Opinião

Opiniao 29 10 2018 7151

A limpeza necessária!

Celso Tracco*

O primeiro turno das eleições de 2018 teve vários perdedores: um deles foi a pesquisa eleitoral, os institutos erraram feio. Declaro não ser adepto às teorias da conspiração. Não creio que os resultados das pesquisas sejam manipulados, no entanto, acredito que as técnicas dessas pesquisas estão ultrapassadas e não refletem o real sentimento do eleitor. Elas erram tanto, que uma das explicações é que “o eleitor deixa para decidir no último momento”. O segundo perdedor foi a grande imprensa, dita, especializada em política. Sem dúvida ela não é mais formadora de opinião, pois afirmou que a renovação do Congresso seria mínima, sequer deu espaço para os partidos “nanicos” ou desconhecidos, cujos candidatos se elegeram em grande número, promoveu debates que tiveram repercussão perto de zero, e em alguns casos, como já aconteceu no passado, agiu com uma indisfarçável parcialidade. As mídias sociais, ainda que timidamente, estão exercendo um papel, cada dia mais relevante, na opinião pública. Parece que estamos longe de compreender, profundamente, esse fenômeno, mas manifestamente ele é importante.

O terceiro grande perdedor foi o anacrônico, ineficiente e corrupto sistema político brasileiro. Os grandes partidos, e seus caciques, fizeram de tudo para que a renovação dos candidatos fosse mínima, perderam e de goleada. A Câmara de Deputados teve a maior renovação desde 1990, perto de 50%, sendo que 20% dos eleitos ocuparão uma cadeira legislativa pela primeira vez. No Senado a mudança não foi uma onda, mas um tsunami. Das 54 vagas em disputa, 46 serão ocupadas por novos nomes. Uma renovação de 85%, a maior de sua história.

Os vencedores foram aqueles que perceberam que a sociedade brasileira anseia por transformação, dentro do Estado de Direito e do respeito às leis vigentes. A população brasileira está cansada de seu dia a dia inseguro com mais de 60.000 assassinatos por ano, outras 50.000 mortes no trânsito, em estradas e cidades abandonadas pelo poder público; de um sistema de saúde precário e desumano; está cansada em saber que mais de 50% dos domicílios não têm tratamento de esgoto; de ser transportada em ônibus e trens lotados; de levar seus filhos para escolas públicas onde os professores estão desmotivados e mal pagos; de conviver com altíssimas taxas de desemprego e de promessas vãs; de ver seu dinheiro ir para privilégios, faraônicas aposentadorias do setor público, gastos infindáveis com mordomias e corrupção, sem retorno para quem quer levar uma vida digna, trabalhar e criar sua família em paz. Esta população não quer saber de ideologias extremistas, nem de direita, nem de esquerda. Quer um país decente, digno, humano e solidário. Deu um primeiro basta, ainda que tímido, pois sabe que tem muito mais sujeira para ser removida. Que seu protagonismo continue crescendo, a limpeza apenas começou!

*Economista e autor do livro Às Margens do Ipiranga – a esperança em sobreviver numa sociedade desigual

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O vácuo do trágico

Tom Zé Albuquerque*

É nítido e notório o estrondoso momento de dependência afetiva presente na sociedade. Esse distúrbio tem gerado uma lacuna entre pessoas, numa competição para disputar quem mais pode estar em evidência na propagação de fatos. Parte do descarrego dessa anomalia está, pasmem, nos aparelhos celulares. Afinal, qual seria o valor de uma foto inédita, exclusiva e de repercussão chocante?

Sejam em restaurantes, aeroportos, cinemas, estádios, festas, enfim, qualquer lugar está fértil para um registro de uma novidade, ou mesmo o popular selfie (palavra do inglês britânico, um neologismo, que define o autorretrato, pois, a foto tirada pela mesma pessoa). Em consideráveis vezes notamos pessoas em eventos estão desesperadas em registrar algo novo – e quanto mais impactante à emoção dos outros, melhor ainda. Prioritariamente registram em série, sem parar, deixando o momento festivo de lado. Ao invés de curtirem, vivenciarem o acontecimento, se divertirem de forma integrativa, preferem fixar os fatos com fotos ou filmagens. Estranho esse tipo de comportamento… a pessoa se preocupar em registrar algo para depois publicar, somente pelo prazer de repassar aos demais, esquecendo de usufruir aquele instante. Estranho mesmo.

Existem situações cruéis que vão além do racional quando as pessoas enveredam para uma preocupação macabra de registrar ocorrências trágicas, acidentes, inclusive fatais. Sim, as pessoas param o que estão fazendo para, por um motivo qualquer e de forma inexplicável, fixar em seu aparelho àquele ou outro fato, como ouvi dias desses de um amalucado rapaz após filmar o esfacelamento de corpos no asfalto: “vai bombar”. E pior, quando as pessoas carecem de ajuda, socorro ou amparo qualquer, o expectador da situação prefere registrar a angústia e o transtorno das pessoas naquele momento, a atenuar o sofrimento do próximo. Em questão de minutos, aquele “furo de imagem” já está sendo compartilhado por milhares de pessoas na rede mundial, através das redes sociais.

Creio que alguma pessoa que se sente bem em registrar uma tragédia (exceto profissionais de imprensa) é alguém que precisa urgentemente de tratamento psiquiátrico. Um afogamento… tudo registrado! Uma colisão com vítimas fatais e despedaçadas… momento gravado! Um suicídio… imagens na íntegra! Filmar ou fotografar um atroz momento desse é típico e originário de pessoas pequenas; uma pessoa repassar essas imagens, então, é algo doentio, uma insanidade. A quem faz bem esse tipo de visualização? Que energia nebulosa é essa de alguém que absorve para si uma imagem tosca de uma morte funesta, voraz aos corações generosos?

