Opinião

Opiniao 25 05 2015 1024

É o comportamento humano – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Faz parte do comportamento humano responder a agradecimentos e reconhecimentos oferecendo ainda mais, como um sentimento recíproco de gratidão”. (LesGiblin) É natural ao ser humano não dar atenção aos seus sentimentos humanos. E muito menos aos sentimentos dos outros. Um erro que nos custa muito. Nem sempre percebemos o amor que os outros têm por nós, demonstrado na reciprocidade do agradecimento. Coisinhas aparentemente banais deveriam ser mais observadas. Elas podem trazer mudanças em comportamentos e atitudes. Observei isso semana passada, nas faixas de pedestres. Se motoristas não estão orientados, pedestres também não. Já falei do dia em que vi uma pedestre atravessando a faixa, desfolhando uma revista, enquanto os carros esperavam parados. Com certeza ela não sabia que o motorista parar na faixa de pedestre não é uma obrigação, mas um dever. Assim como o pedestre tem o dever civilizado de se sentir reconhecido pela atitude do motorista. Simples pra dedéu. Eu ia mudar de assunto, mas vamos mais à frente. Por que você não faz um gesto simples de agradecimento para o motorista que parou para você atravessar? Ao contrário do que você imagina, seu gesto pode muito bem fazer bem ao motorista. E quando nos sentimos bem com um gesto de agradecimento, externamos o agradecimento mesmo à distância, sem que percebamos. Não fosse assim e não seríamos de origem racional. Não perca seu tempo aborrecendo-se com o motorista que não foi capaz de cumprir com o dever dele, não parando. Porque mesmo ele não cumprindo seu dever com ele mesmo, não merece o negativo que você pode estar lhe transmitindo através dos seus pensamentos negativos dirigidos para ele. Mesmo porque os dois, você e ele, estão perdendo nessa disputa mental e silenciosa. E não caia na esparrela de pensar que estamos falando de filosofia, religião ou coisa assim. Nosso pensamento é puramente racional. Porque como seres de origem racional somos todos iguais nas diferenças na evolução. Porque ainda estamos num processo muito primitivo de evolução racional. Ainda não descobrimos nosso valor enquanto seres de origem racional que chegamos aqui e ficamos. Mas temos que sair, senão não seremos o que somos e não sabemos que somos. E por não nos conhecermos, nos deixamos dirigir pelos que não têm competência nem mesmo para se dirigirem. Só voltaremos ao nosso Mundo Racional quando formos capazes de nos conhecer no compromisso com os nossos semelhantes. E nunca alcançaremos nosso pódio enquanto ficarmos preocupados em dirigir, em vez de orientar para o crescimento. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460    ————————————– Os energúmenos sociais de uma sociedade débil – Tom Zé Albuquerque* CENA 1: Na Secretaria de Finanças do Município de Boa Vista um ex-deputado estadual, sadio fisicamente, estaciona sem titubear seu luxuoso veículo na vaga para deficientes físicos. Ao ser por mim questionado sobre aquele escumalhado ato, respondeu que “ia só pegar um documento rapidinho…”. Perguntei àquele cínico o que eu faria se chegasse nesse tempo “rapidinho” um cadeirante em seu veículo; o parlamentar patife saiu sem nenhum pudor e sem dar satisfação. CENA 2: Em uma empresa privada de venda de serviços de comunicação e aparelhos celulares, em movimentada avenida de Boa Vista, avistei um homem com uma mulher e criança (todos sadios fisicamente) em um carro, pateticamente estacionado no local pra deficientes. Ao questioná-lo, fui inquirido aos gritos “se eu era policial ou agente de trânsito”. Respondi que não e, malgrado não ser deficiente físico, era minha obrigação lutar pela preservação dos direitos dos cidadãos, sobremaneira as minorias. Fui agredido verbalmente na presença de meu filho. CENA 3: em um shopping center em Boa Vista existem várias vagas para deficientes e idosos; ao lá chegar, observei uma família sadia estacionando um caríssimo carro na vaga para deficientes. Antes que eu o abordasse, chega um casal de jovens, sãos, e estaciona ao lado, também em vaga para deficientes. No mesmo instante, uma outra sadia família sai tranquilamente do shopping e entra em seu veículo, de forma