Parabólica

Parabolica 04 12 2014 353

Bom dia, “Na política, é difícil distinguir os homens capazes dos homens capazes de tudo” – Henri Béraud MENOS MAL A situação de Roraima virou galhofa: Chico sai, Chico entra e Chico volta. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de reconduzir o governador Chico Rodrigues (PSB) ao cargo pareceu mais coerente mediante o quadro de incerteza, do tipo “dos males, o menor”. Afinal, ao conseguir retomar o mandato por meio de uma liminar, Rodrigues terá tempo de fechar suas contas para atender à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e concluir a transição de governo. Porém, fica a pergunta: por que, então, cassaram o governador faltando um mês para concluir o seu mandato? SEM DECISÃO O deputado Chico Guerra (Pros) nem conseguiu esquentar a cadeira, mas já havia dito, em entrevista à imprensa, que estava esperando a decisão do TSE e ciente de que Chico Rodrigues poderia voltar ao cargo a qualquer momento. Afirmou que não iria assinar nada nem tomar nenhuma decisão de impacto, a não ser no setor da saúde, que não pode ficar esperando. AGÊNCIA Com o retorno de Rodrigues, Guerra reassume a Assembleia Legislativa e retoma o plano principal de tentar emplacar seu nome na Agência Reguladora de Serviços Delegados, que tem mandato de cinco anos. Mas este cargo tem se mostrado um ninho de intriga na base governista e motivo de muitas conversações e negociatas por quem ainda tem o poder da caneta, que voltou para as mãos do governo anterior. PRESSA O deputado Chico Guerra nem havia terminado de ser empossado governador interino, na terça-feira, e o “super secretário”, aquele que se dá bem em todos os governos, já estava no gabinete junto com a sua adjunta o esperando. Ele corre por fora para conseguir se manter no próximo governo por meio da Agência Reguladora. Não se sabe exatamente que assunto mereceria toda essa pressa para despachar com o então novo chefe do Executivo, já que Guerra havia dito que não tomaria nenhuma decisão até que o TSE julgasse o recurso. SEBRAE O Sebrae usa recursos públicos para se manter e realizar suas ações, logo trata-se de um órgão público. Então, a instituição e seus dirigentes têm obrigação de informar à sociedade tudo que ali acontece. Inclui-se nesse tipo de obrigação a informação oficial sobre as possibilidades de mudanças ou não no quadro de dirigentes daquela instituição. ABSURDO Nesta sexta-feira, o Sebrae local vai realizar eleições para indicar o diretor superintendente, o diretor administrativo e financeiro, além do diretor técnico. Ontem, a Folha procurou aquela instituição para saber quem teve o pedido de indicação aceita para disputar os cargos em questão. Absurdamente, a direção do Sebrae informou que apenas os conselheiros da instituição poderiam conhecer os nomes em disputa. É o fim da picada. PRÁTICAS Não é raro encontrar esse tipo de postura da direção local do Sebrae de tentar manter apenas nos bastidores fatos que necessariamente deveriam ser de domínio público. Por que essa resistência em revelar os nomes que disputam a direção do Sebrae? Em tempo: a superintendente da instituição, que deve ser candidata a reeleição, é Luciana Surita, filha da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB). DESGASTE Há uma intensa luta de bastidores em torno do pleito pela direção do Sebrae em Roraima. A coisa envolve até mesmo promessa de emendas a órgãos federais. Para alguns, como é o caso da prefeita Teresa Surita, a disputa assume contornos bem maiores. Se sua filha for derrotada, o resultado pode ser interpretado como enfraquecimento político da prefeita. REFLEXOS Ao que tudo indica, o resultado das eleições deste ano provocou algumas mudanças na Prefeitura de Boa Vista. A principal delas é que o Executivo municipal deixou de ignorar completamente a imprensa que cumpre seu papel de denunciar e criticar ações erradas dos governos. Agora a Secretaria Municipal de Comunicação Social passou a responder questionamentos e a justificar reclamações do público feitas por meio dos veículos de comunicação. IRREAL Quem leu o “Jornal Informativo da Prefeitura de Boa Vista”, intitulado “Trabalhando”, parece que está enxergando outra cidade. Na edição de outubro, durante a campanha eleitoral, o informativo impresso divulgou maravilhas da saúde municipal, anunciando que os postos de saúde estão bem equipados, com todos os atendimentos funcionando, prédios reformados e atendendo a contento 80% dos problemas de saúde da população. AVAL Só que, na prática, nada disso é verdade. Uma visita cedo em qualquer posto de saúde se comprova a distância do real para o que foi divulgado. A propósito sobre este assunto, na Secretaria Municipal de Saúde parece que nada mudou por lá, mesmo com o afastamento do titular da pasta, Marcelo Lopes. Conforme fontes confidenciaram à Parabólica, os gestores não tomam decisão nem assinam nada sem o aval do secretário afastado. É mole? SINALIZAÇÃO Outra ação enaltecida pela Prefeitura em seu informativo é que “pela primeira vez” Boa Vista teria sido sinalizada de acordo com o que determina o Código de Trânsito Brasileiro. Porém, a realidade está bem distante disso. As sinalizações horizontais pintadas antes das eleições praticamente já desapareceram ou estão sumindo, mostrando uma qualidade ruim do serviço. Em algumas vias, a pintura foi feita somente em um pequeno trecho. Outras sequer receberam qualquer atenção. BORRÃO Outro problema na pintura das faixas de sinalização é que a empresa contratada não se esforçou para fazer um serviço de qualidade. Algumas faixas de pedestre ficaram borradas, a exemplo daquelas pintadas nas proximidades do mercado municipal do bairro São Vicente, na zona Sul. E os fiscais sabem disso, pois ainda em outubro foram lá conferir e fotografaram tudo, conforme registrou um dos redatores da Parabólica que passava pelo local.