Opinião

Opiniao 23 12 2019 9518

Então é quase Natal Linoberg Almeida*

E o que você fez? O ano terminando e quando olho para trás vejo que a gente faz diferente para fazer a diferença. Fazer diferente para ter paz. Paz de espírito, tão ausente aos que mal dormem à espera da Polícia Federal em suas portas nas contínuas operações. Paz para ser atacado pelos que só aparecem com dedos nervosos, ou em riste, e tranquilamente ter o que mostrar. É um presente, uma conquista manter a sanidade mental e emocional em tempos tão pesados para a Política.

A paz que invade o meu coração, que se sente para dentro, a paz consigo próprio, a mesma que faz com que se esteja bem com aquilo que se faz e se tem feito, com o exercício diário de defender causas, com os objetivos que se almeja. A paz com seu íntimo, seja qual for, precisa ser arma fundamental para reorientar os destinos de nossa gente, consolidar aquilo que vem dando certo e mudar aquilo que não está dando certo. 

“Não mexe aí, menino!” É feio roubar, furtar, se omitir. Corrupção pequena ou grande é desvio; torçamos o pepino de cedo senão dá a impressão que tá tudo dominado, e não tá. Não pode nem borracha nem lápis alheio, nem dinheiro público que é de todos, não de uns. Se é nosso, a luta por transparência continua. Isso posso oferecer. E se escondem, dissimulam em letras pequenas de diários ou propagam como acessível o que não é. Me cerco de gente competente para decifrar, ou me devoram. 

“Vai trabalhar!” Comecei o ano de olho em asfalto, calçada, contratos no Aeroporto. Dias atrás, a Carlos Pereira de Melo, na mídia, era “pista de avião”; em uma semana, tampas afundando e ajustes necessários onde falta qualidade e durabilidade. Daí, veio drenagem no Cambará e Tropical, as obras de creches, a duplicação de pontes, a escola sumida, pardais atrás de árvores, a mobilidade duvidosa, a taxa de iluminação e as dúvidas sobre IPTU, ajustes em concurso público, os contratos de grama e um dia de natal show de 3 milhões de reais com jeito ostentação em data de simplicidade e paz. Mas não era crise e contenção?

“E o que você fez?” Fui ao Ministério Público; à Justiça, para defender nosso mandato, que quiseram cassar; pra defender minha honra, aquilo que acredito e o que está escrito na lei; fui ao púlpito para ser voz e dar voz a quem acha que não tem; às redes sociais que são meio, ferramenta para te acessar melhor e mais rápido; e à imprensa que denuncia, fiscaliza, noticia e fortalece a democracia.

O ano termina, e começa outra vez para que possamos amaciar esse mundo áspero e cheio de incertezas na janela. Estimular valores básicos da convivência democrática, a crença na capacidade de cada um de nós, seres humanos, de buscar sempre caminhos mais iluminados e solidários é a meta. Isso é amor ao próximo no alvo.

Nessa vida de encontros e desencontros, foi-se um amor. Tô aprendendo a conhecer outro. Plantei árvores, publiquei artigos, pedalei, caí e levantei, fiz leis, tentei CPI dos contratos de lixo/ limpeza (sigo tentando), tive vontade de ser pai, engordei, emagreci, grisalhei mais, dormi menos, vivi. Que estranho esse clima de retrospectiva natalina. Talvez por não ser um dia com vela e guirlanda. É um estado de espírito que nos permite o (re)nascimento, passando por cima de ódios, ressentimentos ou metas não cumpridas. Com paz, amor e solidariedade, fica mais fácil começar de novo.

Se Deus escreve certo por linhas tortas, que seus filhos tortos possam reescrever certas histórias tomando as rédeas de nossas vidas comunitárias, já que governo nenhum é, em si, a solução dos problemas. Está ao alcance de cada um de nós fazer isso. Pôr a mão na massa e participar faz toda a diferença. E que seja feliz quem souber o que é o bem. 

