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Os conflitos éticos das 48 leis do poder: Jogue com a necessidade das pessoas

Os conflitos éticos das 48 leis do poder: Jogue com a necessidade das pessoas

O charlatanismo tem mostrado ao longo dos tempos que enquanto uns poucos se dão bem em cima de uma idolatria vazia, muitos penam acreditando em algo que nunca existiu. Manipular as pessoas desejando que elas façam o que você pedi, chegando ao cumulo de sacrifício inimagináveis, é um tanto quanto desleal, para não dizer cruel.

Uma das leis mais intrigantes será tratada no artigo dessa semana, que aborda nada mais nada menos, do que de forma direta, a capacidade manipulativa das pessoas em identificar fragilidades e trabalhar com a geração de expectativa e criando o sentimento de esperança nas pessoas, para que o manipulador alcance seu projeto de poder.

Essa forma de buscar o poder em cima da “crença dos desesperançados” é uma atitude que merece uma análise muito séria, pois você está brincando com o que o ser humano tem de mais valioso, a realização de seus SONHOS. Quem brinca com o sonho alheio, o torna um verdadeiro pesadelo e na hora que alguém chega ao poder usando esse mecanismo de manipulação, descobrirá que atingiu o degrau mais alto, mas pisou na mão de todos que estavam abaixo dele.  

Vejamos o que diz a Lei 27, do livro “As 48 leis do poder” de Robert Grenne:

Lei 27: Jogue com a necessidade que as pessoas têm de acreditar em alguma coisa para criar um séquito de devotos

As pessoas têm o desejo enorme de acreditar em alguma coisa. Torne-se o foco desse desejo oferecendo a elas uma causa, uma nova fé para seguir. Use palavras vazias de sentido, mas cheias de promessas; enfatize o entusiasmo de preferência à racionalidade e a clareza de raciocínio. Dê aos seus novos discípulos rituais a serem cumpridos; peça-lhes que se sacrifiquem por você. Na ausência de uma religião organizada e de grandes causas, o seu novo sistema de crença lhe dará imensurável poder.

A bandeira defendida por essa lei pode ser vista com muita desaprovação pela sociedade em geral, especialmente por sua abordagem manipuladora e exploradora das necessidades emocionais das pessoas. A maioria das sociedades valoriza a honestidade, a transparência e o respeito pelas crenças e valores individuais. A exploração da necessidade de acreditar em algo para fins egoístas ou para manipular e controlar outras pessoas é considerada antiética e moralmente questionável.

Essa abordagem pode ser vista também, como uma forma de abuso psicológico e emocional, onde líderes carismáticos podem ganhar seguidores, mas às custas da liberdade de pensamento e autonomia dos indivíduos. Além disso, a promoção de rituais e sacrifícios em nome do líder ou causa pode levar a consequências prejudiciais para a saúde mental e emocional das pessoas envolvidas.

Na nossa sociedade, atualmente, a conscientização sobre práticas manipuladoras e o apreço pela independência de pensamento e escolha são cada vez mais valorizados. É importante incentivar a busca por informações e conhecimentos embasados, além de respeitar a diversidade de crenças e valores, desde que não promovam danos a si mesmo ou aos outros.

Por outro lado, essa lei evidencia a CIÊNCIA DO CHARLATANISMO, como atalho para o poder com base no menor esforço. A criação de séquito de devotos ou seguidores abre a possibilidade de manipulação e trapaças, onde a adoração por uma figura ou causa cria seguidores complemente cegos que idolatram o charlatão. Tenho certeza de que se fossemos relacionar casos reais, teríamos muitas páginas que relatariam esse comportamento nocivo.

Um dos grandes problemas é que muitas pessoas mal-intencionadas descobriram essa técnica para criar uma grande legião de seguidores, que ignoram que a prática desse pseudo-líder nada mais é do que: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, ou seja, todos a serviço de um projeto de poder, mesmo que lá na frente, esse projeto exclua alguém.

As pessoas não gostam de ter dúvida por muito tempo, por isso se aproximam facilmente de pessoas que vendem a “certeza das coisas”, pois adoramos ser crédulos e buscar as bengalas para nos ajudar a caminhar.

Trazendo para o mundo prático, uma sociedade que muda na velocidade da luz, é contaminada pela criação de santos, mártires e demais objetos e causas de adoração que levam as pessoas a morderem iscas e a esquecer que essa credulidade deve ser usada fazendo você mesmo o motivo de adoração, respeito e um culto a sua competência e não a técnicas manipuladores.

É importante lembrar que ética e moralidade devem orientar nossas ações e decisões, e explorar a vulnerabilidade das pessoas para benefício próprio é geralmente considerado antiético e prejudicial. Sempre é essencial examinar as motivações por trás de nossas ações e garantir que estejamos tratando as pessoas com respeito, honestidade e consideração.

Temos que observar que alguns riscos acompanham essa lei, como por exemplo:

Manipulação: Ao explorar essa necessidade, pode-se manipular as emoções e vulnerabilidades das pessoas para obter benefícios pessoais ou para promover uma agenda, sem considerar se a crença oferecida é verdadeira ou benéfica para elas.

Engano e Fraude: Se a causa ou fé oferecida não é genuína ou se promessas vazias são feitas apenas para atrair seguidores, isso pode ser considerado enganoso e fraudulento.

Exploração Financeira: Aproveitar-se da crença das pessoas pode levar à exploração financeira, com a exigência de doações, pagamentos ou investimentos em nome da causa.

Prejuízo à Autonomia: Manipular a crença das pessoas pode minar sua autonomia e capacidade de tomar decisões informadas, levando-as a agir contra seus próprios interesses ou valores.

Intolerância e Fanatismo: Se a nova fé ou crença promovida incentivar o fanatismo ou a intolerância em relação a outras pessoas ou grupos, isso pode levar a conflitos éticos e morais.

Impacto na Saúde Mental: A exploração da necessidade de acreditar pode ter efeitos negativos na saúde mental das pessoas, criando dependência emocional e psicológica.

Quebra de Confiança: Aproveitar-se da crença das pessoas sem transparência ou honestidade pode levar a uma quebra de confiança e afetar negativamente a relação entre líder e seguidores.

Em resumo, as afirmações apresentadas podem ser vistas como altamente problemáticas e controversas na maioria das sociedades, pois entra em conflito com princípios éticos fundamentais e o respeito pelos indivíduos como seres autônomos e racionais.

Fechando esse nosso vigésimo sétimo artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas algumas adaptações, baseadas nos argumentos acima apresentados:

Trabalhe a necessidade das pessoas como oportunidades de melhoria de quem precisa e de quem dá a solução: As pessoas têm o desejo enorme de acreditar em alguma coisa. Torne-se o foco desse desejo oferecendo a elas uma causa, uma solução ou saída. Use sua competência para chamar a atenção; enfatize o entusiasmo e a motivação. Dê aos seus admiradores a oportunidade de sempre aprender com você e tenha a humildade de admitir que nascemos para viver aprendendo.

Por: Weber Negreiros | webernegreiros.com.br | falandodenegociosbr.com.br

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