Pacientes com fraturas sofrem na fila de espera com suspensão de cirurgias eletivas
Jessé Souza*
Não é porque as críticas de ocasião cessaram que passou a estar tudo bem no Governo do Estado. Absolutamente não. Na saúde pública, o cancelamento de cirurgias eletivas continua sendo um drama para quem busca atendimento, especialmente vítimas de acidente de trânsito, pacientes estes que passam pela situação vexaminosa de ter a data da cirurgia marcada e desmarcada ao sabor dos problemas da rede pública.
Este é o caso do paciente Antônio Teixeira, que está internado no leito 77 do Bloco D do Hospital Lotty Íris (conveniado do governo pelo Sistema Único de Saúde, SUS). Desde o dia 27 de novembro, ele está aguardando a cirurgia em uma das pernas após sofrer um grave acidente de moto em uma ponte de madeira na RR-203, no Município do Amajari.
Até este fim de semana, por lá, a ordem era realizar cirurgias apenas para aqueles casos de emergência de quem chega com fraturas expostas ou apendicite supurada, por exemplo. Os demais devem aguardar a marcação ou remarcação no leito do hospital, como aqueles casos de fraturas menos graves que não são expostas.
Durante todo esse tempo de espera, a cirurgia de Antônio Teixeira havia sido marcada para quarta-feira passada, dia 14 de dezembro, mas foi desmarcada em cima da hora. Outro paciente que foi vítima de tentativa de latrocínio no bairro João de Barro, quando teve os dois braços quebrados, no dia 23 de novembro, o servidor público federal Hélio Luiz conseguiu ser cirurgiado primeiro e já recebeu alta. Há pacientes com mais de um mês na fila de espera.
A informação é de uma situação crítica no hospital conveniado porque a suspensão das cirurgias eletivas já restaria provocando uma fila de espera de 80 pacientes hospitalizados, gerando não apenas despesas extras, mas principalmente sofrimento aos pacientes e seus familiares, pois estes acidentados correm o risco de ficarem o Natal e o Ano Novo hospitalizadas casos as cirurgias continuem sendo adiadas.
Enquanto ninguém fiscaliza ou dá uma satisfação convincente sobre a situação da saúde pública, na Assembleia Legislativa deputados estão concedendo a mais alta honraria do Estado a policial miliar acusado de agredir frentista de posto de gasolina e propondo projeto se auto homenageando no dia de seu aniversário.
Esse detalhe foi apenas para contextualizar o momento pelo qual passa a saúde pública, com a população sofrendo e a realidade das autoridades completamente alheia. Como isso não bastasse, a atual secretária de Saúde, Cecília Lorezom, não administra somente esta pasta, dividindo outras atribuições e acumulando três contracheques!
Ou seja, além de todas as difíceis atribuições como secretária estadual de Saúde, acumula ao mesmo tempo outros dois cargos, recebendo proventos como presidente liquidante da Companhia Energética de Roraima (CERR) e também como conselheira do Conselho Deliberativo da mesma estatal em processo de extinção, que não há prazo para ser definitivamente encerrada.
Enquanto isso, a população vive os mesmos dramas de uma saúde pública que não consegue dar o atendimento digno aos mais pobres. Sim, melhorou alguma coisa em relação a antes, quando pacientes morriam ao ter o teto desabando sobre o seu leito em dias de chuvas. Mas aí seria demais não conseguir sequer ajeitar o telhado dos hospitais.
Mas as filas de espera continuam…
*Colunista