Opinião
OPINIAO 30 03 2015 800
O mundo que vivemos – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“O ser humano é o parasita mais monstruoso que existe sobre a face da Terra, em razão dos crimes hediondos que pratica contra as leis da Natureza”. (Do livro Universo em Desencanto – da Cultura Racional)
Bem, estamos no início de mais uma semana e não fique pensando que estou querendo ser grosseiro com você que é tão humano quanto eu. Mas preste atenção nesse detalhe simples. Aposto que você é uma das pessoas civilizadas que não conseguem matar uma formiga; mas adoram um bife bem-passado. Agora reflita: somos, no Brasil, mais de duzentos milhões de habitantes. Já imaginou quantos milhões de vacas foram mortas para que esse bife chegasse até você? Reflita sobre isso. E isso não vai fazer de você, nem de mim que também não consigo matar uma formiga, mas adoro o bife, um monstro. Somos, você e eu, apenas seres humanos que pensamos estar de bem com Deus. Claro que estamos. Porque Ele está tanto em mim quanto em você.
Tentei mudar de assunto, mas não dá. Não sei se você está preocupado com as mudanças climáticas que estão nos judiando. Eu não estou. Elas são inevitáveis e, precisamente, porque somos parasitas humanos. E o importante é que não nos preocupemos com isso, porque faz parte da nossa evolução. Mas também não quer dizer que devamos ficar parados no tempo. Nossas vidas são um eterno vai e vem. E é na nossa próxima volta que devemos continuar na nossa caminhada para nosso retorno. E este nunca será um retorno enquanto estivermos indo e voltando. Sacou? Então, por favor, não cometa o erro de confundir isso com religião, filosofia ou coisas tais. É apenas e simplesmente uma questão de racionalidade.
O mundo todo está nadando numa vulgaridade impressionante, em todos os sentidos. O que estamos confundindo com evolução cultural não é mais do que uma banalidade que nos mantém no carrossel da estagnação. Na evolução tecnológica não estamos mais do que nadando no pantanal do passado. O velho e querido Chacrinha dizia: “Na televisão nada se cria, tudo se copia”. Na vida também somos assim. A ciência nada cria tudo redescobre. Associe-se a isso, a banalidade que, infelizmente, cresce na política mundial. E infelizmente, fazemos parte dela. E ela faz parte do aprimoramento da Natureza que julgamos ser perfeita. E, ingenuamente, nem percebemos que se a Natureza fosse perfeita as flores não murchariam. E enquanto ainda somos ridículos, necessitando da gasolina para mover carros caros e elegantes, que não são mais do que meras amostras em experiência. Viva a vida como ela é. Mas não deixe de fazer sua parte na evolução do mundo. Pense nisso.
*Articulista – [email protected] – 99121-1460
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No centro da vida – Rubens Marchioni*
O mundo está cheio de verdades, como esta que você acaba de ler. Em geral, elas nos são forjadas por instituições como a Igreja e o governo, além do mundo corporativo. Todas têm uma intenção em comum: regulamentar e colocar ordem em nosso cotidiano. Pretendem contribuir para que a vida seja algo possível. Mais do que isso. Empenham-se para que tenhamos a certeza de atingir nossos objetivos mais caros: felicidade e bem-estar pessoal e social, motores que produzem a paz em tempo integral.
Olhando assim, tudo parece perfeito, não fosse por um problema que, em geral, compromete a suposta beleza desse quadro: sem que se dê conta, muitas dessas verdades se transformam em paradigmas, regras imutáveis às quais somos chamados a reverenciar com respeito e submissão. Para o escritor Honoré de Balzac, “Quando todo o mundo é corcunda, o belo porte torna-se a monstruosidade.” Não há como fugir.
Com base nesse engano, o homem é colocado a serviço do sábado, isto é, da lei. No entanto, a criatura só pode estar sujeita ao Criador. Somente quando isso acontece, o planeta recupera a imagem de paraíso perdido, visão sugerida pelo poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca.
