Opinião

Opiniao 30 06 2015 1150

O último solo de trombone – Walber Aguiar*“E nossa história não está pelo avesso assim, sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar” Renato RussoEra inverno. Uma calma comum a todos os invernos. Calmo até demais. Nesse tempo de reflexão e encanto, de frio e de placidez existencial, ele se foi. Foi, mas deixou o trombone, a dor, o exemplo, a ética, a sensibilidade. Deixou o convívio dos seus e um sentimento de vazio quase impreenchível.

Muitos não acreditavam, outros se rendiam ao fenômeno mais estranhamente absurdo que acomete a todos: porque tudo que é vivo morre, no entender do grande Ariano Suassuna. Genner reusava-se a entrar na sala de velório, tamanha a dor e a incredulidade presentes no peito.

Mas ele estava ali, inerte, sem vida, com um estranho sorriso nos lábios. Seu Genésio morreu sem sofrer, viveu como bem entendeu viver e amou a todos que cruzaram seu caminho; inclusive o inesquecível Dorval de Magalhães, aquele que tinha enorme admiração por meu pai. Aquele que dizia que se todos fossem Genésios, não precisaríamos de polícia nem de justiça. Isso porque o homem do trombone era honrado, respeitado, orgulhoso de nunca ter faltado a um dia de serviço sequer. Daí ter recebido a Comenda dos Pioneiros de Roraima, a medalha da Ordem do Rio Branco, na Assembleia Legislativa do Estado.

Estavam todos ali, reverenciando a figura, o legado histórico do homem que garimpou pedras brutas, transformando cada uma delas em objeto precioso. Ali estava Cleres, a filha dedicada, Creyse, a filha amada, Charles, Genner, Giangleide, Giovama, filha do coração, o clã dos Martins, na figura de Nadir, Paulo, Magno Nádia, nego Amadeu, Necy e Neca.

Um a um os visitantes, amigos, filhos, como Márcio Henrique, se aproximavam daquela geografia de amor e de saudade. Ângela Portela, visivelmente emocionada, também estava lá, com Fabíola, Cleiuza e Ailton Wanderley. Dos filhos de Iolanda Torreias, José Barbosa Júnior, acenou com o coração miúdo seus mais sinceros sentimentos. Depois Lenize, Moacir e  Márcio também o fizeram.

Marcelo Ribeiro, extremamente emocionado, e Rosemberg também estiveram presentes ao evento, juntamente com Adejalmo Abadi, Clarinha, Maria Júlia e Norma. Ali, naquele espaço reservado à morte, a vida escorreu como as águas que caíam do céu, com força e grande assombro. Para minha surpresa, Vivaldo Barbosa, com o coração apertado, também prestou sua última homenagem ao grande maestro da vida, ao músico que tocava os corações empedernidos pela dura realidade.

Maria Júlia escreveu um desabafo, lido pelo pai, com a voz embargada.  Mas,  a maior de todas as homenagens foram a enlevo musical, a sensibilidade artística, o toque da musicalidade, daquilo que fez de Genésio o grande homem que foi e vai continuar sendo, na memória dos amigos, parentes, músicos e   alunos do Ana Libória, Lobo D’almada e Penha Brasil.

Ali, na geografia de Tanatos, o deus grego da morte, foi realizado um dos acontecimentos mais sublimes para seu Genésio: o último solo de um trombone triste, a chorar todas as mágoas, fascínios, encantos e alegrias que recebemos do grande maestro da vida.Descanse em paz, meu velho. Um dia desses, de frio e nostalgia, nos encontraremos no salão iluminado da grande orquestra celestial. E aí, a música nunca mais vai parar….

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]——————————-Igreja não é empresa – Marlene de Andrade*O rápido crescimento das igrejas neopentencostais, a partir dos anos 70, tem se dado devido à ênfase na teologia da prosperidade, fato esse bastante lamentável. Essa vertente do cristianismo se caracteriza pelo uso da mídia, liberalismo e das grandes campanhas de prosperidade, cujo foco principal não tem sido Deus, e sim o homem, pleiteando libertação dos seus problemas, principalmente o financeiro. As pessoas, em geral, querem prosperar e tal fato não é errado. É válido ter prosperidade financeira, porém o cristianismo genuíno não prioriza os bens terrenos. Uma pessoa pobre pode ser muito mais próspera do que alguém “muito bem sucedido” na vida. Tanto isso é verdade que inúmeros milionários se suicidam, ou  entram no mundo das drogas de maneira degradante.

Infelizmente, essas verdades não são esclarecidas dentro dessas igrejas.

A vida cristã é dura, pois envolve renúncia de uma vida pecaminosa e poucos querem renunciar ao pecado. Não é fácil ser cristão dentro dos moldes bíblicos. Nesse contexto, Paulo asseverou: “Tudo posso naquele que me fortalece…”. Ora, sendo assim, posso adoecer, ser perseguido por causa de Cristo, perder todos os meus entes queridos e, entre outros, perder meus bens materiais, pois sei que Deus me ajuda a enfrentar toda e qualquer adversidade.

Quem não quer possuir uma casa luxuosa, carro do ano e entre outras coisas, uma polpuda conta bancária? Isto não é errado, porém, esse não pode ser o foco principal da vida cristã. Aliás, viver com Cristo e para Cristo é difícil, pois o cristão realmente convertido a Jesus sabe que veio ao mundo para conhecer, adorar, louvar e servir ao Senhor todos os dias de sua vida e não para tão somente se enriquecer de bens materiais como pregam as igrejas neopentecostais.

