Opinião
Opiniao 25 10 2014 198
VIVER OU VEGETAR: EIS O PARADOXO – Vera Sábio “Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam.” (Martin Luther King) Todos queremos sucesso, sossego e sorrisos frequentes. Sem perceber que o único lugar que sucesso aparece antes de trabalho é no dicionário. Porem, para viver e progredir é preciso comprometer-se, movimentar-se; lutando constantemente contra os obstáculos impostos pelas diferenças sociais e econômicas que deparamos em todos os momentos. Diferentemente daquele que fica vegetando, esperando a sorte chegar, e perdendo a vida. Estando em silêncio a respeito das coisas que importam. Assim acontece este paradoxo: Adicionamos anos à extensão de nossas vidas, mas não vida à extensão de nossos anos. Temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos; autoestradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos; gastamos mais, mas temos menos; nós compramos mais, mas desfrutamos menos. Temos casas maiores e famílias menores; mais conveniências, mas menos tempo; temos mais graus acadêmicos, mas menos senso; mais conhecimento e menos poder de julgamento; mais medicina, mas menos saúde. Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores. Aprendemos como ganhar a vida, mas não vivemos essa vida. Conquistamos o espaço exterior, mas não nosso espaço interior. Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores. Planejamos mais, mas realizamos menos. Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral. Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra no lares; temos mais atividades e menos solidariedade; maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição. É um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque; um tempo em que a muita tecnologia e pouca comunicação. Um tempo com muita quantidade e pouca qualidade; muito lazer e pouca diversão. Muitas leis e pouca punição; muito prazer e pouco amor… Estamos no tempo de olhar o presente, recordar o passado e não saber o que será no futuro. Precisamos distinguir a essência das máscaras; o caráter dos status; o viver do estar vegetando E em tudo isto reconhecer o que realmente é importante… Psicóloga, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/04509 [email protected] cel. 91687731 ———————————————————————- O COMUNISMO, ESSE INSEPULTO – Percival Puggina Um leitor recomendou-me comentar o artigo de Leonardo Boff publicado no JB de 25 de agosto com o título de “O socialismo não foi ao limbo”. É o que faço aqui. O artigo de Boff, resenhado, fica assim: 1) caiu o Muro de Berlim, muro do socialismo existente, que se reconhece violador de direitos humanos, autoritário, etc; 2) caiu, também, o muro de Wall Street e se deslegitimaram o neoliberalismo e o capitalismo; 3) o capitalismo centralizaria uma riqueza imensa em 737 grupos econômico-financeiros enquanto 85 pessoas acumulariam recursos equivalentes aos ganhos de 3,5 bilhões de pobres; 4) é necessário recuperar a experiência das reduções jesuítas e o comunismo da república comunista cristã dos guaranis; 5) o socialismo é tudo de bom; 6) o capitalismo é tudo de ruim e seus efeitos na sociedade são terríveis; 7) a única saída é acabar com a propriedade privada e instituir a propriedade social dos meios de produção, acautelando-se para que os indivíduos adiram a esse projeto de modo consciente e queiram viver as novas relações. Quero ater-me, aqui, às acusações que Leonardo Boff faz às economias livres. É como se do exílio do povo hebreu no Egito às investidas do Estado Islâmico, raros fossem os males da humanidade não derivados do neoliberalismo e do capitalismo. Ora, se a história andasse como ele a descreve, viveríamos sob inimaginável convulsão social, na guerra de todos contra todos (o armagedon que ele prenuncia), com uma queda de Bastilha por semana. Diferentemente do que acontece com os socialismos e com o comunismo, as liberdades econômicas não tiveram um fundador, não tiveram um Marx na potência -1 para concebê-las. Ninguém apareceu na humanidade para excitar, na mente da plebe, legítimos anseios de realização pessoal por meios próprios. Ninguém preconizou: “Monta tua empresa, cria teu negócio, põe tua criatividade em ação, persegue teus ideais!”. Tais bens da civilização foram conquistas dos indivíduos, no mundo dos fatos, na ordem da natureza, e têm sido o cada vez mais eficiente motor do progresso econômico e social. Enquanto lê “O socialismo não foi ao limbo”, o leitor vai sendo induzido a crer que a miséria de tantos, no mundo de hoje, é produto ou subproduto inevitável da economia de empresa. Portanto, os miseráveis da África e da Ásia eram seres humanos que viviam na abundância, na mesa farta e na prodigalidade dos frutos da natureza até que o famigerado capitalismo aparecesse para desgraçar suas vidas. O fato de que nas regiões do mundo onde se perenizam as situações que Boff descreve não exista uma economia livre, não haja empresas, nem empregos, parece passar ao largo das considerações do ex-frei. Vale o mesmo para a inoperância, nessas regiões, do braço do Estado, que o comunismo apresenta como sempre benevolente. Cinco realidades vazam para a valeta lateral da pista por onde ele anda com sua análise dos sistemas econômicos. São fatos esféricos: 1) a fome era endêmica na Europa até meados do século passado e foi a economia de mercado que criou, ali, a prosperidade; 2) sempre que os meios de produção viraram propriedade do Estado a fome grassou mesmo entre os que plantavam; 3) enquanto as experiências coletivistas conseguiram, como obra máxima, nivelar a todos na miséria, a China, com o capitalismo mais rude de que se tem notícia, em poucas décadas, resgatou da pobreza extrema mais de 500 milhões de seres humanos (Word Bank, China Overview, apr/2014); 4) não é diferente a situação no Leste da Ásia, inclusive no Vietnã reunificado