Despreze o que vier de graça
As pessoas com o passar do tempo descobrem que a vida não se resume ao acúmulo de patrimônio, mas sim a forma com que você conquista as coisas sem perder seus valores e muito menos a consciência tranquila. O homem antes de TER tem que saber SER, caso contrário nunca dará real valor e importância as suas conquistas.
Essa semana temos uma discussão bastante interessante em relação aos conflitos éticos que as leis do poder no levam a analisar. Em especial a Lei 40 que fala sobre as ofertas gratuitas e os perigos que elas podem trazer. Sempre afirmo que o que vem fácil, também vai embora fácil. As pessoas que desconhecem o valor da obtenção de algo que, necessariamente, exija esforço e sacrifício não sabem dar a importância correta as conquistas e por isso as tratam como algo normal, sem a preocupação de que onde se tira e não se repõe, acaba.
Outro ponto bastante interessante dessa lei, é que as doações gratuitas podem ter vários objetivos, entre eles a de torná-los refém de uma situação, a de pagar pela sua lealdade ou até mesmo a torná-los cumplice de desmandos.
Por isso dê sempre valor as suas conquistas, ao seu sacrifício para que você não seja apanhado pelas conquistas fáceis e que podem colocá-lo no time das pessoas que não podem dormir com tranquilidade.
Veja o que diz a lei 40, do livro “As 48 leis do poder” de Robert Greene:
Lei 40: Despreze o que vier de graça – O que é oferecido de graça é perigoso – normalmente é um ardil ou tem obrigação oculta. Se tem valor, vale e pena pegar. Pagando, você se livra de problemas de gratidão e culpa. Também é prudente pagar o valor integral – com excelência não se economiza. Seja pródigo com seu dinheiro e o mantenha circulando, pois a generosidade é um sinal e um imã para o poder.
Tudo na vida da gente tem custo e em especial na busca do poder tem custo e preço, mas muitas vezes tudo isso deixa de lado o valor. O poder ensina que o mais valioso ativo de um líder é manter sua independência no seu espaço de manobra, ou seja, ninguém terá a coragem de pegar o seu pulso para dizer o que fazer, ele sabe com exatidão os caminhos a serem percorridos. Sabendo o seu valor, eles pagam o preço real e se livram de possíveis armadilhas, envolvimentos desnecessários, arriscados e com isso eliminam preocupações.
Muitas pessoas em busca do poder usam a “generosidade estratégica” como ferramenta de obtenção de mais poder. Elas sabem o momento certo de ajudar, esperam o limite extremo do outro em sua necessidade e ao presentear alguém eles o colocam na situação de devedor. Essa fama de pródigo traz consigo um exército de admiradores, mas muitos jamais entenderão o jogo do poder que está por trás dessa estratégia.
Trago comigo uma frase que não a prego com orgulho, mas é real: “Todo picareta é bem-intencionado”. O que quero dizer com isso é que você jamais encontrará alguém na busca do poder que não tenha um discurso consolidado, as palavras chaves bem encaixadas e a característica principal de ver as pessoas apenas como massa de manobra ou imbecis úteis.
A pessoa que domina a arte do poder, sabe o peso que existe em recompensas, em especial as que envolvem dinheiro. Essa carga psicológica carregada pelas moedas é um veículo de polidez e de sociabilidade, mas que, em algumas vezes, traz uma maldade destrutiva.
Como é descrito na lei, para cada um que sabe jogar com o dinheiro, milhares de outros fecham-se na recusa suicida de usá-lo com estratégia e criatividade. Estes são o oposto do poderoso nato e você deve aprender a reconhecê-lo, seja para evitar sua natureza venenosa, para tirar proveito da sua inflexibilidade ou mesmo conhecer alguém que entende o sinônimo da generosidade de verdade.