Então, paz e bom Natal a cada boa-vistense.

*Professor e Vereador de Boa Vista

As más influências de um impostor

Sebastião Pereira do Nascimento*

A pessoa humana, acima de tudo, é um animal imperfeito que carece a todo momento de ser reinventado, precisamente, pela necessidade de aperfeiçoar a sua mente racional. E isto passa a ser uma obrigação primordial, visto que no íntimo, o homem tem ao lado de suas melhores essências a essência brutal. A qual pode ser estimulada na medida em que ele resiste em não antecipar a sua racionalidade, abrindo espaço para legitimar o seu lado cruel, passando a ser vítima de sua própria ignorância.

Portanto, é preciso sempre o homem olhar em direção oposta para que tenha domínio de sua consciência. Pois quanto mais ele se manifesta racionalmente, mais ele se torna consciente de si mesmo. E quanto mais ele se torna consciente de si mesmo, mais ele se torna lúcido. E como um sujeito lúcido, ele não se anula diante das incertezas e nem se deixa induzir por ideias abjetas.

Ao contrário do que vem acontecendo na atualidade brasileira, onde um contingente de eleitores – atingidos pela falência intelectual – elegeram no ano passado para presidente da república, Jair Bolsonaro, acreditando piamente nas deformidades de suas palavras e de seus gestos, repletos de ressentimentos hostis e desvalor humano, os quais navegam pela retórica da intolerância e impulsionam os indivíduos mais passíveis de doutrinação a praticarem as mesmas atitudes ameaçadoras.

Contudo, como percebido de antemão, a doutrinação só pode ser consolidada quando o sujeito se prende à falência humana, então passa ser vulnerável a qualquer imposição. Por exemplo, no período da ditadura militar, quando uma gama da sociedade brasileira, ainda que fosse pela temeridade ou pela demência política, acatava os desmandos do governo militar, que na prática instigava a população a pensar e agir de acordo com o desígnio imposto pelo sistema político.

Após a ditadura militar e o processo de redemocratização do país, a população brasileira passa agir de forma mais humanística, diminuindo bastante a severidade imposta pela ditadura. Diante desse processo, tem-se, durante o governo Lula, o período de maior sensatez política no Brasil, quando aquele governo restabeleceu plenamente os direitos e garantias fundamentais, fortaleceu os movimentos sociais, além de permitir significativos avanços nas áreas da educação, cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia. Tudo isso agregado a um esforço político no sentido de diminuir a desigualdade social e a violência – apesar da resistência de alguns setores da sociedade – onde, mesmo aqueles que tinham a mente mais avassaladora não se revelavam de maneira tão agressiva, sabendo que qualquer atitude mais hostil era prontamente rechaçada pela sociedade que se antecipava ao altruísmo, à abnegação e aos valores humanos mais nobres.

Ao passo que, com o ressurgimento inesperado da elite ultraconservadora, abrem-se janelas para aqueles que se sentiam enjaulados e agora “autorizados” a externarem os seus sentimentos mais tóxicos. Isso foi motivado mormente, pelo então candidato Jair Bolsonaro, que pronunciava turbilhões de ódio e aversão contra os avanços sociais no Brasil, além de fazer alusão à ditadura militar e em defesa do armamento da população. Na mesma linha, orquestrava (e ainda orquestra) sentimento de repulsa a qualquer agenda partidária ou política que sugere ideias socialistas ou comunistas, taxando odiosamente
de esquerdistas. 

No contexto atual, Jair Bolsonaro e seus lacaios do planalto vêm governando o país com apenas uma verdade. A verdade absoluta e perturbada que transita pelo fascismo. Por conseguinte, é difícil ver alguma demanda governamental que seja contentadora para toda população brasileira. O que observamos são medidas que desmontam o país e levam privilégios aos mais abonados.

