Opinião
OPINIAO 25 03 2015 779
Segredo de uma educação pública de qualidade – Antonio de Souza Matos*
A revista Época (10/11/2014, pp.62-66) publicou a reportagem “Depende Dele”, mostrando o resultado de pesquisas recentes sobre os fatores que mais contribuem para a aprendizagem dos alunos. O professor, é claro,aparece em primeiro lugar, ratificando aquilo que vimos dizendo desde os primeiros artigos publicados neste jornal.
Com base na experiência de países que aparecem no topo das avaliações internacionais dos últimos anos, Finlândia, Coreia e Polônia, a reportagem oferece sugestões para promover a valorização do professor. O que esses países fizeram para tornar seus professores melhores e, desse modo, elevar osindíceis da educação básica?
Em primeiro lugar, mudaram a forma de recrutamento. Eles selecionam os melhores estudantes da educação básica para serem professores. No Brasil, a maioria dos que optam pelos cursos de licenciatura e/ou pedagogia está entre os 20% com as piores notas do Enem. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, o Curso de Pedagogia é o único que aceita candidatos com pontuação inferior à metade da prova do vestibular.Além disso, 90% dos professores brasileiros se formam em faculdades de baixa qualidade.Os melhores alunos do País seguem carreiras mais atraentes, tais como medicina, direito e engenharia. Na Coreia e na Finlândia, ao contrário do que ocorre aqui, os 20% melhores é queingressam nos cursos de Pedagogia.
Em segundo lugar, tornaram a carreira do magistério mais atraente. Os salários dos professores são maiores ou iguais aos das carreiras tradicionalmente mais valorizadas, tais como medicina e engenharia. No Brasil, os salários, de norte a sul, são vergonhosos e, portanto, afastam os melhores alunos, que poderiam ser brilhantes professores e promover uma verdadeira revolução na educação pública. Quem vai deixar de ganhar um salário de 10 mil reais como médico, no início da carreira, para ganhar 3 mil reais como professor, no fim da carreira?
Em terceiro lugar, qualificaram melhor quem já estava no sistema. De que maneira? Realizando avaliações periódicas, a fim de descobrir eventuais falhas e promover a qualificação profissional. Não se trata de estabelecer diferenças entre os profissionais, mas de equalizar o sistema, garantindo melhor formação àqueles que apresentam deficiência no que diz respeito a conteúdos ou à didática.
Em quarto lugar, melhoraram o currículo das faculdades de formação de professores. Assim, ao invés de investirem na transmissão de conteúdos teóricos, as faculdades estão trabalhando prioritariamente as práticas em sala de aula. No Brasil, por exemplo, quem cursa uma licenciatura perde muito tempo estudando conteúdos que nunca vão ser aplicados no exercício da profissão,nem no ensino fundamental nem no médio. Já nos países citados, o estágio tem a duração de um ano, no mínimo, propiciando ao futuro professor a vivência da realidade concreta dos alunos e dos conteúdos com os quais trabalhará.
Em quinto lugar, pagam mais ao professor que apresenta melhor desempenho do que aoque tem mais tempo de serviço. Entretanto, para evitar injustiças, o sistema conta com diretores bem qualificados, que não somente cobram resultados, mas também dão suporte necessário a cada um dos profissionais, de modo imparcial. No Brasil, fala-se em meritocracia mais com a intenção de punir do que de ajudar os professores que sofrem por conta da má formação inicial e das péssimas condições de trabalho.
Por que o Brasil – e Roraima – não copia esses bons exemplos? Por uma simples razão: faltavontade política. É melhor manter o povo na ignorância para mais facilmente manipulá-lo com discursos e ações populistas.
*Professor.E-mail:[email protected].
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Comendo poeira e bebendo o quê? – Vera Sábio*
Infelizmente, é comum as pessoas começarem a dar valor para aquilo que perderam. Todavia, ainda há tempo para modificar o futuro que percebemos a nossa frente.
Podemos gostar de dinheiro, riquezas, joias e todas as futilidades que conseguimos comprar através dos nossos esforços ou por meios ilegais, sempre revelados na constante e crescente corrupção. Porém, se esquecermos de preservar as riquezas naturais, não existirá nenhum bem capaz de ser usufruído.
No momento em que morrermos comendo poeira e sedentos de água, será tarde demais para fazer alguma coisa. Constata-se que a hora é agora, o dia é hoje. O tempo está passando e como, disse o Papa Francisco em uma reportagem no Fantástico, “em média, mil crianças morrem por dia pela água suja que consomem ou pelo pouco que bebem”.
Não adianta ser corrupto, egoísta e desligado da triste realidade. É preciso conscientizar-se que aqueles que passam sede hoje podem ser você com sede amanha. Somente entendendo o que está acontecendo ensinaremos, aos filhos, o imensurável valor que a “água” tem.
Incomode-se com a torneira que pinga, com o esbanjamento em lavagens de carros, calçadas e mesmo despejos em vias públicas, vendo que a chuva tarda a cair e é escassa em diversas regiões.
Preserve os rios, mantenha limpos os espaços que frequenta e não permita que outros joguem lixos nas praias e nos balneários, onde você pode contribuir com sua informação e mesmo denunciando se necessário for.
Não espere que os outros plante árvores, enterre as sementes. Regue as plantas, preserve, cuide e limpe os rios. Porém, seja você responsável pelos lugares que frequenta e a água que bebe.
