Sinal vermelho
O sinal vermelho vem do Rio de Janeiro, mais uma vez. Por lá, cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) foram presos sob a suspeita de manterem esquemas com empresas que estão enroladas com a Operação Lava Jato. E a lama pode chegar até ao Tribunal de Contas da União (TCU). Traduzindo: os órgãos que são responsáveis por fiscalizar a correta aplicação dos recursos públicos estão sob suspeita de seus membros terem relação promíscua com os corruptos.
Isso não é exatamente uma novidade. É de se imaginar que conselheiros indicados para os cargos vitalícios pelos políticos em algum momento não tenham isenção para fiscalizar e votar contas. A propósito, isso foi alvo de críticas pela ONG Transparência Brasil: “Na prática, a indicação política é a regra na escolha de conselheiros, o que faz com que as votações nas Assembleias, nas Câmaras e no Congresso sejam jogos de cartas marcadas – em geral tratados com naturalidade pelos políticos”.
Só para lembrar um episódio recente, o ministro Augusto Nardes, que relatou o julgamento das contas da então presidente Dilma (PT) que acabou instruindo o processo de impeachment, é alvo de um inquérito penal no Supremo Tribunal Federal (STF) relativo à Operação Zelotes, que investiga o pagamento de propinas a membros do Conselho Administrativo da Receita Federal para anular multas fiscais contra empresas.
Se fosse feito um levanto de todos os TCEs no país, certamente seria apontado que uma boa parcela dos conselheiros está envolvida em algum tipo de acusação e respondem a alguns processos que dizem respeito à corrupção ou outros crimes contra a administração pública.
A realidade que se apresenta a partir das prisões no Rio de Janeiro demorou a ser colocada em avaliação neste Brasil da safadeza. A corrupção endêmica corrói todos os poderes e domina setores importantes que têm o importante papel de fiscalizar e cobrar a boa aplicação dos recursos públicos.
A cada revelação que parte das entranhas das delações premiadas da Operação Lava Jato, mais lama fétida sai do esgoto político. É difícil acreditar em um país livre da corrupção, se todos os poderes estão enredados por essa bandalheira. E mais difícil ter esperança se o povo tem aceitado que os mesmos canalhas sejam reeleitos a cada pleito.
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