Opinião

Opiniao 23 02 2016 2071

Olhando para trás – Walber Aguiar*

De repente, a gente vê que perdeuou está perdendo alguma coisamorna e ingênua que vai ficando no caminhoCazuza

Era noite. O quarto escuro denunciava qualquer coisa assim inusitada. Vontade de fugir, de ir comprar algo na esquina e desaparecer no meio da multidão. De atiçar lembranças e revirar memórias. De esvaziar o baú de quinquilharias existenciais e arrumar tudo que valia a pena colecionar.

Ali, na geografia do silêncio forçado e da solidão quase patológica, mergulhamos na estrada, percebemos o vácuo, entendemos a ausência de nós mesmos.

A noite, regida pelos ponteiros da angústia, revelou tudo que se passava entre muros, paredes, janelas, corredores e avenidas. Diante dos olhos perdidos a mutilação psicológica. Os pedaços significativos que fomos perdendo durante a caminhada.

As estrelas viraram lágrimas, ainda que companheiras da insônia. O vento trouxe os detalhes que estavam armazenados no coração. O medo, amigo de todas as horas, trouxe flores amarelas e medrosas.

A inocência era palpável na escuridão, ainda que estivesse distante. Pensamos no tempo de criança, na ingenuidade perdida, no coração humano e solidário. Entretanto, já não havia espaço para oferecer flores ao desconhecido, para ajuntar os “samaritanos” vitimados pelo trágico. Não podíamos “falar com os estranhos”, pois a estrutura social maligna nos prendia numa bolha individual e utilitarista.

Debruçados na janela da inquietação, tentamos ajuntar os pedaços, os cacos coloridos que ficaram para trás. Perdemos a mãe, a ternura, a capacidade de indignar-se diante da injustiça e de todas as formas de perversidade. Ao perder o sono, achamos a dor da incompletude, do despedaçamento psicológico. Para trás ficou a água limpa da honestidade, a pureza do ético, o fogo da compaixão, o senso de coletividade.

Ali, entre o céu da virtude, a movediça realidade e o “pântano enganoso das bocas”, sentimos falta da amizade incondicional, do amor desinteressado, dos mais quentes afetos. Entretanto, ainda podíamos resistir a nós mesmos e àquilo que na vida nos vence. Tentar recuperar os fragmentos, a coisa morna e ingênua que ficou no caminho.

Era noite. Uma longa noite. Tempo de lançar fora todos os “rebotalhos” e trapos de autorrespeito e ajuntar o que sobrou da vida.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]

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Ressurreição ou reencarnação? – Marlene de Andrade*

Ao morrermos temos dois destinos, ou vamos para o céu, ou para o abismo cheio de aflições eternas. Não existe purgatório e nem tampouco reencarnação, pois isso não tem embasamento bíblico. A Bíblia ensina que morremos só uma vez. Se precisássemos morrer muitas vezes, para que serviria o sacrifício de Jesus? Teria Ele também que morrer muitas vezes, para nos salvar? Jesus pagou com Seu Sangue o resgate de nossas almas e não há mais o que discutir.

Todos nós seremos julgados e separados. Sendo assim, os pecadores justificados e redimidos por Jesus irão morar no paraíso celestial onde gozarão as alegrias da vida eterna junto com Deus. Já os pecadores não redimidos terão um destino diferente, pois ficarão para sempre separados do Senhor.

Deus não faz nada igual e tudo que Ele cria é personalizado e único. Ele não coloca uma personalidade dentro de outro corpo com impressão digital diferente daquela que a pessoa tinha antes de falecer. Um cacho de flores de caju, por exemplo, não possui flores idênticas. A onça e a zebra são outros exemplos, pois não existe nenhum desses animais que possua o pelo igual ao outro. Como então acreditar que Antônio se transformou em Mateus com outra impressão digital? Jamais isso acontecerá. Além do mais, nada consegue aperfeiçoar a nossa vida a não ser a Graça de Deus.

Infelizmente o mundo só caminha para o caos, sendo assim ninguém está sendo aperfeiçoado na terra. Estaríamos perdidos se Jesus não tivesse morrido na cruz para nos salvar. Portanto, retornar à vida aqui na terra aperfeiçoados em consecutivas vidas é totalmente utópico, pois o mundo caminha exclusivamente para o caos. A Palavra de Deus neste contexto explica: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8-9). Portanto, quando morremos, voltamos para Deus. Somos salvos pela Graça de Deus e não através de subsequentes encarnações.

Quando a gente planta uma semente de qualquer vegetal ela apodrece literalmente e dali nasce um brotinho daquela semente, mas primeiro a referida semente morre para depois ressurgir. Assim ocorre conosco, ou seja, morreremos, porém, no juízo final ressuscitaremos. Nosso espírito não volta para ser aperfeiçoado em outros corpos.

