Opinião

Opiniao 23 01 2016 1963

Os maus candidatos e a indústria da invasão – Erasmo Sabino*

Até com algum alarde há quem garanta já ter mais de 2 mil votos encabrestados para as próximas eleições municipais. Isso por conta da invasão de uma área que pretende promover ainda neste começo do ano e dividi-la em lotes a serem “doados” aos seus “correligionários” como pagamento pela reciprocidade.

Nas últimas décadas, Boa Vista experimentou um acelerado crescimento populacional. Vários loteamentos, a maioria planejada, deram origem a dezenas de bairros. Digo isso com conhecimento de causa, pois nenhum empresário do ramo imobiliário emplacou tantos empreendimentos de sucesso quanto eu. O que fiz graças a uma experiência muito grande no mercado, no qual estou há mais de 35, e aos meus colaboradores, que me ajudaram a planejá-los e implantá-los oferecendo toda a segurança jurídica que merecem ter quem compra e quem vende.

Todavia, esse crescimento físico e horizontal da área urbana nem sempre foi pacífico. Sempre chamaram atenção as atividades clandestinas, patrocinadas por políticos ou candidatos a algum cargo, apoiados por invasores profissionais sustentados por eles.

Quem tem padecido com essas patifarias todas, praticadas por quem não se preocupa nem um pouco com aqueles a quem ludibriam por gosto ou má índole, somos nós, o empreendedores honestos, e a Prefeitura de Boa Vista, que acabamos vítimas dos loteamentos clandestinos. Nós, os empresários, porque temos que nos defrontar com a desonestidade dos que patrocinam as invasões; a Prefeitura porque se vê obrigada, pelos poderes constituídos, a transformar as invasões em bairros com toda a infraestrutura. Bastam alguns barracos em ruas tortuosas e mal abertas para que surjam as cobranças por água, energia, escola, posto médico, asfalto, transporte urbano etc.

Diz a lei que quem loteia deve, obrigatoriamente, implantar toda a infraestrutura básica. O que jamais ocorreu com esses “loteamentos” que nascem da descarada manipulação dos necessitados. Nem sempre para a conquista dos votos e sim prejudicar quem contribui para o crescimento ordenado da área urbana

Dessa forma, as imobiliárias de boa fé e a municipalidade se veem às voltas com um monte de problemas que afetam a cidade, hoje um dos melhores lugares do Brasil para se viver. Orgulha-me e me honra poder reafirmar sempre que ajudei a escrever a história de Boa Vista com os empreendimentos que lancei e que se consolidaram em mais de 40% dos seus bairros atuais. Uma cidade bonita e moderna, mas que, lamentavelmente, ainda sofre com a indústria da invasão.

*Empresário

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Consumidores e consumidos – Jaime Brasil Filho*

Nestes dias ando me despedindo do meu velho laptop, são oito anos de uso ininterruptos. Parece muito? Imagine, então, um freezer com mais de 25 anos, que nunca precisou de manutenção e que funciona perfeitamente.

O curioso é que eu não faço outra coisa no computador a não ser escrever e navegar na internet. Assim, desde o meu primeiro computador, um “486”, ainda nos anos 1990, eu faço a mesma coisa. É de se perguntar: por que eu sou obrigado a trocar de computador com pouco tempo de uso? Por que tive que fazer tantas manobras para aumentar a vida útil do computador que agora já dá mostras que não aguenta mais? Por que os softwares enchem as máquinas com atualizações desnecessárias de programas que sequer utilizamos?

O mesmo poderíamos dizer do velho freezer. Porque as outras geladeiras, fogões, máquinas de lavar, carros e motos não duram 25, 30 ou 50 anos? Sabemos que não é por falta de conhecimento tecnológico que os produtos não são duráveis. Duram pouco porque a indústria quer, porque o sistema doentio a que estamos submetidos assim exige. O meu computador e o freezer aqui de casa são anomalias sistêmicas, são objetos que não deveriam existir dentro da lógica capitalista, mas, por falha da indústria, isso mesmo, por “falha” estão ainda a funcionar.

Imaginemos, agora, o que aconteceria se todos os bens que adquirimos fossem pensados e projetados para terem uma grande durabilidade. Se isso acontecesse precisaríamos de menos energia, gastaríamos menos matérias-primas, haveria menos poluição e contaminação, as emissões de CO2 seriam reduzidas drasticamente, e mais, necessitaríamos menos trabalhadores e de menos trabalho obrigatório, restando ao ser humano mais tempo livre para a família, os amigos, o lazer, os amores, para a meditação, para e contemplação, para atividades prazerosas, ou seja, para tudo o que nos faz realmente humanos.

