Arraiais: uma tradição de oito décadas em Roraima – Flamarion Portela*O mês de junho é sinônimo de arraial. A agitação está por todos os cantos da cidade, desde os bairros centrais até os mais distantes da periferia. Não há escola, creche, igreja ou qualquer outro aglomerado de pessoas que não se reúna, pelo menos uma vez, em torno das festas juninas. São dois grandes arraiais e uma infinidade de pequenos festejos espalhados por Boa Vista e municípios do Interior.
O visitante mais desavisado pode até achar que não está na Região Norte, e sim, na Nordeste, tamanha a tradição dos festejos na cidade. E não poderia ser diferente. Em um Estado cuja população é predominantemente composta de nordestinos, a influência da cultura daquela região não poderia deixar de ser latente.
E a tradição vem de longe. A partir da década de 1930, como conta o professor Idalmir Cavalcante, já apareciam por aqui as primeiras manifestações folclóricas juninas. Já no ano de 1936, os senhores Gervásio e Raimundo Otávio percorriam as ruas da cidade como dois ‘bois’, que eram grandes rivais.
No começo, os grupos de boi-bumbá eram mais comuns, talvez até pela grande influência maranhense na colonização do Estado. Mas também havia outras danças tradicionais como As Pastorinhas, cujos primeiros registros são obra de dona Estela Barbosa e o ‘seu’ Augusto, em meados da década de 1940, quando saiam pelas ruas dos bairros Olaria e Correios (hoje Caetano Filho e São Pedro, respectivamente), animando a criançada.
No começo da década de 1950, os bois-bumbás começam a ganhar força. Inspirados no boi “Caprichoso” de Parintins, os amazonenses Elias e Duca do Caxangá criam um grupo homônimo por aqui. ‘Seu’ Wilson Paiva, mais conhecido como ‘Tracajá’, que era um dos brincantes do Caprichoso, logo cria seu próprio ‘boi’, o Corre Campo, que fazia apresentações nos pátios das residências cobrando cachê e animando crianças e adultos.
“Depois surgiram o Mina de Ouro, o Garantido e muitos outros que tinham entre seus integrantes jovens figuras da sociedade roraimense da época como o ‘seu’ Avelino, o Ataliba, o Mantinho, o Lamparina, o Aníbal, o Getúlio, o Salomão e eu, entre muitos outros”, lembra Idalmir.
Paralelamente aos ‘bois’ começava a nascer um novo movimento: o das quadrilhas. E foi ‘seu’ Mario Abdala o grande precursor de tudo. Então diretor do jornal “O Átomo”, ‘seu’ Mario começou a organizar as primeiras quadrilhas juninas ainda no final da década de 1950, quando atuava como o grande animador dos grupos que se apresentavam no tradicional Bar das Mangueiras (já extinto), no Centro da cidade.
Além dele, também se destacou o professor Jaber Xaud, que animava as quadrilhas dos clubes Rio Branco, União Operária, Roraima e Iate.
Mas foi o jovem Reginaldo Gomes, na década de 1960, que fez o maior arraial da história de Roraima na época, no quintal da dona Nadir, com a quadrilha Zé Carola, que reunia toda a juventude da Praça da Bandeira. Também tínhamos outros festejos importantes como o arraial da Rafi, da família Bríglia, e as festas do compadre Bem-te-vi.
O caminho das ruas para as escolas foi curto. Em 1972, o próprio Idalmir Cavalcante começa a levar para as escolas as danças de quadrilhas, que passaram a ser a maior atração das festas juninas. Escolas tradicionais como Lobo D’Almada, Penha Brasil, São José, Oswaldo Cruz, entre outras, passaram a formar seus próprios grupos folclóricos.
Em 1984, foi Idalmir quem organizou o primeiro Festival Folclórico reunindo quadrilhas de vários bairros da cidade, algumas delas já extintas, como é o caso dos Pré-Unidos, a Ferrolhão e a Garrafão, entre outras.
A partir dali começam a surgir várias quadrilhas e grupos folclóricos que se mantêm até hoje, como é o caso da Xamêgo Caipira, Zé Monteirão, Garranxê, Xamêgo na Roça, entre tantas outras.
