Opinião

Opiniao 23 12 2015 1854

O que está fora do ar, afinal? – Tom Zé Albuquerque*

Na semana que passou, a 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo/SP enviou ordem judicial para as operadoras de telefonias móveis exigindo o bloqueio do aplicativo WhatsApp, por 48 horas, em razão de, segundo divulgado pela mídia, descumprimento de uma ordem judicial transcorrida em segredo de justiça, portanto, sem origem declarada da autoria.

Presumia-se que esse serviço eletrônico era algo pessoal e independente, mas agora se descobriu que nós, brasileiros, não temos poder sobre intercâmbio de dados e informações, partidos e recepcionados por nós mesmos. Uma ação judicial nesses moldes não é algo novo, já fora motivada em fevereiro deste ano quando o Tribunal de Justiça do Piauí pleiteou a suspensão do mesmo serviço. O aplicativo WhatsApp é o mais usado no nosso país, alcançando 93% dos usuários de internet, ou seja, suspender o seu uso é praticamente isolar o brasileiro do mundo, o que gera complicações e consequências imediatas no cotidiano das pessoas.

Não é prudente imaginar que o uso do WhatsApp é apropriado somente para jovens e adolescentes, ou para adultos que trocam mensagens de humor ou imagens e vídeos pornográficos. Tolher o cidadão de usufruir de tal ferramenta de comunicação é atrapalhar milhares de empresários em suas transações comerciais; é privar milhares de empreendedores individuais de efetivarem seus negócios (moto-táxi, costureiras, cabelereiros, lanches rápidos…); é coibir a troca de informações relevantes na seara educacional; é expor o ser humano à violência, pelos desavisos pondo aflição às famílias; é retirar a chance de sintonia de um convívio familiar.

Em nosso país ocorrem muitas situações esdrúxulas, sobretudo aquelas que abocanham os direitos das pessoas. Aliás, tem virado rotina no Brasil decisões sendo tomadas de forma linear, cuja imprudência e ausência de bom-senso teimam em conceder direitos a alguns retirando os direitos de outros. Quando falta material escolar em comunidade indígena, fecha-se rodovia federal, privando que milhares de pessoas circulem em seu próprio território; quando a polícia atira em bandido, cria-se barricada em avenida urbana, coibindo a sociedade de trafegar em seu ambiente; necessita-se de criação de vagas para minoria social, tiram-se vagas do esforço e mérito das pessoas para dá-las a outrem, em vez de acrescer o número de vagas para benefício geral.

E assim caminha a “justiça” brasileira… pune uma única empresa prejudicando milhões de brasileiros. Por essa linha aplicada para esta decisão judicial, se uma empresa qualquer do ramo de transporte público fosse judicialmente punida a sociedade ficaria sem se locomover? Se, porventura rede hospitalar pública fosse apenada por ordem judicial todos os hospitais seriam cerrados? Se, por acaso, a Receita Federal punisse grupo empresarial, todas as empresas brasileiras seriam fechadas? Embora esta analogia seja extremista, mas é condizente com a realidade vivenciada, pela qual atingiu tão brutalmente parcela considerável da população.

Arrebatar o direito de as pessoas se comunicarem via rede social é típico de países em regime ditatoriais, geridos por chefes de Estado de comportamentos bizarros, no nível do Irã, Venezuela, Cuba e Coréia do Norte, para qual censura é um dos braços de poder extrapolado e vil. Resta-nos apetecer que a rigidez da magistrada em pender o uso de redes sociais seja igualmente usada para evitar a comunicação em presídios dos presos com seus potentes aparelhos celulares. Estes, estão ativos mais que nunca.

*Administrador

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Milho sem palha – Vera Sábio*

“É como se um pé de milho fosse nosso filho, fosse nosso irmão”. Essa música sertaneja remete à enorme gratidão que o plantador sente ao contemplar a chuva caindo e fazendo o milharal produzir. Porém, só temos a certeza de um milho grande, saudável e vigoroso no instante em que retirarmos as palhas e experimentarmos os grãos. Dessa maneira, observamos quantos estão cheios de palhas brilhantes e cobertas de luxurias, no entanto, seu milho não serve para nada.

Mais uma vez, sinto as prioridades do nosso local sendo deixadas de lado enquanto investem tanto nas belezas fúteis da nossa cidade. A água está acabando, mas esbanjamos sem respeito a natureza e sem consciência que se nos faltar água desapareceremos, em meio a tanto concreto, praças, monumentos e belezas visíveis, porém o milho encoberto murcha e ainda batemos palmas.

Temos escolas de qualidade? Saúde de qualidade? Esgotos eficientes e que não poluam nossas águas? Segurança para irmos às lindas praças e não sermos assaltados pelas ruas? Ou estamos começando pelo avesso, primeiro aguamos as plantinhas das ruas, investimos nas diversões e não damos saúde, não temos educação nem para preservar os monumentos que criamos com o dinheiro que deveria estar na educação, segurança e saúde?

Há um incentivo para aquele que economiza água? Pois na crise que estamos, uma diferença nas contas, um benefício para aqueles que fecharem a torneira, reutilizarem a água, que não sujarem rios, que plantarem árvores, poderia ser medidas simples que fariam muitos agirem diferente e melhorarem essa triste situação.

