Bom dia,

Causou enorme repercussão em Boa Vista a divulgação pelas redes sociais de um vídeo onde um sujeito, pago por uma organização não governamental (ONG), treina migrantes venezuelanos para invadir propriedades privadas, a partir de um discutível preceito constitucional de que a propriedade privada tem de cumprir uma função social. O indivíduo orienta os migrantes que invadam essas propriedades, e quando forem solicitados o local, peçam que lhes seja exibido a competente sentença judicial de reintegração de posse.

Após a repercussão, e indignação de muita gente, o sujeito sumiu de circulação, devidamente ocultado pela ONG, que lhe dá abrigo. Essa miséria que se está formando especialmente em Boa Vista, por milhares de famintos e despossuídos migrantes venezuelanos, é um caldo de cultura propício à ação desses bandidos, que se ocultam sob o manto protetor de um sistema internacional de direitos humanos, que se abate sobre países de fraca soberania como o Brasil. É preciso que a sociedade reaja, até porque boa parte do Estado brasileiro está aparelhado por agentes públicos adredemente cooptados.                                          

AMEAÇA 1 Antônio é um brasileiro que viveu por vários anos na Venezuela. Lá ele montou um restaurante e casou com uma venezuelana formada em Medicina. Quando a situação começou a ficar muito ruim no país bolivariano de Nicolás Maduro, Antônio voltou para o Brasil, trazendo em sua companhia a esposa médica e a filha do casal de 12 anos. Aqui, com a parca economia que trouxe, Antônio e a esposa também instalaram um pequeno restaurante no Centro de Boa Vista, na das mais movimentadas e nobres avenidas da Capital. Aos poucos, apenas com mão de obra sua e da mulher, o restaurante foi formando uma pequena clientela que tem permitido a sobrevivência do casal e da filha.

AMEAÇA 2 Quando começou a aumentar o fluxo de migrantes venezuelanos para Roraima, o restaurante de Antônio começou a ser visitado, todas as noites, por migrantes pedindo comida. Com movimento pequeno, é claro, o casal não podia atender esses migrantes famintos, que passaram a ser agressivos quando não eram atendidos. Preocupado com sua segurança, e da família, Antônio decidiu que seu restaurante não abriria mais no turno da noite, o que só aumentou a dificuldade de sobrevivência nesses tempos de enorme crise que se abate sobre Roraima, especialmente num setor tão competitivo como o de restaurante.

AMEAÇA 3 Na semana passada, o restaurante de Antônio foi visitado na hora do almoço por um migrante venezuelano que ao ter o pedido negado ameaçou quebrar cadeiras e mesas do local, provocando um escândalo que afugentou ainda mais a pouca clientela. Ontem, terça-feira (31.07), na hora do almoço, mais um migrante venezuelano foi ao restaurante de Antônio para pedir comida, e como não foi atendido, disse em alto e bom tom, que iria buscar uma arma para matar o dono do restaurante e sua família. Apavorado, Antônio fechou seu estabelecimento e foi à polícia registrar um boletim de ocorrência com pedido de providência para garantir sua segurança, a da esposa, e da filha.

AMEAÇA 4 Sem saber o que fazer, e com os poucos clientes voltando depois de ver o restaurante fechado em plena hora do almoço, Antônio esteve na redação da Folha para fazer um desabafo. Exibindo o Boletim de Ocorrência (BO), ele disse: “Morei muitos anos na Venezuela. Enfrentei muito preconceito por ser brasileiro morando lá. E não é fácil, há naquele país, uma conivência muito forte entre a bandidagem e as forças policiais, tomadas por corrupção. Quando vim para o Brasil, achei que poderia recomeçar minha vida com a família. Eu nunca poderia imaginar que no meu país continuaria a viver prejudicado por migrantes venezuelanos, que eu conheço a forma como utilizam de violência quando querem as coisas. Estou sem saber o que fazer”. A nós, da Parabólica, só resta perguntar: a quem este desesperado brasileiro deve recorrer?

QUEM? Esses últimos dias têm sido difíceis viver, e compreender a situação de Roraima. Operações de violência – queima de ônibus, ataques a postos e veículo oficiais e atentados contra caixas bancários –, tudo ao que se diz comandado pelo crime organizado. É claro, isso também tem acontecido em outras cidades brasileiras – Fortaleza, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, só para citar algumas –, gerando um cenário de guerra civil entre o Estado e as corporações criminosas, com reflexo na vida do cidadão e da cidadã comum. Só que nesta época de processo eleitoral em plena marcha, faz todo sentido perguntar: a quem interessa essa desordem toda? É bom ficar atento a possível ligação desses criminosos com alguns políticos que praticam o vale tudo.

CULPADO É igualmente importante olhar com cuidado e visão crítica, esse fogo cruzado entre médicos e suas representações corporativas; e o setor público estadual de saúde. Condições precárias, falta do profissional médico quando ele deveria estar cumprindo sua obrigação como assalariado, falta de remédios e outras coisas mais são sentidas especialmente pela população, que paga todos através dos impostos que recolhe e não tem seu direito constitucional respeitado. É claro, tem gente muito interessada no caos vigente no sistema público de saúde, para forçar o cidadão a procurar consultórios particulares; e também é inegável que tem gente – inclusive políticos – que ganha muita grana com a corrupção instalada no setor, faz muito tempo. Não é fácil encontrar mocinhos neste fogo cruzado.