Conselhos para uma cultura permanentemente democrática – Aldenor Pimentel*Roraima vive um momento único de mobilização do segmento artístico e de organização da sociedade civil em torno da cultura. No começo de novembro, pela primeira vez, a população do Estado pôde escolher pelo voto direto seus representantes no Conselho Estadual de Cultura (CEC), para o quadriênio 2016-2019.
Também neste mês, uma grande mobilização culminou com a eleição de pelo menos seis produtores culturais de Roraima como titulares dos colegiados setoriais de Literatura, Música, Dança, Teatro, Artes Visuais e Moda do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) 2016-2017. No biênio anterior, foram apenas dois representantes do Estado. Este número pode aumentar, considerando que ainda estão previstos fóruns de Cultura Popular, Afro-brasileira, Patrimônio Imaterial, Artesanato e Indígena.
Diante desse cenário, ainda que se mudem os gestores, os representantes da sociedade civil, articulados com suas bases, estarão preparados e dispostos para pautar as políticas públicas que queremos e desejamos para a cultura. Não há mais espaço para política sem povo. Qualquer forma de governar que desconsidere a vontade e a participação da sociedade civil organizada estará fadada ao fracasso.
Caberá agora ao Governo do Estado definir seus representantes no Conselho, a partir de critérios que privilegiem a política de governança. Os representantes governamentais no Conselho devem ter perfil de gestão no âmbito da cultura, com experiência em política participativa.
Não cabem mais conselhos de cultura compostos por notáveis, personalidades individuais de destaque na vida intelectual e artística, formação comum entre as décadas de 60 e 80 do século passado, que, segundo Lia Calabre, “provoca um significativo distanciamento entre as reais necessidades e demandas do conjunto da comunidade e os projetos de cultura submetidos à apreciação”.
Os novos conselheiros estaduais terão, entre outras, a missão de propor a reformulação do próprio Conselho. Os setoriais representados no CEC devem ser criados e regulamentados. O Conselho de Cultura precisa ser urgentemente elevado ao patamar de instância deliberativa. Além disso, sua composição deve ser revista, criando-se vagas específicas para dança, teatro, culturas populares e indígenas, por exemplo. É necessário ainda criar mecanismos que garantam a participação de representantes de outros municípios, além da capital.
Tais mudanças, necessárias e possíveis, podem ser facilmente implantadas pelo Poder Público, desde que os novos conselheiros deem continuidade ao trabalho da composição atual, fortalecendo e ampliando cada vez mais a atuação do CEC de forma autônoma, aberta e de diálogo com a sociedade civil.
*Mestre em Comunicação e titular eleito do Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura do CNPC————————————————‘Cada um no seu quadrado’ – Antonio de Souza Matos*Conforme a Wikipédia, ecumenismo é o processo de busca da unidade. Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões. Embora a ideia pareça agradável, plausível, não tem respaldo bíblico.
No Antigo Testamento, Deus chamou Abrão de Ur dos Caldeus (Gên. 12) para formar um povo diferente dos demais, que se submetesse aos preceitos divinos (Êx. 20). A ordem de Deus, quanto à separação, foi clara a Israel: “Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e, por essas abominações, o SENHOR teu Deus os lança de diante de ti. Perfeito serás com o SENHOR teu Deus …” (Deut. 18:9-14).
O objetivo de Deus, ao dar essas instruções, era manter o povo israelita afastado das práticas que atentavam contra o primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx.20:3). Associar-se religiosamente aos povos que habitavam a terra de Canaã implicava cometer adultério espiritual e perder, consequentemente, a identidade.
Creio que não preciso me estender mais para provar que, no Antigo Testamento, não havia espaço para o ecumenismo entre o povo de Deus. Nem é preciso dizer que a não observância do princípio da separação acarretou uma série de problemas para a nação judaica, tais como o exílio babilônico, por volta do ano 586 a.C., bem como os graves conflitos étnicos que perduram até hoje.
No Novo Testamento, não obstante a mudança de foco de Israel para a igreja, a Palavra de Deus continua reprovando a prática da união entre credos. Por exemplo, Jesus alertou os apóstolos do perigo de ser enganados por falsos mestres e falsos cristãos: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, no interior, são lobos devoradores” (Mt. 7:15). Em Romanos 16:17, Paulo ordena aos crentes que se desviem daqueles que abraçam uma doutrina diferente da ensinada pelos apóstolos: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos dele”.
Convém esclarecer que Cristo e os apóstolos não ensinaram os cristãos a formar guetos, isolando-se da sociedade. O papel do cristão é mostrar a luz de Cristo ao mundo (Mt. 5:16) e exercer uma influência positiva na sociedade. Mas, todo cuidado é pouco em se tratando de associação para prestar culto.
Não se pode negar a contribuição social que muitas denominações cristãs e não cristãs têm dado à sociedade. Porém, a união entre elas, embora pareça politicamente correta, representa um risco para quem deseja manter a sã doutrina e viver de acordo com as Sagradas Escrituras.
