Nós não aguentamos mais… – Flamarion Portela*Na semana passada, o povo brasileiro foi surpreendido com mais um aumento de impostos. De forma cretina meteram a mão no bolso da já sacrificada sociedade Tupiniquim.
O aumento do PIS/Cofins cobrado sobre os combustíveis (gasolina, diesel e etanol), anunciado pelo presidente Michel Temer (PMDB), na última quinta-feira, dia 20, é mais um “tiro de misericórdia” no já tão explorado e sofrido povo brasileiro.
Num País que tem uma das maiores cargas tributárias do mundo (é a maior entre os países da América Latina e Caribe), que deve alcançar cerca de 33% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, aumentar impostos para tentar sair da crise econômica é um retrocesso e uma injustiça com a população.
Estava claro que, ao incidir mais impostos sobre os combustíveis nas refinarias, isso seria passado para o consumidor. E também sabemos que esse aumento cria um “efeito cascata”, pois, gera aumento no preço do frete e, consequentemente, no preço final dos produtos, que será repassado para a população.
E quem sofre mais com isso é a parcela da população mais pobre, que no final das contas acaba pagando uma carga maior de impostos.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população brasileira sofrem uma carga total equivalente a 32,8% da sua renda, enquanto os 10% mais ricos, de apenas 22,7% da renda.
Todos nós sabemos que são os impostos que mantêm a máquina pública, que geram divisas para que municípios, estados e o país possam investir em infraestrutura, saúde, educação, segurança e demais áreas.
O que não podemos conceber é que o Governo, a despeito de “driblar” a crise, aumente nossa carga tributária e deixe a conta para a população pagar.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), realizada nos 30 países com maior carga tributária do mundo, o Brasil figura em último lugar no Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES), o qual avalia retorno efetivo dado aos tributos arrecadados em um país.
Não obstante termos uma das maiores cargas tributárias do mundo, continuamos sem ter uma saúde pública de qualidade, não temos escolas adequadas para os nossos filhos, sofremos com a falta de segurança, pagamos caro pelos produtos pelo simples fato de não termos uma infraestrutura rodoviária decente, o que encarece o frete, enfim, o dinheiro que pagamos em impostos não está sendo bem administrado e transformado em benefícios para a sociedade.
Chega! Nós não aguentamos mais pagar tanto imposto.*Deputado estadual e ex-governador de Roraima
Perdas prematuras – Ranior Almeida Viana*Nas duas últimas semanas tivemos perdas lastimáveis, começando pela de Amarildo Nogueira Batista (14/07/17), conhecido por muitos como Professor Amarildo (UERR). Em minha memória estão as proveitosas e raríssimas conversas nos corredores da Universidade Estadual de Roraima.
Ficou muito claro o quanto o professor Amarildo era e é muito querido nas homenagens e emoções vividas no auditório da UERR. Muito bem explicado por um comentário feito abaixo da nota de pesar daquela instituição: “Um grande homem, esposo, pai, amigo, professor, pastor, cidadão. Um cara respeitador, sincero, humilde, simples, inteligente, que amava ao Senhor. […] O pastor e professor Amarildo se manterá vivo em cada um de nós, seus discípulos, alunos, familiares e amigos, através das lembranças, ensinos, palavras. Vá em paz.” (http://uerr.edu.br/nota-de-pesar-16/). Ele só tinha quarenta anos de idade, muito jovem.
Outra perda de uma pessoa muito conhecida principalmente nos desportos locais é a do ex-atacante do Colorado da Consolata (Baré Esporte Clube) Gilvandro Ribeiro, que faleceu no último domingo (23/07/17) aos cinquenta e cinco anos, também muito jovem. Ele defendeu apenas um clube que foi o Baré, lembrando que ele era filho de Raimundo Ribeiro de Souza, técnico renomado que dá nome ao Estádio localizado no bairro Caimbé.
