Bom dia,
O Brasil está entregue, definitivamente, ao controle de uma elite política ordinária, à direita e à esquerda, que cria cenários sob os quais resta quase impossível haver renovação dos quadros políticos tupiniquins. Eles são ordinários, com conduta e prática muito longe de princípios republicanos de trabalhar pelo bem comum como queriam os fundadores da moderna teoria do Estado, como Jean Jacques Rousseau, autor do Contrato Social. Essa política classe carcomida pela corrupção é eficiente quando se trata de criar meios de continuar mandando no Brasil.
Para tomar um simples exemplo de como os políticos agem para se perpetuar no poder, basta prestar a atenção nas regras que eles criaram para o aparecimento de siglas partidárias que eles controlam com mão de ferro e dinheiro público. Veja-se, por exemplo, as regras que eles editaram sobre coligações partidárias tanto para a eleição majoritária quanto para as eleições proporcionais. É quase regra geral, que todos podem coligar com todos, em todos os níveis, e para todas as eleições (presidente, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais). Ninguém é obrigado a manter um mínimo de coerência doutrinária ou ideológica. É um vale tudo que desorienta o eleitor.
Por conta dessa barafunda que atenta contra a democracia representativa cria-se um quadro surrealista que impede o eleitor médio de fazer qualquer juízo de valor antes de definir o voto. Em Roraima, por exemplo, são cinco os candidatos ao governo: Suely Campos (Progressistas), Telmário Mota (PTB), Anchieta Júnior (PSDB), Antônio Denárium (PSL) e Fábio Almeida (PSOL). À exceção deste último candidato, os palanques dos demais candidatos permitem que postulantes à presidência da República possam ocupá-los simultaneamente, apesar de adversário no plano nacional.
No palanque da governadora Suely Campos, por exemplo, poderão estar presentes Geraldo Alckmin (PSDB), que tem como vice uma senadora do Progressistas; Ciro Gomes (PDT), que é o partido da senadora Ângela Portela; o candidato do PT pela presença do PC do B na coligação, e Jair Bolsonaro (PSL) por conta do PRTB, que tem coligação nacional com o deputado, tendo inclusive indicado seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão. Suely já declarou que seu candidato é o tucano paulista.
Já o palanque de Telmário Mota (PTB), se obedecida à coligação nacional de seu partido, poderá ter Geraldo Alckmin (PSDB); o candidato do PT, que coligou localmente com o senador petebista; a candidata Marina Silva por conta de presença na coligação local do PV e da Rede. Correligionários de Telmário Mota garantem que seu candidato preferencial será aquele indicado pelo PT.
Na campanha de José de Anchieta Júnior (PSDB) também cabe uma salada de candidatos presidenciais: Geraldo Alckmin, do mesmo partido; Henrique Meireles (MDB), candidato do notório senador Romero Jucá; e José Maria Eymael, da Democracia Cristã (DC). Como a governadora Suely Campos, o ex-governador Anchieta Júnior já declarou que seu candidato preferencial é Geraldo Alckmin, seu correligionário de tucanato.
Antônio Denárium, o empresário rural do PSL, de extrema direita, também tem lá sua diversidade de candidatura presidencial. Em seu palanque, cabe seu colega de partido, e principal inspirador Jair Bolsonaro; também existirá espaço para o tucano paulista Geraldo Alckmin -que terá vários palanques a lhe pedir votos dos roraimenses-, por conta do PRB, do candidato ao Senado federal, o deputado estadual Mecias de Jesus. Ainda tem na ilharga, o PSB cuja direção nacional recomendou a seus diretórios estaduais escolherem candidatos progressistas e de quebra proibiu seus filiados a pedirem votos a Jair Bolsonaro.
Deu para entender, caro leitor. É uma mistura de alhos com bugalhos; vermelhos com verdes; boa gente com canalhas; gente honrada com ladrões contumazes de dinheiro público, tudo para confundi-lo. E assim, como os canalhas têm muito dinheiro e dominam a máquina pública, e seu voto é contado para todos da mesma coligação, fica difícil acreditar que eles não serão eleitos, até mesmo com o voto dos que abominam suas práticas criminosas. Que fazer?
FECHADA No começo da noite de ontem, segunda-feira (06), várias viaturas da Polícia Federal chegaram a Pacaraima, cidade fronteiriça brasileira com a Venezuela. As viaturas levavam agentes federais para cumprir a decisão do juiz federal Hélder Girão Barreto que mandou fechar temporariamente a fronteira do Brasil com a Venezuela. Até que o governo federal brasileiro promova a interiorização -transferência de migrantes venezuelanos para outros estados brasileiros-, para desafogar a situação de calamidade que a migração tem criado em Roraima.
NEGOU Enquanto a Polícia Federal de Roraima cumpria a ordem de fechamento da fronteira do Brasil com a Venezuela, determinada pelo juiz federal Hélder Girão Barreto -um magistrado que tem conhecimento especializado em direito constitucional, e conhece a fundo a realidade de Roraima-, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu negar o pedido do Governo do Estado que pedia exatamente o fechamento temporário dessa fronteira. Rosa Weber estava há mais de dois meses analisando aquele pedido, e anunciou, no meio da noite de ontem (22h), sua decisão contrária ao pedido do estado de Roraima, através de sua governadora.
PRESSÃO? A decisão da ministra Rosa Weber não anula a sentença do juiz Hélder Girão Barreto. A fronteira do Brasil com a Venezuela continua fechada, mas Rosa Weber mandou que a decisão fosse comunicada a Hélder Girão Barreto, para que ele, em tendo conhecimento de sua decisão, possa avaliar a própria. Como se pode interpretar tudo isso?