Opinião

Opiniao 24 11 2018 7285

Como um funcionário mal-humorado pode atrapalhar o negócio?

Maira Hess*

Se depender da fama do brasileiro o bom humor chega em primeiro lugar, nas redes sociais, no dia a dia e até mesmo em protestos, mas em se tratando de ambientes corporativos nem sempre é assim.

Recém-contratado em um grande jornal da cidade e preocupado com uma queda expressiva na quantidade de assinantes, um antigo professor universitário com que tive aula resolveu averiguar de perto todo o processo de entrega do jornal para o assinante. Assim que finalizado e impresso o jornal era colocado em uma caçamba da moto do entregador, que saía pontualmente todos os dias a um determinado horário para as entregas. Até aí tudo certo, porém, não satisfeito ele precisava averiguar a última e mais importante etapa do processo, afinal o jornal foi produzido para que os consumidores o lessem. Meu professor decidiu então acompanhar a entrega dia a dia e verificou que distraído o entregador acabava, muitas vezes, errando o local da entrega, sem contar as vezes que o jornal caía na casa ao lado ou no telhado. Obviamente, isso gerava custos extras para a empresa e insatisfação do assinante que pagava por algo que não recebia ou que recebia com atraso.

Quando falamos em negócios, raramente estamos sozinhos e para que tudo funcione precisamos que todas as peças da engrenagem funcionem em sintonia. Distração, falta de compromisso, desleixo, falta de postura e mau humor no ambiente profissional costumam ser sinônimos de “eu não quero trabalhar nesta empresa”, “não me sinto valorizado neste emprego” e por aí vai. É claro que tudo deve ser bem avaliado, mas com um pouco de atenção e preparo pode-se ajustar as “peças” fora do eixo e retornar à harmonia financeira e profissional.

O bom atendimento ao cliente, por exemplo, é algo decisivo no processo de vendas e se temos a opção de escolher entre comprar de alguém que sorriu ao nos atender ou de alguém que nem sequer nos olhou nos olhos e ainda resmungou algo, provavelmente iremos escolher a opção que nos fez experimentar uma sensação mais agradável. É muito comum clientes desistirem da compra após serem atendidos por um atendente mal-humorado, ou comprarem uma vez e não voltarem mais, pois a experiência gerou desconforto ou uma sensação negativa.

A história neste ponto se repete, mais uma vez verificamos que o trabalho de desenvolvimento do negócio, produção, distribuição do produto ou serviço, investimentos em marketing e propaganda torna-se bastante comprometido quando se trata de um funcionário mal-humorado. Imagine investir um valor significativo em propaganda e quando o cliente finalmente está prestes a comprar o produto se depara com um funcionário nada disposto a satisfazer os seus desejos. Sem contar que mau-humor constante pode ser sinal de doença, e grave! Melhor tratar de perto todos esses sintomas, afinal, prevenir é melhor do que remediar!

*Escritora e Especialista em Marketing Digital

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A Criminalização do Aborto e o Princípio da Dignidade Humana – Parte II

Josué Hílace Veloso*

O Promotor e professor André Estefam destaca que, se a proposta dos citados penalistas, for levada a efeito, ofenderia, irremediavelmente, a Constituição Federal, pois a incriminação da cisão da vida humana intrauterina constitui reclamo constitucional. Estefam destaca que, a proteção da vida guarda indissociável conexão com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Permitir a interrupção da gravidez nos três primeiros meses é desproteger o bem maior que o texto constitucional garante.

Seguindo a linha de pensamento do penalista e processualista Estefam, a advogada e professora Janaína Paschoal, que se posiciona veementemente contra o aborto, avalia que a proibição do aborto não diz respeito à relação entre Estado e religião: “Decidir se uma mulher tem pleno direito de encerrar uma gravidez tem a ver com todos os seres humanos, pois todos por ora, passam pela fase de embrião e pela fase do feto”, argumenta.

Em que pese o entendimento sobre a necessidade de plena proteção ao feto desde o início, o Ministro Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 124.306, em 9 de agosto de 2016, decidiu que: “é preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. A criminalização é incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e a igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria”. Barroso acrescentou ainda que, o reflexo mais grave da criminalização do aborto se dá em face das mulheres pobres, ocasionado, por consequência, problemas à saúde pública, pois as impede, quando decididas a abortar, de realizar a conduta de forma segura, sem as severas consequências da automutilação, lesões graves e óbitos.

Insta-se que a Constituição e o Código Penal brasileiro não delimitam graduação para a vida dependente e sua proteção, não a vinculando a qualquer estágio do processo gravídico, mesmo em sua fase inicial se deve dar, em nosso sentir, a plena proteção.