Essas igrejas mostram que andar com Cristo é muito bom porque, dessa forma, e de um dia para o outro, se enriquecerão, todavia isso não é verdade. Aliás, prosperidade nada tem a ver com enriquecimento financeiro. Além do mais, entre o povo de Deus pode haver pessoas muito ricas, mas também pessoas pobres e serem todas elas igualmente prósperas.

Portanto, a teologia da prosperidade dá ênfase ao enriquecimento como sendo um sinal de bênção divina e esse modelo ajudou atrair muitas pessoas para dentro dessas denominações totalmente desvirtuadas dos ensinos bíblicos e que exploram a boa-fé das pessoas, as quais, como seus líderes, possuem a esperança de também se enriquecerem de bens materiais.

“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:12-14).

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMThttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47————————————Êta feriadão!!! – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A vida é a maior de todas as artes. Quisera ir além e dizer que o homem que mais se aproxima da perfeição é o maior artista”. (Gandhi)Não sei como você viveu seu feriado, ontem. Eu vivi o maior ensaio artístico para aprender como viver a vida como uma arte. Preste bem atenção a isso. Como você se sentiria, no meu lugar? Acordei tarde porque era feriado. Dia do Pedrão. Aí acordei realmente. Quase pulei da cama quando me lembrei de que era o dia em que Alexandre e eu chegamos a Roraima. Acho que já falei disso aqui, de como saímos do Rio de Janeiro diretamente para o Bonfim. Mas viemos parar em Boa Vista. Mas só paramos e continuamos a viagem até o Bonfim, aonde chegamos a uma hora da manhã do dia vinte e nove de junho de oitenta e um. Olhei pro teto e sorri. Levantei-me e foi aí que o dia começou.

Cometi o erro de abrir minha carteira. Não havia nenhuma cédula nem moeda, lá dentro. Cocei a cabeça, levantei-me e fui tentar coçar alguma coisa no caixa eletrônico. Minha neta, Paloma, decidiu me dar carona até ao banco. Mas, para não decepcioná-la, resolvi ficar na Folha. Paloma saiu e saí a pé, sem ela saber, claro, até ao banco. E foi aí que a jiripoca piou. Nenhum caixa aceitou meu cartão. Um não me respondeu; outro não aceitou a senha. E pra não bloquear o cartão, resolvi ir à agência lá no centro da cidade. E tudo isso a pé. Tentei o primeiro caixa. O mesmo problema; o segundo não deu resposta. Tentei o terceiro, sem resultado positivo.

Parei, caminhei de cá pra lá, de lá pra cá e resolvi tentar novamente. Tudo caminhou bem. Só que já nervoso, digitei a senha errada. Parei, respirei fundo e tentei novamente. Deu certo. O dinheiro saiu. Mas era dia do Pedrão. E acho que o cara não vai com minha cara. Quando fui conferir as três cédulas retiradas, uma estava partida quase no meio. Estava ali pouco mais da metade da cédula de vinte reais. Não tinha ninguém a quem eu pudesse comunicar o prejuízo. Voltei para casa feliz e sorrindo, apesar do prejuízo.

Era quase meio-dia e saí pela rua, quase correndo porque ainda tinha que pegar o jornal na Folha e este fecha ao meio-dia nos feriados. O sol era abrasador. Quase correndo e já em frente à igreja, alguém falou de dentro de um carro:

– Oi, mestre!!!

Virei-me e fiquei feliz. Era minha queridíssima amiga Sheneville. Apertamos as mãos nos desejando um bom feriado e saí quase correndo. Cheguei ao Jornal já na hora de fechar. Peguei o jornal e saí pra casa. Entrei suado e cansado. E tomei uma bronca porque fiquei muito tempo na rua sem avisar onde estava. Pode haver um feriado mais Pedrão? Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460———————————-    ESPAÇO DO LEITORFEIRA 1Elciane Rodrigues enviou o seguinte comentário: “Está difícil ir à Feira do Produtor em razão da alta dos preços nos últimos meses. Antes o vilão que eram a cebola e o tomate, que abriram espaço para o maço de cheiro verde, que está custando R$ 3,00. Antes a desculpa era o período de estiagem que estava onerando a produção, mas agora, no período do inverno, em menos de um mês ocorreu uma alta nos preços de alguns produtos”.FEIRA 2O leitor Gleison Matos relatou que, nos finais de semana, está insuportável ir ao Mercado de São Francisco por conta de um container que fica de sexta a domingo sem ser recolhido o lixo. “O mau cheiro toma conta de todo o espaço e fica impossível tomar café com a família nessas condições. A informação repassada pela direção do local é que existe uma empresa contratada para fazer este recolhimento, mas o ideal seria que fosse programada a retirada logo no período da manhã”, frisou.GINÁSIOMoradores do bairro Nova Cidade reclamaram das condições em que se encontra a Escola Fagundes Varela, onde parte da quadra do ginásio desabou na semana passada. “A sorte foi que tudo aconteceu no período noturno e nenhuma criança se encontrava próximo ao local. Além de parte da quadra desabar, a estrutura do prédio está toda comprometida. Os alunos reclamam bastante. Infelizmente, esta é mais uma unidade escolar que está abandonada há mais de cinco anos pela gestão anterior”, frisou um morador.BENZETACILLeitores enviaram o seguinte e-mail: “Já faz um tempo que procuramos, na rede pública, injeções de benzetacil receitada pelo médico para tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Mas a informação recebida é que as injeções ainda estão em falta. Para quem pode comprar nas farmácias, uma ampola está variando de R$ 13,00 a R$ 15,00. Quem não pode comprar tem que esperar a morosidade no abastecimento dos postos de saúde e ambulatórios”.