Logo, o inferno do Brasil deve exceder o inferno do mundo, no ponto em que assistimos atualmente a escalada da violência que coloca no alvo dessa impetuosidade: a liberdade de gênero, moradores de favelas, mulheres, afrodescendentes, povos indígenas e trabalhadores do campo que hoje, mais do que nunca, terão suas vidas perturbadas em função do incentivo ao desmatamento e à grilagem de terras, agora “permitida” com a nova regularização fundiária.

Na mesma proporção, crescem também as violações dos direitos e garantias fundamentais; os ataques aos segmentos culturais (exposições, filmes, livros, teatros, músicas, etc); aos avanços da educação, ciência e tecnologia; e como ponto de embate, às ordens religiosas que defendem o Estado laico – em detrimento de uma igreja que tenta disseminar uma agenda ultraconservadora. Assim, o Brasil se desmonta diante dos olhares atônicos de uma parcela da sociedade, enquanto a outra parcela, isenta de racionalidade, confirma e vocifera as narrativas autoritárias do chefe-mor. Amanhã, pesará sobre essa gente a triste realidade de um país derrocado. E à outra parte, pesará a responsabilidade de reconstruir o país.

* Filósofo [email protected]

O elo ação felicidade

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A ação nem sempre traz felicidade, mas não há felicidade sem ação.” (Benjamin Disraeli)

Agir é uma ação mental. Quando agimos é porque pensamos. E a ação proveniente da razão depende do seu estado de espírito. Depende de como você pensou ou pensa sobre o que decidiu, ou vai decidir, na ação. Simples pra dedéu. A vida toda depende de ações. Quando não agimos não vencemos. Você até pode estar enganado, pensando que o resultado de um acaso foi resultado de sua decisão. Esteja sempre preparado ou preparada para agir. Mas muito cuidado com os arrufos. A ação deve ser racional. Seu sucesso vai depender dos seus pensamentos em razão da ação. Mas não misture o angu, fazendo disso um mingau de preocupações. 

Estamos sempre no palco da vida. O que devemos é fazer com que nosso papel seja sempre bem empenhado, para os que assistem ao espetáculo. Somos todos atores da vida. E o treinamento depende do desenvolvimento mental de cada um. E o desenvolvimento depende do seu grau de racionalidade. E ser racional não é ser santo. É ter a mente equilibrada dentro do desenvolvimento da humanidade. Somos todos seres humanos. E como tal somos todos principiantes no ensino. Depois de vinte e uma eternidades sobre esta Terra em evolução, ainda somos e agimos como trogloditas. E isso não significa inferioridade. Ao contrário, estamos tentando chegar ao nível em que devemos regressar ao nosso mundo de origem. E inicie sua tarefa não confundindo isso com religião ou coisa assim.

Aja sempre com racionalidade. Caminhe sempre pelas veredas do desenvolvimento. Elas estão abertas e à sua disposição. Você não precisa perguntar para o sapo, que caminho deve tomar. Você tem o poder de decisão. É só confiar em você mesmo, ou mesma, e ir em frente. Viva seu dia, hoje, como se ele fosse o último. Mas sem pessimismo. Você não precisa acreditar ou pensar que seu dia, hoje, vai ser o último. O que você deve fazer é fazer sempre o melhor que você deve fazer, para desfrutar o melhor, amanhã. Faça isso com naturalidade. O que quer que você faça de melhor é apenas parte do que deve ser feito no melhor. Complete a tarefa no seu futuro.

Cada dia é um dia a mais na vida. E ela se estende, dependendo da sua posição, no grau de desenvolvimento racional em que você se encontra. E você nunca vai saber qual o seu grau de desenvolvimento. E é por isso que você tem que procurar se desenvolver no seu dia a dia. Aja sempre com racionalidade. Mas não se julgue superior a ninguém, apenas seja. E sua superioridade vai depender de suas ações. Não se esquecendo de que somos todos iguais nas diferenças. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460