Opinião

Opniao 11 04 2015 852

Fábula do esperto – Vera Sábio* Não sei se é o efeito do sol quente na cuca ou da secura que percebemos por todo o lugar. O que sei é que está difícil de engolir.  Olhem a estorinha e tirem suas conclusões. O leão abusando do poder de rei da floresta resolveu levar para toca tudo que encontrava pela frente. Afinal, na sua ânsia de poder, acreditava que toda aquela natureza era bens privado, ou seja, pertencia a si e a sua família. Todavia, a águia que de boba não tinha nada, de olho na roubalheira, se tornou parceira, claro se o leão dividisse o que pegasse. Assim, da mesma forma, outros que foram descobrindo, quiseram grande fatia do bolo. Acontece que o cachorro sentia-se o guardião e, ao perceber a realidade, resolveu levar às autoridades o fato e a confusão piorou e muito. Piorou porque o leão pensava que seu poder era sublime e não haveria justiça acima dos seus atos. Piorou porque o leão estava com muitas autoridades e governantes que roubavam com ele e, pela grana que todos recebiam, acreditavam que tudo ficaria do jeito que eles queriam. Piorou porque as florestas estavam ficando vazias, as chuvas eram escassas e o ouro ajuntado não reverteria em comida para matar a fome da nação. Piorou ainda mais porque a ambição era cega e doentia e preferiam matar os que não aceitassem ser comprados para que a corrupção continuasse. E isto piorou tanto que já não consigo pensar em um final feliz como acontece em quase todas as fábulas. Quando eu era pequena, gostava muito de ouvir estorinhas de reis, de leões e muitas outras. Pensando ser esperta, sempre indagava durante os relatos para impedir que o sono viesse logo e não esperasse a próxima estória. Porem agora já não dá mais para dormir com esta situação. Os espertos desta fábula são monstros perigosíssimos que matam em massa na saúde, que matam a criatividade e o desenvolvimento da educação, que nos arranca o fígado e outros membros na hora de pagarmos as contas cada vez mais alta no final do mês. As fábulas dos espertos da política contam a estória de vacas com tuberculose, de porcos jogando sujeiras nos outros, de águias cegas, de cachorros contaminados, de rios secos e de tanto bicho desviado e modificado que eu nem sei mais por onde começar e como isto vai acabar. Assim durmo… durmo e acordo cansada. *Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 991687731 —————————————— A insignificante gorjeta – Liberato Póvoa* Li, estarrecido, um artigo do abalizado constitucionalista Leonardo Sarmento, publicado no “JusBrasil” do último dia 4 de fevereiro, que denuncia: “O BNDES patrocina ideologia partidária, enriquece protagonistas do sistema e empobrece o Brasil”. Acesse e leia a matéria, que vale a pena. O risco é você cair de costas. Logo no encabeçar da matéria surge a imagem de um imenso “iceberg” em cuja ponta aparece o “mensalão” e, quase dez vezes maior, o “petrolão”, e – pasmem!  – na parte submersa, aparece o BNDES, com o tamanho no mínimo o suficiente para considerar o “petrolão” um mero troco, e o “mensalão”, uma insignificante gorjeta. Discorre o articulista dizendo que nós sofremos uma crônica falta de infraestrutura, para cuja correção existe o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas ele financia portos, ferrovias, estradas e outras obras necessárias. Só que ele financia para outros países, como se estivéssemos fazendo algo em troca de um retorno que nunca virá, ou se tivéssemos uma espécie de colônias com o dever de desenvolvê-las. Todos devem lembrar-se de que, desde o primeiro governo petista, o cenário é o mesmo para personagens que a cada hora desempenham papéis diferentes, mas dentro de um mesmo “script”. Mercadante saiu do ministério da Educação, mas encarapitou na Casa Civil; Guido Mantega presidiu o BNDES até 2006, quando pulou de galho e foi empoleirar-se no ministério da Fazenda. Na sua gestão o total de empréstimos do Tesouro para esse Banco saltou de menos de 10 bilhões para 414 bilhões de reais. Esses empréstimos financiam atividades de empresas brasileiras no exterior, que, até bem pouco tempo, eram “segredo de Estado”, pois foram consideradas secretas pelo banco (o que já dava a impressão de maracutaia, para usar um vocábulo inventado por Lula, quando era oposição). Mas no início do segundo semestre do ano passado o Ministério Público Federal acionou a Justiça para liberar tais informações. E a juíza federal Adverci Mendes de Abreu, da 20.