Vivendo o vivido – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Os pontos de cultura são a bolsa família das entidades, dos valores, dos significados e da imaginação criativa dos que são maioria, mas tinham se tornado minoria silenciada”. (Emir Sader)Sempre que assisto a um evento relacionado com a cultura, fico refletindo sobre o pensamento do Emir Sader. Os pontos de cultura tiraram o Brasil de uma sonolência esmagadora sobre o valor da cultura silenciada pelos “cultos”. Sábado à noite assisti ao “I Fest Foto Amazônia”. Assistindo, sentado quietinho, fiquei me lembrando dos momentos vividos no desenvolvimento cultural, acelerado pelos Pontos de Cultura, Brasil afora. Fiquei feliz em ver o desenvolvimento no crescimento da fotografia em Roraima. Tenho grandes amigos, em Boa Vista, profissionais de alto nível na fotografia.
Você nem imagina o quanto me senti feliz em me encontrar com amigos como Antônio Bentes, Jorge Macedo, Pavani, Adilson Brilhante, Wank Carmo e tantos outros que me orgulham. Mas só depois é que vou te contar a gafe que cometi com o Bentes. Tomara que ele não tenha percebido. Mesmo porque é hábito meu. Mas deixa pra lá. Vamos viver nossos momentos já vividos. E muitos deles estão ligados a atividades dos Pontos de Cultura. Uma pena que ainda vivamos num ambiente do “já teve”.
Fiquei triste quando me toquei o quanto ando afastado desse pessoal. São presenças que me trazem momentos de recordações e lembranças que não quero nem vou jogar no baú. Meu abração a todos os fotógrafos visitantes que nos deram uma demonstração do quanto estamos caminhando para um profissionalismo já existente, mas que ainda tem que se afastar das sombras do desprezo à arte, demonstrado pelo poder público que não está nem aí para o assunto. Mas voltemos à grandeza do trabalho desempenhado pelos artistas da fotografia. Pelo que vi na reunião de sábado à noite, só temos que nos orgulhar pelo trabalho árduo dos nossos heróis da beleza.
Mas beleza mesmo foi o que ouvi do Marcelo Seixas, durante o intervalo. Ele aproximou-se de mim, curvou-se o suficiente para alcançar meu ouvido e falou, não se escondendo, mas devido ao barulho do local; esticou o braço com o dedo em riste, fez um giro apontando para as salas do ambiente da cultura e falou, referindo-se à cultura:
– Mestre… tudo isso aqui só existe devido ao nosso trabalho árduo… foi ou não foi?
Ele se referia a nossas atividades no Fórum de Cultura do Estado. E como não tínhamos local nem tempo para um papo maior sobre o assunto, apenas sorri-lhe com sinceridade e meneei a cabeça confirmando. Ele sorriu feliz, tocou no meu ombro e afastou-se. Pense nisso.*[email protected]————————————–O fútil cômico – Tom Zé Albuquerque*Os jornais divulgaram e não me contive em analisar a veracidade, afinal, difícil de acreditar em temática tão esdrúxula: a revista Forbes divulgou as 25 celebridades mais influentes para a sociedade brasileira; atenção… INFLUENTES neste país da arruaça. O resultado foi algo, digamos assim… execrável.
Quando se imaginava que os selecionados fossem literários, poetas, grandes empreendedores, estudantes-destaque, cientistas, homens públicos éticos (sim, sei que isso é raro), eis que aparece encabeçando a lista o jogador de futebol Neymar. Do ponto de vista lógico, a pesquisa tem razão (num país de corruptos), visto que esse rapaz está sendo processado na Espanha por quebra de divisas, desvio de numerário e sonegação de impostos. Ao contrário do que ocorre fartamente aqui no Brasil, lá, quem sonega se apropriando de dinheiro público, é punido. Essa mesma celebridade da bola é o retrato da desonestidade quando exerce o seu ofício simulando faltas, falseando situações induzindo os árbitros ao erro para se beneficiar de forma descarada em campo, através de sua burla. Isso é que é influência…
E o segundo lugar ficou para a modelo-raquítica Gisele Bündchen, outro produto da mídia que não sei bem o porquê ela influencia os brasileiros. Deve ser por causa da propaganda de produtos para cabelo, ou por fazer publicidade de televisão por assinatura, ou porque chora em programa televisivo. Essa garota, aliás, é dona de frases emblemáticas, tais como: “EU vim para Nova York, fiz um trabalho aqui, outro ali… depois de seis meses eu me tornei. Ah, sei lá. Eu me tornei eu!”; “Nunca calo a boca. Se fosse repórter, eu faria as perguntas e daria as respostas ao mesmo tempo”; “Vou fazer 22 anos. Estou ficando velha”; “Sinto não ter curso universitário, pois vai que acontece alguma e eu não terei direito à cela especial”. Só para lembrar, essa é, segundo a Forbes, a segunda pessoa mais influente do país do petrolão.
