Opinião

Opiniao 23 03 2018 5870

Usar as redes sociais no trabalho. Pode? – Fernando Elias José*

Internet no computador, no celular, no notebook, no tablet… Cada vez mais pessoas estão conectadas durante 24 horas, não importa o lugar onde estejam. E as redes sociais têm ocupado bastante espaço em nosso tempo de navegação: segundo a comScore, empresa norte-americana de análise da internet, o Brasil é o 5º país que mais acessa as redes no mundo. De acordo com o Facebook, 13 milhões de brasileiros já usam a rede, um crescimento de 119% nos últimos seis meses. Mas será que tanta interação pode atrapalhar os estudos e a carreira?

É inegável o uso cada vez mais significativo das mídias sociais para o compartilhamento de informações e para a obtenção de valiosos dados na esfera profissional. Além disso, fazer parte das redes pode ser um fator determinante na contratação ou até na demissão de um funcionário. Contudo, o uso exagerado, principalmente na escola, no cursinho e no ambiente de trabalho, pode atrapalhar a produtividade.

Quando um paciente relata que tem dificuldade em se desligar da rede, inclusive no trabalho, avaliamos juntos se há uma conexão psicológica com o fato. Hoje em dia já consideramos a compulsão pela internet como uma patologia, mas existem alguns critérios que são examinados antes do diagnóstico. O psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, referência na área e coautor do livro “Dependência de Internet – Manual e guia de avaliação e tratamento”, coordena o programa Dependentes de Internet, do Hospital das Clínicas (SP). Ele trabalha com a estimativa de que 10% dos usuários acabam se tornando dependentes. No site do programa, é possível fazer um teste para detectar quem sofre do problema.

Como na maior parte das vezes, o bom senso deve prevalecer – passar mais de 30 minutos do expediente interagindo nas redes sociais prejudica a produtividade, principalmente no que diz respeito ao cumprimento do horário de trabalho e aos prazos estabelecidos para a entrega de tarefas. E, se você está à procura de um emprego, saiba que muitas empresas pesquisam o nome do candidato nas redes sociais para observar de que forma ele se comunica, quais as suas opiniões e interesses, e verificar se há compatibilidade com o perfil da empresa. Última dica: interagir mais virtualmente do que pessoalmente não é saudável. O contato interpessoal será sempre necessário, independente do uso da internet. Por isso, procure alimentar a sua relação com os colegas de trabalho e faça disso uma atividade quase que obrigatória em seu dia a dia.

*Mestre em psicologia pela PUCRS e há mais de 20 anos dedica-se à pesquisa em Ciências Cognitivas direcionada à preparação emocional de candidatos para provas, vestibulares e concursos.

CATEDRAL “CRISTO REDENTOR”: QUARENTA E CINCO ANOS Parte I – Júlio Martins*

Aqueles que, de algum modo, trabalham na edificação de um povo, quando passam, não desaparecem, não mergulham no mar do esquecimento. Ao invés, deixam um sulco de luz, que perdura, permanece, como aurora perene, no firmamento da história desse mesmo povo.

Esse fenômeno, de rara beleza, é visível, nitidamente, pelo menos uma vez, na história de Roraima. E tem como protagonistas dois grandes homens, cujos nomes estão esculpidos em caracteres indeléveis nos alicerces altivos de nossa história. Vindos de remotas origens, por diferentes caminhos, tangidos por apartados ideais, sem nunca se terem visto ou conhecido, antagônicos na formação e no caráter, em dado momento, convergiram, como rios num estuário, para o mesmo objetivo, e um completou a obra pelo outro iniciada.

Refiro-me ao primeiro governador do Território Federal do Rio Branco (hoje Estado de Roraima), capitão Ene Garcez dos Reis, e ao quinto bispo da Prelazia Nulius do Rio Branco (hoje Diocese de Roraima), dom Servílio Conti.

Capitão Ene Garcez, figura imponente, marcial, austera, forjado no rigor espartano da disciplina militar, talhado, por assim dizer, num bloco inteiriço de granito, inteiramente devotado ao serviço da Pátria, ao cumprimento do dever e da missão, que lhe era cometida. Segundo o seu código ético, o cumprimento de ambos, do dever e da missão, estava acima de tudo. Nele se lançava todo inteiro, sem medo e sem medida, pronto a sacrificar quanto lhe fosse pedido: o vigor físico, a capacidade intelectual, a força anímica e, se preciso, a própria vida. Era da estirpe dos heróis míticos da epopeia homérica.

Dom Servílio Conti, espírito moldado na severa tradição latina, romana, católica de sua terra natal, a Lombardia, no norte da Itália, terra lendária de guerreiros e de santos. Talvez por isso, tenha sido ele a figura exemplar do intrépido combatente, inteiramente possuído e transfigurado pelo élan missionário e pela graça santificante, que o revestiu das armas invisíveis e invencíveis do espírito. Ele avulta em nossa história, guardadas as proporções, com a estatura colossal dos grandes bispos que, nos primeiros séculos da Igreja, diante das hordas bárbaras e da iminente queda do Império Romano, no caos generalizado, além de mestres da fé, tiveram de assumir o papel de paladinos da civilização e da ordem em suas cidades. Santo Ambrósio de Milão (339-397), São Hilário de Poitiers (3l5-367), São Martinho de Tours (3l6-397) e tantos outros.