ª Vara Federal de Brasília, considerou que a divulgação dos dados de operações com empresas privadas “não viola os princípios que garantem o sigilo fiscal e bancário” dos envolvidos (e a ilustre magistrada vem incomodando o PT com suas decisões: foi ela quem, esses dias, mandou deportar o terrorista Cesare Battisti, que Lula aninhara no Brasil, desafiando o Supremo). A partir da decisão da intrépida juíza, o BNDES está obrigado a fornecer dados solicitados pelo Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). E aí é que a coisa começou a ganhar uma dimensão que até então era sequer imaginada: descobriu-se que o BNDES concedera mais de 3.000 empréstimos para a construção de usinas, portos, rodovias e aeroportos no exterior. Só uma amostra para o leitor se estarrecer junto comigo: as obras que o banco considerou estarem aptas a receber investimentos financiados por recursos brasileiros são obras tocadas por empresas flagradas pela “Operação Lava-Jato”, figurinhas conhecidas no lamaçal da corrupção. A Odebrecht obteve financiamentos de 957 milhões de dólares para o Porto de Mariel (Cuba), 243 milhões de dólares para a Hidrelétrica de San Francisco e 124,8 milhões de dólares para a Hidrelétrica de Manduruacu, ambas no Equador; 320 milhões de dólares para a Hidrelétrica de Cheglla, no Peru; um bilhão de dólares para o Metrô da Cidade do Panamá e 152,8 milhões de dólares para a Autopista Madden-Colón, ambas as obras no Panamá; um bilhão e 500 milhões para Soterramento do Ferrocarril Sarmiento, ambos na Argentina; 732 milhões de dólares para as Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas e 1 bilhão e 200 milhões para a segunda ponte sobre o rio Orinoco, na Venezuela; 200 milhões de dólares para o Aeroporto de Nacala e 220 milhões para o BRT de Maputo, ambas as obras em Moçambique. A OAS foi contemplada com 180 milhões de dólares para o Aqueduto de Chaco, na Argentina e a Andrade Gutiérrez, com 450 milhões de dólares para Barragem de Moamba Major, em Moçambique. E assim, aparecem outras empreiteiras, como a Queiroz Galvão, com obra na Nicarágua (Hidrelétrica de Tumarin), ao custo de um bilhão e cem milhões de dólares, e 199 milhões de dólares em obra na Bolívia (Projeto Hacia El Norte – Rurrenabaque-El-Chorro), sem se falar em outras obras no Peru e no Uruguai. Percebe-se que a “Lava-Jato” vem apenas se antecipando na revelação dos colaboradores da quadrilha. E isto foi apenas uma minúscula parte que se soube, pois o BNDES, alegando “sigilo necessário”, só revelou os beneficiários de 18% dos empréstimos. E foram mais de três mil. E recentissimamente, Dilma esteve, de araque, na posse de um “companheiro” na presidência do Uruguai, quando, na verdade, foi acertar com o colega Tabaré Vasaquez a construção de um porto naquele país companheiro, ao custo de um bilhão de dólares, dinheiro do BNDES. Com o Brasil atravessando uma crise sem precedentes, totalmente sucateado, é estranho que tais obras em países sem qualquer perspectiva de parceria útil, apenas unidos por ideologia, estejam jogando pelo ralo nosso minguado dinheirinho. E o que nos assusta é saber que, malgrado a boa vontade do Ministério Público e o verdadeiro heroísmo da Polícia Federal, estamos desesperançados com tanta corrupção, sem saber a quem recorrer. Em carta de 798 d.C, Alcuin de York advertiu Carlos Magno: “Vox populi, vox Dei”. Mas vamos provar muito em breve que “a voz do povo é a voz de Deus”. O povo que elegeu será o mesmo povo que tomará de volta o poder (Publicado no “Diário da Manhã”) *Desembargador aposentado do TJ-TO, escritor, jurista, historiador e advogado [email protected] ————————————- Aconteceu novamente – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. (Leonardo Da Vinci) Até parece que aprender é fácil assim. Pelo menos pra mim. Dia desses falei pra você, de uma burrice que fiz, atravessando uma rua ali no centro da cidade. Um carro preto parou pra eu