Bom dia,
Poucos governos do Brasil republicano sofreram tantas pressões como o do atual presidente Jair Bolsonaro (PSL). O governo de Getúlio Vargas, por exemplo, foi tão pressionado que levou o presidente a cometer suicídio, mas eram, sobretudo, pressões políticas internas comandadas pela direitista União Democrática Nacional (UDN), que, aliás, está sendo recriada no Brasil. Não eram grandes as forças internacionais contra o getulismo. As mesmas forças de direita aliaram-se aos militares para derrubar o governo de João Goulart, que havia sucedido Jânio Quadros. A pressão externa exercida pelos Estados Unidos só foi revelada posteriormente.
O governo Bolsonaro sofre grande pressão no front interno e no externo, quase com a mesma intensidade. Internamente, Bolsonaro, que defenestrou do poder federal as forças de esquerda instaladas no Brasil desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, tem oposição ferrenha dessas forças defenestradas por razões estratégicas e de fundo ideológico. Tais forças ainda continuam muito fortes nas estruturas burocráticas do governo federal; no Congresso Nacional; nas organizações não governamentais; e em boa parte da imprensa nacional. E têm resistido contra as reformas desejadas pelo atual presidente.
Ainda no front interno, boa parte da imprensa tradicional, especialmente daquela financiada com vultuosos recursos externos, faz fortíssima oposição à agenda de mudanças do governo Bolsonaro. Esse enfrentamento é feito através de uma pauta claramente oposicionista, através de editoriais e até mesmo a dramaturgia têm sido instrumento de pressão contra o atual governo, especialmente em matéria de política de gênero, de ambientalismo e de direitos humanos, na vertente indigenista.
Bolsonaro é também duramente fustigado de fora para dentro. Exemplo disso foram os recentes entreveros entre o presidente brasileiro e o presidente da França, Emmanuel Macron, em torno do Acordo de Paris sobre o clima; e com a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, com relação à política brasileira sobre a Amazônia. Em ambos os casos, Bolsonaro reagiu com altivez e renovou seu compromisso de posse ao dizer que a política externa de seu governo não seria pautada pelos interesses de outros países, mas na busca dos reais interesses do Brasil.
Por fim, o governo Bolsonaro está enfrentando a decisão da igreja católica romana de impedir qualquer mudança na política de proteção da Amazônia, envolvendo especialmente a defesa intransigente dos índios que vivem na região. Em outubro próximo, depois da realização do Sínodo sobre a Amazônia no Vaticano, essas pressões ficarão muito mais evidentes. Que ninguém se engane, a cúpula do Vaticano, e boa parte do clero brasileiro, estão dispostos ao enfrentamento com o governo de Bolsonaro para manter a Amazônia inexplorada. E eles são muito fortes, têm dinheiro e excepcional poder de organização.
MENOS
O Congresso Nacional mais renovado dos últimos anos é também um dos que têm menos parlamentares com problemas na Justiça neste século. Desde 2007, o total de congressistas com acusações criminais nunca foi tão pequeno. Levantamento exclusivo do Congresso em Foco mostra que 120 senadores e deputados são alvos de algum tipo de investigação. Uma queda de 27% na comparação com 2015, o primeiro ano da composição passada, e de 46% em relação a 2018.
ESTREANTES
O elevado número de parlamentares que estreiam na vida pública – são 118 na Câmara e dez no Senado – coincide com a saída de congressistas com histórico de acusações criminais, como os ex-senadores Romero Jucá (MDB-RR), Edison Lobão (MDB-MA) e Valdir Raupp (MDB-RO) e o ex-deputado Roberto Góes (PDT-AP), campeão de processos da legislatura passada.
UTILIDADE PÚBLICA
O governador Antonio Denarium declarou de utilidade pública os empreendimentos de instalação e geração de energia elétrica, vencedores do leilão realizado pela Aneel em junho deste ano. Os empreendimentos precisam da comprovação da declaração de utilidade pública, para fins de expedição de Licença de Instalação, segundo norma do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
ÍNDICE BAIXO
Segundo matéria publicada no Portal Terra, a organização não governamental “Missão Evangélica Caiuá” é a recordista em repasses federais por meio de convênios nos seis primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, superando estados e municípios nas chamadas transferências voluntárias. Responsável pelo serviço complementar de saúde indígena de Roraima e de outros três Estados – Acre, Amazônia e Mato Grosso do Sul -, a ONG que recebe o maior volume de recursos teria os piores índices de atendimento da saúde indígena, conforme a matéria publicada no Portal.
FAZ TEMPO
Os repasses vultosos para a Missão Evangélica Caiuá não começaram agora na gestão Bolsonaro. Dados do Portal da Transparência, do governo federal, mostram que a entidade recebeu R$ 2,1 bilhões nos últimos cinco anos, durante os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
CONJUNTA
Noutro dia, o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, o coronel Elias Santana, disse que os bons números de redução da criminalidade no estado era devido especialmente ao trabalho cooperativo entre as diversas organizações policiais estaduais (Polícia Civil e Polícia Militar); federais (Polícia Federal, Força Nacional, Força Federal de intervenção no sistema penitenciário e Exército), e até a Guarda Civil Municipal. Ontem, segunda-feira (01.07), o governador Antonio Denarium (PSL), sem apresentar qualquer plano operacional, reuniu essas organizações de segurança no Palácio Senador Hélio Campos para pedir que atuassem conjuntamente para combater a violência no estado.