Opinião

Opiniao 24 04 2019 8059

Pedagogia de emergência: Uma cura para a alma –  Frei Luciano   Definitivamente, o mundo adulto ainda precisa evoluir para honrar seu papel frente às crianças. Uma contribuição com grande potencial para enfrentar esse déficit é a chamada ‘Pedagogia de Emergência’, método que prepara educadores para interagir com crianças e adolescentes que enfrentaram perdas em situações de crise, criminalidade e violência.

Desenvolvido desde 2006 com base no sistema educacional Waldorf, o método vem sendo adotado pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), que administra acampamentos de refugiados em Roraima. Um curso de formação reuniu em março último, 140 educadores, em sua maioria venezuelanos, liderados pelo psicopedagogo e educador social Reinaldo Nascimento, pioneiro na implementação da Pedagogia de Emergência no Brasil e colaborador voluntário da FFHI.

A programação realizada com sucesso nos abrigos de Roraima agora será implementada em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Universidade Federal de Roraima (UFRR), para capacitar agentes do ensino público estadual, em especial de Boa Vista e Pacaraima, principais municípios afetados pela crise migratória. 

Segundo a ONU, mais de 30 milhões de crianças estão em situação de refúgio no mundo. Pesquisa do Unicef realizada em 2017 revela que a cada sete minutos uma criança ou um adolescente, entre 10 e 19 anos, morre em algum lugar do planeta, vítima de homicídio ou de alguma forma de conflito armado ou violência coletiva. 

Crianças impactadas por essas situações exibem sintomas de medo, pânico, distúrbios do sono, problemas na alimentação, no relacionamento e desenvolvimento pessoal. É nesses contextos que a Pedagogia de Emergência pode produzir algum alívio.

É preciso amparar emocionalmente o ambiente escolar que recebe essas crianças. É preciso também amparar o educador e os familiares para que, em seu papel de liderança, façam a diferença entre crianças atingidas e promovam a retomada de uma rotina de vida que traga de volta, entre outros aspectos, o bom desempenho escolar.

O caminho que a Pedagogia da Emergência propõe, com potencial para resultados imediatos, é o da alegria. Atividades lúdicas e coletivas trazem de volta a harmonia ao ambiente escolar. Todos os atores de um episódio de violência precisam de amparo, mas as crianças precisam mais dessa cura da alma, que é o trauma, e para isso não há pomadas, ataduras ou medicamentos. 

Acolhimento, apoio e relações de confiança e proteção que vêm dos adultos são os princípios de soluções para lastrear o desenvolvimento renovado das crianças. O caminho para chegar à cura da alma está no resgate da alegria, nas ações que requalifiquem o registro do trauma, como a música, o desenho, as brincadeiras em grupo e em casa. 

Para crianças e famílias que vivem o rescaldo de tantas feridas, é fundamental que se busque o alento. A alegria e o sorrir devem sempre prevalecer sobre qualquer trauma.   *Gestor geral da FFHI, está na Comunidade Figueira desde 1989 e dedica-se ao desenvolvimento das Comunidades e de suas principais atividades. As Missões Humanitárias são as demandas mais relevantes, considerando as situações emergenciais e crises humanitárias que se deflagram no mundo.

A violência contra a mulher! – Dolane Patrícia

É impressionante o aumento da violência contra a mulher em todo país e em Roraima não é diferente. Alguns homicídios simplesmente chocam, pelo requinte de crueldade. Uma mulher de 22 anos foi encontrada morta em seu apartamento, deixando uma filha de 5 meses de idade, o marido a matou e se suicidou depois.

Não é fácil falar sobre isso, mas é necessário!

Vários Estados da Federação estão desenvolvendo projetos para o combate da violência contra a mulher, até porque, o número de mulheres mortas com requinte de crueldade tem aumentado em todo país.

Segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), cerca de 2 milhões de mulheres são espancadas por ano no Brasil, o que equivale a 15 mulheres por segundo. Mas ela lembra que esse número pode ser bem maior, pois a maioria dos casos de espancamentos não é levada às autoridades e não consta das estatísticas.

Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. Este documento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar. Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita.

O caso nº 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, foi o caso homenagem à lei 11.340. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. 

Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.

Anos atrás, em Fortaleza, o corpo de uma mulher queimada pelo marido foi enterrado, no Cemitério do Iguape, em Aquiraz, Região Metropolitana. De acordo com a Polícia, João Lopes Filho, 42, teria jogado combustível em sua ex-esposa e ateado fogo.