atravessar e nem me toquei. Atravessei a rua na maior manemolência, como se estivesse passeando pela calçada. Só depois que atravessei, e o carro acelerou, foi que me toquei. E ontem aconteceu novamente. Só que ontem o carro era branco, mas bonitão como o preto, daquele dia. A essa altura o motorista ainda deve estar me xingando. Era sexta-feira e novamente acompanhei a dona Salete ao médico. Já está se tornando rotina. Saímos do consultório e caminhamos até aos Correios para pagar uma fatura; de dívida, é claro. Novamente saímos dos Correios e não quisemos chamar um filho para o transporte. Optamos pela caminhada. Ela é sadia e legal pra dedéu. Atravessamos a calçada da Assembleia Legislativa. Paramos e ficamos decidindo se iriamos entrar para cumprimentar nosso grande amigo João Carvalho. Com receio de atrapalhá-lo, resolvemos continuar na caminhada. E nessas horas a dona Salete costuma segurar-se no meu braço e começar a cantarolar. E ela iniciou: “Eu te amos, eu te amo…”. Atravessamos a rua e seguimos pelo “jardim” do Palácio de Justiça. Fazemos sempre aquela travessia. Ela continuava a cantarolar o Roberto Carlos, e eu acompanhando no assobio. (Sou um péssimo assobiador). E foi aí que aconteceu. Atravessávamos a faixa, na calçada do prédio e um carrão lindão e branco, estava parado na faixa, esperando que passássemos. E nem eu nem ela, nos tocamos. Atravessamos a faixa na maior tranquilidade. Ela cantarolando e eu quase assobiando. O bico devia estar horrível. Só depois que atravessamos, e o carro acelerou, foi que a dona Salete se tocou e beliscou meu braço: – Sinho… pelo amor de Deus! Novamente não percebemos o carro parado! E agora… que é que vão pensar de nós? – De nós eu não sei, mas do que parecemos ser vai ser terrível. Virei-me para acenar um sinal de desculpas para o motorista, mas não adiantou. Ele já não prestava mais atenção. Aí parei de assobiar e saí mastigando o quanto tenho dificuldade em aprender. E novamente peço desculpas por aqui. Espero que o motorista do carro branco e bonito leia a Folha e esteja lendo este papo. Peço minhas desculpas e prometo que vou me esforçar para ser mais atencioso e respeitoso, se bem que não houve nenhuma má intensão. Desculpe-me e um bom fim de semana pra você. Pense nisso. *Articulista [email protected]     99121-1460 ———————————— ESPAÇO DO LEITOR LIXO O leitor Jerônimo Duarte enviou o seguinte e-mail: “Estes dias, flagrei novamente populares despejando lixo e entulho na estrada de acesso ao Município de Alto Alegre. É necessária uma fiscalização mais efetiva pelo município para evitar esta situação que traz inúmeros transtornos para os moradores próximos ao local, já que, além de entulho, vários animais são jogados no local. Com o forte vento deste verão, parte das sacolas e lixos ali jogados acabam indo para a frente das residências”. VENEZUELA Armindo Lins comentou que está inviável para a população se deslocar até a cidade de Santa Elena de Uairén, na Venezuela. “Além da limitação imposta pelo governo na aquisição de produtos daquele país, não é nem um pouco compensador enfrentar mais de 200 quilômetros e não ter nem como abastecer do outro lado da fronteira. A situação a cada dia piora e a cidade venezuelana está um verdadeiro deserto”. ÔNIBUS A estudante Aline Rodrigues fez o seguinte comentário: “É necessária a fiscalização das rotas dos ônibus que circulam no período noturno, principalmente as que atendem os estudantes da rede pública de ensino. Parece que após as 19h começa a redução da frota, piorando após as 22h, quando estamos saindo da escola. Esta semana, esperei quase uma hora o ônibus que circula no bairro União para poder retornar para a minha residência, que fica localizada no bairro Pricumã. É um desrespeito com a população que depende do transporte coletivo”. BENEFÍCIO Airton Medeiros comentou que chega a ser vergonhoso o fato de servidores públicos e empresários se beneficiarem do Crédito Social, benefício destinado a suprir a necessidade de famílias de baixa renda. “Enquanto isso, inúmeras famílias que realmente necessitam sequer foram cadastradas. Agora seria o momento de a Justiça obrigar a ressarcir estes pagamentos indevidos”, afirmou.