Opinião

OPINIAO 24 03 2015 775

Festa em fevereiro  –  Walber Aguiar*
Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz…
                                                          Gonzaguinha
                                  
Se janeiro é um mês triste, esperemos por fevereiro,  pelo mês de Dorval de Magalhães. Ano em que fará 101 anos. Mas, afastada a possibilidade da presença física, ainda nos resta o sonho, a lembrança, a menção utópica, o “delírio” de ver as coisas funcionando de forma ética e efetiva.
Dorval Magalhães era um cidadão da polis, um ser urbano, um homem que buscava aplicar o comunismo, a teoria de que tudo poderia ser dividido de forma igualitária. O comunismo dorvaliano era derivado do comunismo dos primeiros cristãos, onde quem tinha muito não sobejava e quem tinha pouco não carregava sobre os ombros a necessidade. 
Assim, se o mestre Dorval não tivesse partido nos ombros largos da noite, ele ficaria enojado com essa política imunda e capenga, a que Rui Barbosa trata de politicalha. De gente sem referência, sem princípio e sem respeito, de homens sem caráter, sem escrúpulo, sem visão da alteridade. Não se considera o outro, quando se trata de estender a mão, de trabalhar pelo coletivo. enxerga-se apenas quando se trata de tirar ou obter alguma vantagem, seja ela financeira ou eleitoral.
Ora, ele continua entre nós. Pela forte espiritualidade que carregava no peito, embalado pelo afeto e maltratado pelas frustrações inevitáveis. Diferente da espiritualidade mercadológica, mãe da perversa teologia da prosperidade. Daquela que transformou pastores em lacaios e evelhas em lobos. Assim, Dorval Magalhães era de uma espiritualidade que congregava todos os as aspectos, não apenas o cuidado com o espírito, mas, sobretudo com o corpo que precisa ser acariciado, cuidado, bem alimentado. 
O homem da terra, o aglutinador do gênero humano e portador de extraordinária esperança amava a Terra de Macunaima. Não fazia as vezes de oportunista, antes queria que todos fossem portadores de cultura e dignidade. Diametralmente oposta é a proposta dos ratos que mamam nas tetas do poder, saqueiam o estado, se locupletam dos bens públicos e tratam nosso querido Roraima como se fosse apenas uma geografia da circunstância, onde, de passagem, se carrega tudo que as mãos e as contas bancárias podem carregar.
Homem digno, o mestre da Academia Roraimense de Letras defende que a Terra de Macunaima seja administrada por seus filhos, por gente que se preocupa com os miseráveis e desgraçados que foram ficando à margem do caminho, conformados com peixe podre, bucho, rede e uma esmola social que recebem de vez em quando. 
Por tudo isso o agrônomo e poeta plantava buritis e palavras; pois sabia que nem só de pão vive o homem, mas daquilo que embala sua alma, que o faz suspirar por dias melhores, que o guinda na direção da grandeza e da dignidade…
*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]    9144-9150
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Trote ou selvageria?  – Marlene de Andrade*
O trote acompanhado de todo tipo de barbárie, em calouros, não é coisa nova. Na Universidade de Coimbra, desde a idade moderna, os veteranos já praticavam as maiores atrocidades com os novatos. Quanto maior é a universidade, mais trotes ocorrem em um nível de perversidade inimaginável, vide USP. Mas como aceitar que um calouro tenha que passar pelo constrangimento dos trotes cada vez mais ultrajantes?
Todo calouro sofre de forma profunda para entrar na faculdade e aí quando se iniciam as aulas, em vez de ser recebido calorosamente e com honras, ao contrário, acabem passando pelo ultraje de ser humilhado e vilipendiado.
A maldade que alguns veteranos fazem com os calouros é aviltante e muito desonrosa. Há casos dos mesmos sofrerem inúmeros traumatismos pelo corpo, e até vir a óbito devido a violência do trote. Há quem diga que essa prática está atrelada a uma coisa chamada “poder” e que se o calouro não se submeter vai ser penalizado mais ainda. É como se os veteranos dissessem, àqueles que acabaram de passar no vestibular, que os mesmos são intrusos e vão por isso ser recebidos de forma desonrosa. Assim sendo, há casos dos calouros serem recebidos a pontapés e, entre outras atrocidades, aos socos e pauladas.
Outras vezes os calouros têm que dançar como se fossem portadores de transtorno mental, ou então ficar de joelhos o tempo que os veteranos quiserem, recebendo spray de uma determinada substância misturada com fezes e urina. Outras vezes são forçados a se embriagarem. 
Em outros casos os veteranos exigem que o calouro tire suas roupas e tenha seus cabelos totalmente raspados, ou cortados e o corpo todo pintado. Beber vômitos e urina com pimenta é outra prática, às vezes, usada. Chicotadas durante os trotes também podem ocorrer. Há casos inclusive do calouro ser estuprado ou sofrer abuso sexual. Há quem afirme que ano passado embebedaram um calouro na UFRR a ponto do mesmo entrar em coma alcoólico e ter que ser internado no HGR. Não sei se isso realmente ocorreu, mas dizem que sim.
A sociedade organizada tem que enfrentar esse problema, inclusive com o respaldo das polícias. Essa guerra tem que ser reprimida e esses psicopatas devem ser levados à cadeia. Eles são transgressores das normas que norteiam os bons costumes e por isso devem ser presos em flagrante. Quanto aos responsáveis pela instituição, onde essas barbáries ocorrem, devem responder processo, salvo melhor juízo, judicial. 