No último dia, portanto, haverá a ressurreição dos mortos e a Bíblia deixa isso muito claro: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” (Hebreus 9:27-28).

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47

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Morrendo de vergonha – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Oh, doce amiga, é certo que seríamos felizesNa ausência deste calamitoso Brasil”. (Mário de Andrade)

Porque amamos o Brasil sofremos mais com ele. As decepções nos abalam a todo instante. Os maus exemplos nos mostram como somos frágeis diante da honestidade. Mas somos fortes. Só não sabemos que somos. Tudo que acontece de vergonhoso e decepcionante dentro da nossa política é parte do nosso despreparo político. Ainda não acreditamos que só colhemos o que plantamos. Mas somos uma sociedade.

E como tal, cada um de nós paga pelos desacertos de cada um de nós. O que indica que realmente somos todos iguais nas diferenças. E o que nos falta é orientação para sairmos da igualdade inferior. Se somos iguais por que não procuramos a igualdade no degrau de cima? Todos temos os mesmos recursos para progredir. E todos os poderes de que necessitamos estão dentro de cada um de nós. Somos todos donos e dirigentes dos nossos destinos. Não devemos culpar os outros pelos nossos fracassos.

Só quando sabemos o que queremos sabemos como conseguir. Então vamos melhorar o clima moral na nossa política. Busquemos o saber em nós mesmos. Não seremos um cidadão enquanto não nos respeitarmos como tal. Entre o cidadão e o mau-caráter está o que vende seu voto, e o que vota por dever de cidadão. E só quando votamos por dever é que sabemos e reconhecemos nossa responsabilidade na ordem política e social do Estado. Sinta-se responsável pelos acontecimentos maus ou bons, que nos trazem resultados no bem ou no mal. Pense nisso e você descobrirá em que mundo você vive. E é aí que você descobre o valor que se dá. Somos todos responsáveis, mesmo quando agindo irresponsavelmente, pelo futuro dos nossos descendentes. E que futuro você pensa que está criando para seus descendentes? O respeito que temos por nós mesmos é o que doamos ao nosso futuro.

Ufa… Não seremos felizes ausentes do Brasil, mas ausentes das calamidades que tornam o Brasil calamitoso. E só nós, brasileiros, temos o poder de sarar a ferida que adoece nossa política. Vamos fazer nossa parte. Vamos aprender a escolher nossos políticos dentro da moral de que necessitamos para ser um povo politicamente civilizado. E só assim reergueremos nossa imagem que está sendo jogada no fundo do poço. Mas só conseguiremos isso quando nos conscientizarmos de que somos os únicos responsáveis pelos acontecimentos que envergonham os que se conhecem como cidadãos. Faça sua parte como ela deve ser feita. Respeite-se e respeite. Ame-se e ame. Viva para que os outros possam viver. E só vivemos quando sabemos viver. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR 

SUJEIRAO leitor Armindo Oliveira Dias, morador de Pacaraima, enviou o seguinte relato: “Apesar da população já ter alertado sobre a situação em que se encontra o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, até hoje nenhuma providência foi tomada. E os pacientes continuam sendo atendidos em condições péssimas de higiene. A unidade realmente está um caos, muita sujeira e arriscando a saúde de quem procura atendimento médico. Até hoje nenhuma negociação foi mantida com os servidores que executam a limpeza. E os servidores tentam amenizar a situação limpando a unidade”.

INTOLERÂNCIA “Mesmo com a quantidade de placas espalhadas pela Avenida Ville Roy, ainda existem vários motoristas que são incompreensíveis, ou realmente são intolerantes às leis de trânsito. No sábado, eu trafegava com minha família às 10h, a 60 quilômetros, como está descrito nas placas. Acontece que um cidadão, aparentando estar bêbado, vinha fazendo manobras perigosas e buzinando para os carros saírem de sua frente. Situações como esta não devem ocorrer, por isso é necessário reforçar o policiamento no local aos fins de semana”, comentou a professora Maria Auxiliadora Trindade.

RESPOSTASobre a nota intitulada “HGR”, publicada ontem, o Governo do Estado afirmou que, em comparação ao mês de fevereiro do ano passado com o mesmo período deste ano, o Hospital Geral de Roraima teve uma redução de 260% para 150% em sua lotação e que a média de permanência no Pronto Atendimento foi reduzida de oito para cinco dias, o que indica a eficiência nos serviços adotados na unidade. “Esclarecemos que a UTI passa por reforma, ação que segue para o Pronto Atendimento”, frisou.

ESCURIDÃO Leitor Gilson Martins enviou a seguinte reclamação: “Quem caminha pela Avenida Ene Garcez sabe muito bem o perigo que está correndo após o anoitecer, por conta do mato e a escuridão que toma conta do complexo esportivo Totozão que, como a maioria dos prédios, está abandonado pela atual gestão. Caminhar por ali requer cuidado e atenção”.