*ProfessorE-mail:[email protected].———————————————Brigar ou rir da briga – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos, haverá guerra”. (Bob Marley)Não acredito que haja algo mais estúpido e irracional do que o preconceito. Ele atua e se fortalece, nos dois campos da batalha. É alimentado tanto pelo que discrimina quanto pelo que se sente discriminado. Quando você se aborrece com o idiota que discriminou a cor de sua pele, está ratificando o desvalor que o agravador está dando à sua personalidade. E fim de papo. Quando nos sentimos ofendidos pelo inferior é porque somos iguais a ele.
Pare de ficar se aborrecendo com os idiotas. Você vai acabar fazendo parte do grupo deles. E não vamos perder nosso dia, hoje, com esse papo. Mas esse é meu recado pra você, que amo e considero. Espero e desejo que você leve em consideração que somos todos iguais nas diferenças.
Uma mulher negra, lindona, e atuante, me tirou do sério ainda há pouco, falando pela televisão sobre a ofensa que recebera por ser negra. E olha que eu estava sentado ali, pensando num dos episódios mais agradáveis de minha vida; estava me lembrando de um espetáculo musical a que assisti, faz um montão de anos. Foi um show com o Agnaldo Rayol e seus três irmãos; duas irmães e um irmão. E enquanto eu pensava naquele momento lindo, a mulher negra e bonita me tirou do sério. O Bob Marley tem toda a razão. Enquanto você ficar dando mais valor à cor de sua pele do que ao brilho e à beleza dos seus olhos, e ao seu valor como pessoa, vai sempre sofrer a discriminação alimentada por você mesma. Você está valorizando mais a cor de sua pele do que a você mesma.
Você tem controle total sobre suas emoções? Eu pensei que eu tivesse. Mas acabei de mostrar que sou um Mané, nesse caso. Acabei de dizer que não íamos perder tempo com assunto de discriminação, e não consegui me controlar. E por isso sei o quanto é difícil você controlar sua revolta. Mas, se fosse fácil que graça que ia ter? É na luta que aprendemos a lutar. E quando aprendemos sabemos se devemos, ou não, lutar. E por que lutar contra a ignorância e despreparo dos outros? Se somos todos iguais e o idiota não se sente igual, o inferior é ele e não você. E se é assim, por que se aborrecer com a inferioridade dele? Valorize-se no que vovê é, e não no que os outros acham e querem que você seja. Só quando nos amamos é que nos valorizamos. E quando nos amamos não precisamos mostrar que somos o que somos. E nosso valor aprimora-se no dia a dia, com o valor que damos ao que fazemos, dizemos, vivemos. Mostre o que você é, no que você realmente é como um ser humano e raciaonal. Pense nisso.
*[email protected] 99121-1460 ———————————————-ESPAÇO DO LEITOR SELETIVADOS“A Escola Cícero Vieira Neto, no Município de Pacaraima, conta apenas com professores seletivados, e todos os dias se apresentam novos servidores. Os professores com graduação nas áreas de Matemática, Língua Portuguesa e História, com mestrado, estão fora de sala, sendo acompanhantes de aluno e outros nas salas de leitura. As vagas estão sendo preenchidas com professores sem graduação específica. Esperamos que o Ministério Público de Roraima possa acompanhar esta situação e adotar as devidas providências, corrigindo esta distorção”, escreveu um servidor que preferiu não se identificar.ENERGIAA leitora Maria da Conceição Alves fez o seguinte comentário: “Há mais de uma semana estamos na escuridão sempre no final da tarde, seguindo até próximo de meia-noite. Já aconteceu caso de a luz retornar somente às 5h da manhã. E a cada dia piora ainda mais a situação, acarretando em sérios prejuízos para o comércio, sem contar que neste período estamos passando por uma forte estiagem que requer pelo menos um ventilador ligado em nossas residências. Gostaria de implorar uma solução para esta situação, já se tornou um caso de calamidade pública”.DIREITOS “Estive acompanhando a realização de mais uma conferência em Roraima para debater os direitos da criança e adolescente, mas, na prática, que soluções serão efetivamente implementadas? Existe muita discussão e pouca ação. O momento é de impor um ritmo de trabalho contínuo que possa frear os inúmeros abusos e maus-tratos em Roraima”, comentou o leitor Wagner Amorim.DISTRITO Natal Altair enviou o seguinte e-mail: “Como cidadão de plantão, solicito o apoio da Comissão de Segurança da ALE/RR que apure e aponte responsáveis pela demolição do prédio do 4º DP, no Pintolândia, sem posteriormente sequer ter havido começo da nova construção. Sabe-se que o prédio demolido apresentava boa estrutura, tanto que no ano de 2006 foi reformado e ampliado, por esta razão requer uma apuração minuciosa”.