Um dia de cada vez – Vera Sábio*
É possível adiantar os ponteiros do relógio, aumentar as batidas do coração, acelerar os passos. Porém, não dá para fazer a terra girar mais rápido e, por isto, é preciso viver um dia de cada vez. São necessários uma noite que acalme, uma brisa que perfume, um gesto que perdoe, um som que conforte e os passos que evoluem para chegarmos ao próximo dia.
Os relacionamentos que perpassam todos os desafios são solidificados a cada dia com o amor que amadurece, ou podem ser destruídos com a raiva que corrói os corações, sendo esta uma decisão pessoal.
Desta maneira, entre o amor e o ódio, a paciência e a intolerância, os conflitos e as reconciliações, a confiança e a dúvida, as trevas e a luz, encontramos um novo amanhecer. Enxergar como será o outro dia depende de cada um que faz do hoje um presente, desejando que este presente seja a porta aberta para um futuro melhor.
Um dia de cada vez é suficiente para o avanço cheio de aprendizagens úteis para nossa evolução. Pois não seremos perfeitos, já que isto é praticamente impossível, mas podemos nos aperfeiçoarmos constantemente.
Aquele que fica estagnado em um passado feio e sombrio recebe o presente sempre da mesma maneira. Não vê o tempo que perde por não agradecer pelo que tem, ao invés de reclamar pelo que não tem.
Por isto agradeça pela família, ela é a maneira que Deus lhe entrega a responsabilidade pela criação, colaboração, partilha e união. Atos indispensáveis à propagação da espécie e ao convívio familiar.
Agradeça pelo cônjuge, pois, através dele Deus nos revela o encanto do amor. Fundamental para que o casamento dure em meio tantas diferenças de dois seres que de estranhos que foram tornaram-se em um só.
Agradeça pelos filhos, saudáveis, debilitados, inteligentes, dependentes e independentes, os quais fizeram vidas modificarem, sendo para sempre um amor incondicional.
Agradeça pelos desconhecidos, amigos, colegas e qualquer pessoa que cruze o nosso caminho. São formas diversificadas que Deus nos entrega o desejo de servir, de conviver, de aprender e de crescer em sociedade. Enfim, agradeça pelo dia, pelo sol, pela chuva, pela natureza e tudo que há nela, pelas divergências, pelas possibilidades, pelas frustrações e por todo o aprendizado que obtém.
O giro do universo continua em seu mesmo eixo. Por isto, quando tropeçamos e falhamos, somos convidados a levantarmos, sacudirmos a poeira e darmos a volta por cima, fazendo dos outros dias bem melhores que este.
É importante entendermos nossa condição de aprendizes; assim mesmo se sentirmos pequenos e frágeis, somos construtores da nossa história. Bastando um dia de cada vez para transformarmos o mundo.
Aquele que espera o momento, o qual o torne grande para que faça algo, possivelmente perde várias oportunidades de revelar seus talentos e crescer com seus atos. Acredite em si mesmo e com suas pequenas ações vá modificando as realidades injustas que estão junto de você, até que consiga avançar o passo…
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: 99168-7731
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O celular – Valdir Fachini*
Semana passada, não me recordo o dia, mas foi a semana passada, isso eu sei, fui ao Shopping Iguatemi comprar um celular, meu primeiro celular. Depois de muitas tentativas e desistências cheguei aos meia ponto zero sem ter essa bendita invenção dos infernos
Meu filho me ensinou a mexer, pelo menos tentou, porque velho pra aprender a fuçar nessas coisas é uma m… Você já reparou que o velho demora um ano para tirar carteira de motorista, depois de um ano tira o carro da garagem, mais um ano pra dar volta no quarteirão sozinho, quando consegue fazer a primeira ultrapassagem sofre um infarto e morre? Pois é, o celular é mais ou menos assim, não entra na cabeça. Pra que serve aquele botão e aquela luzinha? E o dedão cheio de calos que aperta de três a quatro teclas de uma vez. Mas aprendi do meu jeito, mas aprendi.
Sexta feira, depois de um banho tomado, vesti meu bermudão florido, camiseta baby look, tênis Nike do camelô, boné de marca pra esconder a micharia de cabelo que restou, correntona com crucifixo, como se eu fosse religioso, pulseira banhada e lá vou eu com meu Monza tubarão dar um rolê no shopping, no outro shopping.
Deixei meu carrão na avenida pra não pagar estacionamento e entrei balançando a chave cheio de panca como se fosse um tchutchuco rico, um paquitão (como costuma dizer meu filho Adriano).Fui na praça de alimentação pedi um King potato e um suco de laranja.. E fiquei ali mordiscando e bebericando. De vez em quando pegava o celular, discava um número qualquer e ficava falando com um amigo invisível.
A conversa era mais ou menos assim: “E aí, cara, tudo joia? Eu tô aqui no shopping tomando um suquinho sem compromisso pra passar o tempo, tô de boa. Cerveja? Nem pensar. Se eu tomar uma quero tomar todas e amanhã tenho uma reunião importante com uns gringos, e eu não quero misturar inglês com francês e alemão”.
Mas, na verdade, bêbado ou sóbrio, só misturo o português, pois é só esse idioma que eu conheço. O tempo passa e eu continuo ali com o mesmo suco, fone no ouvido curtindo Odair José, zap zap de mentirinha e de olho nas gatinhas.