sarcástica por ter estacionado seu veículo na vaga para deficientes físicos. Confesso que pelo grande número de insolentes, fiquei sem reação e com temor de ser agredido por todas essas escórias da sociedade. Em verdade, lembrei nesse momento da frase de Gonçalo Borges: “Não é a lei que vai proteger o portador de deficiência. É a consciência”. Eu poderia citar dezenas de cenas que já presenciei sobre o mesmo fato, e a cada dia fico mais estarrecido com tanta sordidez da sociedade. Como disse Charles Hughes: “Quando se perde o direito de ser diferente, perdemos o privilégio de ser livre”. O que se vê com frequência é o modo petulante e deslavado desses vermes de um organismo social falido, que por preguiça e arrogância preferem não andar alguns poucos metros e estacionar no local apropriado, numa demonstração nojenta de poder, de estufar de forma devassa o peito e dizer: “Eu infringi!”. O Brasil tem em boa parte de seu povo uma cultura de desvio de conduta. Burlar aqui é a primeira opção ao agir, para boa parte da população. O famigerado “jeitinho brasileiro” só entristece e envergonha uma minoria indignada. O desrespeito paira entre as pessoas, em qualquer local ou estágio. Nos últimos anos tenho travado uma luta hercúlea contra os imbecis que insistem em estacionar seu carro em vagas destinadas a deficientes físicos, mas me sinto, constantemente, sozinho. Embora já tenha sido alertado que logologo vou apanhar na cara ou levar um tiro para “deixar de me meter na vida dos outros”, não vou recuar minha luta contra os deficientes mentais que se apropriam de mais esse direito de quem tanto precisa. Como bem definiu AmbroseBierce: “Cínico: um malandro cuja visão deficiente lhe apresenta as coisas como elas são, não como deviam ser”. *Administrador ——————————- Ruptura sem juízo – Rubens Marchioni* De que matéria prima se constrói a caminhada de um profissional? Da costura de peças afins, que vão se formando ao longo do tempo, compostas, uma a uma, pelo conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridas. Um processo quase imperceptível. Sem que nos demos conta, aos poucos ele desenha o que somos no presente: o resultado de tudo o que somamos, dividimos, multiplicamos, incluindo-se até mesmo o que deixamos para trás. No entanto, algo do que ficou pede para ser revisitado, talvez por se tratar do que é essencial. Parece-me que aí está o nó da questão.  No mais das vezes, como em Fernando Pessoa, temos a nítida sensação de que “A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou. Mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui onde ficou”. Porque é ali que mora a vocação fundamental, de que fala o teólogo Leonardo Boff. Estou me referindo ao impulso do primeiro amor, com o qual nos deparamos num momento da vida em que sonhar é permitido e utopia não é uma palavra que resiste apenas em alguns centros acadêmicos anacrônicos. É de se lamentar o fato de que, até hoje, se encontre com facilidade, nas esquinas populares da vida, quem acredite que uma trajetória possa ser radicalmente desviada nos últimos minutos do jogo. Mais do que isso. Defende-se a ideia de que esse corte possa ser feito sem prejuízo para o principal envolvido e para o conjunto da obra. Coisas como arrancar da sala de aula o professor de Filosofia e transformá-lo em Contabilista ou vice-versa, aos 60 anos, esperando encontrar olhos radiantes frente a palavras e situações que não guardam qualquer afinidade com o seu universo, ideologia, projetos etc. Tentei imaginar o publicitário Washington Olivetto, diretor de criação, sofrendo uma amputação com esse grau de crueldade. O quadro ficou pavoroso. Corta. Defender atrocidades como esta é coisa de quem deixa o cérebro de lado na hora de pensar. Ou, na melhor das hipóteses, trata-se do lamentável reinado do senso comum. Ele e seu perigoso exército sempre em posição de ataque. *Publicitário, jornalista e escritor. —————————— Os riscos do contrabando – Rodolpho Ramazzini* A entrada da nova lei federal Antifumo trouxe à tona o debate sobre o aumento do preço do cigarro como uma alternativa para combater o tabagismo. Entretanto, há um tema muito importante que deve ser colocado em pauta: os produtos contrabandeados e o perigo do consumo