Alguém poderia dizer que se essa durabilidade aumentasse e fosse necessário menos trabalho e energia, a produção de riqueza também cairia. É verdade. Mas, qual riqueza? E a quem beneficia essa riqueza que hoje produzimos? Podemos responder a essa pergunta olhando para o mundo em que vivemos.

Essa introdução à matéria jornalística foi repetida nesta semana, sob diversas formas, por todos os principais meios de comunicação do mundo, conservadores e progressistas, sem exceção. Leiam: “Nesta semana, a organização não governamental britânica Oxfam, que atua na busca de soluções para a redução da pobreza e da desigualdade, divulgou os resultados de um estudo no qual afirma que o 1% mais rico do mundo já detém tanta riqueza quanto o resto dos habitantes do planeta.” Isso mesmo! É estarrecedor! São 99% possuindo o mesmo que apenas 1%.

Mas, não para por aí. O mesmo estudo aponta que apenas, e tão somente, 62 pessoas no mundo são donas, por equivalência, do que a metade da população do mundo possui.

Como podemos encarar como algo normal e aceitável um sistema em que 62 pessoas se apropriam da riqueza que equivale aos bens e ao dinheiro que metade da população do planeta tem? Ou seja, 62 pessoas possuem o mesmo que 3 bilhões e 600 milhões de pessoas. Que tipo de sistema é esse que permite a apropriação de tamanhas riquezas, quando sabemos que toda a riqueza no mundo é gerada pela soma do trabalho de todos? Como acreditar que um sistema que permite tanta acumulação e concentração, tanta desigualdade e injustiças, pode ser o caminho para a humanidade?

Pois bem, é essa riqueza que é produzida à custa da descartabilidade dos produtos, da obsolescência programada, da precarização do salário e dos direitos dos trabalhadores, e que consome imensas quantidades de energia, matérias primas, água, e que produz quantidades inimagináveis de lixo e poluentes, é essa riqueza, digo, que está destruindo o planeta com guerras e alterações climáticas, é esse tipo de “riqueza” que diuturnamente a grande mídia sustenta como algo aceitável. Uma riqueza que só enriquece 1% da população do planeta.

Mas não podemos esquecer que esse processo de acumulação não acontece apenas por meio do capital corporativo, mas também, atrelado a ele, o capital financeiro especulativo, que nada mais é que um dinheiro improdutivo e que sobrevive da chantagem aos países mais pobres e da especulação de papeis dos tesouros emitidos pelos governos de todo o mundo. Em resumo, é um dinheiro que sobrevive do nosso suor, dos nossos impostos, e que se sustenta, no caso brasileiro, em dívidas imorais e impagáveis e que quando contraídas sequer foram utilizadas em benefício do povo.

Semana passada Dilma vetou a auditoria da dívida aprovada no Plano Plurianual. Por qual motivo? A cada reforma previdenciária, a cada reforma trabalhista, a cada contingenciamento de orçamento, a cada prova de “austeridade” os banqueiros se riem, porque é para eles que vai todo o dinheiro “economizado”.

Com a tecnologia disponível e com os métodos de organização e de trabalho existentes, poderíamos ter um mundo muito mais abundante, menos contaminado, com mais conforto e lazer para todos. Mas, de forma doentia, o sistema já convenceu os povos do mundo que é nobre ser moído e consumido por esse mesmo sistema, que destrói culturas, povos e vidas.

Meu velho computador vai para o lixo, mas poderia durar mais 10 anos se tivesse sido projetado para isso, enquanto o velho freezer segue firmemente. Eles provam que uma outra forma de viver é possível, mas não depende apenas de nós, individualmente. Precisamos acabar com esse sistema perverso.

Já os seres humanos aumentam, ao menos nos países mais desenvolvidos, suas expectativas de vida. Mas, para quê? São simples soldados das corporações e bancos, estudam e vivem para mandar mais dinheiro para aqueles 1% de abastados, e criam seus filhos para fazerem o mesmo. Orgulham-se de pertencer a um extrato social “privilegiado”. Enquanto isso, os bilionários do mundo se riem.

É responsabilidades daqueles que ainda conseguem enxergar, ver a realidade, a denúncia do atual estado de coisas. Temos que desmascarar o discurso desenvolvimentista que, ao fim e ao cabo, existe apenas para manter o fluxo de riqueza que chega a 1% da população do planeta, enquanto bilhões passam privações e outros tantos se sentem confortáveis porque se creem consumidores, quando, na verdade, são apenas consumidos.

*Defensor Público

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Será que somos? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A cultura pode muito bem começar pelo cultivo da voz”.