Faltam nesses tempos nobreza de sentimentos, respeito ao próximo, seja qual for a situação que ele se encontre. Falta equidade de muitas pessoas na era atual. Falta piedade para com o sofrimento das pessoas. Há muita ausência da sociedade, precisam os seres humanos agirem de forma caridosa; falta afeição, mas sobra egocentrismo. Boa parte da população precisa praticar a faculdade de se colocar na posição do outro.

Estamos cercados de enfermos espirituais, pessoas que não se importam com o que está a acontecer, nem o padecimento a causar às famílias, amigos, colegas… são pessoas muito doentes numa tara descomunal escoada em um registro ao celular. O mundo é cíclico, a colheita obrigatória e o livre-arbítrio aponta sempre para a causalidade. Esse é o consolo único.

*Administrador

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Positivo ou negativo

Vera Sábio*

O texto sem contexto, por vezes nos remete à dedução de que, por exemplo: A vida precisa ser positiva, temos que ser positivos e tudo que é negativo não presta. Como se o negativo fosse o mesmo que pessimismo, o que nem sempre corresponde à verdade. Exame bom, tem resultado negativo. Energia vital vem dos elétrons que são negativos.

Então temos assim a comprovação, do quanto um texto sem contexto, nem sempre traz a reflexão necessária para uma conclusão certa. Quando falamos de saúde, não basta uma suspeita, um exame
simples e um sintoma não muito esclarecido; para que o diagnóstico seja efetivado. É necessária uma investigação acompanhada de multiprofissionais, de exames mais complexos e mesmo de uma biópsia para que não haja dúvida dos fatos e chegue a um resultado mais correto possível.

Afinal com a saúde não se brinca e ninguém está preparado para aceitar que pode estar no fim da vida; por isto a esperança precisa ser declarada, pois enquanto há vida, existe esperança e temos que lutar, com tudo que se pode e se tem.

O errado é contar com a sorte, de braços cruzados, simplesmente torcendo que aquilo que pode acontecer com qualquer pessoa não irá acontecer conosco. Esta ingenuidade, camuflada de medo de encarar as possibilidades e entender que todos somos mortais e podemos ser a qualquer descuido, atingidos.

Assim, muitas doenças graves podem ser evitadas, simplesmente com um exame preventivo; porém, o medo de investigar e por acaso descobrir algo que não gostaríamos de saber, não deixa com que tantas pessoas se cuidem mais e cortem o mal pela raiz. Morrer de câncer de útero e mama está sendo quase uma opção, ainda que diversas vezes inconsciente.

Por isto, não sejas otimista empírico, seja sim, realista e capaz de enfrentar a verdade mediante quaisquer resultados.

É desta forma que temos um planejamento melhor do futuro, uma agenda anual dos exames periódicos e a visita aos médicos para que algo de errado, que possa vir a acontecer, seja descoberto logo no início. Portanto que os exames deem um resultado negativo para todos nós. Menos doenças, menos mortes, menos corrupção e menos violência para todos.

Sejamos ROSA que mesmo com os espinhos se abre e deixa sua beleza e seu perfume a todos.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe, e cega com grande visão interna.

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Quanto vale esse livro?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros.” (Bill Gates)

Nada valeria o computador sem a instrução do usuário instruído. E para que nos instruamos o livro é fundamental. Sem ele nunca seríamos, nem seremos, um povo educado. O computador até já está caminhando para o clube da obsolescência. Tudo bem, mas quando ele, o computador, surgiu e se aperfeiçoou, o mundo inteiro lamentou porque, segundo os “pensadores”, as fábricas de papel iriam à falência. Isso porque todos pensavam que não iríamos precisar mais de escrever no papel. Talvez isso tenha sido um dos motivos exóticos para os administradores públicos negligenciarem tanto com a educação.

Cuide da educação do seu filho. Mas antes você terá que se educar. E para ser uma pessoa educada não basta saber ler e escrever. A educação é muito mais profunda. Está dentro de você. É só você saber externá-la. E isso requer treinamento sutil. E é na sua sutileza que você se mostra. Nada de exibicionismo no saber, para tentar mostrar o quanto você é educado. E a maior e mais eficiente faculdade está na Universidade do Asfalto. Onde muitos estudam, mas não aprendem. E isso porque não estão merecendo ser o que são. Para aprendermos no dia a dia é necessário que saibamos viver cada dia como ele deve ser vivido.

Só quando somos realmente educados sabemos nos valorizar no que realmente somos como seres de origem racional. O que devemos é nos comportar com racionalidade. E são as coisas mais simples que nos tornam importantes quando sabemos usá-las ou valorizá-las. Ontem foi um dia importantíssimo para vivê-lo. Não importa sua condição social, financeira, física, qual a cor de sua pele, ou coisa assim. Não importa se você é citadino ou caipira. O que importa, e muito, é que você seja educado para entender o valor que você tem em sair de sua casa, chalé ou tapiri, para votar. A pessoa mais simples que você é, saiu de sua casa para eleger o Presidente da República. Ele é Presidente, hoje, porque você o escolheu e o elegeu, ontem. O que indica que ele está a seu serviço porque você é um cidadão. O Ronald Reagan, quando era presidente dos Estados Unidos, disse: “O contribuinte é um cara que trabalha para o governo sem ter que prestar concurso.” E só quando somos realmente educados entendemos isso. Nós trabalhamos para o governo e não para o governador. Todos os gastos do governo são mantidos com o nosso dinheiro, e não com o dinheiro do governador. Não faça do seu dever uma obrigação. Seja um cidadão e caminhe na procura do direito e dever de votar, e não na sua obrigação de votar. Pense nisso.

*Articulista

Afonso[email protected]

(95) 99121-1460