Os paradigmas não surgem por acaso, espontaneamente. Têm em raciocínios que boa parte do distinto público não consegue perceber e distinguir, a olho nu, a sua principal matéria prima. Para se tornar ainda mais consistente, eles se servem do excesso de uso do senso comum. Ora, isso faz com que exerçam, com facilidade, todo o poder de que precisam para legitimar discursos e práticas que estão longe de tornar possível a felicidade de todos. Apoiando-se nessa farsa, gente de bem passa a atuar como pessoas “bondosas”, enquanto obrigam a velhinha a atravessar a rua sem se importarem se esse também é o desejo dela. Apenas para citar um exemplo, a escritora americana Marilyn Ferguson, mais conhecida por sua obra “A conspiração aquariana” [1980], afirma que “No novo paradigma o trabalho é um veículo de transformação.” Mas uma pregunta se torna imperativa: transformação do que para quem? Como se pode perceber, o mundo fica de cabeça para baixo.
A paz e a felicidade não são frutos de imposições. Elas nascem do exercício de uma vontade livre e consciente, que sempre coloca o homem no centro da vida. Eis o primeiro passo para uma vida sustentável.
*Publicitário, jornalista e escritor. [email protected]
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Ler para quê? – Tom Zé Albuquerque*
Qual a utilidade de ler? Por que os brasileiros leem tão pouco? Como transformar as crianças em leitores assíduas? Essas são apenas algumas das dezenas de inquirições que comumente são feitas por pequena parte da sociedade no Brasil, educadores ou não.
Em 2012, numa pesquisa intitulada de “Retratos da Leitura no Brasil”, promovida pelo Instituto Pró-livro, foi divulgado que o brasileiro lê em média e integralmente apenas 2,1 livros por ano (incluindo os livros escolares obrigatórios que exigem “notas para passar de ano”). Os que não têm o hábito de ler encontram-se na base da pirâmide social: são pessoas de idade mais avançada. Elencam como principais bloqueios à leitura, pasmem, a alfabetização precária seguida do desinteresse e falta de tempo. Mais grave ainda o que foi apontado pelo mesmo estudo ao detectar que 75% dos brasileiros nunca foram a uma biblioteca, e a frequência nesses espaços nos últimos anos caiu de 10% para 7%. Além disso, a maioria dos brasileiros disse não ter motivação para passar a frequentá-la.
É sabido que o brasileiro lê pouco, e lê mal. Todos os instrumentos de avaliação apontam isso. Há alguns anos, o Brasil participou pela primeira vez no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA, aglutinando estudantes entre 15 e 16 anos de 32 países. Por questões óbvias, os jovens brasileiros obtiveram o último lugar no ranking. Mais da metade deles alcançou apenas níveis 1 e 2 de leitura, de um parâmetro de 5; ou seja, os brasileiros sequer conseguiam reconhecer a ideia principal de um texto, extrair informações a serem inferidas, estabelecer relações entre um texto e outro, mal conseguiram decifrar gráficos ou diagramas simplórios.
No mesmo flanco, tanto o ENEM quanto o SAEB alojam os alunos do 3º ano do Ensino Médio em estágios “muito crítico” e “crítico” de desenvolvimento de habilidades e competências em Língua Portuguesa, com sérios entraves em leitura e interpretação de texto. Estes estudantes não conseguem, entre outras naturalidades, estabelecer relações de causa e consequência, identificar expressões ou enxergar colocações irônicas.
Resultam nesse caos o inacreditável dado do último ENEM, por 529 mil candidatos terem tirado zero na redação. Isso é estarrecedor!
É certo que uma educação desqualificada e a ausência de investimentos e de metodologias eficazes no sistema educacional acarretam em uma sociedade com minguado senso crítico, o que satisfaz nas urnas o modelo político atual. Mudança cultural da sociedade brasileira que fomente o compartilhamento de informações através de livros, e programas que abranjam várias faixas etárias que desenvolvam nas pessoas o hábito da leitura é esperar demais de um país cujo ex-presidente Lula da Silva profere pra todo brasileiro ouvir que “ler é chato”. Imagine uma criança ouvindo isso do Presidente da República de um país. É por isso, entre outras mazelas sociais, que bem sucedido economicamente no Brasil ou é jogador de futebol, ou traficante, ou político enrolado com esquema de corrupção, ou cantor sertanejo. Ora, ler, portanto, é perda de tempo.
