Opinião

Opiniao 28 09 2019 9015

A bênção da unidade cristã – Antonio de Souza Matos*

A vontade de Cristo é que seus discípulos vivam em união. No entanto, o relacionamento entre muitos cristãos é marcado por hostilidade, disputa e partidarismo. Um bom remédio contra esse mal é o estudo do Salmo 133. Escrito por Davi, rei de Israel, num período de paz entre as doze tribos da nação judaica, o poema mostra que a unidade entre o povo de Deus é uma bênção por três razões. 

A primeira é que ela produz alegria. Diz o verso inicial: “Oh, como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. A palavra “agradável” significa “que proporciona prazer ou sensação de bem-estar”. É incontestável que a harmonia cristã alegra tanto quem a experimenta quanto quem a testemunha. No primeiro século, a igreja experimentou essa unidade: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (At. 2.44). Como consequência disso, uma sensação de bem-estar dominava os cristãos e causava admiração nos descrentes: “… e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração” (At. 2. 46); “… louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo…” (At. 2. 47). 

A segunda é que ela tem grande valor. É comparada com o óleo derramado sobre a cabeça de Arão, o sumo sacerdote, no momento de sua consagração ministerial. Na Bíblia, o óleo simboliza o Espírito Santo. “É como o óleo precioso, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a orla de suas vestes”, diz o verso 2. Essa porção aromática, cuja receita fora dada por Deus exclusivamente a Moisés, era composta por óleo de oliva misturado com quatro especiarias raras e caras extraídas da flora palestina. Portanto, a unidade é singular porque é uma obra divina. É produzida pelo Espírito Santo. Deus é quem derrama sobre os salvos em Cristo o Seu amor, dissipando o egoísmo, a intolerância, o ódio e promovendo a paz. Ela é também abrangente. Envolve todas as pessoas que compõem a igreja, da mais pobre a mais rica, da mais forte a mais fraca, assim como o óleo escorria pelo corpo inteiro de Arão. Não deve, portanto, ser confundida com vínculo por simpatia, parentesco ou amizade natural. 

A terceira é que ela produz vida. Compara-se ao orvalho do Monte Hermom: “É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre” (v. 3). Essa montanha está localizada na porção terminal sul da Cordilheira do Antilíbano, na fronteira Líbano-Síria. Com 2.814 metros de altitude, o seu pico está quase sempre coberto de neve e envolto por uma neblina, enquanto as terras ao redor queimam pelo sol de verão. Periodicamente, um vento forte leva o orvalho do Hermom para todas as regiões, inclusive para o sul de Israel, onde ficam os montes de Sião, fertilizando o solo e fazendo germinar muitas espécies de plantas, das quais homens e animais se alimentam. 

À semelhança do orvalho do Hermom, a unidade cristã produz vida, pois revigora as forças do abatido. O apóstolo Paulo, por exemplo, quando estava preso em Roma e abandonado por amigos íntimos, foi reanimado pela manifestação de amor dos filipenses (Fp. 4. 10). Eles enviaram uma carta ao apóstolo com uma oferta em dinheiro. Além disso, a unidade restaura o caído. Nem um cristão está imune ao pecado e, quando alguém sucumbe e arrepende-se, precisa de ajuda para levantar-se. Uma igreja onde reina a unidade trata com brandura os que caem (Gl. 6.1-2), promovendo-lhes a restauração espiritual.

A unidade cristã é, por essas razões, uma grande bênção. Por isso, todos, na igreja local, devem esforçar-se para cultivá-la.

*Professor e revisor de textos. E-mail [email protected]

TEMOS ATRIBUTOS E VIRTUDES? QUAIS? – Wender de Souza Ciricio*

Você sabe o que são atributos? Pois é, são qualidades e virtudes que de uma forma ou outra contribuem para que o ser humano seja identificado e seja, ao mesmo tempo, relevante para pessoas ligadas ao convívio do mesmo. É por meio dos atributos que construímos uma imagem, uma história e damos aos outros a oportunidade de terem motivos para que comentários a nosso respeito sejam sadios e construtivos. Quando temos virtudes, outros têm prazer em estar próximos de nós. Virtudes e qualidades fazem do ser alguém agregador, que soma e edifica.

Quando penso nesse tema muitos nomes me vêm à mente exatamente porque passaram por esse mundo deixando um histórico de virtudes, de beleza de vida e de afinidade com os melhores adjetivos que um ser pode experimentar. Foram pessoas que influenciaram povos, sociedades e por isso são citados em livros, em palestras motivacionais, em mensagens de líderes religiosos e em locais e culturas das mais variadas nesse universo. São homens e mulheres que inspiram, que nos estimulam a sermos melhores pessoas e correr em direção do bom, do agradável, do maravilhoso e da reputação irrefutável.

Jesus Cristo é o maior modelo de alguém que passou por esse mundo sem nenhum arranhão e mancha que o desqualificasse e o desabonasse. Sua conduta evidenciou atributos de um homem que se doava pelo ser humano e que vivia em função da felicidade do outro. Não existe e nem viveu nesse mundo alguém que fosse tão intenso na forma de entrega notada em Jesus. Ele é o próprio Deus, mas voluntariamente abriu mão do uso de alguns de seus atributos para derramar sangue a favor do ser humano. Jesus, em sua condição humana, é inigualável. O mais ateu desse mundo pode até rejeitar o Jesus sobrenatural, mas nunca poderá duvidar das virtudes de Jesus, a menos que, além de ateu, seja um tolo, cego e ignorante sobre os fatos historicamente palpáveis.

