Opinião

Opiniao 25 04 2015 909

Queremos chuva – Vera Sábio* “Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês” (Mateus 7,7)  É difícil considerar todos seres humanos, no instante em que percebemos que a ambição retira a essência e a noção do quanto precisamos nos tornar unidos. Estamos sem tempo para esperar para depois, para ficarmos na mesmice de antes, confiantes que o que tiver que ser será. Afinal, muita coisa não deveria estar da forma que está e os responsáveis por tudo isto, somos nós mesmos. Aí lhes pergunto: quem é ser humano suficiente para não somente assumir a culpa e ficar de braços cruzados, mas principalmente arregaçar as mangas e dar o passo necessário para reverter tantas tristes situações? Moramos em uma terra riquíssima que a cada dia enriquece mais outros países, enquanto a população definha pelo ralo da corrupção.    E isto se reverte contra a nós de todas as maneiras possíveis, inclusive pela falta de chuva de uma região, no instante em que outra se acaba em água. Assim chegamos ao momento crucial, onde só nos resta clamar a Deus que nos envie uma chuva abençoada. Pois, ser humano é isto mesmo. É reconhecer limitado e incapaz de todas as decisões sozinho. A união ainda continua sendo a melhor maneira. Unidos poderemos tirar do poder aqueles que estão acabando com a pátria.   Unidos nossas orações terão mais forças e Deus com certeza iluminará nossos passos, nossos pensamentos e nossas decisões para que sejamos melhores e façamos um mundo melhor. Unidos haverá menos desigualdade social, mais fraternidade e condições necessárias para reviver o mundo que se tornou imundo.    A seca de solidariedade existente nos corações individualistas é parecida com esta seca tremenda que deixa os campos desertos, queimados e improdutivos. Porém, para irrigarmos quaisquer locais teremos que clamar, orar, renunciar, perdoar e doarmos nosso ser para que seja inundado pelo Espírito de solidariedade, amor e paz; o qual transbordará em chuvas de bênçãos a todos nós. *Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 991687731 ———————————— ‘Desterrados em nossa terra’ – Jaime Brasil Filho* A comparação, a imitação, a competição e a repetição são algumas modalidades de aprendizado das crianças. E é pra ser assim mesmo, até certo ponto. Mas, para os adultos, essas formas infantis de relação com o mundo se tornam aprisionadoras de consciências, de almas, constipadoras da liberdade, do corpo. Essas modalidades mais do que infantilizarem o ser humano adulto, o bestializam. São formas brutalizantes de existência. Com a comparação e a competição o poço não tem fundo, a satisfação existencial não virá, o buraco não está mais embaixo, está no infinito. Sempre haverá alguém mais bonito que nós, mais rico que nós, mais amado que nós, mais brilhante que nós, mais admirado que nós etc. Não adianta querer o brinquedo do amiguinho, você não será como ele. Você não estará completo nunca. A imitação e a repetição roubam toda a nossa energia criativa, destroem autenticidade e a capacidade de se jogar, cada um, o seu próprio jogo. Acabam com a individualidade, como sendo a marca pessoal de cada ser, e exacerbam o individualismo na busca de cada vez mais ser parecido com a maioria, com a aparência da moda, para ser aceito por ela. Assim é do ponto de vista íntimo, pessoal. Tal qual é no âmbito econômico, político, social. É igual. Sergio Buarque de Holanda cunhou umas das obras mais essenciais para nos compreendermos a nós mesmos enquanto sociedade. E não é à toa que é assim que ele inicia o incomparável Raízes do Brasil: “A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em conseqüências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.” Não aprendemos, ainda, a aceitar nossas peculiaridades naturais e históricas, não conseguimos ainda sair do papel a nós imposto pelos europeus há mais de 500 anos. Seguimos imitando tudo o que vem de fora, negando as nossas origens indígenas e negras, minimizando aquilo que foi amalgamado por nós mesmos, a partir das misturas feitas no nosso quintal civilizacional… No nosso terreiro. Achamos brega o nosso colorido festivo, cafona a nossa algaravia festiva que lembra o falar dos papagaios na mangueira carregada. Imitamos uma arquitetura que não nos pertence, compensamos o uso do vidro com o ar-condicionado. Achamos elegante as roupas que não são adequadas ao nosso clima, repetimos o modo de ser dos outros, competimos em um jogo que eles inventaram e que nós jamais venceremos. Não