O Tribunal de Justiça do Tocantins chegou a sediar o seminário de lançamento da campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha: a Lei é mais Forte. Fruto de parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Conselho

Nacional do Ministério Público (CNMP), a campanha fomentou o combate à violência doméstica no Brasil. Uma das ações visa sensibilizar magistrados de todo o País para que tribunais do júri priorizem o julgamento dos processos criminais que envolvem assassinatos de mulheres.

A Lei nº 11.340/2006, Lei Maria da Penha, alterou o Código Penal Brasileiro e possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. Essa legislação define que são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher todas às agressões de caráteres físico, psicológico, sexual, patrimonial e moral.

Segundo a ONU, “Cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida. As mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária, de acordo com dados do Banco Mundial.”

A forma mais comum de violência experimentada pelas mulheres em todo o mundo é a violência física praticada por um parceiro íntimo, em que as mulheres são surradas, forçadas a manter relações sexuais ou abusadas de outro modo.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 11 países constatou que a porcentagem de mulheres submetidas à violência sexual por um parceiro íntimo varia de 6% no Japão a 59% na Etiópia. Diversas pesquisas mundiais apontam que metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior.

Precisa matar? Não seria melhor seguir a vida? É como diz uma publicação muito compartilhada no facebook:

 “Lindo, é quando um pássaro pousa ao seu lado, podendo voar, quando, mesmo sabendo que existem outros ninhos e que pode procurar, resolve ficar.”  É o que todos nós devemos pensar. Tirar a vida? Espancar? Queimar? Esfaquear? Só vai causar mais feridas, às vezes no coração de pessoas que não têm nenhuma culpa, como no caso da criança de 5 meses que foi deixada órfã, em razão da morte brutal da sua mãe pelo seu amante.

“Quem bate na mulher, machuca a família inteira!”

*Advogada, Juíza Arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós Graduada em Direito Processual Civil e Direito de Família, Personalidade da Amazônia e Brasileira Acesse:dolanepatricia.com.br.Whats 99111-3740

Viva seus sonhos – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Não há nada como um sonho para criar um futuro.” (Victor Hugo)

Você tem toda uma vida para sonhar. E por que ficar aí parado, amarrado ao medo de parecer um sonhador ou visionário? Veja o que você quer e vá em frente. Não importa o que seja. O que importa é que o que você quer seja seu sonho. Eu estava ali na varanda quando ele passou. Já falei dele pra você. Ele, como em todos os dias, vinha em marcha lenta e sozinho. Parou na calçada, olhou o movimento dos carros e atravessou a rua. Entrou pela praça e continuou a marcha. Logo mais, seu parceiro chegou, juntaram-se e continuaram a caminhada. São dois cachorros maravilhosos. Admiro-os. 

Eu ainda estava admirando os cachorros quando a dona Salete chegou bem vestida, e perguntou criticando: 

– Como é… Vai ou não vai?

Só saí me toquei. Enquanto, eu ficava prestando atenção a dois cachorros caminhando pela praça, não via o melhor. O movimento no Espaço Cultural Plínio Marcos era intenso. O estacionamento em frente ao prédio já não tinha mais vaga. Os carros já estavam estacionando na Avenida São Paulo. E tudo isso a pouco mais de cinquenta metros de mim. Tive que correr para calçar os tênis a tempo. Descemos e fomos assistir ao show dos “Originais do Samba.” Foi um espetáculo maravilhoso. Faltava pouco para as doze da noite quando o espetáculo terminou. Voltamos para casa e só aí percebi que eu estava meio carrancudo. Novamente fiquei prestando atenção a uma coisa que não tinha nada a ver com o show.

Enquanto todos dançavam e se divertiam, eu ficava irritado com o comportamento de um casal ao meu lado. O casal mantinha uma criancinha recém-nascida, dentro de um carrinho a pouco mais de cinco metros das caixas de som. Imaginei que nem mesmo um cientista seria capaz de calcular quantos decibéis aquelas caixas mandavam para os tímpanos daquela criança. Fiquei olhando para a criança se mexendo, incomodada. De repente observei que a mãezinha da criança me olhava com cara de quem não estava gostando de minha cara de aborrecido. Ela dançava e bebia cerveja, sem dar a mínima atenção à criança. Manquei-me e fingi não estar vendo nada. 

Mas já nasci chato. Perdi meu sonho de assistir aos “Originais do Samba.” A irresponsabilidade daquele casal me deixou preocupado. Não seria racional se as autoridades se preocupassem com a presença de crianças de colo, num evento noturno e de apresentações desse porte? Quem pode imaginar o prejuízo que o volume de decibéis que atingiu aquela criança poderá prejudicá-la no futuro? Seria bom que as autoridades começassem a pensar nisso, começando pela educação do povo. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460