Opinião
Opiniao 27 12 2014 442
Em 2015 queremos mais festas e revoluções – Jaime Brasil Filho Nascemos criaturas, feitos para a criação, para cuidar, para a contemplação, para o entendimento, para o conhecimento, para as celebrações, para o amor. Durante milênios essa idealização do paraíso, do idílio, é condicionada às condições materiais: à comida na mesa, à capacidade de suprirmos às necessidades mais elementares para que possamos ter os nossos momentos de interação com o universo e com o semelhante. São as festas, datas comemorativas, expressões coletivas de comunhão e alegria, coisas que nos fazem ligados ao todo e ao outro, que é semelhante e diferente de nós. E que comprovam sermos seres únicos: seres humanos. Assim sempre foi na história da humanidade, quando há excedentes fazemos festas. Também historicamente, inclusive por influência religiosa, condicionamos o paraíso possível ao inferno construído por nós mesmos. A dor é justificativa do prazer? Bom, é certo que o capitalismo produz a escassez em meio à abundância para que as mercadorias tenham valor (valor objetivo ou subjetivo), para que esse valor possa ser manipulado na forma de capital, e para que esse capital possa ser transferido de muitas mãos à uma só, para a mão do capitalista. Como disse Marx em seus escritos sobre economia política: o trabalhador sente que deixa de viver enquanto trabalha e somente se sente vivo quando não está trabalhando. É o trabalho alienante, onde o trabalhador não vende aquilo que foi produzido nas horas de trabalho, o fruto do seu trabalho, do seu suor, ele vende apenas as suas horas de trabalho, ele vende apenas o suor. Com raras exceções, no mundo inteiro, os seres humanos deixam de viver enquanto o seu tempo de trabalho é subestimado, mal pago, transformado em “mais-valia”, em vala comum, essa diferença entre o quê o trabalho vale e o que é pago por ele. Esse é lucro que o patrão acumula para, assim, mover céus e terras, ou melhor, para encher os céus de fumaça e a terra de venenos, e dar à sua vida a ilusória sensação de que é dono de alguma coisa, de que manda, de que é diferente dos outros, de que é melhor. Quem é diferente, sendo humano? Ninguém. O trabalhador sente que é explorado, mas é convencido de que não é. Aceita a exploração como se fosse parte da vida, de alguma dívida, do acaso, do destino. Essa é a força da grande mídia, do monopólio de pensamento, daqueles que dizem: o mundo é assim. Não é. Nós fizemos o mundo assim. E, tudo isso para quê? Para que o capitalista tenha a sensação de que ganhou o jogo. Qual jogo? O de quem ganha mais. Para quê? Para destruir o planeta e massacrar outros seres-humanos? O natal já passou e o ano de 2015 se aproxima. É assim todo fim de ano: com um pouco mais de tempo e dinheiro no bolso, de excedente, as pessoas se apressam em se desapressar, mas não conseguem, tentam festejar e buscam demonstrar o amor não exercido durante todo o ano, mas, em muitos casos, já não há amor a dividir, porque o amor exige contínuo cuidado interno e externo. Desta forma, o capitalismo conseguiu, por fim, transformar até os momentos de celebração e comunhão festiva e contemplativa, em instrumentos de manipulação para mero consumo e em competição comparativa. Explico: olha-se para o lado, para o vizinho, compara-se. Nunca o olhar é para si, com sinceridade. E, assim, comparando, nunca há saciedade e satisfação plena. Na sua lógica de transformar tudo em mercadoria e tentar criar referências mercadológicas para uma comparação universal, o capitalismo destruiu muitas manifestações autênticas e espontâneas do povo. Aqui mesmo em Boa Vista, tínhamos festas de Bumba Meu Boi tradicionais, onde um Boi de um bairro sequer podia cruzar com o Boi de outro bairro sem que houvesse atritos entre os grupos, tamanha era a rivalidade. E o nosso carnaval? Era uma delícia. Tudo isso acabou. Só existem na televisão, que transmite a todos a partir daqueles lugares que conseguiram “coisificar”, mercantilizar e artificializar suas festas. Claro que há pontos de resistência. Poucos. Com tudo isso, mesmo tendo as festas sido destruídas pelo sistema, mesmo que se exija mais e mais atividade laboral para quem tem um emprego, mesmo que esse empregado viva sonhando com o próximo final de semana para estar vivo, mesmo assim, paradoxalmente, estamos em uma fase da humanidade onde o trabalho humano é cada vez menos necessário, onde as máquinas trazem consigo o conhecimento humano produzido em milênios, e pode, uma só máquina, fazer o trabalho de centenas, milhares de pessoas. Vivemos em uma época onde, se houvesse planejamento e não houvesse tanta acumulação de riqueza, poderíamos trabalhar muito menos e mesmo assim manter altos níveis de produção