indiscriminado de cigarros que não têm controle das autoridades sanitárias. Só para se ter uma ideia, atualmente, um terço dos cigarros comercializados no Brasil é contrabandeado. Com o avanço nos preços do cigarro brasileiro os contrabandistas identificaram uma excelente oportunidade de mercado e inundaram o país com cigarros produzidos no Paraguai. Com a oferta livre desses produtos, muitas pessoas em busca de preços mais acessíveis passaram a consumir cigarros contrabandeados, alimentando indiretamente um negócio clandestino, com ramificações criminosas e altamente prejudicial para a sociedade. O maço do cigarro que atravessa ilegalmente as fronteiras do país é vendido nas cidades brasileiras por R$ 2. São dezenas de marcas diferentes, todas produzidas no Paraguai, em condições de trabalho e higiene altamente suspeitas. Um estudo que vem sendo realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desde 2012, e que teve como base cigarros apreendidos em operações da Receita Federal, apontou que todas as 18 marcas analisadas apresentaram concentração elevada de dez metais como cobre, manganês e zinco. Algumas marcas importadas ilegalmente possuíam uma concentração de bactérias cerca de 30 vezes superior ao que é permitido pela Anvisa. Esse resultado pode estar associado ao uso intensivo de fertilizantes que contenham metais pesados e ao processo de fabricação com matérias primas inadequadas e em ambientes sem nenhuma higiene. Ao contrário daqueles que são produzidos no Brasil, os cigarros paraguaios não passam por nenhum tipo de fiscalização ou mesmo de algum órgão regulador do governo paraguaio. Outro ponto importante do contrabando é que deve ser posto em debate é a questão dos impostos. Desde 2011, o Brasil deixou de arrecadar cerca de R$ 10 bilhões. Em 2014, as estimativas são de que os cofres públicos devem perder mais R$ 4,5 bilhões por causa da venda ilegal do produto – recursos que poderiam ser investidos em melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança dentro do nosso país. A questão da segurança também deve ser plataforma de debates na sociedade. O contrabando no Brasil tem se agravado muito nos últimos anos. Assim como acontece com o tráfico de drogas, nossas fronteiras com dez diferentes países favorecem essa prática criminosa seja por via terrestre ou marítima. E o que fazer para coibir o contrabando? *Advogado especializado no combate a fraudes e falsificações e diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) ———————————— ESPAÇO DO LEITOR BICICLETA Sobre a identificação do motorista que atropelou e matou um ciclista no final do mês passado, na avenida Getúlio Vagas, o internauta Edinilson de Oliveira Rodrigues comentou: “Como é um jovem da alta sociedade que estava dirigindo, o nome não foi citado. Se fosse um “coitadinho”, já tinha sido encaminhado para a PA. Esta é a nossa justiça. Se um grupo de ciclistas amigos da vítima não tivesse colocado uma bicicleta pintada de branco no local do acidente, ninguém lembraria de mais nada”. SUPREMO “E assim será com a Operação Lava Jato e com tantos outros crimes de corrupção e fraude. Quando chega ao Supremo Tribunal Federal (STF), provas não são provas, entra em cena a lei da relatividade em que tudo é relativo e todos são inocentes. Enquanto isso, quem furtou uma lata de sardinha no supermercado porque estava com fome apodrece na cadeia. Isso é o Brasil!”, comentou o internauta identificado como Roraima. GRUPO DOS 8 “Criar grupo, banda, orquestra, sinfonia, enfim, qualquer adjetivo que junte as “vossas excelências” não irá cobrir a grande e grave farra que realizaram com o dinheiro público. O que nós, contribuintes, queremos ouvir dos vereadores é sobre as prestações de contas realizadas, até com recibos de servidores públicos, sem sequer possuírem empresas. Não é “grupo” que mudará a cara da Câmara de Vereadores de Boa Vista, mas, sim a transparência que deve ser exposta à população”, comentou o internauta Carlos Calheiros. RECURSO Em relação ao repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o internauta Levi afirmou que “é muito dinheiro e não se vê o dinheiro sendo investido em benefício do povão, que passa as maiores humilhações nos corredores dos hospitais”.