Opinião

Opiniao 28 05 2015 1045

Prestenção, motora! – Lindomar Neves Bach* Se tem uma coisa em que me especializei nesses anos de vida proletária, foi a andar de busão (ônibus coletivus urbanus). Me tornei especialista quando o assunto é fazer uma análise crítica do serviço disponibilizado nas capitais, onde, por força da necessidade, tive que depender desse meio de transporte. A figura do motorista de transporte coletivo diz muito do meio social em questão. Um item de amostra para defesa para teses de estudos sociológicos das urbes pelo mundo. Todas as neuras, frustrações e demandas despejadas diariamente num único indivíduo dariam para medir o nível máximo de paciência do ser humano em situações extremas. Um exemplo: se a eficiência do serviço é questionável o coitado tem que encarar as reclamações como se fosse o dono da empresa. Minha abordagem sempre foi simples: desejo um bom dia, e o retorno sempre veio de imediato, desde um grunhido gutural até um sorriso fugidio, falho e amarelado. Mas sempre vai existir aquele motorista de bem com a vida e que ama a profissão que escolheu. Contrariando a razão. Essa figura alegre, pitoresca, extrovertida, conselheira e inatingível é difícil de encontrar, mas existem. Posso citar, de Boa Vista, o garoto Sorriso e o profissional conhecido como “Amazonas”, que conduz as linhas bairro dos Estados/ Cidadão e Nova Cidade/Pérola. Só pedreira, contudo sem jamais perder a humanidade e o bom humor. Mérito talvez de ter vindo das rotas de Manaus. Por falar em Manaus, meu amigo Elienai Ramalho é a prova de como o transito caótico da capital do Amazonas não é desculpa para deixar de ser gentil e humilde. Ele mesmo confessou um dia: “Chego atrasado à rota, mas espero a senhorinha descer em com toda paciência”. Em são Luiz, no Maranhão, a maior parte dos motoras viaja (literalmente) ouvindo um reggae. Em Brasília, melhor não contrariar os motoristas com discursos sobre corrupção na política. Também já peguei coletivo em San Felix, Venezuela, onde o motorista, não obstante, se estressa e abandona coletivo e passageiros no meio da viagem. Também (Minivans) em Georgetown-Guyana. Lembra da lei de Newton que diz: dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo? Essa lei da física não se aplica por lá. Assim como na maioria das capitais brasileiras. Concluindo: Apesar de que em toda regra tem exceção, temos os melhores e mais preparados motoristas do Brasil. Digo isso com conhecimento de causa. Os caras são ninjas: têm que dirigir e passar troco, desviar dos buracos e dos cachorros de rua, descer pra embarcar o cadeirante, aturar os bêbados, alunos malcriados, o Tarja Preta e a Piriguete que teima em não passar a roleta e sentar no capô puxando conversa, Meus parabéns a esses guerreiros. Vão na fé… *Artista plástico, designer gráfico e escritor [email protected] ———————————————- Hotel Psiquiátrico – Relato de Juliet a sua analista – Roberta Almeida de Souza Cruz* Tive esse sonho ontem… “Sim, fui há muitas guerras, lutei com demônios ao lado de seres angelicais. Em cada batalha não saia vitoriosa, pelo contrário, ainda mais sufocada e sem forças. Foi então que resolvi parar de lutar e enxergar com fé a luz franca e ainda fraca nos meus olhos que vinha do alto do céu e me chamava para novamente tentar tudo mudar. Resolvi ir até essa luz e então dormi um sono impreciso, não sei onde estava, vivia sonos e ao acordar sopas para refazer as forças. Passado algum tempo inexplicável, fui a uma tela branca, e seres vestidos de brancos mostravam na tela lugares tenebrosos em que já havia estado, assim como, quando em tempos passados, lindos pomares onde eu costumava colher e brincar como menina, na casa dos meus seres amados. Como peixes que nadam, nadei céu afora e fui conhecendo a diferença entre trevas e luz. Lendo livros antigos entendia enigmas escritos por discípulos de um Mestre novo a mim. Acordei desse sonho, sem saber quanto tempo haviam passado com um sol brilhante à janela e sem pestanejar, levantei de um salto e resolvi passear para longe, até o alto das pedras, para assim, solitária, entender quanto tempo passei sonhando com o que chamam de Céu. Nas pedras, eu, meu eu e a natureza se misturavam, o único silêncio era o meu. E foi então, que passado algum tempo, pude entender com clareza por onde luz e escuridão andavam” finalizei a terapeuta… Agora, de volta à rotina do mundo, sei onde luz e trevas andam cochichando, por toda parte estão, escolhendo entre fracos e fortes, quem se levanta ou cai. Para meu ser renascido, meu único sentido: viver ao lado dos meus, voltando ao meu pomar para plantar e colher melhores obras. Talvez seja longa minha caminhada, meus pés descalços indo rumo ao desconhecido, mas antes, peço paz a essa viagem, pois só desejo estar na vida no seu exato instante de segundos, sem precisar explicar