Opinião

Opiniao 28 01 2016 1983

Os bastidores da Finlândia e os atalhos do Brasil – Ronaldo Mota*Durante a semana passada, em Londres, tive a oportunidade de participar, como convidado da CISCO, da Exposição BETT (em inglês, “British Educational Training and Technology Show”). Ela é considerada, desde 1985, uma das mais importantes feiras na área de tecnologias na educação, atraindo algo em torno de 40 mil visitantes de mais de uma centena de países.

O Programa da delegação brasileira deste ano incluiu uma visita com palestras e debates no Institute  of  Education (IoE), classificado recentemente pelo “Times Higher Education Ranking” como a melhor instituição do mundo na área de educação. O professor David Scott, do IoE, uma das maiores autoridades em teorias de aprendizagem e meu co-autor no livro “Educando para Inovação e Aprendizagem Independente”, argumentou à delegação brasileira que seria pouco recomendável ao Brasil definir suas estratégias educacionais na educação básica tendo como referência principal melhorar seus indicadores no PISA. A explicação dele para não exagerarmos na ênfase ao PISA tem a ver com o caso Finlândia e seus bastidores.

A Finlândia é sempre uma referência importante em educação. Pelo passado e mais recentemente pelo que está fazendo hoje ao se preparar para o futuro.  A Finlândia entrou no século 21 liderando os resultados do PISA (Programa Internacional para a Avaliação de Estudantes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Curiosamente, desde então, tudo se passa como se a Finlândia, quase que propositalmente, caísse de forma sistemática no ranking. A grande percepção dos gestores da educação finlandesa foi suspeitar que o sucesso no PISA poderia, eventualmente, inibir mudanças no processo de aprendizagem, as quais eles sabiam ser urgentes e necessárias. Ou seja, a régua do PISA, provavelmente, mede melhor qualidades e expectativas  do passado do que os predicados e exigências do futuro.

Em compasso com a radicalidade das transformações que se seguiram na Finlândia, progressivamente, ela foi ultrapassada por outros países, como Cingapura, Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Japão.  Com o tempo,  as escolas finlandesas foram adotando, ou se preparando para adotar, metodologias  ativas que estimulam a aprendizagem independente. Para tanto, parte significativa das aulas tradicionais são substituídas pelo desenvolvimento de projetos temáticos nos quais os alunos refletem principalmente acerca do processo de aprendizagem em si.

Os formuladores de políticas educacionais e os docentes da Finlândia parecem saber melhor do que os demais países que a forma tradicional de educação, basicamente estruturada em aulas expositivas sobre disciplinas estanques, ainda que com um passado vitorioso, não mais prepara adequadamente as crianças e os jovens para o futuro. Ainda que as crianças possam ir bem no PISA, dado que o passado é compatível com as réguas adotadas, os desafios do futuro não parecem estar plenamente contemplados. A necessidade do desenvolvimento da capacidade de pensamento transdisciplinar, ou seja, olhar os mesmos problemas a partir de perspectivas e ferramentas diferentes, ao mesmo tempo que o educando aumenta a percepção acerca dos mecanismos segundo os quais ele aprende (metacognição, ou aprender a aprender), compõem as estruturas centrais da nova metodologia.

São mudanças complexas e que afetam a todos, em particular os professores, os quais passam a ter, relativamente, menos controle sobre os cursos, demandando que necessariamente eles trabalhem de forma colaborativa entre si e, especialmente, com seus alunos. Gradativamente, os mestres deixam de ter como atribuição principal as aulas expositivas (embora elas permaneçam em algum nível existindo) e, cada vez mais, se assemelham à figura de preceptores.  Seja enquanto aqueles que acolhem e ajudam o educando a entender a si mesmo e refletir sobre sua própria aprendizagem, ou então aqueles que promovem a mentoria, especialmente conectando todas as disciplinas e conhecimentos fragmentados. Assim, cabe aos docentes atuar junto a seus alunos para extrair da multidisciplinaridade e das posturas metacognitivas os ingredientes principais para que eles possam aprender a resolver problemas e desenvolver projetos.

Em suma, olhemos para a frente, respeitemos as enormes diferenças de realidades, dado que, certamente, temos no Brasil muitas trilhas preliminares por cumprir ao mesmo tempo que temos que enfrentar complexidades similares às finlandesas. Porém, sem sabermos o que queremos para o futuro, a chance  de errar por adotarmos remédios inadequados é muito alta. Felizmente, o Brasil tem sim atalhos possíveis e bons ingredientes. Precisamos saber, antes de mais nada, onde queremos chegar, conhecer bem outras experiências e definir, coletivamente, o quanto estamos dispostos a ousar.

*Reitor da Universidade Estácio de Sá e Diretor Executivo de Educação a Distância da Estácio——————————- Os gatos e um relógio – Vera Sábio*Naquela brincadeira de criança, denominada o gato e o rato, quem dos dois é o mais esperto? Na verdade eu não sei. Vocês sabem? A brincadeira consiste em uma roda de crianças na qual dentro está o rato, supostamente se vestindo, enquanto fora da roda o gato perguntando se o rato já está pronto e que horas são, até que possa começar a perseguição.

Portanto, na vida real, os ratos estão bem mais a vontade, bem melhores vestidos e disfarçados, e ainda não sabemos a hora que podem ser apanhados. Enquanto isto, muitos gatos giram como ponteiros de um relógio, passando as horas no mesmo eixo, ou seja, nada ocorre de diferente, nem para eles e nem para os ratos.