Mais cedo ou mais tarde, a palha seca e, de uma forma ou de outra, o milho revela sua essência. Porém, o bom seria se enxergássemos logo essa situação, antes que as próximas eleições cheguem e tragam lobos vestidos de carneirinhos, os quais já começaram a se manifestar. Estes, mais uma vez, nos iludam, deixando-nos a cada ano que passa, em uma saudade sem fim; daquilo que já fomos.

Assim, Boa Vista, com suas condições naturais e suas bênçãos divinas, dificilmente conseguirá um milho bom que tantos lembram com orgulho. Todavia, se não lutarmos e abrirmos os olhos, nunca mais existirá.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: 99168-7731

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Nas luzes da ribalta – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamene, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. (Charles Chaplin) Tudo bem, entendi você. Agora sente-se aí, fique calma e vamos bater um papo leve como a pluma, tá? Mas tem que ficar calma. E isso não é uma imposição, mas uma sugestão para que nos entendamos. Ou mais precisamente, para que você me entenda. Comece dando atenção ao Charles Chaplin; a vida não exige ensaio, mas aprimoramento. E você só vai se aprimorar se acreditar e confiar em você mesma. Aliás, é muito difícil para o ser humano confiar nele mesmo. Olhe-se em você mesma e veja em que, ou em quem, você mais acredita e confia. Sacou?

Alguém já nos disse que você nunca vai acabar com a pobreza dando comida ao pobre. E se você estiver encontrando dificuldade em enteder isso, é porque alguma coisa está errada em você. Acho que foi pensando nisso que os chineses disseram que em vez de você dar o peixe para o pobre, ensine o pobre a pescar. E o pobre, nesse caso, pode ser você em relação a você mesma. Você fica o tempo todo pedindo a Deus o que você mesma poderia obter com seu esforço. Porque Ele lhe deu todo o poder de que você necessita pra vencer na vida. Ficou claro?

O peixe que você espera que Deus dê pra você, você mesma pode pescar. Tudo vai depender de você acreditar na força que você tem. E toda a força que você tem, e ignora que tem, lhe foi dada por Deus. E se você não crê nisso é porque não crê em Deus. Simples pra dedéu. Mas não vamos levar esse papo para o âmbito da religiosidade. Tem nada a ver. Só estou tentando conversar com você com mais intimidade, sem intimidade. Papo sério, simples e claro. A vida é uma peça de teatro. Cada um de nós é um ator, ou atriz, em ação permanente. Não paramos nem mesmo quando descansamos. Senão não haveria evolução. Não podemos, nem devemos, deixar que a cortina se feche sem os aplausos que buscamos durante toda a apresentação.

Viva sua vida com intensidade, independentemente das dificuldades encontradas durante a apresentação do espetáculo que é sua vida. Dificuldades e erros fazem parte do aprendizado. Quando estiver encontrando dificuldade na apresentação peça ajuda a você mesma. Só a você e a mais ninguém. Ninguém, além de você mesma, tem o poder de fazer você se sentir feliz ou infeliz. Acredite nisso. Se sua doença estiver judiando de você verifique se você tem realmente uma doença ou se apenas não tem saúde. Reflita sobre isso pra entender bem a diferença entre uma coisa e outra. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460

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ESPAÇO DO LEITOR 

FÉRIASOs servidores lotados na Secretaria Estadual de Saúde reclamam que, para terem a garantia do pagamento de férias, os concursados e comissionados têm que ir até o gabinete do secretário e solicitar pessoalmente o pagamento do benefício garantido em lei. “Chega a ser um absurdo este controle desnecessário, que deveria ficar a cargo do departamento de gestão de pessoas. Enquanto o gestor tem várias ocupações mais importantes, perde tempo autorizando um por um o pagamento de férias, como sempre falta de planejamento e gestão”, relatou uma servidora, que preferiu anonimato.

DETENTOSO leitor Manoel Vieira comentou sobre saída temporária concedida a presos: “Acredito ser válida a concessão do benefício, mas antes é necessário verificar a índole dos beneficiados para que a população, por outro lado, não corra o risco de assaltos e crimes. A estratégia de segurança deve ser bem planejada para que o crime organizado seja combatido e o efetivo seja realmente colocado na rua para realizar o policiamento ostensivo, e assim inibir qualquer ação que seja arquitetada contra a sociedade”.

FORÇA TAREFA Sobre a criação da força tarefa no sistema prisional, o internauta Daniel Bezerra escreveu: “Além da efetivação por decreto, o Governo do Estado deveria também investir na capacitação dos servidores e, de imediato, promover a incorporação de novos agentes penitenciários, por meio de concurso público, já que os profissionais que atuam no presídio têm a função de garantir a ordem interna e merecem ser valorizados”.

INDÍGENAS“Há menos de dois dias após serem retirados do semáforo localizado no final da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, os indígenas que estavam pedindo esmolas e vendendo mel de abelha de procedência duvidosa, outro grupo já foi visto esta semana na Feira do Produtor. A Funai, que teria a responsabilidade de intervir nesta situação, faz vistas grossas e deixa os mesmos perambulando, passando inclusive dificuldades para se alimentarem, uma decadência”, comentou a leitora Olivia Rodrigues.