nada, nem passado, presente ou futuro. De agora em diante apenas perdão posso como obrigação saldar. A Vida é Maravilhosa! *Jornalista ———————————– Céu azul – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Aquele céu azul que vedes não é céu nem é zul”. (Pe. Antônio Vieira) A verdade é que vivemos todas as nossas vidas num cadinho de ilusões. Mas não se amofine, porque por ser verdade isso faz parte da nossa evolução. O problema está em não prestarmos atenção a isso para evoluirmos. Às vezes olho para o céu e me pergunto se estou olhando para cima ou para baixo, já que Terra é redonda. Recentemente ouvi um comentarista de cultura na televisão, falando sobre Tim Maia. De repente ele disse que Tim Maia, numa determinada época aderira a uma comunidade espírita. E ele se referia à Cultura Racional. O que indica que o comentarista não entende nada do que disse. A Cultura Racional iniciou-se no Brasil há exatamente oitenta anos. Desde então tem estado em constante e forte atividade; não só no Brail, mas em centenas de países mundo afora. 21 volumes de livros iniciam os ensinamentos da Cultura Racional. E já no início do primeiro volume lemos que para você entender a Cultura Racional tem que entender que ela não é filosofia, ciência, espiritismo nem religião. Porque se você nunca entender isso, nunca vai se racionalizar. Logo o comentarista não deveria falar a tolice que falou. E muita gente pensa como ele. O criador da Cultura Racional no Brasil, em 1935, Manuel Jacinto Coelho, sempre que se referia ao Tim Maia, nos nossos encontros semanais, chamava-o de “Cachorrão”. Mas tudo era brincadeira, referindo-se ao Tim Maia, que não resistiria ao nosso meio, por ser um autêntico fanático. Mas nada contra o Tim. Isso faz parte da evolução racional. E você nunca vai evoluir racionalmente, sob orientação religiosa. Na Cultura Racional aprendemos que Deus não é um ser, mas uma energia pura, limpa e perfeita. E se é energia está dentro de cada um de nós. Cabe a nós, saber como vivê-la. Certo ou errado, não faz diferença. Mesmo porque Deus, como energia, não é aquele ser com um rebenque, acoitando os que não o obedecem e protegendo os que se curvam e se ajoelham. E foi por a Cultura Racional não ser uma religião, que me encontrei nela. Ela não me diz como devo pensar, mas me diz o que eu sou. E eu sou, como você é, um ser de origem racional que chegou aqui e se tornou humano. Não nasci aqui, nem fui feito de barro por aqui. Cheguei, fiquei e ainda vou ficar, sei lá por quanto tempo. Mas tudo é responsabilidade minha e de mais ninguém. Sou o que sou acumulando muito do que fui, como preparação para o que serei. Até que um dia atingirei o nível de racionalidade para a volta ao meu mundo de origem. Quando? Não tenho a menor ideia. Vai depender de mim. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ———————————- ESPAÇO DO LEITOR MAIORIDADE O internauta Agenor Neto enviou o seguinte comentário: “O dilema em questão é: punir ou educar? Acredito que os dois, pois somente educar não resolve. Punir, sim, pois quem infringir as leis tem que pagar pelos seus atos cometidos. Não podemos passar a mão na cabeça de quem comete até mesmo pequenos delitos, o que acaba sendo um passo para grandes crimes. Portanto, meu posicionamento é a favor, sim, da redução para eliminar a crescente onda de crime praticado por menores”.  ORÇAMENTO O leitor Anísio Dutra chamou a atenção para a necessidade de acompanhar as medidas de redução no orçamento anunciadas pelo Governo Federal para que os programas que são executados não sofram nenhum prejuízo. “Ao que parece, estrategicamente o Fies já foi um dos que sofreu corte em relação ao ano passado no número de contemplados. Em seguida, vem o Minha Casa Minha Vida, pois é bem provável que aconteça uma redução nos contratos de financiamentos do programa”, comentou. ATOLEIRO Moradores do bairro Paraviana encaminharam a seguinte reclamação: “Está impossível trafegar nas ruas próximo ao Bosque dos Papagaios, por conta de um verdadeiro atoleiro que se formou nas ruas que não receberam nenhuma recuperação no período do verão. Com as chuvas que se intensificaram na semana passada, uma das ruas, Anísio de Carvalho, está intrafegável. A solução foi nos mobilizarmos e tentar minimizar este problema, já que não recebemos nenhum apoio do município”. CINEMA “Estou indignado com a falta de fiscalização por parte do Conselho Tutelar nos dois cinemas instalados na Capital em relação à atitude de alguns pais que estão levando as crianças menores de idade e não estão atentando para a classificação indicativa do filme. Por duas situações, percebi que as crianças começam a gritar e a ficar agitadas com cenas de suspense e terror. Na minha opinião, isto é falta de responsabilidade e os pais deveriam ser punidos por tal atitude”, comentou um leitor que pediu anonimato.