Os seus e os vossos filhos

Os seus e os vossos filhos

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem”. (Gibran Khalil Gibran)

“Os seus e os vossos” são, de certa forma, uma brincadeira minha, sem graça, que tentei fazer com duas versões do livro “O Profeta”, que tenho em minha estante. E como é brincadeira, vamos levar a sério. A fala do Khalil Gibran, no livro O Profeta sempre me encantou. E olha que tenho o livro há décadas. Recentemente ganhei de minha neta querida, Paloma, uma nova versão, traduzida pela Alda Porto. Mas prefiro a tradução do Mansour Challita. Porque ela me leva a velhos tempos quando me encantei com obra do Khalil Gibran.

Vamos ao assunto que realmente nos interessa, que são nossos filhos. E só quando entendermos que eles nasceram através de nós e não de nós, é que iremos ser mais cautelosos na criação e educação deles. Simples pra dedéu. E se é simples vamos levar o assunto com simplicidade. Vamos ter mais cuidado com a educação dos nossos filhos. Estamos vivendo um momento da humanidade, que não está nos trazendo esperanças para um futuro melhor. A mente humana não tem evoluído tanto quanto desejamos. Continuamos os mesmos arruaceiros apenas mais atualizados na tecnologia. O que não indica que estamos progredindo na racionalidade. “Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos haverá guerra”.

Vamos olhar mais para nossos filhos pelo ângulo da racionalidade. Devemos prestar mais atenção a falas dos que tentaram e tentam nos orientar. “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. Faz algumas décadas que foram criadas escolas consideradas especiais, para crianças consideradas especiais. Pouca gente se lembra disso. E as crianças eram consideradas especiais por parecerem mais inteligentes que as outra. E o que devemos considerar, hoje, é que as crianças de hoje são sequência das consideradas gênios de ontem. Felizmente não estamos mais tentando construir escolas especiais para elas. Estamos aprendendo que a educação está no lar. O que nos obriga a nos educarmos como pais, e orientadores.

Há um detalhe que devemos levar em consideração, mas só o conseguiremos com esclarecimento: devemos educar nossos filhos orientando-os e não os dirigindo. A madeira no desenvolvimento racional da mente não pode ser aprimorada na direção, mas na orientação. E não podemos orientar sem considerar o grau de racionalidade do filho. O que requer muito cuidado e responsabilidade. Eduquemo-nos para que possamos educar. Pense nisso.

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