Opinião

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No caminho, uma mulher

Walber Aguiar*As mulheres são feitas para serem amadas, não para serem compreendidas Oscar Wilde

No meio do caminho tinha uma pedra. Nas retinas tão fatigadas de Drummond, eis que surge alguma coisa na estrada. O que viu o poeta de Itabira? Ele pode ter visto um inimigo, um bicho, uma mulher. Ou, literalmente, uma pedra.

No meio do caminho sempre tem alguma coisa. Algo que nos completa ou dilacera, que nos arrasta ou atrasa o caminhar. Ora, Drummond pode ter contemplado a mulher de sua vida. Isso porque, problemas cotidianos à parte, a mulher carrega no rosto dois brilhantes, leva consigo beleza e sensibilidade. Ela é uma pedra preciosa, lapidada ou não.

Uma mulher também pode ser um estorvo, um empecilho, uma pedra no sapato. Talvez Drummond tenha visto essa pedra, esse obstáculo que se interpôs de repente. Mesmo assim, o risco faz parte da vida. Ninguém pode se omitir de viver, de se envolver, de tentar entender o universo feminino e seus “buracos negros”, sua complexidade existencial, seus dilemas e angústias.

Ironicamente, ela precisa ser desvendada, mexida, compreendida. Porém, ela nasceu pra ser amada, curtida, desejada. Não como objeto do homem ou de quem quer que seja. Na força do amor e do desejo, a compreensão brota. O contrário, por sua vez, é muito mais difícil de acontecer. Compreender para amar é extremamente complicado, pois a figura feminina sempre vai ser extremamente complexa em sua estrutura de personalidade; em sua essência materna, em seus mistérios inatingíveis.

Ora, Drummond não é apenas o poeta das pedras. Ele, junto com Vinicius de Morais, é o poeta da paixão louca, do devaneio, da total entrega, do amor incondicional. Daquilo que precisa acontecer a cada um de nós, sob pena de passarmos em vão pela existência, sem termos olhado fixamente nos olhos da “medusa” que encanta, da deusa que fascina.

São duas pedras, duas retinas, dois seios, duas meninas. São dois amores, duas dores, dois caminhos que se bifurcam para depois se encontrar. São duas flores, dois espinhos, duas gotas de orvalho, são duas aves, dois ninhos, liberdade pra voar.

Mulher. Pedra. Brilhante. Bijuteria. Nas minhas retinas tão fatigadas, um colírio, uma substância mágica, um céu pra se mirar. A todas as mulheres, inclusive a minha portuguesa, que um dia encontrei no meio do caminho…

*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected] 

 

Droga malditaMarlene de Andrade* “… purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.” (2 Coríntios 7:1). Volto a tocar no assunto da maconha, pois um grupo de colegas da área de saúde me fez algumas perguntas sobre o uso dessa erva, tendo uma das colegas, não médica, me “afirmado” que maconha não é droga prejudicial e que serve até como medicamento. Ela se sente muito à vontade de defender essa droga, afirmando que essa erva, Cannabis sativa, não prejudica a saúde, mas, ao contrário, faz bem. É a famosa lavagem cerebral que os interessados estão dando na sociedade.

A esse respeito, Dr. Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em artigo que enviou ao CFM, declarou o seguinte a esse respeito: “Como médico e psiquiatra, afirmo categoricamente que maconha medicinal não existe, apesar de muitos acreditarem no contrário”. Ele também assegurou que, como qualquer droga psicotrópica, a maconha ocupa grande espaço no imaginário da sociedade e vem ganhando uma imagem de benignidade sem uma fundamentação científica confiável e que classificar essa droga como sendo leve ou terapêutica é ingênuo e errado.

Essa droga ilícita pode trazer ao organismo humano os seguintes problemas no aparelho mental do usuário: desencadear quadros psicóticos como a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Na esquizofrenia, os sintomas fundamentais se dão pela dissociação do pensamento, confundindo o usuário. Podem ocorrer outros sintomas e sinais, a saber: delírio, o qual é um juízo errado acerca da realidade, e alucinações, que é a percepção destorcida, através dos cinco sentidos, de tudo que está à volta do usuário.

Os dependentes químicos dessa droga podem também apresentar labilidade afetiva e emocional. Pode ocorrer flashback. Não fosse só isso, a maconha pode interferir na memória recente e faz com que a pessoa perca a noção de tempo e de espaço. Ainda pode ocorrer grande déficit de cognição, a qual atinge a comunicação, autocuidado com o corpo, problemas familiares, dificuldade para os estudos e falta de cuidados com a saúde.

Dr. Dráuzio Varella afirma que “Transtorno afetivo bipolar tem sua característica mais marcante na alternância, às vezes súbita, de episódios de depressão com os de euforia…” e a maconha pode desencadear esse quadro também. Será, então, que essa droga pode mesmo ser considerada não perigosa à saúde? Evidentemente que não!

*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT, pós-graduada em Perícias Médicas/Fundação Unimed

 

Inovando sempre

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Não há nada pior para o espírito do que fazer sempre parte a unanimidade”. (Chistofer Morley)

No início da segunda metade do século XX iniciou-se uma revolução cultural, no mundo. O Brasil viveu intensamente a revolução, mas não aprendeu o que deveria aprender com ela. E a Educação foi, sem dúvida, o meio que mais sofreu com a indiferença. As tentativas de mudanças na Educação foram desastrosas. E ainda sofremos as consequências do despreparo. As escolas continuam tentando educar quando nem mesmo conseguem ensinar.

Quando não nos preparamos no lar, nem nas escolas, continuamos despreparados para o mundo profissional. E, infelizmente, esse peso pesa na balança de todas as atividades profissionais. No início da década dos sessentas, o SESI fez uma campanha extraordinária, dentro da indústria paulista, para implantar a qualidade na indústria. Paralelamente, a revolução estendeu-se a todas as atividades profissionais. Foi uma luta renhida. E sou feliz por ter participado dela.

Atualmente faço observações dentro dos ambientes de trabalho e não vejo grande progresso. Ainda não estamos sendo preparados para o profissionalismo. Porque ser profissional em determinada profissão não basta saber fazer o trabalho. Mais importante é saber fazê-lo dentro de um padrão de qualidade que envolva não só o trabalho, mas como o fazê-lo com qualidade. E não vamos obter qualidade no que fazemos se não o fizermos baseado nas relações humanas. Um obstáculo que ainda encortina, quando não deveria ser mais obstáculo. E relações humanas não se consegue com técnicas nem sofisticações, mas com um relacionamento sadio, amigável e educado. E isso só se obtém com educação.

Há uma empresa de telefonia, por exemplo, que não entrega mais o boleto da conta, na casa do usuário. Este tem que ir até a agência, retirar o boleto e pagá-lo na lotérica, porque a agência também não recebe. Fui retirar a senha para o atendimento. A garota me cumprimentou com um bom-dia meio insosso. Delicadamente lhe perguntei por que a empresa não entrega mais o boleto. Ela franziu a boca e não me respondeu nem me olhou, sequer. Escreveu a senha num papel e mo entregou. Fui chamado, recebi o boleto e fui à lotérica para o pagamento. Deu pra sacar?

A educação nas relações humanas faz parte do dia a dia do profissional realmente profissional. E ela nos é passada na simplicidade da conversa, mesmo quando esta vem em forma de ensino. E por ser um sistema simples não é acatado nem aceito pelas empresas que crescem sem crescer. E é no trabalho que aprendemos a trabalhar como devemos trabalhar. Pense nisso.

*[email protected] 99121-1460