Desta maneira, com a colaboração de cada um, poderemos ter um futuro com mais vida e menos sofrimento, com maior empatia e menos egoísmo, com possibilidade de ter uma saúde melhor na idade mais avançada. Enfim, a colaboração de cada um é indispensável para a permanência do planeta.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega – CRP: 20/04509 – [email protected] – Cel. 99687731
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Os desligados – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O peixe é mudo na água. A fera é ruidosa na terra. O pássaro, cantor no ar. Mas, o homem tem em si, a melodia da brisa, o tumulto da terra e o silêncio do mar”. (Tagore)
Ser um ser humano não é tão simples assim. Se somos sociais, devemos agir com racionalidade. Nada mais simples. Ser social é ser racional. Afinal de contas, vivemos num mundo social que não consegue ser racional. E a responsabilidade é de cada um de nós. Você é um cara desligado? Eu sou. Cara… fico a maior parte do meu tempo fora do tempo. Faço cada besteira que nem dá pra imaginar. Atravessar as ruas nas horas do racha é o maior sufoco. E o pior é que só sinto o sufoco depois de atravessar. E o pior é que me considero um crítico do comportamento das outras pessoas. Dá pra entender? E é aí que faço as maiores besteiras. Ontem fiz uma que, felizmente, não trouxe prejuízos a ninguém e me fez rir de mim mesmo.
Tempo desses, fiquei um tempão parado na calçada, criticando, silenciosamente, uma garota na travessia da faixa de pedestres. Foi assim, oh… ela não assinalou para os carros pararem. Quando ela pisou na faixa, os carros pararam. Pararam todos e na hora do racha. Mas a grota não deu a mínima bola para o trânsito e atravessou a faixa bem devagarzinho e desfolhando uma revista. Dá pra acreditar? Irritados, os motoristas avançaram acelerados, logo que ela atravessou. “Irritado”, fiquei na calçada boquiaberto com o comportamento da garota. E nessas horas fico me avaliando. E, claro, nunca me considero em condições de fazer um absurdo daqueles.
Ontem pela manhã saí, como de costume, com a dona Salete para um atendimento social, dela. E nessas horas, um dos filhos vai nos levar e trazer de volta. Mas ontem era muito cedo e o tempo estava agradável. Não ligamos para o filho e resolvemos caminhar para aproveitar a manhã gostosa. E foi ali na Avenida Jaime Brasil que aconteceu. Sem nenhuma intenção, começamos a atravessar a rua sem nenhuma atenção. Um carro preto parou e nem percebemos que ele estava parando. Continuamos a travessia exatamente como aquela garota do passado. A diferença era que, em vez de ler a revista, eu limpava o celular no peito da camisa. Não sei quantos segundos o motorista ficou parado, aturando minha negligência. Só depois que ele acelerou e passou foi que me toquei.
Caso você esteja lendo esse absurdo e tenha sido a vítima de meu desligamento, desculpe-me. Não houve nenhuma intenção de descaso. Vou ver se me ligo para evitar o próximo vexame. Nunca critique nem xingue alguém, por grosseria, você pode cair nessa sem ser grosseiro. Pense nisso.
*Articulista – [email protected] – 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
CORRUPÇÃO
O leitor Thiago Fernandes comentou: “Tenho observado diversas manifestações contra a corrupção nos últimos meses, mas ocorre que este tema, em anos anteriores, não teve a mesma repercussão como está tendo destaque recentemente. Até organizações e instituições de ordem parece que ‘acordaram’ para o assunto. Na realidade, esta é uma reivindicação legítima da sociedade e que deveria ser aplicada a instituições públicas que, antes de nomearem ou indicarem um cidadão para qualquer cargo público, deveriam ter observado se o mesmo tem idoneidade para exercer a função”.
SALÁRIOS
O internauta João Carlos enviou o seguinte e-mail: “Sobre a questão da mudança proposta pelo Sintraima em relação ao PCCR dos serviços estaduais, acredito que a proposta ganharia força se fosse articulada antes com a gestão atual, uma vez que temos observado a morosidade dos governos anteriores e chega até ser vergonhoso que, após 11 anos, os assistentes administrativos ganhem apenas R$ 930,00, enquanto os concursados da Prefeitura, com apenas cinco, recebem R$ 1.500,00 na mesma função”.
RESPOSTA 1
Em relação à nota “Transporte”, o Governo do Estado esclareceu que as dívidas acumuladas do transporte escolar são referentes à gestão anterior e que a Secretaria Estadual de Educação está finalizando um levantamento para identificar o montante do que não foi pago de dívida processada pela gestão passada. Somente após esse diagnóstico, previsto para ser concluído ainda no mês de março, serão adotadas medidas legais para pagamento. Seja como restos a pagar ou como reconhecimento de dívida.
RESPOSTA 2
A nota segue informando que o levantamento preliminar aponta para um débito de pouco mais de R$ 3,4 milhões referentes ao ano de 2014, sendo que a gestão anterior não deixou recursos em caixa e detalhamento para qual empresa efetuar o pagamento. “O governo está buscando regularizar a situação e, por quatro vezes, reuniu-se com os empresários do setor de transporte escolar para ouvir suas reivindicações e abrir um canal de diálogo e negociação para o entendimento devido”, frisou