de bens e alimentos para todos, desde que abandonássemos a lógica do desperdício e da obsolescência programada – também chamada de vida útil dos produtos que são projetados para o descarte. Somente pensando de forma diferente e agindo para construir uma nova realidade em outras bases sistêmicas é que teremos de volta a sensação da vida em plenitude, todos os dias. Somente destruindo o capitalismo é que teremos as festas, as celebrações, a contemplação e o amor de volta. Somente acabando com a lógica de um crescimento infinito, com acumulação infinita em um mundo finito, é que salvaremos a vida na biosfera do planeta. Somente sonhando e vivendo os nossos sonhos, somente amando e cuidando dos nossos amores, somente criando e alimentando as nossas criações é que voltaremos a nos sentir humanos. Que 2015 seja um ano de muitas festas verdadeiras e de muitas revoluções libertadoras. Defensor Público ———————————————— Os meios são outros – Bruno Peron As tentativas de promoção de paz no mundo são incontáveis. Grupos religiosos, movimentos sociais, comunidades organizadas e indivíduos mais ou menos influentes propõem soluções pacíficas a atritos e conflitos entre pessoas, instituições e nações. No entanto, os focos de luz que emanam de regiões do globo não têm sido suficientes para neutralizar a mancha trevosa que anuvia a geografia terrestre. Notícias recentes sobre a exacerbação dos conflitos no Oriente Médio apontam o extremismo de grupos islâmicos que lutam contra a pressão antidiplomática do Ocidente. Alguns países do Oriente Médio (Afeganistão, Iraque, Síria, etc.) são exemplos de logradouros onde países ocidentais como USA Fora-da-Lei, La France e Cool Britannia prescindem de diplomacia como se tal região asiática se tratasse de uma “terra sem lei”. O Oriente Médio é cenário de êxito da indústria ocidental de armamento e de preparação de pontos geoestratégicos para vampirismo de gás e petróleo asiáticos. Essas atitudes de nações altamente industrializadas do Ocidente (como as referidas) naturalmente causam reações das populações asiáticas que se sentem aterrorizadas e invadidas. Por isso, o terror praticado por alguns Estados “democráticos” é mais covarde e sistemático que o desespero defensivo de indivíduos islâmicos que se sacrificam para proteger suas culturas e seus territórios. É de se esperar, assim, que agências de notícias a serviço do Ocidente pintem um quadro que represente os povos do Oriente Médio como extremistas, terroristas e dignos de “democratização” através de uma “Primavera Árabe”. Entretanto, as cores desse quadro perdem seu brilho quando há algum esforço consciente de desvelar os interesses europeus e norte-americanos no Oriente Médio. Um deles é o esgotamento da paciência com a dependência europeia de gás natural da Rússia, país que retorna ao palco desse sistema internacional nem tão multipolar como se imagina. Por coincidência, a Rússia recupera sua notoriedade diplomática e militar enquanto se aproxima de países como Índia, China e Brasil. Embora esta aproximação seja sugestiva de um reordenamento dos jogadores mundiais, o ato não passa de uma estratégia de países com tecnologia nuclear para reabilitar o tabuleiro de quem realmente define as regras do jogo: o grupo dos países pertencentes ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Nesse reordenamento global, as nações tradicionalmente líderes reafirmam sua liderança após um período de crença na multipolaridade. Nesse ínterim, Alemanha e Austrália temem que grupos extremistas pratiquem atos terroristas contra seus nacionais e emitem sinais de alerta para evitar tamanha impiedade. Em nenhum momento, porém, políticos de países altamente industrializados reconhecem que a culpa dos extremismos não é só dos extremistas. Terroristas usam as armas que têm em suas mãos (ameaça, sequestro, explosões, etc.) para coibir a avalanche de instituições e normas ocidentais que soterra as culturas e os territórios asiáticos. Esses ataques começam com a descrição estereotipada pelo cinema e o jornalismo, passam por encenações como a do complô de derrubada das torres gêmeas de Nova York, e culminam no consentimento da opinião pública para invadir países e depor governantes. Pergunto, para finalizar as reflexões deste texto, se o Ocidente também não age com extremismo ideológico para impor uma infraestrutura global de servidão humana e tecnológica. Acadêmicos falam de dependência, neocolonialismo, divisão internacional do trabalho. Minha interpretação é que países do Ocidente mudaram o jeito de possuir escravos, abrir portos e “desenvolver” outros povos. Os meios são outros para o mesmo fim político. http://www.brunoperon.com.br ————————————————— Como ser feliz – Afonso Rodrigues