Detalhes do dia-a-dia retratam a olho nu essa cruel realidade. Na capital mais setentrional do Brasil, a sociedade faz festa com a chegada de dois empreendimentos tão devaneados por muitos. No interior de cada shopping center… nenhuma livraria. Isso mesmo, se o frequentador residente na segunda cidade mais universitária do país quiser adquirir um livro nos dois centros de compras ali instalados, não haverá uma loja sequer de venda de livros. Provavelmente não é por falta de visão empreendedora ou disponibilidade de espaço, é falta de clientes mesmo.
*Administrador – [email protected]
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NEM DE FAZ-DE-CONTA – Rubens Marchioni*
Ser apenas meio intelectual? Impossível. Entretanto, vá dizer isso ao Paulo Ignássio. Impossível também. Ele se nega a entender coisas assim, que não exigem pós-doutorado em Filosofia na Alemanha e até eu já entendi.
Durante uma conversa, faço-lhe o desafio: – Pergunte a um escritor se ele consegue deixar de ter habilidade no trato com as palavras. A um arquiteto, se ao entrar em uma casa ou escritório, tem o poder de se desligar de todos os seus conhecimentos sobre o assunto e manter isenção absoluta.
E o livre-docente? Conseguiria pensar, agir e falar como analfabeto? Ainda que insista, essa decisão sempre estará profundamente marcada por toda a sua intensa cultura, no mais das vezes, obtida na escola. Ou seja, até mesmo na opção pela ausência se manifesta toda a sua presença. Disso não há como fugir.
Existem marcas, na vida de uma pessoa, que, uma vez adquiridas, não se apagam jamais. Mesmo assim, Paulo Ignássio vive pedindo às pessoas para que sejam menos intelectuais, menos isso, menos aquilo.
Atendê-lo? É possível. Um dos caminhos é a amnésia. O outro, pede missa de sétimo dia. Mas nem é saudável falar sobre isso agora.
*Publicitário, jornalista e escritor. – [email protected]
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ESPAÇO DO LEITOR
EQUOTERAPIA
“Se a governadora recebeu o governo com o Centro de Equoterapia já paralisado, por que não incluiu no processo seletivo ou criou outro processo em paralelo? Quantas e quantas vezes observei o trabalho destes profissionais que, na verdade, se doam para as crianças. Ou o governo atual paralisou as atividades ou fechou os olhos para o Centro de Equoterapia, que já estava paralisado anteriormente”, comentou o internauta Shesman Silva sobre a paralisação das atividades do Centro de Equoterapia.
GREVE 1
O internauta Angelino Barreto Alves comentou que não é contra a greve dos professores, que teve início na semana retrasada. “Na verdade, apoio a ideia de que as pessoas que têm direitos devem recebê-los. E, para mim, professor vale mais que um médico. Mas vejo a quantidade de professores reunidos e até na foto se vê que não há quase ninguém. Passei lá no dia e parecia que não havia nem 300 pessoas. Aí fica difícil acreditar nessa greve”, disse.
GREVE 2
“De um lado, o governo fecha as portas e pede para esperar; do outro, parece que é só mais um período de folga na Semana Santa para os professores. Eles, os professores, têm direito, e o que pedem não chega nem perto do que seria justo receberem, mas acredito que deveriam estar mais presentes para reivindicarem seus direitos”, afirmou Angelino Barreto Alves.
GREVE 3
O internauta disse ainda que apoia a ideia do corte na folha de ponto daqueles que não foram para a Praça do Centro Cívico exigir seus direitos. “Nem vou falar nada do governo, pois dá até vergonha. Essa greve nem deveria existir. Era para aprovar na hora o que os professores pedem, pois alunos sem aulas indica que o progresso e a evolução intelectual estão parados. Se o profissional recebesse o que é justo, ele não faria greve. É o que eu penso”, afirmou.