Opinião

Opiniao 31 01 2015 568

Nova gestão: grandes possibilidades – Vera Sábio*

Cada dia, cada chance, cada aprendizado, cada tentativa, cada mudança e cada nova atitude revelam as possibilidades de acertarmos e construirmos um futuro melhor. Porém, não tem como evoluirmos sem refletirmos sempre a respeito das palavras contidas na prece da serenidade.

“Que tenhamos paciência para aceitar o que não pode ser modificado. Coragem para modificar o que pode ser modificado. E sabedoria para perceber a “diferença” entre o que podemos mudar ou não podemos”.

Aí está a chave que, com minha simplicidade, deixo ao novo presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima. Excelentíssimo desembargador Almiro Padilha, sabe, eu nunca te “vi”, tão somente porque não enxergo. Nunca tive um cargo comissionado, no entanto, sou a primeira servidora com deficiência concursada do Estado de Roraima; e, por sorte ou não, estou trabalhando neste Poder há 18 anos, sendo muito grata e feliz por isto. Mas claro tenho meus anseios, querendo colaborar mais, ser valorizada, ter acessibilidade digital e todas as possibilidades que todos os servidores desejam para seus crescimentos pessoais.

Todavia, sempre que reajustam as velas, renovam-se as energias, planejam outros sonhos, nomeiam-se outro comandante… Faço, outra vez, minha torcida silenciosa, no desejo sincero que desta vez será melhor do que tudo que já foi…

Nascemos para fazer o bem, pois tudo que fizermos de melhor para o outro reverte-se a nós, sendo assim nossa evolução. Acredito que os servidores conscientes do seu dever merecem todos os seus direitos. Porém, o melhor presidente é aquele que mais tiver condições de servir e colocar em prática em todas as suas ações esta pequena prece da serenidade, tendo paciência na hora certa e muita coragem de mudar quando for necessário, com a dose exata  de sabedoria para isto.   

 Parabéns, presidente Almiro Padilha, que sejas o melhor presidente. Andando lado a lado com todos nós que tornamos possível o Poder Judiciário neste Estado.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel. 99168-7731

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Bloco do Mujica – Jaime Brasil Filho*

Há exceções que nos dão esperanças. Imaginar uma liderança com muitos poderes, chefe de governo e de Estado, indo na contramão da tendência mundial que hoje se inclina para a perspectiva do que eu chamo de fase tecnológica do fascismo… Isso é reconfortante. É o caso de José Pepe Mujica, o Presidente do Uruguai.

Ex-guerrilheiro, ficou mais de uma década prisioneiro dos militares facínoras que usurparam o poder na década de 1970. Tornou-se Presidente do Uruguai apoiado por uma frente ampla de esquerda, e ainda que do ponto de vista econômico não tenha conseguido alguns avanços que pretendia, no campo dos direitos civis ele continuou sendo um revolucionário, libertário, humanista. Comandou em um só mandato a descriminalização do aborto, a legalização do casamento entre homossexuais e da maconha, para uso medicinal e recreativo.

Homem comprovadamente honesto, chamado erroneamente de o “Presidente mais pobre do mundo”, ele não se cala e responde: “- Eu não sou pobre, pobre é quem precisa de muito para viver.” Reside em uma modesta chácara e anda em um fusquinha antigo.

Não foi à toa que um grupo de pessoas, entre muitos artistas, jovens e pensadores, aqui de Boa Vista, resolveram criar no ano passado um bloco de carnaval: o Bloco do Mujica. Nada mais coerente do que homenagear em uma festa libertária, um presidente libertário; em uma festa que estimula a liberdade do uso do corpo, homenagear quem lutou e obteve vitórias em relação a esse direito elementar.

Em um mundo onde os Estados nacionais cada vez mais se metem nos assuntos individuais, na vida privada, se imiscuindo em assuntos morais devido às pressões dos fundamentalismos religiosos, Mujica mostra que o Uruguai é realmente laico, e que a preservação da individualidade é o que pode acabar com o individualismo, que o respeito às escolhas privadas é que costura a coesão da coletividade, que constrói o sentimento público de aceitação e de tolerância do outro, do “diferente”.

Neste ano o Bloco do Mujica pretende ir às ruas da cidade, tentando devolver o caráter espontâneo e original, que foi a marca dos carnavais do passado. Primando por músicas de qualidade, com um conjunto de percussão compostas por jovens voluntários, o Bloco do Mujica também vai às ruas na contramão deste mundo cada vez mais intolerante e segregador. O Bloco do Mujica representa a parte da sociedade que acredita na democracia, na solidariedade e no amor, e não em um mundo construído a partir da opressão, da imposição de normas rígidas e da segregação dos “diferentes”.

Pepe Mujica é jovem, apesar da idade avançada. Geralmente é suave no falar, mas contundente no conteúdo que expressa. Conhece as limitações de quem está dentro do jogo do Capital, mas sabe que é possível e necessário explorar ao máximo as contradições do sistema.

É curioso que, via de regra, aqui no Brasil, qualquer presidente ou liderança de esquerda do mundo nunca consegue ter sua voz ouvida ou ter discursos traduzidos, a grande mídia mostra a imagem e comenta negativamente sobre o retratado. Eles não deixam os argumentos contrários chegarem aos ouvidos e aos olhos do grande público.

Para que se conheça melhor as idéias do Presidente Mujica, aí vão alguns trechos de seu discurso proferido na ONU:

“Carrego as culturas originais esmagadas, com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança. Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida social, com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América. Carrego o dever de lutar por pátria para todos…

A tolerância é o fundamento de poder conviver em paz, e entendendo que, no mundo, somos diferentes…Parece que nascemos apenas para consumir e consumir e, quando não podemos, nos enchemos de frustração, pobreza e até autoexclusão…O certo, hoje, é que, para gastar e enterrar os detritos disso que ciência de poeira de carbono, se aspirarmos nesta humanidade a consumir como um americano médio, seriam necessários três planetas para poder viver…Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado…Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais. O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família.”

