Opinião

Opiniao 26 01 2016 1971

Manhãs com Kierkegaard – Walber Aguiar*

Mas não tente se matar, pelo menos essa noite não… Lobão

Era um dia qualquer, como qualquer dia. Mas, não era assim tão sem importância quanto se pensava. Afinal, estavam em pauta a vida, o existir humano, a imprescindível vontade de agarrar a esperança pela crina e domá-la feito um cavalo selvagem. Por isso o dia era destinado ao destino, ao desejo, à emulação existencial. Nesse espaço surgiu a ideia da morte.

E a morte não tem dia nem hora. Senhora do hoje e do amanhã, perde apenas para o amor; pois, enquanto este encanta e dá sentido a tudo, o evento terminal aparece como o processo mais absolutamente absurdo que existe. Tanatos agradece sempre pelas moedas lançadas ao barqueiro que atravessa as almas na direção final.

Ora, o desagendamento, a folha que não foi riscada, a hora que não foi marcada, a chuva que não caiu, o beijo que não rolou, a transa que foi adiada, o livro que não foi lido, a benção que não foi tomada, a paisagem sem vislumbre, a música que não foi ouvida e a despedida inesperada, dão a entender que a pessoa queria viver um pouco mais. No entender de Soren Kyerkeegard, filósofo dinamarquês, “quando o indivíduo encontra algo melhor do que a morte, então ele quer viver; mas, se encontra algo pior do que a morte, então ele quer morrer”.

Esse é o drama do existencialismo, pensado e vivido pela filosofia Kierkeegardiana, que nos empurra na direção do absoluto sentido ou do niilismo sem fim e sem fronteira. É quando se caminha na direção do vazio intersticial do ser, onde se escondem as complexidades e as mais profundas angústias. A alma humana mergulha em si mesma e vislumbra um poço repleto de escuridão.

Só pode falar de angústia os que já foram dela vítima, os que tentaram desagendar o amanhã de forma extrema e radicalmente visceral. Então, de certa forma, temos que entender que o suicida grita em busca de vida. Mas, não tendo quem o escute, o eco volta pra alma cansada e dilacerada pela dor e pelo desprezo. Daí o salto no escuro, o “alívio” da dor mais doída.

Não ousemos lançar a nenhum deles no inferno ou num lugar de tormento. Lutemos pela dignidade e valorização do existir. No absurdo processo de morte, é preciso agendar a vida. De repente, quem sabe, podemos encontrar no percurso algo que possa valer a pena…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

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Amor ao próximo – Marlene de Andrade*

Há sete meses uma de minhas amigas perdeu, aqui em Boa Vista, um filho em acidente de moto. Ela se tornou para mim uma referência em relação ao amor ao próximo. Essa amiga me contou que antes de perder o filho não estava nem aí para quem estivesse sofrendo a perda de um ente querido. Se tivesse que dar uma cesta básica a alguém, dava, mas tudo era muito mecânico. Contudo, com a morte do filho, as coisas mudaram muito no coração dela, pois em vez de se revoltar contra Deus, passou a sentir uma necessidade enorme de ajudar ao próximo durante momentos difíceis.

Devido aos novos sentimentos que afloraram em seu coração, está sentindo vontade de abrir uma associação que preste apoio às famílias que de uma forma ou de outra perderam seus familiares assim tão tragicamente.

Essa minha amiga me contou que seu esposo possui uma oficina mecânica e que nela ganha o suficiente para manter sua família, porém, com a morte do filho, se deprimiu de tal maneira a ponto de nem ir à sua oficina durante uns quinze dias.

O tempo foi passando e ela sentiu que Deus estava colocando no coração dela um grande desafio, ou seja, que ela abrisse uma associação em prol de famílias que estejam passando por esse mesmo problema. Ela já está se organizando para que esse sonho se torne realidade.

Aqui, neste artigo, não vou conseguir retratar a história da dor e do sofrimento desse casal ao perder seu filho ama o de 21 anos. Ele, mesmo sendo tão jovem, fazia faculdade de processamento de dados e já tinha seu negócio próprio. O casamento desse casal já dura 24 anos e eles possuem mais dois filhos menores. 

Minha amiga e seu esposo estão superando essa dor e hoje onde ela sabe que há alguém sofrendo a perda trágica de um ente querido, vai até aquela família levar conforto e solidariedade e ajuda material quando se faz necessário. Esse trabalho dela não tem conotação política partidária, e sim somente estimular cada vez mais nela, o amor ao próximo.

Gosto muito de ajudar meus semelhantes, porém desse jeito que minha amiga vem procedendo, jamais tinha visto. O filho dela era cristão e tinha muitos sonhos. Perceber que sua mãe em vez de ficar revoltada, muito pelo contrário, está ajudando pessoas que estão passando pelo mesmo problema dela, é muito bonito.

Quero me espelhar nela e fazer tudo que puder para me tornar mais solidária com os sofrimentos dos meus semelhantes. Amar o nosso próximo é um mandamento divino e se não amamos, estamos desobedecendo a Santa Palavra de Deus.

“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei.”(João 15:12).