Li esta frase por acaso, ontem pela manhã, num livro de filosofia. Li-a e devolvi o livro à prateleira. Sentei-me aqui e fiquei sem saber do que falar. E não consegui tirar a frase da cabeça. Parecia mais o gorro do Morales. Agora não sei mais em que página do livro ela está. E como é que vou saber o que o autor queria dizer com ela? Mas, o que isso interessa? Mesmo porque se ela se acomodou no meu cérebro é porque está querendo ser assunto. Aí me lembrei de uma senhora que às vezes me tira do sério, quando passa o dia todo gritando com o cachorro, no quintal.

Depois me lembrei daquela professora, em Taubaté, em são Paulo, que na hora do meu exame oral, de português, ela me perguntou o que era necessário para que uma música se tornasse clássica. Aí deduzi o que o autor da frase queria dizer. Você conhece um povo civilizado que não goste de música clássica? E que não a cultive com orgulho? Já pensou, também, se alguém conseguiria ser um bom cantor clássico se não aprimorasse, exaustivamente, sua voz? Você já viu uma mulher elegante falando alto ou gritando? Claro que não. Da mesma maneira como você não vê uma pessoa civilizada falando mais do que a boca. Então o cara tem razão.

Geralmente nos impressionamos com uma pessoa, pelo seu jeito de falar. E nem sempre percebemos o porquê da impressão. Só depois, com a convivência é que vamos percebendo. O tom de voz, a inflexão e a cadência da mesma, fazem a diferença. E não faça bico com esse papo. Ele é muito importante. E mesmo que você tenha um distúrbio de voz, procure corrigi-lo. Mas se não conseguir, não esquente a cabeça. É difícil alguém se sentir bem numa conversa com uma pessoa de voz estridente. Mas não fique coçando a cabeça. Ninguém vai deixar de conversar com você, só porque você tem foz aguda. Pura tolice. Ninguém vai deixar de amar ou gostar de você porque você não está dentro dos padrões. Quer saber de uma coisa? Eu, particularmente, detesto padrões. E, mesmo porque não estou falando de você, mas com você. sacou?

Quando somos uma pessoa controlada emocionalmente, temos a voz controlada. Normalmente são pessoas felizes, de bem com a vida e, sobretudo consigo mesmo. Talvez até o autor da frase, entre aspas lá encima, esteja dizendo algo diferente do que digo. E daí? Estou dizendo o que penso, e que sinto em contato com pessoas desconhecidas. Porque, cara, não vá cair na esparrela de ficar observando isso com pessoas de seu círculo de amizades. Porque se você fizer isso, o incivilizado, inculto e deseducado vai ser você. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR

SECAMorador do Município de Caroebe, a Sudeste do Estado, afirma que a região está sendo castigada pela forte seca e incêndios. “A seca acabou com as únicas fontes de renda, os bananais. Os pastos estão queimados, peixes de criadouros estão mortos, principalmente tambaquis, e nas vicinais ninguém consegue controlar os focos de incêndio. Não temos governo nem prefeito”, criticou o leitor.

PROTESTO“Devido ao não reconhecimento do nosso curso Leducar, sendo regular na Universidade Federal, os alunos do curso de Ciências da Natureza, Matemática e Ciências Humanas Sociais não têm um alojamento próprio. Somos alunos filhos de agricultores e não temos onde ficar quando estamos na universidade, acarretando assim diversas outras reivindicações. Assim, pedimos a presença da imprensa para mostrar a reivindicação dos nossos direitos onde estamos agora, em frente à Reitoria”, comentou o internauta Felipe Pastos ([email protected]).

DENÚNCIAO leitor M.R.S enviou e-mail comentando que a Prefeitura do Amajari pagou a quantia de meio milhão de reais no conserto de 12 carros. Afirmou também que existem alguns tratores da prefeitura que operam na fazenda de uma autoridade local. “Isso é um absurdo!”, protestou.

VETOFábio Almeida enviou o seguinte comentário sobre os vetos à Lei Orçamentária para 2016: “Pelo pouco que entendo de política, o veto na possibilidade de o governo ordenar despesa do crédito suplementar por decreto prejudica apenas o governo. O governo queria 20%, a Assembleia disponibilizou 10%. O governo disse que não aceitava a redução e vetou, ficando com 0%. Não entendi nada ou a assessoria política da governadora Suely não sabe para onde apontar sua artilharia política. A manutenção do veto pela Assembleia implicará que todo crédito suplementar terá que ter aprovação de gasto pelo Legislativo. Seria mais coerente permanecer os 10% e tentar negociar o aumento no decorrer do ano com a Assembleia. Mas cada um com sua interpretação do orçamento. Enfim, foi vetado o que foi aprovado, agora o governo não terá nem 10%”.