venceremos o jogo econômico deles, sendo nós outros meros fornecedores de matérias-primas, enquanto compramos produtos de alto valor agregado. Não venceremos entregando o nosso ambiente para as grandes corporações para que estas transformem água, terra e ar em mercadoria, e em lixeira dos processos produtivos insustentáveis. Entramos na história do chamado ocidente durante a fase da acumulação primitiva do capital, há pouco mais de 500 anos, como um país para ser explorado até o último grão de areia. E continuamos cumprindo essa infamante missão. Fielmente. Nunca nos desviamos da rota a nós imposta pelo capital: sermos moídos e consumidos pelo sistema. E, hoje em dia, quem financia o inferno que o capital cria no Brasil é povo brasileiro. É com dinheiro público que os infantis magnatas, cheios de ânsia monetária, impulsos fetichistas em torno das mercadorias e de frustrações edipianas nunca superadas, que são mobilizadas forças extraordinárias do capital para destruir rios, contaminar solos e poluir o ar. Tudo em nome da nossa participação no jogo capitalista em que já começamos perdendo. E somente perdemos desde então. Teríamos água pura em abundância, soberania alimentar para todos, qualidade de vida no sentindo de ter tempo para viver, conviver, amar, transcender, pois é isso que nos diferencia enquanto seres neste planeta, se não fosse o capitalismo e a sua lógica de crescimento infinito em um planeta finito. Somos consumidos e preparamos nossos filhos para serem consumidos por um sistema que nos rouba o tempo de vida e que deles também roubará suas vidas, via de regra, e que os fará desertificar o meio-ambiente e a cultura plural e mágica de que somos herdeiros, esta que teimamos em negar, e que é o nosso único caminho, o caminho da nossa autenticidade gregária, comunitária, fraternal, plural. Em Roraima, por seguir igual vereda, é ainda pior. Mais condenável. Aqui, mais distantes e isolados, vemos outras partes do país cometendo erros, destruindo a vida, concentrando a riqueza, envenenando tudo. Por sermos “desprivilegiados”, por sermos o último da fila, temos a condição de assistir ao que aconteceu com os primeiros da fila. E o que fazemos? Continuamos na fila que nos conduzirá ao precipício. Cometemos os mesmos erros. Se não nos aceitarmos em nossas características únicas, se não pararmos de nos comparar, de competir esse jogo nefasto, que repete erros, que imitar sandices e ignomínias, seremos os últimos a apagar a luz, a fechar a porta e dizer: não demos certo. Temos somente um caminho, e ele está em aceitarmos nossas maravilhosas heranças. Saber conhecer e amar as nossas diferenças, nossa pluralidade, diversidade. Temos que ser o que somos. Chega dessas acácias mangium conspurcando o Lavrado, somente para justificar a retirada de madeira nobre na mata alta do sul da nossa terra. Basta de esgoto, lodo, e desleixo com as nossas águas. Parem de destruir a selva para criar gado e nos vender a carne a um preço altíssimo, pois assim também é o arroz aqui plantado. Chega de uso indiscriminado de agrotóxicos. Parem de nos envenenar. É bom que eles saibam, não são apenas os pobres que desenvolvem câncer. Paremos de imitar tragédias alheias, de outros quadrantes. Para seguirmos o nosso caminho, romper com a lógica do capital é imperativo. Sair da roda viva neoliberal é fundamental. Investir em educação para que as mentes produzam bens duráveis e de baixo consumo de energia é preciso, para que ajude os nossos filhos a serem livres e não escravos do sistema. Precisamos fazer o campo produzir comida, e não commodities. Temos que acabar com a farra dos exploradores, que, desde as caravelas, nos roubam as riquezas e se enriquecem com o suor do nosso povo. Justiça social, democracia protagonizada pelo povo, liberdade para nos reinventarmos e deixarmos que todos se reinventem. Intolerância somente diante da intolerância. Revolução, portanto. *Defensor Público ———————————— Sem política, nada feito – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Um fato político não se julga pelas sua consequências imediatas. Às vezes, suas consequências futuras transformam em calamidade o que havia parecido um progresso, e torna amarga a vitória inicial”. (Emile Olivier) Sem a política não seríamos nem mesmo o que somos. Sem ela não há progresso. Ela faz parte da evolução em todos os sentidos. Ela é tão importante que existe até mesmo entre os irracionais. E como irracionais estou falando dos animais que é o que tabém somos, embora reconhecidos