo após a Segunda Guerra Mundial.
Velhos e idos tempo que não envelhecem. Sempre vêm à lembrança como a presença da ausência. E como disse o Bob Marley, ela é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos. E, por favor, não ria, mas o que aconteceu no momento exato em que eu começava esse papo foi fantástico; começou a chover com o tempo nublado, o que reforçou meu sentimento de saudosista aparente. Porque não sou. Apenas gosto de me lembrar dos momentos mais agradáveis na minha vida. Momentos vividos entre amigos de verdade. Pessoas que me fazem feliz sempre que as encontro. E até mesmo aqueles, que sei que nunca mais os encontrarei. E daí? Que diferença isso faz quando a amizade foi construída com a argamassa da sinceridade?
A vida é cíclica. Mas na pousada em que ficamos depois da ida, não há unidade de tempo. E por isso nunca sabemos quando nos reencontraremos. Por isso devemos aproveitar cada momento da vida atual, para que nossa ausência seja lembrada. E só podemos construir essa ponte com muito amor, sinceridade, honestidade e respeito. Elementos fundamentais e indispensáveis para a construção da amizade. Mas o mais importante é que todo esse material espiritual está dentro de cada um de nós. Temos todo o poder de que necessitamos para ser feliz. E não seremos felizes enquanto ficarmos perdendo tempo com coisas banais, tais como luxo e a petulância. R. D. Hitchcock diz: “A riqueza não é necessariamente uma maldição, nem a pobreza uma bênção”. Depende de como definimos o que é riqueza e o que é pobreza, no âmbito pessoal.
Nem todo endinheirado é rico, assim como nem todos os que não têm dinheiro aparentemente suficiente é pobre. Todos os que têm, amam e fortalecem amizades, são ricos. E por isso são felizes cultivando o que têm. Pense nisso.*[email protected]