E foi uma dessas metidinhas que passou bem pertinho de mim e cochichou pra outra: “Oh, tiozâo tonto. Será que não se enxerga?”. Me senti a própria Maísa, meu mundo caiu.
Sábado de manhã, estava eu no shopping, no primeiro, fui à loja e falei com o vendedor: “Quero trocar esse aparelho”. E ele perguntou: “Quer um com melhor resolução, mais aplicativos?”. “Não, quero trocar por uma panela de pressão. Tô doido pra fazer uma dobradinha”.
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Nossa democracia – Afonso Rodrigues de oliveira*
“Somos o único caso de democracia que os condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram”. (Ministro Joaquim Barbosa)
Já pensou se daqui a alguns dias tivermos um Senador da República, no senado, usando tornozeleiras? Estamos correndo o risco. O que não me surpreenderia. Mas deixe o barco singrar. Afinal estamos todos no mesmo barco. Atuamos todos no mesmo palco. Cabe a cada um de nós saber como aproveitar o bagaço da cana para produzir o adubo. Já aprendemos, faz tempo, que a vida só é ruim pra quem não sabe viver. E saber viver é viver a própria vida, sem interferências. Então vamos deixar o lamaçal escorrer. O importante é que saibamos ou aprendamos a fazer nossa parte na grande construção. Vamos construir realmente um país do qual nossos descendentes possam se orgulhar da construção. Mas não vai ser fácil enquanto “a mosquita continuar picando a presidenta”.
Vamos falar sério. Temos muito pra fazer pelo nosso futuro. E não sabemos a que distância ele, o futuro, está. Afinal, vivemos num planeta considerado um monstro, dentro da racionalidade. Na verdade ele gera, cria e depois come os seus próprios filhos. Já pensou nisso? Estou tentando levar um papo tranquilo e gostoso com você. Mas lá fora chove pra dedéu e faz um friinho que está incomodando meus pés.
Aí fica difícil manter o equilíbrio na conversa. Olhei pela janela e não vi ninguém transitando pela calçada do Fórum João Mendes. Adoro olhar o movimento naquela calçada movimentada que me traz velhas e saudosas lembranças da minha juventude. E é nesses momentos que navego pelos riachos da mente. Nada de ondas revoltas. Apenas marolas que me molharam os pés nas caminhadas por esse centrão paulistano de longas e velhas histórias.
Por que perder tempo com lembranças ou acontecimentos que não nos trazem momentos de felicidade? Por que fazer careta diante do espelho da mente? Por que olhar a unha suja quando a limpa está brilhando? Por que se aborrecer com as tolices dos outros quando sabemos que só os tolos se aborrecem? Circundando a Praça João Mendes, neste momento, passa um carro de bombeiros fazendo um barulho ensurdecedor. Não quero nem vou me preocupar com o motivo do barulho. Seja o que for, faz parte da vida. E se faz parte da vida é pra ser vivido. Faça isso no seu dia a dia. Isso não quer dizer que você está sendo indiferente aos acontecimentos. Ao contrário, você os está vivendo como eles devem ser vividos. Reflita, sorria e viva a vida com alegria e felicidade. E todo esse potencial está dentro de você. É só você acreditar nisso. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
ROUBOO leitor Eduardo Felipe Lopes ([email protected]) comentou: “A situação em Caracaraí, nas unidades escolares, já está difícil em relação à manutenção de uma merenda digna para os alunos, e ainda acontece um roubo para piorar a situação na Escola Municipal Manoel Pereira, que estes dias foi literalmente assaltada. Isso nada mais é do que o reflexo em que se encontra a segurança no município: centenas de roubos acontecendo e as galeras promovendo várias desordens”.
ABRIGOS A internauta Mônica da Silva Peixoto escreveu sobre a implantação dos abrigos climatizados que foram anunciados para 2016: “Aguardamos a execução das obras conforme foi anunciado pelo Executivo municipal em relação à implantação das paradas de ônibus que seriam construídas em 2016. Por outro lado, tenho observado que as rotas dos ônibus estão sendo feitas de forma aleatória, já que nem locais sinalizados existem mais em algumas ruas e avenidas. Vamos fazer valer nossos direitos sendo mais fiscalizadores!”.
ENQUADRAMENTOSobre a matéria “Reajuste somente depois do Enquadramento”, o leitor Ronaldo Guimarães comentou: “Esse parecer jurídico da Proge nada mais é do que um ato administrativo que não pode sobrepor-se à Lei 1032/2016, que nas suas tabelas tem um valor inicial de carreira e valor final. Então, entende-se que os servidores não podem mais receber seus vencimentos com os valores da Lei 392, pois a mesma foi revogada em 31/12/2015. E esses servidores do quadro geral, a partir de janeiro 2016, fazem parte da nova Lei 1032/2016 e merecem receber seus salários com o valor inicial da nova tabela até que seja feito o enquadramento na sua devida posição pelo Estado”.
VOO“É um absurdo! Roraima ainda é tratado como província e de forma desrespeitosa. Exemplo claro foi a suspensão do voo direto de Manaus a Boa Vista pela empresa TAM, que passa agora a ser por Brasília. Será que não teremos a manifestação de nenhum órgão fiscalizador que possa intervir nesta imposição, sendo o porta-voz do cidadão?”, questionou a leitora Luiza Martins Barros.