Ene Garcez, em apenas um ano e meio que aqui esteve, à frente do Governo, realizou um trabalho de Hércules. Venceu rios e cachoeiras, rasgou o ventre virgem de lavrados e de matas, drenou pântanos, saneou a sordidez de alagadiços doentios, debelou endemias, inclusive a malária assassina, implantou o aparato político-administrativo do governo, enfim, trouxe um sopro de vida e de esperança a esse setentrião brasileiro, secularmente prostrado no isolamento e no abandono. Anteviu e projetou a transformação daquela Boa Vista, por ele encontrada, em 1944, então apenas um minúsculo aglomerado de casas de taipa e de palha, de poucas ruas incertas, lançadas a esmo, na cidade ínclita e moderna que temos hoje. Para tanto mandou elaborar um Plano de Desenvolvimento Urbano, concebido segundo os cânones do urbanismo moderno, com um traçado de largas avenidas em forma de leque, a partir de um centro irradiante. Esse centro, depois denominado Centro Cívico, foi projetado para abrigar os palácios dos poderes constituídos, secretarias, bancos e órgãos importantes da administração e da economia local. Seria o centro nervoso da vida da cidade, do território federal e do futuro estado. Ao lado deles, Ene Garcez teve a inspiração de mandar reservar um lugar para a futura catedral de Boa Vista. Feliz inspiração, essa, de pôr, lado a lado, o centro das decisões políticas e a casa de oração, como a lembra
r que o destino dos povos e a trajetória dos homens, em momentos de glória ou de crise, de festa ou de luto, estão sempre nas mãos de Deus. Foi, então, escolhido o lugar do velho cemitério, remanescente dos tempos primitivos da vila e da freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco, que foi o primeiro nome oficial de Boa Vista. O antigo campo santo, lugar onde jaziam tantos bravos pioneiros, homens e mulheres, testemunhas dos primórdios desta terra, seria então duplamente santificado com a construção e consagração da Casa de Deus.

Pois bem! Essa construção havia de esperar nada menos que vinte e cinco anos, para ser começada. Durante todo esse tempo, enquanto eram levantados os outros prédios e se completava o conjunto arquitetônico do

Centro Cívico, o lugar destinado à Catedral permanecia tristemente ali, apenas um terreno baldio, um espaço vazio, como uma lacuna ou mesmo uma ferida aberta no coração da cidade.

*Foi vereador, prefeito, deputado federal e fez parte da Comissão de Construção da Catedral

Siga seus passos – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Se o mestre for realmente sábio, ele não o levará a entrar na casa da sabedoria dele, mas sim, o guiará para os limites de sua própria mente”. (Gibran Khalil Gibran)

Tropeçou? Aprendeu com os tropeços? Ótimo. Nunca permita que ninguém dirija sua vida. Cada um é cada um e dono do seu próprio destino. Todos nós necessitamos de orientações para não corrermos o risco de cometer tantos erros, vida afora. Mas precisamos de orientações e não de direção. Você deve tomar a direção que lhe parecer conveniente e própria às suas necessidades. E necessidade é uma coisa que só sentimos quando a temos.

Supra suas necessidades dentro dos padrões da normalidade. Não podemos ser corretos se não vivermos dentro dos padrões estabelecidos pelas regras do bom viver. Quando nos adaptamos às regras normais, não precisamos obedecê-las. Basta segui-las. E se isso estiver lhe parecendo complicado, descomplique. Faça isso dentro de você mesmo. Seguindo os princípios da normalidade, na racionalidade. E só se consegue isso observando-se os princípios básicos da simplicidade.

Está lembrado do pensamento do Miguel Ângelo? “As insignificâncias causam a perfeição. E a perfeição não é uma insignificância”. Preste atenção aos detalhes como orientação. Não se prenda a eles senão você vai se tornar um detalhista, normalmente chato. Aprenda a viver a vida no dia a dia, com simplicidade, mas sem vulgaridade. Mantenha seu senso de humor elevado. Mas aprimore-se para não confundir humor com banalidade.

Mantenha seu sorriso, mas não ria das pessoas. São diferenças que requerem muita habilidade. E só adquirimos as habilidades com o exercício. Sorrir para as pessoas, mesmo as que você não conhece, pode ser confundido com vulgaridade, mas o problema está com quem confunde, e não com você.

Procure ser otimista. É fácil pra dedéu. É só não perder seu precioso tempo com coisas, conversas ou pensamentos negativos. Quando alguém estiver enchendo sua paciência com conversas negativas, não reaja, apenas não deixe que o assunto penetre sua mente. Quando somos sadios, nossas mentes tornam-se refratárias ao negativismo. E quando atingimos esse estágio não temos por que nos preocupar com o negativismo dos outros. Mesmo quando eles estão azucrinando. Por que se apoquentar com o que não lhe serve? Seja superior não dando trela ao inferior. Somos o que pensamos e não o que os outros pensam. E se não somos iguais, não temos por que nos igualarmos. A superioridade está em ser superior. E só somos quando nos valorizamos. Pense nisso.

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