Os Ribeiros contribuíram bastante com o futebol local, Gilvandro foi um centroavante nato, que quando jogador não media esforços em busca da vitória. Foi bicampeão do Copão da Amazônia (torneio que reunia as melhores equipes da Região Norte) pelo Baré.
Outra perda prematura, também ocorrida no domingo (23/07/17), foi a de outro ex-jogador de futebol Waldir Peres, que sofreu um infarto após almoço com familiares em Mogi Mirim-SP, com apenas sessenta e seis anos de idade. Convocado pelo saudoso técnico Telê Santana para ser goleiro titular da espetacular Seleção Brasileira de 1982 na Copa da Espanha (pena não ter vindo aquele título), depois de ter sido terceiro goleiro na Copa de 1974 e segundo goleiro na de 1978.
Waldir Peres marca a história de um dos grandes clubes do mundo, que é o São Paulo Futebol Clube (imparcialmente falando como um bom tricolor, rs), devido ter sido um grande goleiro e ser um baita pegador de pênalti, que ajudou a trazer o primeiro título do Brasileiro de 1977.
Por fim, infelizmente não tive oportunidade de ter tido aulas com o professor Amarildo, de ver o Gilvandro Ribeiro fazer gol e não ter visto Waldir Peres pegar pênalti, mas registro aqui a saudade e do quanto ficarão em nossa memória e na história por seus feitos. *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – UFRR. [email protected]
O Estado e o estadista – Afonso Rodrigues de Oliveira*“O Estado é o mais frio de todos os monstros frios: mente friamente, e eis a mentira que rasteja de sua boca: “Eu, o Estado, sou o povo.” (Friedrich Nietzsche)Na verdade ainda estamos longe de entender isso. Ainda vivemos na ilusão de que somos realmente, como povo, o Estado. Ainda vivemos tomando bênção aos políticos como se eles, como representantes do Estado, fossem nossos superiores. E só os que pensam assim vão às ruas defender os que os ofendem. E isso é mais comum do que você imagina. E só vão parar de pensar assim quando acordarem para a realidade nua e crua da realidade. Deve ter sido pensando nisso que o Berbast V. Prochnov disse: “Um estadista acha que ele pertence à nação, mas um político acha que a nação lhe pertence.” Pensamentos absolutamente diferentes e que predominam no mundo político, infelizmente, o pensamento do político. E é por aí que vamos nadando em águas turvas.
George Burns: “Pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas, dirigindo táxi ou cortando cabelos”. E é precisamente por isso que ainda não aprendemos a eleger políticos realmente políticos. Ainda não nos ensinaram que a política tem a importância que ainda não temos condições de analisar. E que por isso não devemos mandar para a política pessoas que ainda não aprenderam sobre política. Deu pra sacar?
“No Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. E não sei se já tivemos. Mas não devemos fugir da nossa responsabilidade. Cabe a cada um de nós fazer sua parte para que tenhamos, no futuro, uma política à altura do Brasil, que continua lapidado por falsos políticos. Ainda não somos uma democracia de fato e de direito. Nossos educadores ainda não nos educaram ensinando-nos que numa democracia não há obrigatoriedade no voto. Que o cidadão deve votar por dever e não por obrigação. Mas para isso é preciso que aprendamos a cumprir nosso dever. E comecemos pela política. Porque sem ela não seremos nem mesmo um povo educado.
Nada de arrufos. Apenas cumpramos nosso dever para com nossa Pátria. Para que ela nos mereça é preciso que a mereçamos. Sem o devido respeito não construiremos o país que realmente queremos e merecemos. Volto a repetir: faça sua parte iniciando-a nas próximas eleições. Seja digno da sua cidadania ainda em formação. Porque você nunca será um cidadão, ou uma cidadã de fato, enquanto continuar votando por obrigação. Assim você continuará sempre marionete de políticos que não são políticos, mas aventureiros de uma na política, vista como o maior meio de enriquecimento ilícito. Pense nisso.*[email protected]