Contudo, citar as virtudes de outros que viveram e que vivem sob o alcance de nosso olhar não é tão complicado e embaraçoso. O que gera inquietação é sobre quando temos que citar nossas virtudes ou quando outros tentam enxergar nossos atributos. Mesmo que esqueçam a palavra “defeito”, sobra algum atributo em nós a ponto de levar outros a enxerga-lo? Se, por exemplo, depois de anos e anos você venha a falecer e seus entes queridos tivessem que descrever seus atributos em sua lápide, quais seriam? Se tivessem a oportunidade de ao chegar a sua porta e ter que gritar não por seu nome, mas por uma qualidade de caráter, qual seria? Enfim, teríamos capacidade de afastar nossos defeitos para o canto e descrever no mínimo cinco atributos de nós mesmos? Poderia, você, fazer isso agora? Você concorda ser essencial construir espontaneamente e com esforço uma imagem de qualidades irrefutáveis a ponto de pessoas o admirar, respeitar, gostar de estar próximo de você e falar bem a seu respeito?

E mais. A vida nem sempre é leve e macia, muitas vezes é ácida, azeda e pesada demais. Praticamos atos que machucam e destroem nossa reputação e que ferem nossa honra. Porém, nada disso deve destruir nossa possibilidade de um recomeço, de reavaliarmos e darmos uma nova roupagem para nossa história e para nossa imagem. Erramos, mas não precisamos fazer dos erros uma âncora e estacionamento para continuarmos agindo como perdedores. Não se deve dar espaço ao sentimento de culpa para com isso desistir de ser alguém de peso e de significado. Ainda há tempo de dar a volta por cima, ser o que não foi, fazer o que se deve fazer para ser um homem e mulher que abale estruturas, que empolgue os outros e que deixe um rastro de qualidades lindas, belas e maravilhosas. Se você é chato, malvado e perverso, lute para ser agradável, ótimo e íntegro

Meu pai se foi desse mundo sem se despedir dos filhos e família. Muito engraçadinho, meu velho. Mas posso dizer que foi seu corpo, e não sua imagem, sua história e sua honra. Meu pai foi íntegro e isso a terra que consumiu seu corpo jamais vai apagar. Quais são nossos atributos e virtudes?

*Psicopedagogo, teólogo e historiador [email protected]

A construtora no lar – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Tudo aquilo que eu sou ou espero ser, eu devo ao anjo que foi minha mãe.” (Abraham Lincoln)

Ela é a construtora da família. E não adianta ficar justificando os desajustes atuais com a correria do dia a dia. Elas nunca tiveram tranquilidade na criação. A tarefa sempre foi árdua. E, cá entre nós, as mães antigas não tiveram o preparo que as atuais têm. Mas isso não significa que as de ontem e as de hoje têm deveres e tarefas diferentes, na preparação da família, em relação à educação. “O bom exemplo é, e sempre será, a melhor didática.” Vamos educar no bom exemplo. Ultimamente tenho observado exemplos notáveis de maus e bons exemplos na educação dos filhos. Recentemente falei de exemplos que aparentemente são fúteis, mas que são fundamentais para a criação. Ontem tomei um ônibus para o centrão da Ilha. Sentei-me ao lado de um casal. Na cadeira da frente do casal estava uma garotinha de uns seis anos de idade. Era filhinha do casal. Só que logo a garota deitou-se sobre as duas cadeiras e continuou deitada, com as pernas esticadas para o corredor do ônibus. Os passageiros iam subindo em cada ponto e procurando sentarem-se, enquanto a garotinha continuava deitada, ocupando o espaço que deveria ser ocupado por eles. 

Não sei como você está analisando este episódio. Mas a verdade é que ele é chocante quando falamos de educar. Desci no Boqueirão, o ônibus partiu e a garota partiu deitada, enquanto os seus pais não estavam nem aí para seu comportamento. A verdade é que vivemos uma época em que deveríamos ser exemplos de comportamento racional, e continuamos comportando-nos como primatas. Vamos começar a prestar mais atenção ao desmando que está nos afrontando. E não pense que isso é alarde meu. É realmente preocupante. Vamos fazer nossa parte no desenvolvimento dos nossos descendentes, para que eles tenham um mundo mais civilizado e digno da presença deles como seres de origem racional. 

“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo.” Assino embaixo. Quando formos um povo realmente educado e civilizado, seremos um país realmente respeitado pelo valor que realmente tem. Então vamos fazer nossa parte nessa tarefa. Comecemos pelo aprimoramento da nossa política. O problema que realmente está à espera da nossa ação. Então vamos agir. Vamos nos educar para que mereçamos a confiança dos que esperam por nossa ação na salvação do nosso futuro.

Nosso futuro depende do futuro que prepararmos para nossos descendentes. Afinal, o que é que queremos para eles? E todo o poder de que necessitamos para mudar o rumo da história está em nós mesmos. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460