É estranho o que está ocorrendo na política roraimense, em que os escândalos sempre estão em evidência sem que surjam políticos pensando realmente no futuro do Estado de Roraima. Estamos em um momento importante, em que é necessário não apenas atacar os principais problemas para que sejam resolvidos como também é imprescindível planejar o futuro para no mínimo os próximos 20 anos.
A Capital, Boa Vista, enfrenta uma migração em massa, que faz inchar a população, que por sua vez significa mais desafios na mobilidade urbana e na organização do tráfego de veículos. No entanto, não aparecem parlamentares ou outros políticos discutindo recursos para projetos voltados a esse futuro que está sendo construído, a exemplo da construção de novos viadutos.
Já foi divulgada a existência de projetos para a construção de cinco viadutos, que está em fase de estudo pela Prefeitura de Boa Vista. E isso automaticamente deveria ter mobilizado vereadores, deputados estaduais e federais, além de senadores, os quais têm obrigação de planejar o futuro e alocar recursos para as grandes obras que não só a Capital precisa, mas os demais municípios do interior de Roraima.
Pensar em melhorar a mobilidade urbana da cidade é, acima de tudo, um passo fundamental dentro do processo de desenvolvimento da Capital, cuja população foi a que mais cresceu proporcionalmente de 2010 a 2022 entre as capitais brasileiras, conforme o Censo Demográfico 2022. Esse é apenas um exemplo do que deveria estar na prioridade dos políticos.
Paralelamente ao pensamento no futuro é imprescindível ainda estar amplamente conectado ao que está ocorrendo no presente. A migração venezuelana é outra pauta prioritária, mas ignorada por uma boa parcela das autoridades, inclusive (e principalmente!) em nível federal. Se o presente não estiver sendo pensado para soluções urgentes, esse futuro estará comprometido.
Como um município é um organismo vivo, que está em constante transformação, esses olhares atentos no presente e no futuro será decisivo para o Estado. Os municípios do interior, por sua vez, estão empacados em um atraso impressionante, onde os políticos sequer cuidam da aparência da sede de suas cidades, as quais sofrem de um aprisionamento em um curral político que parece nunca ter fim.
Atualmente, são esses currais eleitorais que mantém o poder de grupos que comandam a política do Estado, cujos políticos não ligam para a pobreza dos municípios, uma vez que interessa aos políticos manter tudo como está, sob suas rédeas, sem que haja realmente um projeto de futuro para finalmente desenvolver o Estado. O abandono das estradas é só uma parte desse projeto de poder.
A cada escândalo que pipoca na política é como se fosse um sinal de alerta chamando a atenção de que é preciso mudar os rumos o quanto antes, sob pena de nunca sairmos desse atraso. A falta de projetos e de propostas que realmente nos preparem para as próximas décadas provoca um desalento diante do cenário tenebroso do presente.
A guerrilha urbana no trânsito, a pistolagem na política, os corpos desovados nas cercanias da cidade, o tráfico de drogas e ação do crime organizado são alertas diários que não estão sendo ouvidos. E mais preocupante ainda é o silêncio de nossos políticos sobre tudo isso que está ocorrendo. Os sinais não são nada bons…
*Colunista