O terceiro lugar na lista daqueles que afetam a sociedade brasileira ficou para um senhor que comanda um programa televisivo onde as pessoas ficam a cozinhar. Isso mesmo, a terceira pessoa mais influente do Brasil é um homem que julga ou aponta quem cozinha melhor. Parece brincadeira, mas não é. Pouco interessa quem são os julgadores delirantes desta revista, o que me preocupa são os parâmetros utilizados para se definir “influentes”. Ora, mas já foi pior, porque estiveram em lista Ana Mara Braga, Luciano Huck e Luan Santanna, três “artistas” bizarros. É ou não é humor sem graça?
Num país que participantes de reality show são tachados de heróis, professor é chamado de “tio” e treinador de futebol é “professor” não podemos crer que algo de construtivo possa se destacar numa revista de seleção com critérios duvidosos. No Brasil, os bares viram a noite abertos e lotados de pessoas embriagadas, enquanto em países desenvolvidos livrarias e cafés varam a madrugada. A educação brasileira virou piada pronta – de propósito – e o resultado consiste em uma funkeira ter sido eleita filósofa; alunos adolescentes terem dificuldade de interpretar textos básicos; e profissionais despreparados abarrotam o mercado.
O Brasil é o país da futilidade, das banalidades. Exalta-se o superficial, aquilo que é efêmero e vulgar. Por isso teatros são espaços inexistentes ou inacessíveis para maioria da população brasileira. Ler não é hábito para mais de 80% dos brasileiros. E nesses tempos, milhões de pessoas no país se excitam com a iminência do carnaval. Mais um indício que a lista forbiana tem foco. *Administrador – email: [email protected]———————————–GOLPISTAS” INGLORIOUS – Percival Puggina*No tempo em que com prazer se viajava de carro pelo Brasil, houve um período em que não era incomum cruzar-se por postos ocupados por bonecos de madeira, com a farda da PRF. Na posição ereta e atenta, o boneco transmitia a quem se aproximasse a sensação de estar sob vigilância da autoridade policial. Eram todos gêmeos idênticos e, na imagem que me ficou, usavam bigode. Com o tempo, tornavam-se fisionomias conhecidas dos viajantes. Tenho me lembrado muito de tais bonecos nestes meses em que contemplo severa inatividade em instituições da República.
Considero-me dispensado de apresentar números porque a realidade é mais expressiva do que qualquer indicador registrado em numerais. As pessoas sentem. As pessoas sabem. No dia 9 deste mês, o jornalista Gilberto Simões Pires, em sua coluna no blog pontocritico.com, chamou a atenção para o fato de que no corrente ano, até este momento, segundo dados do próprio governo, foram fechados 1,3 milhão de postos de trabalho. Nenhum no setor público. Encolhe o setor produtivo, mas o outro, por ele mantido, não toma conhecimento. Fica evidente a existência de enorme dissintonia entre ambos. Um deles situa-se fora do Brasil real. Diante da crise econômica, política e moral instalada no país, os mais elevados estamentos das instituições de Estado parecem povoados por bonecos de madeira, de terno e gravata, em atitude solene, dedicados à tarefa de fazer de conta. Ressalvadas as dignas, devidas e insuficientes exceções, o mundo oficial transmite à sociedade essa sensação de teatro de fantoches fora de temporada.