Diante do feixe de diplomas normativos constitucionais e infraconstitucionais, frise-se que a nossa legislação é condizente com os princípios do direito penal, que deve agir, mas não da mesma forma em todas as circunstâncias. A lei protege a vida intrauterina, mas reconhece que há situações especiais. Qualquer prática da aplicação da lei deve estar fundamentada na lei. Seu emprego deve ser inevitável, dadas circunstâncias de um determinado caso em questão, e seu impacto deve estar de acordo com a gravidade do delito e o objetivo legítimo a ser alcançado. A relação entre as práticas da aplicação da lei e a percepção e experiências dos direitos e liberdades e/ou qualidade de vida, geralmente em uma sociedade, são assuntos que ainda recebem atenção e consideração insuficientes.

*Coronel da PMRR R/R; Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e; Pós-Graduando em Direito Penal Brasileiro.

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SEREIANATA – Homenagem ao Mercosul

Daniel Severino Chaves*

Água mole piedra dura tanto bate como pula, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. São os raios de Tupã despertando Uiramutã, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água mole piedra dura tanto bate até que fura, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura.

Água fria piedra quente evapora de repente, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Uma é mole outra dura se bater faz rachadura, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Orixalá traz boiaçu despachando itacutu, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura.

O segredo da água pura é o suor da piedra dura, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Piedra dura sem igual brota água mineral, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Piedra negra resistente chorra água transparente, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura.

Quer escarpa ou colina bem no alto que ela mina, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água mole piedra dura vai correndo na fissura, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água em dique arredia produzindo energia, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura.

Tem a forma de spray ao passar pelo spillway, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Da pequeñita Jatapu a grandiosa Itaipu, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água doce e helada vira morna e salada, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura.

Água morna piedra pura mesmo assim não da sutura, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água empiedra e vira areia canta Iara é a Sereia, água mole piedra dura tanto bate y no mixtura. Água mole piedra dura vão parando de cantar… Itororó em Ushuaia vira praia, igarapé em paraná.

*Prospectivista e Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Politécnica e Artística do Paraguai

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Encontro com a felicidade

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A felicidade está onde a pomos, e nem sempre a pomos onde estamos.” (Vicente de Carvalho)

Meu abraço neste fim de semana vai para a extraordinária Marisa Bezerra. Nem preciso navegar no mar extenso da grandeza do seu potencial artístico. Todos nós já conhecemos o valor que a Marisa espraia na cultura roraimense. Parabéns, Marisa. Sinto um orgulho incomensurável em conhecê-la e admirá-la pelos seus talento e beleza. Continue nesse mar de rosas em que você navega.

Quando sabemos o que somos, sabemos valorizar a mulher no que ela realmente é: a Amazona no nosso universo. Porque é o que ela é: uma Amazona. As Amazonas nunca precisaram mostrar o que eram, nem o que são, mas apenas ser o que realmente foram e são. Preocupa-me o descaso que ainda é dado às mulheres, pelos homens que nem sabem ser homens. Ainda valorizamos a mulher pela sua beleza física ou superficial, na roupa que veste ou no batom que usa. Superficialidade apenas demonstrada e alimentada pela preocupação feminina em mostrar sua superioridade.

A Marisa Bezerra, com certeza, não necessita de tais demonstrações. Ela sabe o que realmente é, na sua condição de mulher atuante, competente e eficiente. Há um número importantíssimo de mulheres que se valorizam no que realmente são como mulheres. Verdadeiras Amazonas em luta pacífica. E o amor é sua arma mais eficiente, associada à sua beleza espiritual, cultural, e racional. Dona de casa, mães, profissionais, não importa, o que interessa mesmo é o papel que cada uma executa na sua condição de mulher. Um abração a todas as mulheres, que como Marisa Bezerra, sabem onde querem chegar, na caminhada da vida.

Estamos chegando ao final de mais um ano vivido intensamente. Espera-se que tenhamos aprendido com os acertos e desacertos vividos neste ano tumultuado. Mas os trancos fazem parte da caminhada. O horizonte continua à nossa espera. E o importante é que continuemos caminhando rumo a ele. E a lição mais valiosa é saber que nunca o alcançaremos. Mas nunca devemos deixar de avançar rumo ao pote de ouro. Deixemos nossa vaidade masculina de lado e prestemos mais atenção aos exemplos notáveis que as mulheres têm nos dado no caminho do sucesso. E o sucesso nunca será alcançado se não for mirado com admiração, amor e respeito. Então vamos amar mais, para vencer mais.

Vamos nos respeitar independentemente das diferenças que no final das contas não são diferenças. Elas são apenas a ausência do conhecimento racional. Porque só na racionalidade alcançamos o nível nas diferenças. É a horizontalidade que anula as diferenças das alturas. Pense nisso.

*Articulista

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