como racionais. E o mais preocupante é que ainda não aprendemos a viver com a política, mesmo quando a praticamos, seja na sociedade ou no lar. Os erros praticados pelos seres humanos, na sua evolução, têm sido maiores do que os acertos. Mas isso também faz parte da evolução. Mas vamos tratar da polítca, política. Desde o início da humanidade, vivemos reféns dos políticos. Mas isso não significa que eles sejam nossos torturadores. No momento em que aprendemos que somos responsáveis pelo nosso futuro devemos ser mais responsáveis conosco mesmo, escolhendo com maturidade, os que, na política, deverão nos proporcionar o uso do direito de viver com dignidade. E, infelizmente, ainda não aprendemos a nos dirigir através dos nossos dirigentes. E porque ainda não aprendemos a eleger, continuamos a viver como os nossos antepassados que não tinham, nem mesmo, o direito de eleger. Os culpados  pelos desmandos que sempre vivemos dentro de nossa política somos nós e não os políticos. Nós é que não fomos capazes de saber escolher quem queremos para, a nosso serviço, fazer o que devem fazer para que vivamos com dignidade. Porque não estamos vivendo dignamente. E só porque ainda não somos capazes de escolher os políticos realmente dignos. Mas vamos fazer um parêntese: ainda temos muitos bons políticos na nossa política. A verdade é que nem os conhecemos, porque eles trabalham. Ainda estamos no rol dos pensamentos do Adolf Hitler: “Se desejais a simpatia das massas, dizeis-lhes as coisas mais absurdas e mais cruéis”. É assim que, infelizmente, a maioria dos nossos políticos pensa. Mas, colocá-lo no poder sem levar em considreração que ele está indo para lá como nosso servidor, é a mais hedionda das ignorências. Que é a ignorância política. Fale com o político que você elegeu, para saber se ele está interessado em criar o ensino sobre política, nas nossas escolas. Aposto que ninguém vai encarar isso, porque seríamos os primeiros no mundo. E ainda não aprendemos a sair de detrás da porta, esperando que os outros façam, para que façamos, imitando-os. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ———————————— ESPAÇO DO LEITOR MAIORIDADE O leitor Rômulo Vieira comentou que tem percebido o aumento de uma série de delitos envolvendo menores nestes últimos meses. “A grande questão sobre a maioridade penal, que vem sendo debatida insistentemente no meio político, deveria ganhar outro corpo e buscar mecanismo de tirar da ociosidade estes adolescentes que, por não terem nada a fazer, arquitetam como vão agir para enfrentar galeras rivais nas praças e locais públicos. Está na hora de os governos terem outro posicionamento quanto a esta questão”, frisou. GREVE O internauta Antonio Oliveira enviou o seguinte e-mail: “Já está prevista a próxima greve do setor de saúde envolvendo os enfermeiros e técnicos de radiologia. Ao que parece, está faltando um diálogo entre o Executivo e as categorias dos sindicatos para ajustarem um acordo para as pendências que não foram sequer debatidas com o governo anterior, que prometeu encaminhar os projetos de leis para a Assembleia Legislativa de Roraima a fim de atender as classes sindicais, mas ficou somente na promessa. O que ocorreu foi um calote administrativo a todos os servidores estaduais que ficaram aguardando promessas”. DRENAGEM Diana Patrícia relatou que os moradores da rua Expedito Francisco Costa, no bairro Alvorada, na divisa com o bairro Silvio Leite, estão reclamando sobre uma obra de colocação de esgoto  e drenagem. “Após a conclusão do serviço, aconteceu o recapeamento do asfalto, mas não foi finalizado totalmente, deixando uma vala aberta, a qual ocasiona inúmeros acidentes. Para não piorar a situação, a própria comunidade decidiu aterrar a obra inacabada com barro, o que pode piorar neste período de inverno se não for concluída”, alertou. LIMPEZA O internauta Juarez Lima relatou sua preocupação com a chegada das chuvas em relação à proliferação do mosquito da dengue nos prédios públicos abandonados em vários bairros da Capital, que acumulam inúmeros entulhos e sujeiras, e  que neste período servem de criadouros para o mosquito. “Somente no Centro, temos o antigo prédio da Secretaria Estadual de Educação, o antigo prédio que abrigou a Secretaria Estadual de Administração, entre outros. Cabe uma fiscalização para que pelo menos obriguem o Estado a arcar com a limpeza ou, de repente, sigam o exemplo do antigo hospital que pertencia à Diocese de Roraima e que foi colocado abaixo”, opinou.