Bom dia!Parece implicância, mas não é. São os fatos que vêm sendo narrados pela imprensa nacional que nos fazem voltar ao assunto. Já escrevemos vários comentários, daqui da Parabólica, sobre as estranhas relações entre o presidente interino Michel Temer (PMDB) e o senador Romero Jucá (PMDB). Primeiro, quando foram reveladas as conversas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, onde ficou desenhada uma trama a ser urdida para estancar a “sangria” provocada pela Lava Jato, Temer tentou segurar Jucá no Ministério do Planejamento e só o demitiu devido à forte reação da opinião pública.

Afastado do cargo de ministro formalmente, Jucá deixou um indicado ocupando o Ministério do Planejamento, e continuou participando de reuniões ministeriais, exercendo forte influência na indicação de liberações de verbas federais, mesmo que essa gastança venha arrombando ainda mais as finanças do governo federal. A imprensa nacional tem divulgado essa interferência de Jucá no governo interino, e o presidente parece fazer ouvidos de mercador.

Agora chegamos ao limite de agressão à racionalidade e à moralidade. Notícias da imprensa nacional dão conta da insatisfação do ministro da Fazenda, Henrique Meireles, com a intromissão de Romero Jucá na liberação e destinação de verbas públicas. Meireles deve ter levado o assunto ao conhecimento do presidente Michel Temer, e eis que se anuncia uma solução, do tipo “tirar o sofá da sala”: O presidente autorizou o Ministério da Fazenda a transferir para esta pasta a poderosa Secretaria de Orçamento, do Ministério do Planejamento e Gestão. Foi a solução encontrada, segundo a imprensa, para livrar a interferência de Jucá na destinação do orçamento da União. É o fim picada.APRESSARSão coisas da República tupiniquim. O presidente interino, Michel Temer, está trabalhando intensamente para apressar a sessão plenária do Senado Federal que vai, finalmente, julgar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Ele alega, entre outras coisas, que no começo de setembro o governo brasileiro vai participar, no Japão, do encontro anual do G-20, encontro dos chefes de Estado das vinte maiores economias do planeta. Temer diz que não é de bom tom comparecer ao evento na condição de interino; que chegar já como presidente com mandato até 31.12.18.RETARDARE ainda coisas da República tupiniquim. Enquanto Temer quer pressa na votação do impeachment, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) tenta retardá-la, como forma de pressão sobre Temer para a nomeação de um aliado seu como ministro do Turismo. O presidente está se recusando a nomear o deputado federal Marx Beltrão, que é do PMDB alagoano e responde a um processo criminal do Supremo Tribunal Federal (STF) por falsidade ideológica. É pouco crível que todo um processo, cujo desfecho é fundamental para a Nação, esteja sendo retardado para atender aos interesses de um senador, que, como Romero Jucá, já teve um pedido de prisão feito pela Procuradoria Geral da República.COLAPSOO secretário estadual da Fazenda, Shiská Pereira, disse ontem, no programa Agenda da Semana da Rádio Folha, que não dá mais para ir adiando uma solução. Se o nível de gastos for mantido, a situação financeira do Estado vai entrar em colapso. E foi mais adiante! A necessidade de corte de gastos não pode ser apenas no poder Executivo, todos os demais poderes (Legislativo e Judiciário) e demais órgãos (Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público do Estado e Defensoria Pública do Estado) também terão de dar sua contribuição para evitar o pior. No caso do Ministério Público de Contas, o governo já recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que sua despesa seja bancada pelo Legislativo.PESSOALTanto o secretário de Justiça e Cidadania (SEJUC), delegado Uziel Castro, quanto o comandante-geral da Polícia Militar (PMRR), coronel Dagoberto Gonçalves, disserem ontem, na Rádio Folha, que suas instituições precisariam de mais contingente. Na PMRR faltam soldados e a SEJUC necessita ter mais agentes penitenciários. Ambos, no entanto, reconhecem que a crise financeira e orçamentária do Estado torna qualquer reivindicação nesse sentido inviável de atendimento, pelo menos no médio prazo.NEGADOEssa saiu publicada na Coluna do Moreno, de sábado, do jornal carioca O Globo. O ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, que é também presidente do PMDB e principal articulador do governo Temer no Congresso, programou uma viagem aos Estados Unidos, no recesso parlamentar, mas teve o seu pedido de visto negado pelo governo americano por estar sendo investigado pela Lava-Jato.DENUNCIADOSOficialmente, segundo o Ministério Público Federal, nenhum dos denunciados na Operação Lava-Jato está proibido de deixar o País, salvo, evidentemente, os que já foram condenados. Informalmente, porém, fontes do MP observam que, mesmo não existindo alerta internacional contra a maioria dos investigados na Lava-Jato, autoridades de muitos países realmente têm negado acesso aos investigados por corrupção no Brasil. E que Jucá não foi o primeiro dos enrascados na operação a levar a porta na cara de outro país.