e comunista, no Camboja do Khmer-Vermelho, no Laos e na Tailândia; 5) quem viaja pelo Leste Europeu sabe quanto as coisas melhoraram por lá desde que as economias daqueles países, infelicitados pelo dogmatismo comunista, se libertaram do tacão soviético. A história mostra, enfim, que o comunismo é imbatível quando se trata de gerar escassez, miséria e aviltamento da dignidade humana. A nossa Ibero-América, onde as prescrições políticas e econômicas do Foro de São Paulo ditam regras para muitos países, parece nada aprender das constatações acima. Consequentemente, as coisas andam mal e é preciso botar a culpa em qualquer um que não nos vendedores de ilusões, nas utopias que se requebram como odaliscas, nos delírios do neocomunismo, nos corruptos e nos corruptores. Decreta-se, então, para todos os males, a responsabilidade da economia de empresa, do capitalismo e, sim, claro, dos Estados Unidos. * Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+. —————————————————————- Cuidado com o excesso – Afonso Rodrigues de Oliveira “A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”. (Aparício Torelly – Barão de Itararé) Não sei a que programas de televisão o Barão de Itararé assistiu. Mas era na época do preto-e-branco. As imagens eram péssimas, e os programas nada melhores. Mas não estou aqui para criticar a televisão. Quem sou eu, e não tenho por quê. Mas lembrei-me da frase do Barão, durante uma novela. Poucas coisas me irritam mais do que as tolices a que assistimos nas novelas televisivas. Se você não viveu a época do Barão, não pode imaginar qual era a qualidade da programação televisiva, até a chegada da cor, logo após a morte do Barão. Mas isso não quer dizer que devamos criticar a televisão. O problema está em quem assiste ao que não deveria ser assistido. Cá pra nós, há programas aí que, pelo amor de Deus! Mas somos um povo civilizado. Só assistimos ao que nos interessa. E é aí que a jiripoca pia, a onça bebe água e a vaca vai pro brejo. Este papo me ocorreu, noite passada. Eu estava lendo lá na área enquanto a dona Salete e duas noras assistiam à novela. Eu não conseguia me concentrar na leitura. O alvoroço entre as três fazia-me rir. Elas xingavam, esbravejavam e chamavam a atenção dos personagens, como se eles estivessem ali presentes. Parei de ler e fiquei observando e me divertindo com as reações que bem poderiam ser mera brincadeira, mas não eram. E isso me preocupou. Mais ainda, quando terminou a novela e elas ficaram comentando e criticando o comportamento dos personagens. Será que isso não tem influência no desenvolvimento mental e intelectual das pessoas? Claro que tem. Se se assistir aos programas televisivos da manhã ver-se-á muitas declarações de participantes que estão influenciados pelos comportamentos de personagens de novelas. É só você prestar atenção. O cinema nacional brasileiro cometeu esse equívoco por décadas e décadas. O cinema norte-americano ficou décadas ensinando o mundo como destruir Nova Iorque, até que Bin Laden foi lá e deu o recado. E por que não usamos os meios de comunicação para mostrar ao público como fazer o melhor,em vez de ensiná-lo como fazer o pior? Sei não. Mas acho que Aparício Torelly sabia o que viria pela frente. A qualidade dos programas televisivos está muito boa. O problema está no conteúdo. Se não misturarmos as duas coisas, provavelmente contribuiremos e muito para a qualidade na formação da sociedade. E, cá pra nós, estamos necessitando e muito de melhoras. A qualidade nem sempre está na qualidade da imagem. A qualidade no conteúdo é fundamental. Pense nisso. [email protected] 9121-1460 ———————————————————- ESPAÇO DO LEITOR PCCR1 “Gostaria de registrar a indignação de todos os funcionários da saúde que não foram beneficiados com o novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração [PCCR]. Sendo que o mesmo só beneficia os técnicos de enfermagem e enfermeiros com aumento salarial considerável. O técnico que recebia R$ 1.038 vai receber R$ 1.300 mais R$ 500 de gratificação para trabalhar 40 horas”, relatou uma técnica em laboratório da saúde municipal, que pediu para não ser identificada. PCCR 2 Ela disse ainda que: “Os funcionários do Hospital da Criança Santo Antônio e do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] passarão a trabalhar imediatamente 30 horas semanais. Sendo que outras classes de saúde, como técnico de laboratório e de saúde bucal, continuarão trabalhando 40 horas semanais sem gratificação e com aumento salarial de 5% de acordo com o novo PCCR”. CUIDADORES Uma leitora, que pediu para não ser identificada, denunciou o não cumprimento da carga horária por parte de cuidadores em uma escola no bairro Sílvio Leite. “A coordenadora pedagógica negociou com os cuidadores que eles não precisam cumprir a carga horária completa, de 40 horas semanas. Os cuidadores vão à escola todo dia, mas se os alunos não aparecem, eles podem ir embora. Isso está virando rotina, pois não há compromisso desses profissionais. Sem contar com outros ‘acordos’ que são feitos, no qual somente alguns são beneficiados”, afirmou. MUCAJAÍ 1 “Os técnicos em enfermagem e enfermeiros estão fazendo serviço de limpeza no Hospital Vereador José Guedes Catão, em Mucajaí. O motivo é que os servidores da limpeza estão com os salários atrasados há quatro meses. As péssimas condições de trabalho como a precária infraestrutura acabam em ambientes altamente insalubres para funcionários e pacientes”, relatou um leitor, que pediu para não ser identificado. MUCAJAÍ 2 “A falta de medicamentos e a sobrecarga de trabalho para os técnicos de Raio-X, que atendem a demanda dos municípios de Mucajaí, Apiaú, Iracema e Cantá, viraram rotina, o que resulta em insatisfação por parte da população e colaboradores, além da exposição excessiva dos técnicos a altos níveis de radiação”, concluiu o leitor.