Virtudes morais: transgressões e rupturas (IV) – Sebastião Pereira do Nascimento*A sociedade moderna tem em mãos diversos mecanismos que podem contribuir de forma fundamental para o constante aprimoramento do ser humano em sua vida social e política. No entanto, muitos desses mecanismos podem também oferecer graves consequências, quando o indivíduo de posse destes atributos utiliza-os de forma abusiva ou diminuta, causando profundos dolos aos preeminentes interesses da sociedade.
Casos desse tipo, muito comum na atualidade, decorrem de ações desvirtuadas que muitas vezes são empregadas de formas espontâneas ou premeditadas com o único intuito de levar vantagem sobre o outro. E quando isso acontece é porque o indivíduo deixa de agir virtuosamente, configurando os nocivos atos de transgressões.
Sobre essas transgressões, elas se definem como ações humanas de violar, desobedecer, exceder, ultrapassar, noções que pressupõem a existência de uma norma que estabelece e define limites. Seu significado transita ainda pela concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos às leis do Estado. Daí, as contraposições entre o bem e o mal, entre o mandamento e o pecado e entre o código e a infração respectivamente.
Contudo, apesar dessas conceituações, pensadores como o sociólogo Albert Cohen questionam que a transgressão não é algo tão fácil de definir; a simples definição de que o transgressor é aquele que infringe as regras normatizadas não é suficientemente válida para consignar essa questão.
Cohen incide dizendo que, para que um determinado grupo social assegure as convenções constituídas por seus elementos, é indispensável fazer observância quanto aos valores e às normas que regulam as relações sociais compactuadas. Em soma, desatender esses preceitos convencionados é antes de tudo uma prática indecorosa, instigada por absoluta ausência de virtudes morais, a qual suscita o dilaceramento da vida coletiva, gerando insegurança e insatisfação aos indivíduos que compartilham das regras normatizadas.
Ainda sobre as transgressões, elas sempre orientam o sujeito à informalidade que é o ato de cometer alguma ação “fora” do que está convencionalmente lícito por um determinado grupo social, ou ainda, pode levar o sujeito – até de forma imperceptível – à ressignificação de uma situação convencionada que pode lhe assegurar alguma “vantagem” ilícita. Isso ventila outro modelo de vida capaz de desconstruir ou afrontar, pela força do vício, a essência moral das pessoas de bem, e sucumbir os limites de cada um que possa consentir essas práticas inexoráveis.
Estudos de comportamento humano apregoam que nos diversos setores da sociedade contemporânea, muitas vezes as transgressões contínuas denunciam um tipo de comportamento sociopata, que resumidamente é um transtorno de personalidade antissocial, onde o indivíduo passa ter desprezo às normas sociais, falta de respeito aos sentimentos alheios, cinismo, egocentrismo, baixa tolerância a frustrações, dificuldade de aprender com as punições e a mania de levar vantagem deliberadamente sobre o próximo.
No caso da sociedade brasileira, o antropólogo Sérgio Buarque de Hollanda avalia que as mais diversas manifestações transgressoras são decorrentes de um fator histórico onde o indivíduo brasileiro teria desenvolvido uma propensão à informalidade. O que se deva isso ao fato de as instituições brasileiras, desde sempre, terem sido concebidas de forma coercitiva e unilateral, não havendo diálogo entre governantes e governados.
Indo mais além, a transgressão é uma indisposição cruel e deprimente “graças” ao doutrinamento das massas, que leva muitos indivíduos a explorarem a fundo essa tendência, capaz de lhes dar efémeras satisfações e prazeres, mas que, por conseguinte, fere profundamente o brio de cidadãos bem intencionados socialmente.
De maneira indiferente, a sociedade contemporânea vem assistindo isso de forma natural, como se nada estivesse acontecendo à frente de nossos olhos. Diante dessa calmaria, ela assiste apaticamente todas as ações que desprezam a lógica do bom senso e tonificam o processo de massificação e deterioração da causa nobre; observado impiedosamente, de cima para baixo, por indivíduos desprezíveis que compõem a própria sociedade. Essas conveniências se enquadram muito bem com os dizeres do filósofo Rossi Santos, quando expressa que quase todas as pessoas, principalmente as que se consideram “duras” e “realistas”, tendem a aceitar as transgressões como natural e a considerar como problema real a explicação do conformismo.
Filósofo*[email protected] ———————————————Você vota? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa)Começou a gritaria dos carros de som, pelas ruas de Boa Vista. E isso é bom, porque indica que teremos eleições. E só temos eleições com votos. E é aí que a jiripoca pia. Somos brasileiros orgulhosos do Brasil. Só ainda não aprendemos a valorizar nossa brasilidade. Como você está se sentindo com a aproximação das eleições? Eu confesso pra você que estou preocupado. Ainda não ouvi, nem vi, nenhuma manifestação de nenhum candidato, sobre a Educação. Um problema preocupante. Mas que não preocupa os políticos. Já observou que sempre que o assunto educação vem à baila os administradores públicos prometem reformar as escolas e melhorar a merenda escolar? Ainda não perceberam que isso é necessário, mas não é o essencial.
Estou apenas dando um toque no assunto para que comecemos a abrir a mente para a necessidade de mudar nossa política. Mas é preciso saber que sem ela não conseguiremos, nem mesmo, ser cidadãos. E não seremos cidadãos, de fato e de direito, enquanto formos obrigados a votar. A obrigatoriedade no voto é uma característica da ditadura mascarada. E a ignorância é o maior ditador de um povo. E é exatamente por isso que os políticos que gritam a força da nossa democracia, não estão nem aí para a educação. E não seremos cidadãos de fato e de direito enquanto não tivermos a liberdade do voto, que é uma característica da democracia.
Antes de escolher seu candidato, converse com ele. Veja se ele tem algum interesse em trabalhar para a liberdade do voto, com o voto facultativo. Garanto que você vai encontrar candidatos que nem sabem o que é isso. Mas a responsabilidade é sua. É você que deve partir em busca de sua liberdade. E você nunca será um cidadão livre enquanto for obrigado a votar. Simples pra dedéu. Mas você nunca terá o direito ao voto livre enquanto não estiver preparado para ele. E é aí que você deve se valorizar. Nunca venda seu vota. O candidato que compra seu voto é um corrupto, e você é tão corrupto quanto ele. A corrupção tanto está na compra quanto na venda. E você nunca será um cidadão enquanto for um corrupto vendedor de voto. Veja se seu candidato está interessado de entrar nessa luta, de mãos dadas com você. Veja como seu filho vai olhar pra você quando souber que você vendeu seu voto. Garanto que ele, seu filho, vai sentir vergonha de você. Porque, queiramos ou não, os jovens atuais estão mais atentos à cidadania. Tenho certeza de que eles irão iniciar uma luta pacifica, para a conquista do voto facultativo no Brasil. Pense nisso.
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