Bom dia,

Ontem, segunda-feira, dissemos cá deste espaço que o Brasil se assemelhava a um barco, ou navio se quiserem homenagear o tamanho do país, sem comandante para lhe dar um rumo em direção a qualquer porto seguro, e com o casco cheio de buracos, especialmente sem marinheiros com capacidade de consertá-los. Recebemos várias mensagens de leitores elogiando a figura de linguagem criada para retratar nossa maltratada pátria. Por conta disso, resolvemos tratar do mesmo tema na edição de hoje.

De fato, formalmente ainda temos um presidente que vai quase todos os dias dar expediente no Palácio do Planalto. Mas, será que Michel Temer (MDB) ainda tem capacidade de governar o país, após os tristes episódios que aconteceram nesses dois anos de seu governo? Será que não lhe falta autoridade pessoal, em função do grande número de pessoas que o cercam envolvidas com malfeitos no manuseio da coisa pública? Por que será que Temer não encontra meios de afastar de sua ilharga essa gente que às vezes fica próxima da conduta de meliantes contumazes?

Essas tantas perguntas configuram um cenário cujos contornos são claramente indicativos que o governo de Michel Temer acabou antes de acabar. E isso também é consequência da forma como ele chegou ao cargo de presidente da República, após um golpe parlamentar que sacou do mandato a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), eleita com mais de 54 milhões de votos. E tal golpe só foi possível graças à natureza fisiológica do Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados), que Temer e seus principais aliados souberam manejar com rara habilidade e experiência.

Temer tem experiência parlamentar de sobra; foi deputado federal por vários anos, e presidiu a Câmara Federal por dois mandatos. Ele e seus articuladores mais próximos conheciam as entranhas desse Congresso Nacional fisiológico. Deputados e senadores decidiram colocar um dos seus para ocupar o Palácio do Planalto. Souberam fazer promessas de cargos, e liberação de emendas do orçamento caso derrubassem Dilma Rousseff, e fizeram isso enquanto as finanças públicas da União suportaram. E enquanto havia cargos e grana para alimentar o fisiologismo dos parlamentares, o governo Temer conseguiu realizar algumas reformas, entre elas a reforma trabalhista e a fixação de um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Acontece que a distribuição de cargos federais perde parte da importância, quando o governo tem menos de sete meses para acabar, e a liberação de mais grana fica cada dia mais difícil porque a fonte está cada dia mais seca. Essas duas coisas fazem com que os congressistas fisiológicos, aqueles mesmos que o levaram ao Palácio do Planalto, deixam cada vez mais de obedecer o comando de Temer. Ele, o presidente da República, é refém de um Congresso que já começa a buscar abrigo para preservar seu fisiologismo nalgum candidato ou candidata, que tenham reais possibilidades de assumir o governo da República a partir do 1º de janeiro de 2019. É assim que funciona o fisiologismo.

Por tais razões é que afirmamos estar o navio chamado Brasil à deriva, ou seja, sem ter um comandante capaz de lhe conduzir a um porto seguro. Não tem marinheiros igualmente, afinal, os 513 deputados federais e 54 dos 81 senadores estão muito mais preocupados com suas reeleições do que em resolver os problemas brasileiros. O que resta de esperança é a de chegar a 31 de dezembro de 2018, sem que esse barco/navio aderne.

NÃO ÉA Parabólica garante que não é fake news a história de que um grupo de empresários esteve se movimentando para lançar o novo nome, sacado de dentro da classe, para disputar o governo estadual na próxima eleição. Reuniões envolvendo empresários, representantes da sociedade civil e líderes comunitários aconteceram em diversas ocasiões. O nome do professor e empresário da área educacional, Haroldo Campos, surgiu do consenso a que chegaram os participantes dessas reuniões. A Parabólica sabe o nome da maioria desses participantes, mas por enquanto preferimos não os revelar.

AINDAO projeto de lançamento de um novo nome para disputar o governo do estado na próxima eleição ainda não está totalmente inviabilizado, mas enfrenta uma enorme dificuldade por razões partidárias. Algumas articulações de bastidores continuam acontecendo e quando estiver próximo o deslinde a Parabólica vai explicar com detalhes o que efetivamente aconteceu nos bastidores. Por enquanto a cautela manda a Coluna deixar passar a ventania e a poeira assentar.

ANTECIPARÁO notório senador Romero Jucá (MDB) esteve adiando ao máximo o anúncio, já sabido por todos, de que fará campanha para o ex-governador Anchieta Júnior (PSDB). Eles reeditarão um pouco da campanha de 2014, pois o ex-governador Chico Rodrigues (DEM) fará dupla com Jucá na disputa, no mesmo palanque para as duas vagas disponíveis para o Senado Federal. Jucá adiou o quanto pôde esse anúncio, mas pressionado por várias circunstâncias poderá fazê-lo ainda no decorrer desta semana. Quem viver, verá.

A DÚVIDAA dúvida sobre o apoiamento total do MDB à candidatura ao governo do estado do ex-governador Anchieta Júnior fica por conta da decisão pessoal da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB). Será que ela anunciará esse apoio no mesmo dia que Jucá vai fazer o seu? Ou será, como dizem alguns de seus correligionários, que ela continuará retardando o momento de declarar seu posicionamento. É bom não esquecer que ela deixou para última hora o anúncio de sua desistência de disputar o governo do estado.