*Especialista em Medicina do Trabalho/Anamthttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47

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Quem cuida de você? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Tome cuidado apenas consigo mesmo e mais ninguém; trazemos nossos piores inimigos em nós mesmos”. (Charles Spurgeon)

Confesso que sou um cara feliz. Tem um montão de gente na famímia tomando conta de mim. Levei um tempão pra me acostumar com isso. Sempre fui muito liberal. Não tenho nada com a vida de ninguém, nem quero ninguém tomando conta de minha vida. Você também é assim? Se é, tome cuidado, sobretudo quando a idade for chegando devagarzinho, batendo na porta de mansinho, e entrando à vontade. E com ela você não pode fazer nada a não ser se entregar inteligentemente. Cara, tento pra dedéu, fazer isso. Mas é dificil pacas. Mas tenho uma excelente cuidadora de mim. É a dona Salete.

Ninguém seria melhor do que ela pra cuidar de um cara ranzinza como eu.

Não vou lhe dizer qual a minha idade pra você não ficar preocupado. Mas sempre me cuidei. Nunca bebi bebida alcoólica, nunca fumei e por aí afora. Detesto linguiça e qualquer outro embutido. Mas dia desses tive que fazer um checape. Foi lindo de viver. Nada fora dos eixos. E o médico é um cara com o qual me dou muito bem. Conversamos e lhe conto algum causo do meio da medicina. Ele ri bem e bastante. Por isso não vou mencionar seu nome. Depois dos exames ele ficou feliz, mas me deu algumas sugestões sobre o que eu deverei evitar, racionalmente, para apenas me prevenir:

– Faça o seguinte: evite muita manteiga, nada de linguíça nem carne vermelha; e pouquíssimo sal. Pode comê-los, mas com moderação. Tá?

– Serei fiel.

Falei isso pra dona Salete e ela começou a me controlar com rigor. Mas à maneira dela: carinho e dedicação. Dia desses, no almoço, comentei:

– O arroz tá muito salgado.

Ela me acalmou:

– Não faz mal, não. É que eu me esqueci que já tinha posto sal e pus outra vez.

Ontem, o que raramente acontece, estávamos sós, em casa, ela e eu. Hora do almoço e ela me avisou:

– Já que estamos sós, vamos comer o que está na geladeira. Vou preparar uma coisinha bem leve pra você. É só um pouquinho de carne moída e um pedacinho de linguiça, tá? A linguiça foi fritada sem óleo. Está bem laite. Feita pra você.

Não sei como você veria tal reação. Mas nos conhecemos há tanto tempo que sei o quanto ela está realmente preocupada comigo. E por isso só sorri e lhe disse sim. Logo me sentei à mesa, não comi a carne, dividi a linguiça em pedacinhos e comi apenas uns dois. Ela já nem olhou mais pra mim; só comentou, sem nem reclamar:

– Puxa vida. Por que foi sempre assim? Desde que nos casamos. Eu faço a comida pra você com tanto carinho e você sempre come quase nada. Isso me aborrece.

Pense isso.

*[email protected] 99121-1460

———————————————-ESPAÇO DO LEITOR

INVASÕES 1Leitor que pediu anonimato relatou sobre a necessidade de uma investigação minuciosa sobre as pessoas que estão tentando invadir uma área próxima ao Contorno Oeste: “Esta invasão é mais uma em que será fácil descobrir o grupo que está à frente organizando esta prática. Após estarem estabelecidos com os barracos erguidos, começam a anunciar nos classificados e nas redes sociais a venda dos lotes. Esta, infelizmente, se tornou uma prática comum em Boa Vista, mas que precisa ter um fim”.

INVASÕES 2Sobre o mesmo assunto, o internauta Adílio Menezes (Adí[email protected]) comentou: “Neste fim de semana, ao retornar de um balneário na região do Água Boa, verifiquei com minha família uma movimentação intensa e logo percebemos que se tratava de mais uma invasão. Novamente verifiquei que se tratam de pessoas que não necessitam de terras, já que boa parte chegava em carrões e, portanto, a informação de que se tratavam de produtores não procede. Espero que desta vez ocorra a manifestação dos órgãos públicos contra esta prática ilícita”.

GUARITA Em relação à matéria sobre o abandono da guarita municipal em frente à Igreja Matriz, Alexandre Santos comentou que caminha pelo local todas as manhãs e por diversas vezes encontrou moradores de rua ocupando o espaço. “Infelizmente, o poder público segue esta prática de abandonar os prédios que poderiam prestar serviços relevantes à sociedade. Este, por exemplo, que fica localizado no Centro Histórico da Capital, deveria servir como um centro de informações turísticas, com orientações a visitantes e turistas que visitam o local, com a distribuição de folders sobre a história da criação do município”, escreveu.

INSEGURANÇA“A falta de segurança da população não está restrita apenas ao Município de Rorainópolis, mas a toda região Sul. Aqui, na localidade de Entre Rios, pertencente ao Município de Caroebe, padecemos de um policiamento ostensivo, já que dependemos do distrito policial que possui base fixa no município. Enquanto isso, aumentam os índices de violência na região”, comentou um leitor que preferiu anonimato.