“…não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei.” (Romanos 13:8).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT/AMB
https://www.facebook.com/marlene.de.andrade47
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Cultive boas amizades  –  Afonso Rodrigues de Oliveira*
“É o destino que nos dá a nossa família, mas somos nós que escolhemos os amigos. Isto mostra que a amizade vale mais que os laços de sangue”. (Aristóteles)
Quando sabemos escolher nossos amigos não temos com que nos preocupar. É nos amigos que encontramos o apoio de que realmente necessitamos. O amigo é aquele cara com quem podemos contar em todas as circunstâncias. Quando um amigo decepcionar você, mire-se no espelho da consciência. Bata um papo com esse cara sentado no seu ombro esquerdo. E veja se seu amigo enganou você, ou se não foi você que se enganou com ele. Ou seja: ele enganou você ou você se enganou com ele? Se se enganou, foi você que deu uma de tolo e não soube escolher o amigo. Não fique botando culpa em quem não tem culpa pela sua inexperiência. 
Você pode até ter um número considerável de amigos. Mas confia em cada um deles, ou tem restrições sobre algum? Não se esqueça de que esta escolha somos nós que fazemos. E quando somos capazes de selecionar não rejeitamos os não selecionados. Apenas sabemos que não devemos nos familiarizar na amizade. Amigos e vizinhos fazem parte de nossa vida social. Cada amigo é um parente sobressalente e cada família vizinha é uma família sobressalente. O importante é que tenhamos a certeza plena de que poderemos contar com eles na horta H. Mas isso só será válido quando sabemos que eles podem contar conosco na hora do aperto.
Nada é mais agradável do que um encontro com um amigo a quem não vemos há longo tempo. Já falei pra você, que sou o maior e mais chato péssimo fisionomista que você já teve o desprazer de conhecer. Mas não imagina o prazer que sinto quando você me cumprimenta, mesmo que eu fique o tempo todo tentando reconhecê-lo. Já sofri muito com isso. Mas estou mais tranquilo desde que fiquei sabendo que você já sabe disso. Aconteceu isso sábado à noite. Eu namorava as peças de artesanato numa prateleira, na Praça, quando um jovem moreno e simpático aproximou-se sorridente, estendeu-me a mão e falou alegre:
– Seu Afonso! Como está o senhor?
– Tudo bem, cara. Na base do agrião!
Ele me olhou sorrindo, confirmando o que sabia e falou:
– O senhor não sabe quem sou eu!
– Estou procurando-o, cara.
Ainda bem que meu sorriso é sempre sincero. E sabendo disso, ele falou:
– Eu sou filho do Carvilio…
Rimos e me senti muito feliz com o comportamento do jovem. E se um dia eu me encontrar com você e não o cumprimentar, por favor, cumprimente-me. Você nem imagina o quando valorizo um aperto de mão, um abraço quebra-costelas ou um simples cumprimento. Os amigos me fazem feliz. Pense nisso.
*Articulista  – [email protected]  99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
 ÁGUA
 A leitora Vânia Magalhães observou que a sociedade está distante de dar um bom exemplo em relação à preservação de nossos rios e igarapés. “Estive participando como voluntária da ação ‘Amigos do Rio’, em comemoração ao Dia Mundial da Água, e vi o quanto o ser humano é mal-educado em relação ao lixo que é despejado no Rio Branco. Foi quase uma tonelada de vários entulhos, desde pneus, descartes de ferros velhos e plásticos, um desrespeito à natureza e à continuidade da qualidade de nossos mananciais”.
GALERAS
Idelfonso Mendes comentou: “Neste final de semana, as galeras aterrorizaram novamente as principais praças da Capital, em um confronto de grupos rivais com cenas de pura selvageria que, por um momento, chegou até intimidar a polícia, que solicitou reforço para conter os marginais. Na Praça das Águas, inúmeras famílias tiveram que sair às presas. Da mesma forma, na Praça Germano Augusto Sampaio, no sábado, outro fato semelhante só que desta vez alguns elementos foram identificados e detidos”.
TRANSPORTE
Bernadethe Leitão enviou o seguinte e-mail: “Como se não bastasse a greve dos professores na rede pública estadual, uma situação mal resolvida pode comprometer as aulas no interior em razão da reivindicação dos empresários do transporte escolar, que cobram do Estado o pagamento das faturas desde o ano anterior. Só lembrando que uma comissão foi recebida pela equipe de transição e foi garantido o pagamento das faturas atrasadas que não foram sanadas na gestão anterior. A conversa ficou apenas na promessa”.
DROGAS
A internauta Ivanice Monteiro fez a seguinte observação: “Nos últimos dias, uma quantidade expressiva de drogas tem sido apreendida pela polícia na Capital, tirando de circulação inúmeros traficantes. Mesmo com o combate à criminalidade, parece que a porteira continua aberta e famílias têm ingressado no mundo do crime, não sei se pela necessidade. Mas, na semana passada, vi divulgado que uma família inteira, mãe e filhos, foi para a Penitenciária Agrícola. E aí me pergunto: será que é por falta de oportunidade de emprego? Ou é a perda da autoestima? Lamentável”.