Bom dia,
A crise financeira que foi instalada na administração pública estadual vai resultar na demissão de milhares de servidores ocupantes de cargos comissionados e de outros contratados em regime precário, como os de contratos temporários. Faz parte também da estratégia do atual governo uma reanálise dos contratos com empresas terceirizadas que prestam serviços com trabalhadores em diversas repartições e órgãos do Estado, e que pode resultar igualmente na demissão de outros milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Esse é, pelo menos até aqui, o discurso do governo Antonio Denarium (PSL).
Somadas essas demissões de comissionados, temporários e terceirizados, que vai atingir também a administração estadual indireta, serão alguns milhares de pais e mães de famílias que vão engrossar o cordão dos já desempregados e desalentados que, segundo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE) em Roraima, é o maior, proporcionalmente, do País. Isso é um dado que não pode ser olhado como simples número. São pessoas vivendo com imensa dificuldade, algumas na miséria, sem ter o que comer.
É claro, o novo governo pode ter lá suas razões para agir assim, mas não pode esquecer que tem o dever de buscar alternativas para enfrentar, ou pelo menos, minorar o problema. É obrigação de quem governa apontar soluções, adotar políticas públicas adequadas. Não vale só dar desculpas. Existe, por exemplo, a possibilidade de o governo estadual voltar a pagar, com urgência, o crédito social, que é uma política compensatória de transferência de renda para amortecer as consequências do cinturão de miséria. Ou conseguir, junto ao governo federal, a retomada imediata do programa de construção de moradias populares, afinal a construção civil é um setor fortemente gerador de empregos.
O que é inaceitável é ter uma cantiga de uma nota só: estamos em crise. Todos já sabemos dessa crise, inclusive as razões que levaram a isso. O que se exige é solução, ninguém está disposto a fazer sacrifício em uma luz no fim do túnel. E até agora ela não foi acesa.
RECADO 1
Quem esteve presente, ontem, segunda-feira (04/02), à posse do desembargador Mozarildo Monteiro Cavalcanti, como presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJRR), pode perceber nos discursos alguns recados muito claros. Na presença do governador em exercício, Frutuoso Lins (PTC), e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Jalser Renier (SD), o presidente do TJRR reconheceu que o Estado atravessa grave crise financeira, mas a responsabilidade maior para encontrar solução é do Poder Executivo, mesmo que os demais Poderes e órgãos possam contribuir com algum sacrifício.
RECADO 2
A subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPRR, Janaína Carneiro Costa, ao discursar na posse do desembargador Mozarildo Cavalcanti, também foi na mesma direção. Afirmou que a crise financeira foi criada pelo Executivo e que, embora todos tenham de fazer sacrifícios para vencê-la, não é possível que os cortes de recursos possam resultar em sacrifício na prestação da Justiça à população, principalmente aos mais pobres.
RECADO 3
Além de mandar recado ao público externo, o novo presidente do TJRR, desembargador Mozarildo Monteiro Cavalcanti também pediu compreensão aos demais desembargadores, aos juízes e aos servidores da instituição para aceitarem os desafios destes tempos de crise. Com esse apelo, ele sinalizou que está disposto a ceder nas negociações que ocorrerão nas próximas semanas, sobre a fatia das verbas públicas estaduais de cada Poder e órgãos. Qual fatia? Ninguém sabe.
SEM ENTENDER
Quem conhece um pouco de administração pública, não entendeu bem uma postagem em redes sociais do governador Antonio Denarium, feita desde Brasília, onde ele se encontra cumprindo agenda oficial. Ao lado do deputado federal recém empossado Antônio Carlos Nicoletti (PSL), a quem parecia pedir autorização, Denarium disse que vai mandar fazer novos estudos para decidir sobre a suspensão dos concursos. Afinal, foi para prestigiar seu correligionário ou para pedir autorização para um ato que é privativo dele mesmo?
SEM LUZ
O plenário do auditório Sobral Pinto, no Fórum de Boa Vista, ficou lotado de autoridades de todos os Poderes na posse do desembargador Mozarildo Cavalcanti na presidência do Tribunal de Justiça do Estado. Infelizmente, devido à eficiência do cerimonial, pouca gente percebeu que a cerimônia transcorreu toda com a ajuda de um grupo gerador estrategicamente providenciado, afinal, ninguém confia na energia fornecida pela concessionária. E deviam ter observado isso para que a questão energética do Estado seja prioridade de todos.
ELEIÇÃO
Esta interessa a todos de Roraima. Uma brasileira que vive faz muito tempo na Venezuela disse à Parabólica que Nicolás Maduro não vai resistir às pressões internas e externas. “Ele apenas está tentando ganhar tempo, mas terá que aceitar a convocação de novas eleições presidenciais em curto prazo. Isso deve ocorrer depois de uma reunião em Montevidéu [Uruguai] na próxima semana. É a única saída para Maduro. A situação na Venezuela está calma, mas o povo não aguenta mais a violência e a miséria”, diz a brasileira.