Opinião

Opiniao 30 08 2016 2908

Memórias de um menino do interior – Walber Aguiar*E há tempos o encanto está ausenteE há ferrugem nos sorrisos…Renato RussoEstava em Portugal.  De repente, a notícia. Era madrugada de junho. Tempo de reflexão e muita água acumulada acima de nossas cabeças. Também era o momento de correr na chuva, de observar o voo camicase dos insetos na direção da vida e da morte. Alguém comunicava a partida de Giovanni Campos. Já de manhã os sinos dobravam em memória de um cara simples, esperto e autêntico.

Mais um legionário, um fã da Legião urbana se fora, juntamente com Renato Russo, o grande poeta da juventude brasileira. Aquele que cantava “giz” em silêncio, silenciava agora diante de tudo aquilo que vivera até então. Mineiro, veio de São João Del Rey, instalando-se na Confiança, situada no município do Cantá. Passou pela cidade, onde fez amigos. Arlis, Eduardo, Fábio Campos, seu irmão, Fagner, também irmão, Capeta, e tantos outros do bairro Sílvio Leite. No Cambará também fez diversas amizades. Major, um outro legionário, foi um deles.

Mas, embora tenha estudado e trabalhado, a sociedade o excluiu drasticamente. A sociedade hipócrita que condena sem julgamento e absolve pela aparência e condição financeira favorável, continua varrendo o próprio lixo pra debaixo do tapete. Trabalhou por um tempo, mas não conseguiu se fixar, graças ao declínio e crise das empresas por onde passou.

Menino inteligente, experimentou de tudo. À semelhança do poeta Salomão, o filósofo do livro de Eclesiastes. Do homem que dizia que tudo é vaidade e correr atrás do vento. Do pregador que disse ser a vida uma bobagem. Tomate era dado a filosofar, a aprofundar-se na vida através de tiradas filosóficas, de palavras que faziam rir, chorar e pensar. Daí o gosto por Legião Urbana, Cazuza. CharllieBrpwn, o Chorão, Raulzito, Scorpion, Guns’Roses e tantos outros malucos sábios que nos incitam ao pensamento e à reflexão.

Jogava bola e estava sempre pronto para viver paixões e amores reprimidos. Mas, soube viver, embora tenha experimentado altos e baixos no campeonato da vida.

Estava em Portugal. Amando e sendo amado. Recebi a notícia de sua morte; O menino mais autêntico que conheci estava agora junto do grande filósofo, daquele que o ensinou que a vida pode ser maravilhosa… e simples…

Não consegui mais dormir. Consegui apenas chorar e poetizar um pouco mais minha tristeza…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]—————————————

Audiência de custódia – Marlene de Andrade*“A justiça engradece a nação, mas o pecado é uma vergonha para qualquer povo.” (Provérbios 14: 34).Audiência de Custódia tem uma finalidade importante e essa foi a forma que encontraram para apresentar o preso ao juiz quando se tratar de casos de prisão em flagrante. Esse expediente visa a economia de recursos no sistema prisional e também a diminuição do número de presos nas cadeias e penitenciárias.

É evidente, que existem pessoas que são presas inocentemente, porém presenciei um caso de furto que acabou virando um flagrante e sabe o que ocorreu? A polícia chegou, levou o criminoso, mas ele mesmo tendo antecedentes criminais, não foi preso, mas muito pelo contrário, foi liberado desse referido flagrante e aí, o que dizer disso? Furtou e foi pego em flagrante, na minha cabeça só tem uma coisa a se fazer: cadeia para o bandido e sem água açucarada, ainda mais se houver antecedentes criminais.

Não sou a favor de maus-tratos e nem pancadarias, mas não ficar preso é demais para qualquer pessoa, minimamente pensante. É verdade, que o sistema prisional brasileiro faliu e aí por causa disso vamos ter que aguentar conviver com os facínoras soltos? Será que já não bastam as fugas de presos em massa? Sendo assim, é a população que está enclausurada, ou seja, há hoje uma verdadeira inversão de valores: bandido solto e a população presa.

Ora, se houve crime mesmo e o delinquente foi preso em flagrante, o juiz tem mais é que optar pela prisão do bandido. Sei que é importante humanizar o sistema prisional, porém não podemos mais suportar o alto índice de assaltos, arrombamentos e outros crimes terríveis que acontecem no dia a dia de nosso país.

E não venham me dizer que quanto menos presos menos despesas iremos dar aos cofres públicos, porque isso para mim é falácia perniciosa e uma desculpa esfarrapada. E tem mais, preso tem que trabalhar dentro do presídio para manter-se. Chega de protecionismo para pessoas perversas que só vieram ao mundo para fazer o mal.

Se as autoridades da terra não forem justas, a Justiça de Deus pode tardar, mas jamais falhará. Neste contexto, vejamos o que nos diz o livro de Eclesiastes: “Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” (Eclesiastes12: 14).

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT e técnica de Segurança no Trabalho/Senaihttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47Tel.: 95-36243445——————————————Eu em mim – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Finalmente ria das coisas à sua volta, ria de seus problemas, de seus erros, ria da vida. A gente começa a ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo”. (Aristóteles Onassis)No processo de evolução humana devemos nos procurar dentro de nós mesmos. Tudo de que necessitamos está em nós. “O reino de Deus está dentro de nós”. (Lucas 17:21). Não precisamos sair por aí procurando a felicidade. Ela está onde estamos. E se é assim, por que perder tempo com coisas desagradáveis? Elas fazem parte da evolução. Se há coisas boas e agradáveis não perca tempo com as ruins e desagradáveis. As desagradáveis normalmente são vulgares e desnecessárias. Presos que são presos porque matam gato, jovem que é detida no exterior porque é menor de idade, e coisas análogas.

O ser humano não muda apenas a humanidade evolui dentro do processo racional. E apenas uma pequeníssima parte da humanidade está preparada para acompanhar a evolução. E isso independe da classe ou posição social de cada um. “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. Portanto, é com a madeira que devemos nos preocupar. E nesse caso, a preocupação é de cada um por si mesmo. Tudo depende de nossa evolução racional.

Esse papo é para me posicionar diante daquele momento que vivi em São Paulo, com aquela senhora que deixou o envelope cair da bolsa. Ela assustou-se quando a chamei para lhe entrega o envelope. Dia desses, eu vinha da Folha, pela manhã, quando duas mulheres, em bicicletas, ficaram me rodeando, me cercaram e uma delas falou:

– Moço… Nós estamos procurando emprego. Será que podemos dar uma olhadinha nesse Classificado pra ver se encontramos algo?

Sorri, falei que sim, dei o jornal pra elas, elas sorriram e saíram, aparentando desconcerto. Pensando que eu ia seguir pela Lobo D’almada, elas entraram pela Gaúcho Dias e ficaram paradas em frente à minha casa. Quando entrei na Gaúcho, elas ficaram sem graça, aproximaram-se e falaram rindo:

– É o seguinte: o senhor não observou não? Quando nós paramos pra falar com o senhor, aquela mulher da casa da frente ficou apavorada pensando que nós íamos assaltar o senhor. Pode?

– Pode, sim. Tá todo mundo maluco.

Rimos bastante e elas se foram, levando o Classificado para procurar o emprego.

Vamos mudar o mundo, mas só se mudarmos primeiro a nós mesmos. Afinal vivemos num mundo nada racional. E como seres humanos, apenas humanos, mas de origem racional, precisamos descobrir nossa origem para voltarmos a ser o que realmente somos. Vamos sair desse pantanal de lodo em que vivemos, e partir para a racionalidade. Pense nisso.

*Articulista [email protected]    99121-1460