O certo é que aqueles que defendem um mundo melhor e mais tolerante devem se unir, inclusive se utilizando de instrumentos de alegria, de aparente descompromisso como se imagina ser o carnaval.

O Bloco do Mujica não terá cordas, não cobrará ingressos e nem exigirá abadás. Trata-se de um bloco aberto onde todas as pessoas que acreditam que sem liberdade não existe amor estão convidadas a participar.

Neste ano o um grupo de pessoas do extremo norte do nosso continente estará homenageando um líder do sul desta parte das nossas Américas.

Neste ano vamos botar o nosso bloco na rua.

*Defensor Público

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Flutuando no tempo – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Os soluços longos dos violinos de outono ferem-me o coração com monótono langor”. (Voltaire)

Nem estamos no outono, e tenho ouvido poucos violinos, ultimamente. Mas senti um ferimento leve, ontem pela manhã. Eu estava fazendo um trabalho lá no quintal e ouvi, na televisão, um barulho que me chamou a atenção. Não só me despertou como me levou a tempos distantes. E põe distante nisso. Nada neste mundo me cativa mais do que a mulher. Sempre fico encantado quando ela está em foco. Não sei se haveria mundo se ela não existisse. E isso só, já nos leva a uma reflexão profunda. Tão profunda que os desligados não percebem. Só somos felizes entendendo que para viver a felicidade é necessário que a cultivemos. E, já dissemos, ela está nos momentos e nas coisas mais simples. O debate na televisão terminou, mas continuei viajando pelos mundos já vividos. E só aí me toquei por que caí naquelas recordações. O assunto era sotaque.

Durante toda a década dos anos cinquentas, vivi intensamente o momento de transformação na cultura paulistana. O que aconteceu naquela época levaria tempo para se falar. Mas uma das diferenças que ainda me encanta, é a modificação de sotaques. Naquela época, a garota paulistana tinha um sotaque paulista. Era como a gaúcha é. Recentemente falei do dia, bem recente, em que eu ia pela calçada do Fórum João Mendes, em Sampa, e duas garotas caminhavam na minha frente. Elas conversavam. Encantei-me com o sotaque das duas. Elas tinham um sotaque maravilhosamente paulistano. Que ao contrario do paulista, é bem suave e que eu chamo de mastigado. Lindo, lindo.

Voltemos ao que senti ontem. No iniciozinho da década de cinquenta, tive uma amiga paulistana. Viajávamos de trem, todas as manhãs, quando íamos para o trabalho. Conversávamos muito. Ela ainda tinha o sotaque paulista, e trabalhava numa gráfica, no Tatuapé. Numa manhã, quando entramos no trem, ela me deu uma agenda que ela mandara fazer pra mim. Era uma agendazinha medindo nove centímetros de comprimento e sete centímetros de largura. Uma miniatura. Coincidentemente, mexendo nos meus livros, dia desses, encontrei a agendazinha. Está inteirinha e nem parece que já tem mais de sessenta anos de idade. Guardo-a com muito carinho. Ela é o exemplo da felicidade embutida na simplicidade. Preserve as coisas e os momentos mais simples que lhe proporcionaram felicidade.

 Mais uma vez, lembrei-me, e sorri, do pensamento do ex-governador paulista, Laudo Natel: “Felicidade é a presença da ausência”. Ela pode estar onde você menos espera desde que você seja feliz. Pense nisso.

*Articulista [email protected]  99121-1460           

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ESPAÇO DO LEITOR

TRÂNSITO A internauta Francisca Sousa deixou o seguinte comentário: “Até quando tantas pessoas ainda irão morrer por acidente no trânsito, causado pela irresponsabilidade de condutores irresponsáveis e, na maioria dos casos, sem estarem habilitados? O mais absurdo é o fato de embriagados e drogados colocarem a vida de pessoas de bem em risco. Só sabe o quanto é revoltante quem já teve parentes mortos. E o pior é ver que nada acontece a esses delinquentes”.

TRÂNSITO 2 O leitor Messias Pinto fez a seguinte observação: “A nova imposição para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação das categorias C,D e E passa a ser mediante a apresentação do exame toxicológico. Mas quem é que vai pagar por isto? Mais uma vez sobrou para o profissional de transporte pagar esta conta. Este é um país que mais faz leis, estas que é só para favorecer um determinado segmento em desfavor da classe trabalhadora”.

BR 174 O motorista Claiton Mendes observou que, ao passar pela BR-174, após a localidade de Jundiá, Sul do Estado, e que, ao retornar, esta semana, observou que parte da rodovia já requer uma manutenção emergencial. “Estamos ainda no período do verão e as condições da 174 na reserva, após o Jundiá, já está em péssimas condições. O mais curioso é que esta situação é ignorada pela equipe do DNIT. Mas  a parte do lado amazonense apresenta um bom estado e constantemente a rodovia recebe obras de recuperação”.

DROGA Leitor Carlos Almeida comentou: “Assisti em um programa policial a veiculação de uma matéria em que um detento foi ao Hospital Geral alegando estar com problemas renais e, ao retornar para a Penitenciária de Monte Cristo, estava com uma quantidade expressiva de entorpecente na cueca. Foi um fato que chamou a atenção e, ao mesmo tempo, serve de alerta para que o reforço na fiscalização ao combate à entrada de drogas seja cada vez mais severa”.