Nisto, a população, simbolizada pelos componentes da roda, movimentam os braços e as pernas, mostra sua resistência em sustentar a situação, sem perceber que o tempo passa e cada vez mais as pessoas estão cansadas e desanimadas.

Tento nesta metáfora colocar meu ponto de vista sobre o que é ser esperto, e o quanto o povo é iludido. Afinal já diz o velho ditado: “Na briga entre o mar e o rochedo, o maior prejudicado é o caranguejo.”

Realmente andamos de lado e olhamos para o chão. Pois salve-se quem puder. Vejo os gatos, sendo a justiça, a polícia e os órgãos fiscalizadores e punitivos. Todavia, sabem onde estão os ratos e nada fazem efetivamente para eliminá-los.

Por sua vez, o povo gira e gira e as ilusões fáceis, porém farsas os impede de ver a verdade e sair da roda para pôr a mão na massa, pois: “Não tem como fazer omelete sem quebrar os ovos”.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected].: 991687731———————————Faça sua parte – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Toda pessoa é capaz de mudar o mundo”. (Keller)Mesmo sem fazer, cada um de nós está fazendo sua parte. Cada ser vive em seu processo evolucionário de desenvolvimento. E isso, por si só já é um processo de mudanças. Não podemos medir nem comparar as mudanças a não ser comparando os fazeres. Só sabemos quem faz mais, sabendo quem faz menos. Mas isso não é motivo pra você ficar parado vendo o bonde passar. Alguém já nos disse que “aquele que fica parado esperando que as coisas mudem descobrirá depois, que aquele que não parou está tão adiantado que já não pode mais ser alcançado”. Faça o que você puder fazer para mudar o mundo. Não é difícil nem impossível. Cada um dá o que tem. Porque quando damos o que temos, estamos fazendo o que devemos fazer para as mudanças. E não devemos nos esquecer que o mundo só muda através das mudanças. O que é mais do que óbvio.

Se você ficar aí parado tentando analisar esse pensamento, estará contribuindo, mas naquela de deixar o bonde passar para ver onde ele vai parar. Se puder entrar no desfile não fique assistindo-lhe de camarote. Participe sempre. É na participação que fazemos nossa parte. A indiferença neutraliza. Quer mesmo fazer o melhor para o engrandecimento do mundo? Faça o melhor que você puder fazer no que você faz. Não importa o que você faz ou esteja fazendo, o que importa é que faça da melhor maneira que puder fazer. Não importa se você está no comando da empresa ou varrendo o escritório. O que importa é como você faz e não o que faz. Seu superior não é superior a você. O cargo que ele ocupa, sim, é superior ao seu. Mas isso não deve nem vai fazer de você um ser inferior.

Quando nos valorizamos não nos sentimos inferiores. Vem daí a grandeza no tratamento com as outras pessoas. Somos todos iguais nas diferenças. Um conceito que deve ser levado em conta sempre que estivermos em contato com as outras pessoas. O respeito está no respeito que nos damos. Veja-se sempre como uma pessoa importante. Eleve seus pensamentos. Lembre-se de que você é o que você pensa. Mas cuidado quando estiver tentado a se sentir o tal. Pare e medite. Lembre-se que você é o que você pensa, mas nem sempre você é o que você pensa que é. Quando somos não precisamos dizer que somos. Nossa presença nos identifica. Se formos confundidos não devemos nos preocupar. A falha está em quem se confunde. Quando somos conscientes do que somos, não temos o que temer o que pensam que somos. Mantenha sua cabeça erguida e seus pensamentos no infinito porque é lá que está o seu futuro. Pense nisso.

*[email protected]      ———————————ESPAÇO DO LEITOR

SÃO BENTOSobre a matéria em relação ao aniversário de onze anos do bairro São Bento, o leitor Felipe Macedo comentou: “Além dos problemas citados na matéria produzida pela Folha, outra questão que tem incomodado os moradores é a falta de policiamento ostensivo, já que são inúmeros assaltos a residências e pequenos furtos em plena luz do dia. Já relatamos, através de ofício, esta situação, mas continuamos com o mesmo problema, a mercê dos bandidos”.CONSIGNADO Servidor estadual que pediu anonimato enviou a seguinte reclamação: “Quero manifestar a minha indignação contra o Governo do Estado por não ter repassado o valor descontado do salário dos servidores efetivos às instituições bancárias conveniadas. Contratamos o empréstimo consignado e compras no cartão de crédito referente ao mês de dezembro, mas, para nossa surpresa, apesar de ter sido descontado, não foi repassado aos bancos, os quais estão emitindo correspondências a nossa residência informando o atraso”.FRONTEIRAS“Não são somente materiais escolares, gasolina e outros itens que entram livremente na Capital. É necessário reforçar a fiscalização quanto ao armamento e munição, encontrados facilmente para compra nos dois países fronteiriços. O alerta serve inclusive para inibir a ação de bandidos que aproveitam a facilidade e o livre acesso nas barreiras para o contrabando destes materiais. Vale a pena redobrar a fiscalização, principalmente em carros com placas de outros estados”, comentou internauta que pediu anonimato.CONCURSOAprovados no concurso público para o Corpo de Bombeiros Militar de 2013 cobram a convocação. “Fomos aprovados e até hoje não ocorreu o ingresso na academia militar. Neste período crítico pelo qual passa os municípios, a contratação de brigadistas temporários com salários irrisórios é apenas uma ação momentânea, enquanto poderíamos estar realizando este trabalho contínuo de prevenção e controle destes focos de incêndios nas localidades de maior risco para as queimadas”, reclamou um dos aprovados.