Opinião

opiniao 3852

Reflexões e uso da tecnologia ou metodologia Ana Regina Caminha Braga*

O repensar da atuação do professor em sala de aula, a participação eficaz do aluno e a aprendizagem significativa da turma atualmente perpassa pela presença da tecnologia e/ou novas práticas. E como a escola está posicionada ou qual nosso papel como educadores no momento?

A realidade institucional por regiões no Brasil é peculiar de cada um e as habilidades e limitações são inúmeras e precisam ser trabalhadas e pensadas. Outra questão é a verba destinada pelos órgãos públicos educacionais e como este investimento pode ser utilizado nas escolas com a biblioteca, multimídia, materiais, formação dos professores e outros.

Desta forma, a responsabilidade e a atuação do professor vão além, muitas vezes das condições sociais, econômicas da realidade do aluno, mas é preciso compreender o público, o ser atendido, as peculiaridades para as ações serem traçadas. Se aqui a discussão é visualizar o posicionamento da escola e a inserção da tecnologia é preciso destacar que o eixo de todo o trabalho é o objetivo a ser atingido como aprendizado do aluno.

Nesse pensamento é possível levantar um diálogo sobre a participação do aluno e a prática docente, pois não é utilizar somente uma ferramenta tecnológica, mas conhecer a teria e mediar com a prática. Por isso, o professor deve ter um acompanhamento com os desafios e uma formação continuada com o apoio dos colegas da escola e órgãos da Educação.

Sendo assim, o pensamento precisa mudar por parte do professor em atualiza-se pedagogicamente e com as estratégias e recursos adequados, de acordo com o perfil não apenas do aluno e também do professor, no entanto, o trabalho está pautado em resultados e quanto mais inseridos estiverem as práticas, melhor será o desenvolvimento e aprendizado do aluno.

As novas metodologias chegaram com a(o): salas de aula invertida, peer instruction, class rotation e o simulation learning; e a aplicabilidade de cada uma está ligada a motivação, estudo, pesquisa e envolvimento do professor-escola-aluno-sociedade.

*Escritora, psicopedagoga e especialista em Educação Especial e em gestão escolar

 Por que Discutir Gostos?

Alexandre Roberto Andrade Cavalcante*

Existe um adágio que diz assim: “gosto não se discute”. Mas a pergunta necessária a se fazer é: porque devemos discutir os gostos? Através dos gostos pessoais, que são construídas socialmente, muitas formas de preconceitos, problemas psíquicos e desigualdades sociais são criadas. Eis aqui a necessidade de se discutir os gostos.

Os gostos pessoais criam em nossas mentes a faculdade do juízo de valor. Juízo de valor é a faculdade de julgamento e percepção de coisas boas ou ruins. Através dele, podemos julgar se uma comida, bebida, cama, carro, música é boa ou não.

Por conta desse aspecto de julgamento, a sociedade capitalista dos nossos dias passa a criar uma estrutura de hierarquia social de desigualdade econômica e preconceituosa.

Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, somos educados desde criança a ver o mundo de tal maneira, criando assim, certo juízo de valor. O que faz uma pessoa a crer que o jazz é melhor que o forró? Ou que uma bebida é melhor que a outra? Os gostos pessoais não são só uma forma de percepção sensorial e emocional das coisas. O gosto de cada pessoa representa uma visão de mundo.

Essa visão de mundo alicerçada ao gosto muitas das vezes cria barreiras de socialização entre as pessoas. A classe alta da sociedade cada vez mais se distancia das mais pobres, já que tende a colocar os seus gostos e seu estilo de vida como correto e ideal, fazendo com que as demais camadas da sociedade também “comprassem” esse estilo de vida. Tal situação pode ser vista no cotidiano com o que chamam de vida de ostentação.

O debate sobre o gosto irá nos ajudar a evitar juízos de valores de valor negativo que fazem exclusão de pessoas. Comprar o estilo de vida da classe alta da sociedade não é a solução para os problemas criados por julgamentos preconceituosos. Não se pode medir que as coisas que a classe mais pobre da sociedade consome é ruim. O que se pode dizer é que as classes sociais mais pobres da sociedade são privadas dos bens de consumo que consideramos bons, belos e agradáveis.

Discutir sobre os gostos pessoais é discutir como a sociedade capitalista cria mais desigualdades econômicas e mais pessoas preconceituosas. *Sociólogo

 No palco da vida

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. (Charles Chaplin)

É no palco da vida que vivemos a vida. E se é assim, o que devemos fazer é viver intensamente, sem nos deixar levar pelas marolas. Garanto que você tem um bom número de lembranças de momentos agradáveis vividos no passado. Momentos que nos trazem saudade, mesmo quando não somos saudosistas. Não importa que infância, adolescência, juventude, você tenha vivido, se elas foram boas ou más.

Em todas elas você viveu momentos que ainda lhe passam pela cabeça em momentos agradáveis atualmente. Quantas vezes você já não esboçou um sorrisozinho amarelo, lembrando-se de algum momento agradável, vivido na sua infância? Aposto que já.

Já falei pra você do pensamento do político Laudo Natel: “Saudade é a presença da ausência”. É com ela que muitas vezes revivemos momento que ficaram guardados no cofre da lembrança. Um cofre que devemos abrir vez por outra. Já lhe falei também, da do Bob Marley: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. Há um zilhão de outros pensamentos que nos levam a momentos muitas vezes remotos. Mais o mais importante é que saibamos armazenar tais jóias raras que, por despreparo, as jogamos no baú do esquecimento. Pura tolice.

Foi a noite chuvosa que me trouxe todos esses pensamentos aparentemente vazios. Lembrei-me de pessoas diferentes, com as quais vivi os bons momentos do início de minha caminhada, vida afora. Algumas até com as quais tive ranzinzices, mas que são lembradas com carinho. O lobinho Raimundinho, o fantástico e engraçado, sargento Correia que tocava a campanhinha para o recreio e gritava do corredor da escola: É hora do lanche! Lembrei-me do major José Vaz da Silva, que levava o casal de filhos para brincar com os alunos. O garoto ela legal e brincava, a garota é chatinha pra dedéu. Lembrei-me de como implicávamos com ela. E lembrei-me, também, do Capitão Capelão, Pedro Paulo Bezerra da Cunha. Aquele que era diretor da escola e que me proibiu de pegar livros na biblioteca, porque eu risquei a capa do livro, no fim de semana.

Enquanto chovia lá fora, eu sentado aqui ao computador, sorria me lembrando daqueles momentos felizes de minha pré-adolescência. Acabei rindo, lembrando-me daquele cara que era campeão de boxe em Natal, e apanhava muito da esposa. Sempre que terminavam os treinos de boxe à noite e ele demorava a chegar a casa, apanhava da mulher. Foram tolices, mas me fizeram muito bem. Pense nisso.

*[email protected]