de Oliveira “O principal requisito para a felicidade é o controle sobre os pensamentos”. (Sivananda) Bateu o cansaço da euforia dos festejos natalinos. Para muita gente a felicidade se foi com a chegada do cansaço. Felicidade passageira, efêmera, e, de certa forma, tola. Mas que diverte, diverte. E se diverte faz bem. Agora vamos descansar, para festejar a partida do velho e cansado ano velho, que foi muito bom para tantos quanto muito ruim para outros. Por que será que festejamos o término do ano com tanta alegria como se ele tivesse sido tão desagradável? Até mesmo os que foram felizes no decorrer do ano sentem alegria com seu final. Mesmo sabendo que ele nunca mais voltará. Mas é assim mesmo, e nada vai mudar enquanto não mudarmos no que nunca mudaremos. Espero que você tenha vivido um feliz natal. Eu vivi. Foi legal pra dedéu. Vamos enterrar o velho dois mil e quatorze. Mas sem choro. E iniciar o novo ano sem a ilusão de ficar procurando a felicidade, por aí. Está na hora de aprendermos que ela, a felicidade, está em nós mesmos. E se está conosco, porque perder tempo procurando-a fora de nós? Vamos ter e viver um novo ano feliz. Nada de perder tempo com coisas desagradáveis e que não nos interessa. Nunca permita que os seus pensamentos façam de você um receptor de maus acontecimentos. Ser feliz é uma questão de opção. Mas para optar é necessário saber o que quer. E quando queremos não há quem nos impeça de alcançar o que queremos. Quando duvidamos disso é porque não somos felizes. Não há como entender a felicidade sem estar preparado para ela. Ser feliz é a coisa mais simples da paróquia. O problema está na dificuldade de se entender isso. Você nunca vai ser feliz preocupando-se com a infelicidade dos outros. A felicidade está em você como em mim. Se você é feliz e eu não sou, o problema é meu e não seu. O simples fato de você ser feliz já é um exemplo que devo seguir para ser feliz. Porque se você pode, eu também posso. “Se você acha que pode você está certo. Se acha que não pode, está igualmente certo”. Este pensamento do Henry Ford não se liga apenas ao que ele pensava dos seus mecânicos e engenheiros. Ainda temos uma semana pela frente, para festejar o fim do ano. Até lá façamos enquanto descansamos, uma reflexão sobre o que queremos para ser feliz a partir do momento em que estamos refletindo; sem nos esquecermos de que a felicidade está em nosso pensamentos positivos. Lembre-se de que “O reino de Deus está dentro de nós”. Só quem não acredita nisso é que não pode ser feliz. E não adianta sair pro aí procurando a felicidade. Pense nisso. [email protected] 99121-1460 ——————————————————- ESPAÇO DO LEITOR INCENDIADO “Gente, o que está acontecendo? Cadê as autoridades que não se manifestam? Roraima tá virando São Paulo? O que é isso, meu Deus”, questionou a internauta Francisca Sonia Freitas da Silva sobre o ônibus incendiado em Boa Vista. CRÍTICAS 1 Sobre as críticas feitas pelo deputado estadual Jalser Renier ao governador Chico Rodrigues, o internauta Francisco Rogério dos Santos Chaves disse: “Até bem pouco tempo atrás, o nobre deputado vivia pedindo voto em favor da reeleição do governador. Esta crítica seria uma tentativa de impressionar a governadora eleita?”, questionou. CRÍTICAS 2 Ainda sobre o discurso de Jalser Renier, o internauta Natal Altair comentou: “Assisto a tudo que ocorre como filósofo fosse: Que ser é esse? Outrora membro de uma bancada de situação que ajudou levar Roraima ao caos, defensor da reeleição do governador que está para deixar a caneta, postura de mártir da Justiça e amizade, que agora ataca quem lhe concedeu espaço privilegiado no seio estatal. Que ser é esse?”. REGULADORA 1 O internauta Carlos Alberto da Silva Oliveira afirmou que concorda em gênero, número e grau com o ex-governador Neudo Campos. “Essa Agência Reguladora tem que ser extinta. Só serve para arrancar o dinheiro do Estado”, disse. REGULADORA 2 “Os lobos, depois que se banquetearam anos a fio nas gordas tetas do governo, agora brigam para se manter. Manter em funcionamento uma agência criada apenas para assegurar altos salários aos ‘donos’ do poder é realmente mais um descalabro desses deputados, liderados pelo ‘menino de ouro’ de Roraima”, comentou o internauta Alfredo Américo Gadelha. REGULADORA 3 Para o internauta Sérgio Pereira, parlamentares que não se reelegem não deveriam assumir cargos em secretarias. “O cara passa 20 anos como deputado e ainda quer ficar mamando em uma agência do governo. Sinceramente, tem que acabar com essa de política que perde o mandato e assume uma pasta, às vezes tirando a vaga de uma pessoa capacitada para o cargo. Aqui se criam secretarias e muitos políticos não sabem para que servem ou existem”, afirmou.