O poderoso endinheirado é um verdadeiro caçador de peixes vorazes, que engolem tudo que encontram pela frente, usados para multiplicar seus ganhos por meio da insensibilidade e da crueldade, achando que a vida se resume apenas a dinheiro. Agindo dessa forma o poderoso atropela o sentimento alheio, afasta aliados valiosos e o tempo acabará o deixando sozinho com sua riqueza material e sua pobreza de espírito.
Longe de tratar o dinheiro como algo desnecessário, quero apenas trazer aqui na nossa reflexão os dois extremos da busca do poder, para quem teve a competência de acumular riquezas. Uns creditam o seu crescimento às suas jogadas de xadrez, suas estratégias de manipulação, suas compras irresponsáveis, o uso da teoria dos imbecís úteis como regra de vida e o pior se achando o dono da verdade, os verdadeiros professores de Deus. Do outro lado temos os poderosos que nem gostam de se intitular como tais, com seu patrimônio consolidado, creditando as suas conquistas a lei universal do retorno, àquela que você multiplica seu patrimônio pelas boas ações realizadas ao longo da vida, que não está apenas ligada ao uso do dinheiro, porque em determinado momento da vida, a grande maioria das pessoas o tem apenas para a sua subsistência. Essas boas realizações estão também ligadas a educação, cordialidade, respeito, simplicidade, humildade, gratidão, entre outros. As pessoas precisam de ajuda financeira, mas quando você ajuda alguém na expectativa que aquilo se multiplique apenas no item “dinheiro”, você estará dando com uma mão e tirando com a outra. Os poderosos, independentes de qual a sua linha de raciocínio, eles deveriam entender a dinâmica da roda gigante, que uma hora nos coloca lá em cima, outa estamos pelo meio do caminho e por vezes bem perto do chão. Essa é uma analogia que traz os momentos da vida e que nos leva a crer piamente que ao estar lá em cima auxiliando quem, porventura, esteja lá embaixo- e como o a terra é redonda, sem cantos, um determinado momento da vida essas posições poderão mudar, se inverter e as pessoas lembrarão de você não pelo que você tinha, mas sim pela sua atitude em relação a elas.
E para fecharmos o nosso artigo que possamos analisar o peso do peixe voraz, passando pelo demônio da pechincha e o doador sem critério e saber que todos tem a sua importância na construção e busca do poder. Esse são elementos muito conhecidos no mundo do mercado (arena de trocas), mas podem dar tiros no pé ao ficar com sede ou mesmo se lambuzar em algo com odor bem desagradável. O peixe voraz não pensa, é imediatista e se acha o mais esperto do mundo. O demônio da pechincha vai em busca do mais barato, mesmo sem avaliar o custo final, por exemplo: busca um profissional para resolver seu problema, mas ele tem que ser barato e ao final não tem a noção do custo que a incompetência lhe causará. Já o doador sem critério, sem dúvida alguma ajuda muita gente, mas exatamente essa falta de critério é que elevará seus custos, não apenas o financeiro, mas o pior de todos que é carregar consigo o peso adicional de carências emotivas e insaciáveis.
Despreze o que vier de graça – Valorize cada conquista. Tenha nas dificuldades grandes aprendizados sobre o valor que temos que dar as coisas e as pessoas. Tudo que vem fácil vai fácil. Isso é um perigo que pode representar o aprisionamento, a extinção da liberdade em função de comportamentos perigosos, ardilosos com obrigações ocultas. Se suas conquistas são reconhecimento do seu valor, aceite-as, caso contrário não arrisque em pegá-las. Nunca perca a noção da solidariedade, da gratidão, do respeito e da empatia, pois esses são os grandes investimentos que garantem retorno a todos os nossos projetos. Excelência não tem preço. Seja pródigo, mas cauteloso com seu dinheiro e o mantenha circulando com foco na generosidade é tudo retornará para você em forma de recompensas.
Por: Weber Negreiros
CEO da WN Treinamento, Consultoria e Planejamento
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