Os seguidos atos e sinais que indicam a falta de prioridade com a Educação
Jessé Souza*
Graças à mobilização de moradores daquele bairro, em 2019, a Escola Estadual 13 de Setembro por pouco não foi transformada em abrigo para venezuelanos, já que o prédio daquela unidade de ensino estava fechado para uma reforma interminável, ainda na administração anterior, e o Governo do Estado queria aproveitar o momento para se livrar dela, conforme diziam as lideranças do 13.
Os moradores se mobilizaram e conseguiram impedir que o governo decretasse a morte daquela escola, como fez com outras em quatro anos de administração. Porém, no silêncio, hoje o governo conseguiu se livrar do Ginásio de Esporte que por vários anos serviu à comunidade da Escola Maria das Dores Brasil, também no 13 de Setembro. O ginásio foi transformado em espaço multiuso da Operação Acolhida e da Associação Voluntários para o Serviço Internacional Brasil (AVSI Brasil).
Obviamente que as entidades de apoio a imigrantes não têm nada a ver com isso, uma vez que seus atos são em favor de uma melhoria no acolhimento de venezuelanos. O problema é do governo local, que nada fez para recuperar e revitalizar um espaço importante para estudantes e aos próprios moradores daquele bairro, o qual servia ao esporte, ao lazer e às atividades científicas e culturais da Escola Maria das Dores.
Acolher imigrantes é uma atividade importante para garantir o mínimo de ordem social no Estado, mas a Educação e suas dimensões, que ultrapassa o ambiente escolar, é imprescindível para a transformação social e o desenvolvimento do Estado. Mas o governo nada fez para recuperar o prédio daquele ginásio que estava abandonado e servindo para esconder bandidos, os quais dominam aquele setor da cidade.
As seguidas atitudes desse governo indicam que a Educação foge da lista de prioridades. A Escola 13 de Setembro foi apenas um exemplo, quando em abril de 2019 foi publicado um decreto governamental fechando aquela unidade de ensino por tempo indeterminado, mesmo sendo uma escola com mais de 40 anos de história e que estava desde 2017 em reforma.
Naquele mesmo período, o Governo de Roraima extinguiu duas escolas da rede estadual de ensino: Professora Zoraide da Gama, no Município de São Luiz, e a Valério Magalhães, em Caracaraí. Outras unidades foram fechadas, inclusive uma das mais tracionais na Capital, a Escola Ayrton Senna. E muitas outras continuam sem reforma até hoje.
Nas comunidades indígenas, há uma morosidade sem precedentes para reformar e ampliar escolas, muitas delas há 30 anos abandonadas, as quais seguem esquecidas nesta atual administração. Foram direcionadas emendas da deputada federal Joenia Wapichana (REDE) para reforma e ampliação de 21 escolas indígenas, mas o governo fica preso em sua morosidade e falta de prioridade para agilizar essas obras.
Se antes já era preocupante a situação da Educação em Roraima, depois da pandemia ficou mais ainda, considerando que ainda existe escola que não conseguiu retomar as aulas, além das seguidas decisões de fechar escolas na Capital e interior. Sequer sabemos o número de alunos que abandonaram os estudos durante este período nem a existência de um plano para trazer de volta os que se evadiram.
A perda de um ginásio esportivo para a imigração é tão somente mais um sinal do desleixo governamental com a estrutura da educação e do desporto, especialmente para a comunidade do bairro 13 de Setembro, que parece estar sendo forçado ao esvaziamento de moradores brasileiros para que se torne uma área exclusiva para imigrantes. As autoridades precisam estar atenta a isso.
*Colunista