O governo – é o que se lê – está mais preocupado com a imagem da oposição do que com o país. Seus mastins de guarda e fabricantes de versões decidiram que 93% da população brasileira é formada por “golpistas” inglorious. E ingratos. De fato, a imensa maioria dos brasileiros quer ver pelas costas um governo que não tem coragem de olhá-los de frente. Segundo o governo, que bem sabe como chegou lá, esta nação esqueceu as supostas grandes realizações levadas a cabo no início do século, exatamente para onde seus desacertos, nos últimos anos, fazem recuar a atividade econômica, a inflação, o desemprego e a imagem externa do país.
“E as instituições? E o mundo oficial?”, perguntará o leitor atento a estas entristecidas linhas. Pois feitas as escassas exceções mencionadas acima, comportam-se como bonecos de madeira, com rosto do mesmo material.*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor————————————PÉ NA JACA – Vera Sábio*Ainda não é tempo de acusar a nova gestão do nosso Estado, acho que para tudo há um tempo, e espero que este tempo não chegue. Todavia “chupa esta manga”.
Normalmente gosto de identificar, mesmo entrelinhas, sobre quem me refiro em meus textos. Desta vez não quero revelar o santo, simplesmente por um pedido do mesmo, que além do constrangimento sofrido, riscos corridos, ainda pode ser motivo de chacota, pelo que aconteceu.
Dentre tantos acidentes que levam ao óbito, este foi mais um, não merecendo destaque, visto que a desgraça está tão corriqueira que já estamos a banalizando.
Desta vez, um grupo de amigos aproximaram-se do lado de trás do Hospital Geral, perto do portão de entrada das ambulâncias para verificar o óbito. Quando literalmente, um deles colocou o “pé na jaca”.
O esgoto do hospital estava ali passando tranquilamente e proporcionando que alguém que se aproximasse da grade do hospital fosse levado por ele.
Pense a manchete: A falta de manutenção do único Hospital Geral de Roraima leva indivíduo que se aproxima da grade do hospital para verificar a morte de um amigocair dentro do esgoto e ter vários problemas de saúde decorrentes do acontecido.
Onde chegamos!
A corrupção desmedida que gera a morte em massa, pelo precário atendimento na saúde pública torna vulnerável aqueles que se aproximarem do hospital.
Onde pararemos? Que Estado é este? Cadê a justiça?
O jeito é aguardar que a nova gestão tenha um sentimento mais “humano” pela nossa população, fazendo com que possamos “tirar o pé da jaca”.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega
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ESPAÇO DO LEITOR
DESCASO 1O leitor Walter Ferreira da Silva Filho ([email protected]) denunciou que o filho, que tem baixa visão, teve dificuldades para concluir a prova do vestibular da Universidade Federal de Roraima, realizada ontem. O candidato estava inscrito no Processo Seriado 1 e fez a prova na Escola Maria das Dores Brasil. “Na inscrição, ele preencheu todos os requisitos legais que a lei ampara. Sua inscrição foi realizada como deficiente visual”, disse.DESCASO 2“Porém, meu filho chegou em casa reclamando das dificuldades em realizar as provas. A fonte era para ter sido aumentada, acontece que aumentaram o tamanho do papel. O papel era tão grande que não cabia nem na cadeira, tinha que dobrar para tentar ler a prova. Mediante esse descaso, ele foi prejudicado por ter dificuldade de ler e devido às letras serem pequenas. Repudio esse preconceito”, afirmou Walter Ferreira da Silva Filho.FALTA DE EDUCAÇÃOUma leitora, que não quis se identificar, reclamou da falta de disciplina e educação dos alunos de gestão da Escola Estadual Fagundes Varela, no bairro Nova Cidade. “Tenho uma filha estudando lá. Estou espantada com alunos que quebram a escola, depredam a escola, alunos drogados, professores sem o mínimo de condições para trabalhar, salas quentes e sem ventilador, lixo ao redor da escola. Uma calamidade! Essa escola, assim como várias outras, está abandonada pelo Governo do Estado. Eu tenho pena dos professores que trabalham ali. Peço que as autoridades olhem para a situação daquele lugar”, pediu.TRAGÉDIAQuanto a um acidente de trânsito ocorrido no início da semana passada, que teve como vítima um jovem de 18 anos, o internauta Jotace comentou: “Já constatei alguns condutores displicentes conduzindo automóveis a 190 km/h neste mesmo perímetro do acidente [avenida Getúlio Vargas, bairro 5 de Outubro]”.