Mas é no começo da década de 1990 que começam a serem organizados os grandes arraiais que permanecem até hoje no calendário junino da cidade.
Em 1991, começou a ser realizado o “Arraiá do Anauá” pelo Governo do Estado. O nome é uma referência ao Parque Anauá, local onde acontece a festa que, a cada ano, recebe uma temática diferente e ‘arrasta’ multidões. A festa esse ano acontece de 24 de junho a 2 de julho.
Em 1993, foi a vez de a Prefeitura começar a organizar o festejo, que quando começou acontecia na Praça Capitão Clóvis e ultimamente vem sendo realizado na Praça Fábio Paracat, no Complexo Ayrton Senna.
Com a criação de tantos festejos começaram a surgir também novas quadrilhas e grupos folclóricos, que participam dos concursos, sobretudo dos dois principais arraiais. Hoje, entre quadrilhas e grupos folclóricos já são mais de 50.
Mas, não importa quem esteja à frente da organização das festas juninas em Boa Vista, o povo vai estar sempre presente comendo pamonha, canjica, mungunzá, churrasquinho, paçoca com banana e arrastando o pé no salão, ao som do forró pé-de-serra, do forró tradicional ou mesmo das bregas do Norte como o calipso.*Deputado estadual e ex-governador de Roraima
Olhe pra frente – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Nossas relações extrafísicas anteriores, determinam nossas relações humanas sadias ou doentias atuais”. (Waldo Vieira)O que significa que não somos mortais. Nossa embalagem corporal é que tem prazo de validade. Enquanto seres de origem racional, que é o que somos, continuamos por aqui num processo de evolução racional. E não adianta você fazer cara feia nem fingir que não acredita nisso.
Porque sua evolução vai depender de como você vê e vive, sua vida. Simples pra dedéu. Tudo que viveremos no futuro vai depender do que aprendemos atualmente, sobre a vida. Já sabemos que hoje será ontem amanhã e que, por isso vamos viver o amanhã, amanhã e não o hoje amanhã. O passado é passado. Dele só nos interessa o que vivemos nele para viver hoje.
Você é o único responsável pela sua vida, seja hoje ou amanhã. E se quiser viver bem, amanhã, aprenda hoje o que vai lhe garantir o bem amanhã. E o bem ou o mal é você quem escolhe. E você tem todo o poder para isso. Mas só quando você começar a acreditar em você mesmo, é que vai começar a entender a vida. Enquanto de origem racional, vivemos num eterno ir e vir. E considera-se eterno porque estamos nesse trânsito há nada mais, nada menos de vinte e uma eternidades. Ainda pensamos que estamos subindo no rumo do céu. Quando na verdade estamos sempre caindo e não subindo. E isso porque a Terra é redonda. Então não tem como você subir.
Vamos refletir um pouco sobre as coisas mais simples que ocorrem no nosso dia a dia. Só quando nos vemos na igualdade descobrimos que os desacertos fazem parte da evolução dos desacertados. Se eles erram, os erros fazem parte do caminho que eles percorrem. E por isso não devemos nos atormentar com as desgraças dos outros. O máximo que podemos e devemos fazer é colaborar para que as coisas entrem nos eixos. E só conseguiremos isso fazendo o melhor que pudermos fazer hoje, para que possamos viver melhor amanhã. Faça isso no seu lar, no seu trabalho ou onde você estiver. Você pode estar colaborando com o desenvolvimento da humanidade apenas com sua boa postura.
Os positivistas dizem, e estão certos, que nem todos os seres humanos fazem parte da humanidade. Da humanidade fazem parte apenas aqueles que fazem o que devem fazer para o desenvolvimento humano. Concordo plenamente. Só quando amamos podemos distribuir amor. E o amor é uma riqueza que não nos custa nada e que podemos distribuí-la sem prejuízo. Nunca cobre retorno pelo amor que você dá. Quando amamos damos amor, e não o vendemos nem emprestamos. Todo amor que você dá retorna pra você. Valorize-se, amando-se. Pense nisso.*[email protected]