Bom dia, “O crime não compensa. Mas de que é que vivem os juízes do Supremo Tribunal?” – Millôr Fernandes A Polícia Federal parece estar no encalço do governador Chico Rodrigues (PSB). Desde a semana passada, policiais federais já abordaram o governador em pelo menos duas ocasiões: uma quando o chefe do Executivo roraimense embarcava em um helicóptero nas cercanias da cidade, e outra ontem, em plena via pública. É claro, ninguém está acima de qualquer suspeita, nem mesmo um governador de Estado. Acontece que vivemos, ainda, por incrível que pareça, numa República Federativa onde deve prevalecer a autonomia entre os entes federados. E um governador, seja ele quem for, está investido no papel de maior autoridade do poder estadual. Soa estranho que uma instituição policial da União possa abordá-lo como faria a qualquer suspeito de prática criminosa, por mais que a legislação eleitoral atribua à Polícia Federal a competência de polícia judicial eleitoral. Essa situação constrangedora de ver abordada a maior autoridade política do Estado como reles suspeito de crimes eleitorais reforça a luta contra o instituto da reeleição. Dá uma sensação de mal-estar e de desencanto ao cidadão comum ver aquele que lhe governa e que decide sobre sua vida presente e futura sofrendo “baculejo” pela polícia da União. Que venha urgente o fim da reeleição para que se tenha pelo menos restaurada a autoridade de quem governa um Estado-membro da Federação Republicana. OUTROS Sobre os “baculejos” que vêm se abatendo sobre o governador Chico Rodrigues (PSB), um leitor da coluna diz que tem muita gente que deveria também ser abordada pela PF. Lembrou o caso daqueles R$150 mil jogados num matagal pela janela de um automóvel nas eleições de 2010. Disse igualmente que, “à boca pequena”, sabe-se de um candidato a senador que estaria derramando a bagatela de R$5 milhões até o próximo sábado, véspera das eleições. PLACAS Quintais, especialmente na periferia, começaram a ser inundados de placas com propaganda eleitorais de candidatos endinheirados. Equipes desses candidatos chegam com as ditas placas, oferecem R$400,00 aos proprietários a serem pagos até amanhã, sexta-feira. Os cabos eleitorais ainda dizem que, se grana não chegar até a meia-noite, os proprietários podem arrancá-las e não votar no candidato. Em caso contrário, no cumprimento do acordado, o candidato espera contar com os votos da família. ENGENHOSO É claro que um esquema referido na nota anterior é um engenhoso esquema da pagar as conhecidas “bocas de urna”. É mais uma prova de que essa turma que domina o cenário político estadual é imbatível na hora de comprar votos. Se alguma autoridade quiser pegar os canalhas, basta ouvir moradores dos bairros São Bento, Nova Cidade, Pérola do Rio Branco e tantos outros mais afastados do Centro. É fácil de pegar e provar a bandalheira. Basta querer. REGISTROS 1 Tem gente desconfiada de que muitas ocorrências policiais não vêm sendo devidamente registradas nos distritos policiais. O objetivo das autoridades seria produzir estatísticas sobre a eficácia do policiamento ostensivo que vem sendo praticado ultimamente. Pois bem, a Parabólica leva aos leitores pelos menos uma ocorrência que não foi registrada por qualquer autoridade policial do estado. REGISTRO 2 No final de semana passado, um funcionário da (Companhia Energética de Roraima (CERR) foi abordado e vítima de extrema violência por bandidos do crime organizado. Ele transitava pela BR-401 (Boa Vista-Bonfim) em uma motocicleta Falcon, igual aquelas utilizadas pela Polícia Militar. A certa altura da rodovia, teve sua moto fechada por um automóvel Punto e dele desceram quatro homens mascarados que passaram a agredi-lo e ofendê-lo, chamando-o de “policial imundo”. REGISTRO 3 Só depois de muita insistência da vítima que dizia não ser policial, os agressores decidiram ver seus documentos descobrindo o equívoco. Depois de muito apanhar, o funcionário da CERR foi abandonado ensanguentado na estrada. Talvez para não admitir que o crime organizado esteja mesmo fincado no Estado, o incidente está sob o mais absoluto sigilo. É mole? REUNIÃO Enquanto os olhares da população estavam para direcionados o debate entre os candidatos ao Governo de Roraima na TV, na noite desta terça-feira, alguns candidatos faziam suas reuniões fechadas. Em uma delas, na casa de um parlamentar conhecido por sua estrutura na reta final de campanha, tudo ocorreu a portas fechadas e com cuidado para que fosse no mais absoluto sigilo. CELULAR Não há nada demais no fato de um candidato reunir seus eleitores e lideranças de campanha em um local reservado. Porém, no caso do parlamentar em questão, o que chamou a atenção foi o número grande pessoas que precisaram ser revistadas no portão principal da entrada da residência. Existia proibição expressa para que ninguém entrasse com celular. Por que será, hein? HABILITAÇÃO A semana foi de intensa movimentação nos corredores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O curioso é que existe uma média de 150 por dias na fila para tirar a primeira habilitação, isso na reta final da campanha eleitoral. Alguns deles não escondiam os santinhos de candidatos nas mãos na hora de pagar as taxas. O movimento está sendo tanto que chega a provocar tumulto e a atrapalhar o trabalho rotineiro daquele órgão. DENÚNCIA A cena se repetiu novamente nesta quarta-feira no Detran. Só que, desta vez, houve denúncia enviada para o Ministério Público Eleitoral (MPE) por meio do aplicativo WhatsApp. Conforme a informação repassada por uma das denunciantes, seriam pelo menos três candidatos financiando essas pessoas para retirarem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), com oferta de autoescola e pagamento de taxas. FISCALIZAÇÃO Se houver crime eleitoral, compete aos órgãos fiscalizadores apurarem a denúncia. Porém, outro fato a ser observado é se estas pessoas, supostamente bancadas por políticos, estariam em condições de passar nas provas práticas e teóricas no Detran. Então, é outro fator que merece atenção das autoridades. Afinal, há um sério risco de serem lançadas, no já violento trânsito de Boa Vista, mais pessoas despreparadas.